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COMO LIDAR COM A RAIVA 
 
O que é raiva¿ 
 
Raiva é um sentimento de intenso desconforto que resulta da percepção de alguma provocação, seja ela 
uma ofensa, desacordo, mau tratamento, rejeição, agressão, frustração ou desmerecimento por parte de alguém ou 
entidade. O desconforto experimentado é tão grande que leva a pessoa a querer revidar e a atacar quem 
supostamente a enraiveceu. 
A raiva é uma sensação, que pode afetar todo mundo. Quando algo acontece que aborrece muito, como uma 
provocação, há pessoas que sentem raiva. Há pessoas que seguram a raiva, outras não conseguem. Para essas 
pessoas, a raiva ocorre em três partes: 
 Primeiro, surge um pensamento na cabeça da pessoa de que alguém ou alguma coisa é demais, ou muito 
injusto, ou muito desaforo. É a avaliação que se está fazendo da situação; 
 A seguir, ela começa a ter alguma sensação diferente no corpo, como batedeira no coração, tensão nos 
músculos, boca seca, etc .; 
 E depois, ela começa a fazer algo contra a pessoa que a está aborrecendo ou contra algum objeto. 
Cada uma dessas coisas pode agravar a outra. 
 
Resumindo: 
 
 
Algo acontece (uma provocação) > a pessoa pensa, por exemplo, “que desaforo” > começa a sentir no corpo 
alguma coisa diferente > aí ela reage. 
 
 
No exemplo a seguir, pode-se verificar a interação das três partes da raiva: 
❖ O marido deixa de fazer o que a mulher espera (a provocação); 
❖ Se a mulher pensar “ele nunca faz o que quero, droga, ele não presta mesmo!”; 
❖ Logo o corpo reage e mudanças físicas ocorrem, o coração bate muito rápido, os músculos ficam tensos, a 
respiração fica ofegante e uma sensação de sufoco ocorre; 
❖ Ao notar essas reações físicas, a esposa deslancha o comportamento de raiva, que pode ser brigar, gritar, ir 
embora, ficar calada, etc.; 
❖ Esse comportamento de raiva, por outro lado, tem o poder de aumentar mais a raiva que a pessoa já sentia. 
Outro exemplo: 
❖ Alguém faz uma injustiça (provocação); 
❖ Se a pessoa pensa “que desaforo, não posso deixar isso acontecer”; 
❖ O corpo reage com batedeira do coração, tensão muscular, respiração difícil e sensação de sufoco; 
❖ A raiva aumenta. 
 
 
Às vezes, a raiva vai crescendo cada vez mais dentro da pessoa, até por horas. Nesses casos, fica difícil parar a 
raiva, que já cresceu muito. 
 
 
Quando isso acontece, a pessoa em geral se comporta de modo a mostrar a sua raiva. Às vezes, até mais do 
que a situação merecia. 
 
Resumindo: 
 
 
Algo acontece na vida da pessoa: 
1. Ela interpreta o que ocorreu como uma afronta, ameaça ou injustiça pessoal (pensamento avaliativo); 
2. O coração bate rápido, os músculos ficam tensos e há a sensação de sufoco; 
3. O comportamento agressivo ocorre (ou raiva para dentro ou para fora). 
 
 
 
Tenho direito de ter raiva¿ 
 
Todo mundo tem direito de sentir. A raiva é um sentimento, portanto, você tem o direito de sentir raiva. 
Não é errado sentir raiva, o que pode ser errado é o modo como a expressamos, o que fazemos com ela. 
Não é necessário ter culpa por se sentir com raiva, mas reconheça que ela só é boa se estiver ajudando a 
pessoa a resolver o problema. 
Sempre pergunte a si mesmo se sua raiva está dentro do limite certo. 
Raiva dá energia e vigor e, portanto, pode ser útil para nos proteger de injustiças e abusos; porém, ela deve 
ser mantida sob controle e usada de modo construtivo. 
A raiva passa a ser um problema quando é frequente demais, intensa demais, quando dura demais, quando 
leva à agressão e violência e quando interfere nas relações com outras pessoas. 
 
Por que se preocupar com a raiva¿ 
 
Existem pessoas que sentem raiva com muita facilidade, que estão sempre sob o domínio desse sentimento. 
Suas ações, muitas vezes, fogem do seu controle. As consequências são graves para a sua saúde e se manifestam em 
termos de pressão alta, úlceras, depressão, obesidade, perda de emprego, abuso físico ou psicológico de familiares e 
amigos. 
A consequência inevitável disso é que a pessoa passa a se sentir mal quanto a si mesma. 
Quando a interpretação que se dá a algo que ocorreu em nossa vida ultrapassa a ameaça, a injustiça ou a 
afronta, então, a raiva fica fora de propósito. 
A fim de evitar essas consequências e garantir à pessoa propensa à raiva uma vida de melhor qualidade e 
com um nível menor de stress, é preciso aprender a lidar com ela. 
 
Como lidar com a raiva 
 
1. Reconheça que está com raiva. 
2. Aprenda a reconhecer o que dá raiva em você. 
3. Aprenda a reconhecer as três etapas da raiva; pensar que algo é uma afronta, sentir no corpo algumas 
reações e agir agressivamente. 
4. Entenda que algo só se torna uma provocação se você achar que é. 
5. Entenda que as reações físicas da raiva têm o poder de aumentá-la. 
6. Compreenda que reagir agressivamente vem no fim e que, portanto, dá tempo de controlar a si mesmo 
antes que a raiva exploda. 
7. Sempre tente dominar a raiva na sua fase inicial, isto é, verifique se o modo de avaliar a situação que você 
acha uma provocação pode ser mudado. Para tal, mude a sua conversa consigo mesmo. 
8. Quando perceber que a raiva está aparecendo no seu corpo, que seu coração já começou a bater muito 
rápido, que seu corpo e mente estão ficando tensos, que está desenvolvendo uma sensação de sufoco, tente 
relaxar para ver se elimina essas reações. Experimente dizer a si mesmo: “Cal...ma, cal...ma!”, “preciso tomar 
cuidado para não deixar minha raiva me dominar”, “há outro modo de ver as coisas”, “vou deixar para reagir 
amanhã, se quiser”, “não vou correr o risco de ficar doente por causa da minha raiva”, “estou aborrecido, 
mas isso não é o fim do mundo”, “quem mantém a calma mantém o controle”, “ posso assumir o controle 
das minhas emoções”. 
9. Ao mesmo tempo em que vai conversando consigo mesmo, respire profundamente pelo nariz e solte o ar 
devagar pela boca. 
10. Tente encontrar modos de pôr para fora a raiva; por exemplo, faça ginástica, caminhe, dance, cante, ria, seja 
positivo, converse sobre ela. 
11. Quando já estiver em controle da sua raiva, tente resolver a situação que fez ficar tão aborrecido. 
 
 
LIPP, M.E.N. O TREINO DE CONTROLE DA RAIVA: O PASSO A PASSO DO TRATAMENTO. RIO DE JANEIRO: COGNITIVA, 2010.