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1.Pol.Públi.Preconceitos.Diferenças

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Psicologia
Psicologia e Necessidades Especiais
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Unidade II - Contexto histórico e Políticas Públicas para a inclusão de pessoas com deficiência
Processo de exclusão/inclusão social: elementos 
de debate; 
As conferências nacionais dos direitos da pessoa 
com deficiência. Eixo Saúde e Reabilitação; 
Rede de cuidados às pessoas com deficiência no
 SUS; 
Atenção comunitária e territorial: possibilidade de
ação na saúde e a articulação intersetorial
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Textos Motivadores
DAGNINO, Evelina. Sociedade civil, participação e cidadania: de que estamos falando? In: MATO, Daniel (org.) Políticas de ciudadanía y sociedad civil em tiempos de globalización. Caracas: Faces/Universidad Central de Venezuela, 2004. pp 95-110.
MARCELINO, Miguel Abud. Compreendendo a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde – CIF (OMS/ONU, 2001) e suas interfaces com a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU, 2006). 
CROCHIK, José Leon. Preconceito, indivíduo e sociedade. Instituto de Psicologia: Temas em Psicologia, 1996.
PEREGRINO, Mônica. As armadilhas da exclusão: um desafio
para a análise.GT 6 Educação Popular. UERJ/UFF 
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PRECONCEITOS
DIFERENÇA
DIVERSIDADE
DESIGUALDADE
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Paulo Freire
1921-1997
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DEFICIÊNCIA
Aspectos históricos: 
Marginalização: marca da antiguidade e início da Idade Média
Assistencialismo: final da Idade Média, Idade 
 Moderna
Educação e Reabilitação: Final da Idade Moderna; Idade contemporânea
- Inclusão Social: atualidade
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DEFICIÊNCIA
DEFINIÇÃO: 
Segundo a Classificação Internacional de Incapacidade, Funcionalidade e saúde 
(CIF – OMS 2001) 
Deficiências são problemas na função ou estrutura do corpo como um desvio significativo ou perda.
 http://www.fsp.usp.br/~cbcd/cifWeb.htm 
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TERMINOLOGIA
Pessoa Deficiente:
Pessoa Portadora de Deficiência: 
Pessoa com Deficiência
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 As deficiências representam um desvio de determinados padrões populacionais.
 As deficiências podem ser temporárias ou permanentes, progressivas, regressivas ou estáticas, intermitentes ou contínuas.
 
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 As deficiências não têm uma relação causal com a etiologia ou com a forma como são desenvolvidas. 
A presença de uma deficiência implica necessariamente uma causa, no entanto, a causa pode não ser suficiente para explicar a deficiência resultante. 
 As deficiências podem ser parte ou uma expressão de um estado de saúde, mas não necessariamente indicam a presença de uma doença ou que o indivíduo deva ser considerado doente.
 As deficiências podem originar outras deficiências.
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Deficiência Primária e Secundária 
Primária: refere-se aos aspectos de base, orgânicos, que determinam a inclusão do sujeito na categoria de pessoa com deficiência.
Secundária: refere-se aos aspectos relacionados ao desenvolvimento da pessoa com deficiência no meio social – às oportunidades (ou falta delas), o acesso, o preconceito.... podem ser geradores de deficiências secundárias.
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 Portanto, a deficiência secundária não é inerente à deficiência em si, mas à leitura social que dela é feita; às significações afetivas, emocionais, intelectuais, sociais que se atribui à diferença.
 O que impede, mais efetivamente, o desenvolvimento de uma vida plena é a deficiência secundária, por aprisionar o sujeito em uma rede de barreiras físicas, ligadas à falta de acessibilidade e atitudinais ligadas a preconceitos, estereótipos e estigmas.
Leitura Social da Deficiência
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BARREIRAS ATITUDINAIS
Segundo Amaral (1992; 1995):
 A deficiência provoca estranheza, desorganiza, mobiliza foge do esperado provoca a hegemonia do emocional sobre o racional.
