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Empresa, estado e sociedade civil Rogério Dias Chaves Introdução Como ocorre em outros países, a sociedade brasileira consiste no que chamamos de socie- dade organizada. Normalmente, esse modelo é segmentado em primeiro, segundo, e terceiro setor, que são fundamentais para manutenção dos requisitos econômicos, políticos, governamentais e sociais do Estado. Ao longo das próximas páginas, veremos a definição de cada um deles. Nesta aula, também serão abordados os conceitos básicos do que é Estado, empresa e sociedade civil, bem como a inter-relação existente entre estes três segmentos produtivos da sociedade, finalidades, parcerias, aspectos e características. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • reconhecer o conceito de Estado, empresa e sociedade civil; • entender as relações entre Estado, empresa e sociedade civil. Bons estudos! 1 Conceito de Estado Podemos definir Estado como uma organização estrutural política e econômica dentro de uma área territorial estabelecida, com população permanente e governo constituído, reconhecido por organismos internacionais, por outros países e que tenha soberania sobre seu território. O Estado deve ser constituído por três poderes independentes: Poder Executivo, Poder Judiciário e Poder Legislativo. FIQUE ATENTO! Nossa sociedade está organizada juridicamente em três setores, conforme o esta- belecido na Constituição Federativa do Brasil: o primeiro setor; o segundo setor; e o terceiro setor. Saiba que o primeiro setor corresponde a empresas, instituições e organizações públicas, ou seja, do governo. O segundo setor, por sua vez, diz respeito a empresas privadas dos segmentos de comércio, indústria e serviços, ao passo que o terceiro setor compreende as iniciativas no âmbito social, como ONGs (Organizações Não-Governamentais), fundações, instituições, cooperativas e empresas que não têm finalidade lucrativa, e cujo objetivo é promover o bem-estar da coletividade. Figura 1- Exemplo de estrutura empresarial. Fonte: Nataliya Hora/Shutterstock.com Segundo Clemente (2000), mesmo que o governo não seja constituído de forma democrática, ou seja, com eleição direta pela população para os cargos eletivos em todas as esferas (munici- pais, estaduais e federal), ele deve ser considerado Estado, pois os organismos internacionais o reconhecem baseados nos itens listados abaixo. • Território delimitado com fronteiras estabelecidas. • População permanente (ou seja, a população não é volátil ou nômade etc.). • Soberania sobre seu próprio território, ou seja, seu espaço aéreo, terrestre e aquático não pode ser invadido e suas leis internas devem ser respeitadas. EXEMPLO O Brasil é um Estado reconhecido pela ONU (Organização das Nações Unidas), que é uma organização internacional da sociedade civil. Nosso país possui população estabelecida, tem fronteiras delimitadas com outros países, soberania em seus atos internos e governo definido. Figura 2 - Estrutura do Estado - Congresso Nacional. Fonte: Rosalba Matta Machado/Shutterstock.com FIQUE ATENTO! O Brasil é uma República Federativa cuja divisão se dá em 26 estados, mais o Dis- trito Federal e os municípios, todos com Poderes Legislativo, Judiciário e Executivo. Entretanto, todos respondem ao poder central, que é o Governo Federal, por meio de seus três poderes, que são os líderes nas decisões de caráter nacional. Nosso país, pelo caráter de suas eleições para todos as esferas de poder público, é considerado uma república democrática. Cabe ao Estado, além de prover políticas públicas de fomento ao desenvolvimento, o combate aos problemas sociais e zelar pelo bem público, como saúde, segurança e educação. O Estado tam- bém é responsável pela boa condução da economia, por cobrar impostos e tributos, além de manter as boas práticas de funcionalismo público. Também deve criar, fiscalizar e controlar as leis, normas e regulamentos para cidadãos, empresas e instituições da sociedade civil (REQUIÃO, 2014). Como você deve ter notado, são muitas as atribuições do Estado, que se subdivide em diversos setores e esferas justamente para ter condições e maior capilaridade nos contatos com os contribuin- tes, sejam eles pessoas jurídicas (empresas ou instituições da sociedade civil) ou físicas (cidadãos). Agora que já falamos sobre o Estado, vamos saber um pouco mais sobre empresa e socie- dade civil. 2 Conceito de empresa Empresas são organizações privadas que têm finalidade lucrativa para com o seu quadro societário (REQUIÃO, 2014). As empresas, no que tange a sua forma, podem ser: • microempresas; • pequenas empresas ou de pequeno porte; • médias empresas; e • empresas de grande porte. As empresas podem ainda ser estatais ou privadas. Entenda que as empresas privadas podem ser empresas de execução de serviços, de fabricação de bens e itens (indústria), e também de importação, exportação, compra e venda de bens materiais e imateriais (comércio). As empresas interagem entre si em suas aquisições, compras, vendas, bem como em rela- ção aos clientes finais que são os cidadãos e empresas compradoras. Em espécie, as empresas se subdividem em comerciais e industriais, civis e públicas ou estatais. As empresas devem se enquadrar nos regimes estabelecidos pela lei civil e devem obedecer a normas externas e gover- namentais, além de recolher os devidos tributos e manter registros atualizados para análise e verificação da fiscalização. SAIBA MAIS! Existe uma distinção entre empresa e sociedade empresarial. A empresa é a vontade de cidadãos, pessoas físicas, de se tornarem pessoas jurídicas de fato. Já a sociedade empresarial é a subdivisão das cotas de ações e propriedade da empresa já estabelecida. Para saber mais sobre o assunto, confira a obra “Curso de Direito Comercial”, de Rubens Requião. A seguir vamos entender o conceito de sociedade civil ou terceiro setor! 