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Pacto Global

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Pacto Global
Rogério Dias Chaves
Introdução
Você já deve saber que a sociedade civil é composta por órgãos e instituições sem fins lucra-
tivos. Tais associações podem ser nacionais ou internacionais, como é o caso da Organização das 
Nações Unidas (ONU), que congrega diversas outras organizações segmentadas como a Organi-
zação mundial do Comércio (OMC), Organização Mundial da Saúde (OMS) e Organização Interna-
cional do Trabalho (OIT).
Saiba que a ONU é responsável também por congregar todas as nações que sejam conside-
radas Estados, isto é, que tenham população permanente, território com fronteiras preestabeleci-
das, governo e soberania sobre seu território e em suas decisões internas.
Objetivos de aprendizagem 
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
 • compreender o conceito de Pacto Global e seus objetivos;
 • identificar os princípios fundamentais do Pacto Global.
Bons estudos!
1 Os 10 princípios do Pacto Global
Com o passar dos anos, a ONU foi crescendo com a adesão dos países e com o reconheci-
mento de Estados, além da criação de diversos segmentos de atuação, como Exércitos e Forças 
de Segurança. Tais inciativas visam proteger cidadãos em áreas de conflitos ou frente a alguma 
catástrofe natural.
Em 1948, a ONU criou a Carta dos Direitos Humanos, afirmando que toda a população mun-
dial deve ter acesso aos seus direitos básicos de cidadania e sobrevivência, no intuito de evitar que 
cada povo tenha estas prerrogativas perdidas ou subjugadas por eventuais governos locais.
Nesse contexto, o Pacto Global é o conjunto de dez princípios elaborado pela ONU, derivados 
dos itens:
 • princípios dos Direitos Humanos que vêm da Declaração Universal dos Direitos Huma-
nos de 1948;
 • princípios dos Direitos do Trabalho da OIT;
 • princípios de Proteção Ambiental da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desen-
volvimento Sustentável de 1992 (Eco-92) e depois em 2012 na Rio+20;
 • princípios contra a Corrupção da Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção 
(ONU, 2010). 
Figura 1 – O Pacto Global.
Fonte: iulias/Shutterstock.com
Entenda que o Pacto Global é amplamente utilizado por empresas e países para demons-
trarem que suas ações e atividades estão de acordo com os princípios fundamentais e que as 
empresas são socialmente responsáveis.
1.1 Princípios de direitos humanos
Para o Pacto Global, os princípios de direitos humanos são:
 • Respeitar e proteger os direitos humanos
Neste sentido, a ONU orienta que na base das Constituições de todos os Estados, seja expli-
citado o respeito e a proteção dos Direitos Humanos. Independente de crença, raça, partidarismo 
político, gênero, idade ou status, as pessoas têm o direito de ir e vir e de desfrutar dos direitos 
humanos básicos à vida sem quaisquer tipos de restrições pela força ou pela moralidade vigente.
FIQUE ATENTO!
A ONU foi criada em 1948, dando continuidade ao processo de integração interna-
cional da Liga das Nações. Ela foi idealizada no período do final da Segunda Guerra 
Mundial (1939-1945), com a intenção de impor mecanismos de defesas para os 
Estados em tempos de guerra e minimizar os efeitos ou zerar as atrocidades come-
tidas e crimes contra os Direitos Humanos.
Figura 2 – Sede da ONU em Nova Iorque. 
Fonte: Arnaldo Jr / Shutterstock.com
 • Impedir violações de direitos humanos
A ONU, como entidade, não tem força suficiente para dirimir todos os conflitos interna-
cionais, nem para fazer ações de combate às violações dos Direitos Humanos. Ela não 
tem como fazer com que os países, mesmo os signatários, façam valer os dez princí-
pios internamente, porém ela determina que quaisquer violações básicas ao direito de 
existência serão duramente repudiados e tratados com sanções políticas e econômicas.
FIQUE ATENTO!
A imposição ou permissão da pena capital de morte para qualquer pessoa, sem 
foro e legislação existente, constitui uma prática de violação aos Direitos Humanos, 
assim como a restrição do acesso a hospitais, alimentação básica e violação dos 
direitos econômicos do cidadão.