 O diferente se apresenta a nós como uma ameaça, pois contraria aquilo que definimos como padrão de perfeito, belo, harmônico.
 
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Para que possamos suportar as ameaças é preciso que tenhamos mecanismos de defesa: 
estratégias psíquicas que utilizamos para manter nosso equilíbrio, eliminado ou minimizando fontes de ansiedade, insegurança, tensão. 
NO ENTANTO: 
 às vezes esses mecanismos de defesa se tornam tão rígidos e constantes que podem limitar ou alterar a dinâmica das relações interpessoais – são esses os que nos interessam aqui.
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Frente à ameaça da DIFERENÇA observam-se duas formas de reação:
Ataque: 
Enfrenta-se o inimigo atacando-o e, se possível, destruindo -o
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Fuga: rejeição
Abandono
Explícito
Implícito: falta de investimento (amor, dedicação, oportunidade) – com o qual no deparamos muitas vezes na vida profissional
2. Super-proteção
- transforma o afeto em seu contrário – o protagonista da situação é sempre o protetor, destituindo o protegido do papel de sujeito. 
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3. Negação: 
Destitui o sujeito do direito de ser o que é, pois o que é, é visto como negativo. Pode aparecer de três formas:
* atenuação: nega-se a questão com a frase do tipo: poderia ser pior... não é tão grave...
	A deficiência é muito ruim, mas como não quero olhá-la de frente, atenuo a condição
* compensação: “mas” – é uma pessoas com deficiência física, mas tão inteligente...
	A deficiência é muito ruim, por isso preciso atribuir ao sujeito uma característica desejável compensatória.
* simulação: como se: é cega mas é como se não fosse...
	A deficiência é muito ruim, por isso preciso “fazer de conta” que ela não existe.
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Os sentimentos são a força orientadora de inúmeras situações, e são essencialmente a força propulsora das ações relacionadas ao estranho, ao diferente
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Atitude: 
postura frente a um determinado fenômeno; exprime um sentimento e prepara a ação; a atitude é, portanto, uma disposição psíquica
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Preconceito:
 Trata-se de uma atitude anterior ao conhecimento – o preconceito nos afasta do fenômeno em si, nos impede de olhar o sujeito a partir do que ele é e nos faz olhá-lo a partir de suposições pré-concebidas.
“O preconceito diz respeito a um mecanismo desenvolvido pelo indivíduo para poder se defender de ameaças imaginárias, e assim é um falseamento da realidade, a qual o indivíduo foi impedido de enxergar...” 
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Estereótipo:
 julgamento qualitativo, baseado no preconceito; generalização indevida; tira o sujeito de seu lugar e o inclui em uma categoria. Quando negativo, é a base do estigma.
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Estigma: 
Atributo avaliado como negativo por um grande número de pessoas. 
“VALOR”
O estigma se estabelece nas relações interpessoais, por isso é um atributo, sempre desvalorizador, sempre depreciativo. 
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Condições de estigmatização
Desacreditável – aquele que traz em si a potencialidade do estigma
Desacreditado – aquele que traz o estigma “estampado na face”
A pessoa com deficiência é o desacreditado, ou seja, aquele que traz exposta a marca que o coloca na categoria de estigmatizado; por isso é socialmente olhado como alguém com menos valor – incapaz, coitado, dependente... 
 
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Podemos pensar no impacto da tecnologia assistiva e no cuidado necessário ao indicá-la.
Concretização da incapacidade?
Tecnologia Assistiva
É um termo ainda novo, utilizado para identificar todo o arsenal de Recursos e Serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar 
habilidades funcionais de pessoas com 
deficiência e consequentemente promover 
Vida Independente e Inclusão.
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Aqui pode-se entender a ambiguidade que observamos em nossa sociedade: 
políticas de inclusão e ações de transformação movem-se no terreno do racional (direito, valorização), enquanto as atitudes e comportamentos movem-se no âmbito do emocional...