3 Conceito de sociedade civil Sociedade civil é o conjunto de organizações ou instituições cívicas de trabalho voluntário e sem fins lucrativos que atuam em diversos segmentos dentro do Estado. A sociedade civil no Brasil abrange as empresas do terceiro setor. EXEMPLO Seguem alguns exemplos de entidades classificadas como sociedade civil: associa- ções de classe (como o CRA - Conselho Regional de Administração de Empresas), clubes sociais, cívicos e esportivos (agremiações de comunidades, bem como clubes de futebol, regatas, remo, ginástica etc.), cooperativas, grupos de defesa ambiental e ecológica (Greenpeace e Fundação S.O.S. Mata Atlântica), grupos culturais e religio- sos (instituições religiosas, de caridade como Cruz Vermelha Internacional), igrejas, partidos políticos, associações educacionais e órgãos de defesa ao consumidor. Ainda existem associações de classe internacional como a ONU (Organização das Nações Unidas) e UNICEF que atuam no sentido de colaborar com questões do terceiro setor no cenário internacional. As empresas de sociedade civil têm caráter filantrópico e possuem regras internas a serem seguidas, entretanto, assim como as empresas e os cidadãos, devem estar submetidas à lei máxima que é a Constituição Federal, além de cumprirem todas as normas e exigências legais impostas pelo Estado. FIQUE ATENTO! Segundo Bulgacov (1999), as empresas da sociedade civil normalmente trabalham em atividades solidárias e de fomento em setores e segmentos que empresas pri- vadas e Estado não têm acesso. No entanto, precisamos lembrar que as empresas do terceiro setor são entidades não governamentais, ou seja, não pertencentes ao Estado ou à iniciativa privada. A gestão dessas empresas da sociedade civil é autônoma, formalmente constituída por regras e procedimentos internos bem definidos e todos os valores obtidos de cidadãos, empresas privadas e governo vão para a manutençãodo empreendimento e a aplicação de políticas sociais. Figura 3 - Segmento de organização da sociedade civil Fonte: Africa Studio/Shutterstock.com SAIBA MAIS! A ideia do terceiro setor é buscar se inserir nas atividades que não puderem ser realizadas pelo poder público, isto é, aquelas que o governo não alcança. Podemos citar como exemplo as políticas de saneamento básico em periferias. Para saber mais sobre o tema, leia o artigo científico: “Terceiro setor: um estudo sobre a sua importância no processo de desenvolvimento socioeconômico”. Acesse: <http:// periodicos.ufpb.br/index.php/pgc/article/viewFile/12664/8472>. Agora que sabemos o conceito de empresa, Estado e sociedade civil, vamos entender as relações e interdependências destas três esferas da sociedade organizada. 4 Relações entre empresa, estado e sociedade civil As empresas, o Estado e a sociedade civil atuam de formas distintas, cada qual em seu regime e ramo de atividade. Em muitos momentos, entretanto, existem correlações entre estes três setores da economia nos mais diversos países. As empresas têm correlação forte com o Estado, pois dependem dele para abertura, manu- tenção, fechamento, pagamento de impostos, tributações, documentação e outras questões de ordem legal. Estão vinculadas também ao Direito trabalhista e tributário, seja de esfera estadual, municipal ou federal. As empresas também mantêm contato com as instituições da sociedade civil, seja como eventuais doadoras, fornecedoras e compradoras, mantenedoras de associações, ou até mesmo atuando em serviços colaborativos na responsabilidade social. Já a sociedade civil tem muita correlação em suas atividades com o Estado, visto que muitas destas empresas são consideradas Organizações Não-Governamentais, ou seja, atuam onde o Estado não consegue chegar (KISIL, 2004). Figura 4 - Relações entre Estado e empresas. Fonte: megaflopp/Shutterstock.com Podemos concluir, portanto, que esses três tipos de entidades mantêm contato no sentido de coordenarem sua atuação nos mais diversos segmentos. Fechamento Concluímos esta aula relativa ao conceito e relação entre empresas, Estado e sociedade civil. Aqui, você pôde aprender sobre os três setores nos quais encontra-se segmentada a sociedade organizada. Nesta aula, você teve a oportunidade de: • aprender o conceito de empresas privadas; • entender o conceito de estado e sua formação; • compreender o conceito de sociedade civil; • identificar as relações entre o Estado, as empresas e as organizações de sociedade civil. Referências BOBBIO, Norberto. Estado, governo, sociedade; por uma teoria geral da política. Tradução Marco Aurélio Nogueira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007. BULGACOV, Sérgio. Manual de Gestão Empresarial. São Paulo: Atlas, 1999. CLEMENTE, A. HIGACHI, H.Y. Economia e Desenvolvimento Regional. São Paulo: Atlas, 2000. KISIL, Rosana. Elaboração de projetos e propostas para organizações da sociedade civil. 3. ed. São Paulo: Global, 2004. MANÃS, Antônio Vico; MEDEIROS, Epitácio Ezequiel de. Terceiro setor: um estudo sobre a sua importância no processo de desenvolvimento socioeconômico. Perspectivas em Gestão & Conhe- cimento, João Pessoa, v. 2, n. 2, p. 15-29, jul./dez. 2012. Disponível em: <periodicos.ufpb.br/index. php/pgc/article/viewFile/12664/8472 >. Acesso em: 4 ago. 2016. REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. v. 1. São Paulo: Saraiva, 2014.
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