Figura 3 - Direitos humanos.
Fonte: Arthimedes/Shutterstock.com 
Muitas empresas buscam evitar qualquer tipo de alusão à violação ou desrespeito aos direi-
tos humanos. Durante períodos de guerra, empresas foram forçadas a colaborar com regimes 
ditatoriais e a prejudicar a população, entretanto, a imagem organizacional fica extremamente pre-
judicada caso a empresa seja atrelada a tais ações (GOMES; MORETTI, 2007).
1.2 Princípios de direitos do trabalho
Os princípios de direitos do trabalho são:
 • Apoiar a liberdade de associação no trabalho
Sabemos que muitas empresas atuam no sentido de dar garantias ao trabalhador na 
busca por seus direitos básicos. Além dos governos permitirem associações e sindi-
catos, empresas que apoiam as diretrizes do Pacto Global também devem atuar para 
que seus colaboradores tenham acesso a sindicatos, associações e livres corporações 
para tratar de assuntos de interesse dos funcionários (SROUR, 2008).
 • Abolir o trabalho forçado
O trabalho forçado, ou trabalho sob regime de serviços análogos à escravidão, é prá-
tica não permitida na maioria dos países. No entanto, ainda são encontrados focos 
de incidência deste tipo de trabalho, o que fere a livre escolha e decisão do cidadão. A 
Responsabilidade Social Corporativa (RSC) pressupõe evitar contratar e subcontratar 
serviços de empresas que usem o serviço forçado.
EXEMPLO
Um exemplo de subcontratação de trabalho escravo ou serviços forçados ocorreu 
em São Paulo, no ano de 2012, com a descoberta de que multinacionais no ramo 
têxtil estariam subcontratando serviços de oficinas de costura que empregavam 
imigrantes bolivianos. Estes indivíduos trabalhavam em regime de doze horas por 
dia, sete dias por semana, recebendo como salário alimentação, moradia e a pro-
messa de não serem entregues às autoridades, em situação totalmente irregular.
 • Abolir o trabalho infantil
O trabalho infantil, assim como o trabalho forçado, não é permitido em muitos paí-
ses signatários do Pacto Global. Ainda assim, sabemos que é prática permanente em 
locais, especialmente zonas rurais, nas quais os princípios básicos dos cidadãos não 
são regiamente estabelecidos. Os filhos, no intuito de colaborar com o sustento do lar, 
trabalham desde a mais tenra idade, mesmo que haja proibição por parte das legisla-
ções vigentes.
EXEMPLO
A Nike, durante muitos anos, teve sua imagem organizacional e de marketing vei-
culada ao trabalho infantil irregular em países como Indonésia, China e Malásia. 
Nestes países, a legislação contra a erradicação do trabalho infantil não é muito 
sólida. Trata-se claramente de uma empresa sem RSC.
 • Eliminar a discriminação no ambiente de trabalho
A discriminação é tratada de forma diferente entre os diversos Estados da ONU. Cada 
vez mais empresas e países tentam tratar a discriminação como um crime comum e, 
evidentemente, denunciando quem a pratica ou permite (GOMES; MORETTI, 2007).
1.3 Princípios de proteção ambiental
Os princípios de proteção ambiental são:
 • Apoiar uma abordagem preventiva aos desafios ambientais
As empresas buscam ao máximo reduzir a poluição resultante da fabricação de pro-
dutos e serviços utilizando práticas sustentáveis e adequando-se aos desafios ambien-
tais. Como exemplo, podemos citar a redução da emissão de carbono, devido ao forte 
apelo feito pela comunidade internacional (TACHIZAWA, 2007).
SAIBA MAIS!
Em 1992, no Rio de Janeiro, foi realizada a I Conferência Internacional dos Direitos 
Ambientais e de Desenvolvimento Sustentável, a chamado Rio 92 ou ECO 92. Nela, 
os países da ONU buscaram estabelecer metas em relação às questões ambientais, 
como a diminuição da emissão de poluentes, a redução da queima de combustíveis 
fósseis e danos ambientais à água, ar e solo. Todos os países signatáriosdeste 
termo de compromisso se responsabilizaram pela redução da emissão de CO² na 
atmosfera, no intuito de aplacar o Efeito Estufa, que aumenta a temperatura do 
planeta. Saiba mais em: <http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_
content&id=2303:catid=28&Itemid=23>.