Inclusão/ Exclusão social
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IMPLICAÇÕES
DISCURSOS E POLÍTICAS DESENCONTRADAS
DIREITO X ASSISTENCIALISMO
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Inclusão/ Exclusão social
Segundo Martins (1997): não existe exclusão em si – 
o que existem são inclusões precárias e instáveis, marginais. Todos estão incluídos em algum lugar, embora
nem sempre esta inclusão seja avaliada como
 socialmente desejável. 
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O discurso da exclusão é um discurso de fetichização – 
A exclusão vista como uma palavra mágica que explicaria tudo.
 
 todos lutam pelos excluídos, mas quem seriam eles de verdade? 
O que é estar excluído?
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Castel (2000):
Deve-se desconfiar do termo exclusão pela 
heterogeneidade de usos que o conceito permite – 
designa um número imenso de situações diferentes, encobrindo a especificidade de cada de cada uma. 
Falar simplesmente em exclusão é rotular com uma qualificação negativa que indica falta, sem explicitar falta do quê! 
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“De tanto repetir a ladainha da ausência, oculta-se a necessidade de analisar positivamente no que consiste a ausência. Isto por uma razão de fundo: 
os traços constitutivos essenciais das situações de exclusão não se encontram nas situações em si mesmas” 
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A exclusão se dá efetivamente pelo estado de todos que se encontram fora dos circuitos regulares das trocas sociais.
O excluído é, na verdade aquele cuja cuja trajetória é feita de uma série de rupturas em relação a estados anteriores ou 
condições esperadas 
(por exemplo, uma criança com deficiência, cujo desenvolvimento vai rompendo as expectativas do que é esperado).
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O que está em questão é reconstruir o continuum de posições que ligam os in e os out, 
e compreender a lógica a partir da qual os in produzem os out
(Preconceito, Estereótipos, Estigma...)
Input = Entrada – coleta de dados
Output = Resposta, resultado de combinação de 
vários fatores
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As ações em relação aos out (resultados)podem ter caráter:
 Compensatório
 Transformador
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Compensatório (OU DE REPARAÇÃO): 
Luta contra a exclusão como um 
“pronto-socorro social”, 
intervenções pontuais 
para tentar reparar as rupturas do tecido social. 
Nas ações compensatórias delimitam-se as zonas de intervenção, caracterizando populações-alvo a partir de um déficit preciso. 
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Assim, criam-se cuidados focados, que 
não consideram a estrutura social – tratando o déficit como pessoal, 
algo que torna o sujeito inapto para seguir o regime comum. 
São os que Castel chama de 
“incapazes pela conjuntura” 
 Esse olhar gera ações de 
busca de reparação da incapacidade pessoal 
ao invés de ações de transformação social.
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Parece mais fácil intervir sobre os efeitos de um disfuncionamento social do que controlar os processos que o acionam 
 agir de um modo técnico e não político 
deslocar o problema do centro para a periferia.
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Quando falamos de deficiência, no âmbito do pensamento sobre exclusão social, falamos de uma categoria da população que se vê obrigada a um status especial que lhe permita coexistir na comunidade, mas com privação de certos direitos e da participação em certas atividades sociais – subcidadãos.
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Às pessoas com deficiência, historicamente, tem se buscado a garantia do direito à participação social, a partir de certos mecanismos institucionalizados de acesso, quais sejam, os programas de reabilitação, as instituições especializadas, as classes especiais. 
Com base nessa idéia, consolidada por uma prática socialmente instituída e por um conhecimento científico academicamente aceito, legitima-se os 
“lugares especiais para pessoas especiais” 
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A exclusão 
não é arbitrária ou acidental, 
mas fruto de uma 
ordem social que a justifica 
 No caso da deficiência, a valorização do perfeito, do belo, do “inteligente”, do rápido etc.
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Falar em Inclusão Social implica falar em democratização dos espaços sociais, 
em crença na diversidade como valor, 
na sociedade para todos. 
Incluir não é apenas colocar junto, e, principalmente, não é negar a diferença, mas respeitá-la como constitutiva do humano. 
O valor – positivo ou negativo – que se atribui à diferença é algo construído nas relações humanas. 
O vetor da exclusão/inclusão não está, portanto, na diferença em si, mas no valor a ela atribuído. 
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INCLUSÃO SOCIAL
“As ações estão deixando de dar ênfase em reabilitar pessoas para se ‘enquadrarem’ na sociedade e adotando uma filosofia mundial de modificação da sociedade a fim de incluir e acomodar as necessidades de todas as pessoas, inclusive das pessoas com deficiência. 
As pessoas com deficiência estão exigindo oportunidades iguais e acesso a todos os recursos da sociedade, ou seja, educação inclusiva, novas tecnologias, serviços sociais e de saúde, atividades esportivas e de lazer, bens e serviços ao consumidor.”
(Declaração de Madri, aprovada em 2002, no Congresso Europeu de Pessoas com Deficiência.)
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O movimento pela inclusão social tem suas raízes nas reivindicações das próprias pessoas com deficiências, que rejeitam, enfaticamente, tutelas desnecessárias e desvalorizadoras.
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Conceitos pré-inclusivistas 
“O modelo médico (tradicional) considera a deficiência como um problema da pessoa diretamente causado por uma doença, trauma ou condição de saúde, que requer cuidados de saúde prestados na forma de tratamento individual por profissionais. 
O tratamento da deficiência tem como meta conseguir a cura, ou uma melhor adaptação da pessoa e mudanças em sua conduta.”
(OMS/CIF, 2001)
Modelo Médico
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Encarando-se a deficiência como doença,
ou como defeito, as diferenças que este indivíduo apresenta, em relação a um padrão considerado normal, são avaliadas como sintomas que precisam ser tratados para que a diferença seja superada 
Deste modelo deriva a maioria dos conhecidos trabalhos de reabilitação que, fundamentalmente, investem na tentativa de “minimizar” a diferença para que estas pessoas possam ser aceitas na sociedade. 
Este processo se dá, geralmente, de maneira segregada, nas instituições especializadas. 
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Há uma nítida centralização na pessoa com deficiência, que se prepara para a inserção social. Espera-se então que, após a reabilitação, o indivíduo (reabilitado) esteja pronto para assumir seu lugar na sociedade. 
“preparar para integrar”
Integração Social 
Modelo Médico
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O que a prática mostra é que raramente esta integração se efetiva, até porque as pessoas 
não deixam de ser pessoas com deficiência, ou seja, não “saram”; a diferença permanece, embora muitas vezes mascarada por desempenhos mais próximos ao considerado normal. 
Assim, as pessoas com deficiência nunca estariam prontas para se adaptar totalmente à sociedade (ou às exigências que esta apresenta) ou para nela competir em pé de igualdade.
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O princípio, então, é o de que, se não é possível integrar as pessoas à sociedade, “sociedades” parecidas, o mais possível, com a sociedade real precisam ser criadas para que, nelas, as pessoas com deficiência tenham experiências de vida o mais possível próxima das “normais” – temos aí as oficinas abrigadas, as colônias-residência etc.
Modelo Médico
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Estas propostas têm como base dois princípios fundamentais: 
 O de que as situações protegidas são, em termos de desenvolvimento, mais adequadas para estas pessoas, na medida em que podem receber as intervenções específicas necessárias. 
 O de que a situação segregada seria protetora para a própria pessoa com deficiência, pois esta se sentiria infeliz em uma sociedade na qual não pode competir em pé de igualdade.
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Ou seja, esta postura trata a deficiência não só como doença, mas como algo que diminui o indivíduo e de que ele deve se envergonhar. Entre pares, todos iguais na desigualdade, não haveria razão para sofrimento: ninguém se sentiria diminuído.