 • Promover a responsabilidade ambiental
Através de ações e atividades empresariais, mas também por meio de certificações, 
selos, rotulagens que demonstrem que os processos nas empresas sejam realmente 
de responsabilidade ambiental.
FIQUE ATENTO!
Os chamados Negócios Verdes têm contextos distintos em cada país. As empre-
sas multinacionais que precisam certificar seus negócios e práticas ambientais 
sofrem por isso, pois cada país exige ações específicas. Aqui, conhecemos este 
processo por selo verde ou rotulagem (TACHIZAWA, 2007, p. 95-101).
 • Encorajar tecnologias que não agridam o meio ambiente 
As empresas ganham incentivos para utilizarem práticas tecnológicas que buscam redu-
zir danos ao meio ambiente. Como exemplo, citamos a redução na utilização de com-
bustíveis fósseis nos processos produtivos, ou mesmo a redução da utilização de papel.
1.4 Princípios contra a corrupção
Os princípios contra a corrupção são:
 • Combater a corrupção em todas as suas formas, inclusive extorsão e propina.
As empresas que apresentam RSC se comprometem a combater a corrupção, a prática 
de suborno e a propina. Isto deve ocorrer por meio dos códigos internos de conduta e 
da transparência de suas transações perante sociedade, clientes e governo.
Figura 4 – Princípios contra a corrupção.
Fonte: ByEmo/shutterstock.com 
SAIBA MAIS!
As razões pelas quais as empresas tratam das questões de direitos humanos são: 
a busca pelo aumento da produtividade e manutenção dos colaboradores; e o 
tratamento dos colaboradores com dignidade, posto que um funcionário melhor 
incentivado e reconhecido se torna mais produtivo. Cada vez mais, os novos 
colaboradores consideram a história social e ambiental das empresas ao fazerem 
sua escolha de empregador. Para saber mais sobre esta perspectiva, consulte a 
obra de Sálvio di Girolamo, “Da decisão política à prática empresarial”.
Assim, terminamos nossa aula sobre o conceito de Pacto Global, bem como de seus princí-
pios fundamentais.
Fechamento
Nesta aula, entendemos o que é o Pacto Global e como e porque ele foi criado. Vimos tam-
bém quais são os princípios fundamentais que amparam as empresas e países que se provam 
socialmente sustentáveis e responsáveis.
Aqui, você teve a oportunidade de: 
 • perceber a relevância do Pacto Global;
 • entender o conceito de Pacto Global, assim como seus princípios fundamentais.
Referências
BARRETO, Pedro. Rio 92: o mundo desperta para o meio ambiente. Rev de Inf e Debates do Inst 
de Pesq Econ Aplicada, dez. 2009. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?op-
tion=com_content&id=2303:catid=28&Itemid=23>. Acesso em: 26 ago. 2016. 
GIROLAMO, Sálvio di. Da decisão política à prática empresarial. São Paulo: Autor, 2007.
GOMES, Adriano; MORETTI, Sérgio. A responsabilidade e o social: uma discussão sobre o papel 
das empresas. São Paulo: Saraiva, 2007.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Conheça os Dez Princípios do Pacto Global. Disponível 
em: <http://www.pactoglobal.org.br/>. Acesso em: 20 ago. 2016. 
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Pacto Global, 2010. Disponível em: <https://www.unglobal-
compact.org/>. Acesso em: 26 ago. 2016. 
PHILIPPI Jr., Arlindo; ROMÉRO, Marcelo de Andrade; BRUNA, Gilda Collet. Curso de Gestão Ambiental. 
Barueri: Universidade de São Paulo - Manole, 2004.
SROUR, Robert Henry. Ética empresarial. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
TACHIZAWA, Takeshy. Gestão ambiental e responsabilidade social corporativa: estratégias de 
negócios focadas na realidade brasileira. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

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