Modelo Médico
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A tentativa de avançar no processo de construção de uma sociedade que respeite a diversidade firma o movimento de 
Inclusão Social, 
que busca suas bases no chamado 
“modelo social de deficiência” 
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“O modelo social de deficiência considera o fenômeno fundamentalmente como um problema de origem social e principalmente como um assunto centrado na completa integração das
pessoas na sociedade. 
A deficiência não é um atributo da pessoa, mas um complexo conjunto de condições, muitas das quais são criadas pelo contexto/entorno social.” (OMS/CIF, 2001)
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A inclusão é uma proposta de construção de cidadania. 
A inclusão social é um processo de mão dupla, ou seja, tanto a pessoa com deficiência como a sociedade precisam se modificar. 
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Cidadania das Pessoas com Deficiência
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Cidadania:
 Esse é um conceito associado à vida em sociedade e pressupõe uma condição de igualdade política. Falar em cidadania é falar em direitos e deveres.
Direito a ter direitos
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Direitos sociais – aqueles assegurados pelo Estado (moradia, trabalho, saúde, lazer, educação etc.
Direitos Civis – Dizem respeito à pessoa (liberdade de pensamento, expressão, escolha, locomoção etc.)
Direitos Políticos – participação em associações políticas, religiosas, direito a votar e ser votado etc. 
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 “...ela inclui a invenção/criação de 
novos direitos, 
que surgem de lutas específicas e de suas práticas concretas (...). 
Essa redefinição inclui não somente o direito à igualdade, como também o 
direito à diferença, 
que especifica, aprofunda e amplia o direito à igualdade.” 
Cidadania, então, envolve e define o 
direito de ser diferente,
 por mais marcante que essa diferença possa ser
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A construção da verdadeira cidadania passa também, e fortemente, pelas relações que se estabelecem no interior da sociedade, nas relações sociais que dentro dela se desenvolvem. 
São as transformações das relações sociais, mais do que os decretos legais, que permitirão a real inclusão das pessoas com deficiência. 
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As leis derrubam as barreiras concretas. 
As atitudes derrubam ou fortalecem as invisíveis, essas muitas vezes mais fortemente lacradas. 
O cidadão é mais do que aquele que tem direitos e deveres, mas que tem consciência destes. 
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A consciência é uma característica eminentemente humana, construída através da ação do homem sobre o mundo (humano ou material) e pela sua reflexão sobre essa ação. 
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É esse processo contínuo de 
agir refletir agir
leva à evolução da consciência, permitindo que nos tornemos cada vez mais donos de nossas ações, ou seja, 
autônomos. 
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Ter autonomia, portanto, é ser capaz de agir de maneira consciente e responsável (respeitando direitos e deveres), ter capacidade de 
tomar decisões apropriadas, 
baseadas em nossos desejos, necessidades e na compreensão de que a vida se dá em sociedade 
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Cidadania pressupõe autonomia e esta pressupõe consciência. 
Essas são questões fundamentais para a discussão sobre inclusão social, uma vez que estar incluído implica participação plena e cidadã. 
Não é possível falar em cidadania para as pessoas com deficiência como algo dado, uma concessão da sociedade aos “desvalidos”. 
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Cidadania não é apenas uma concessão dos poderes instituídos – que têm por obrigação garanti-la através de legislação que defina direitos e de políticas públicas que os garantam. 
É, também, uma conquista de cada membro da sociedade, que se faz cidadão exercendo de maneira consciente e responsável seu papel social. 
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Falar em cidadania das pessoas com deficiência vai além, então, da garantia de direitos civis, pois implica em ocupação, por essas pessoas, dos espaços sociais 
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É fundamental que possamos compreender que promover a inclusão é promover o desenvolvimento de autonomia, a possibilidade e a capacidade de fazer escolhas apropriadas. 
A conquista da cidadania é um processo ativo, assim como o é a construção da sociedade inclusiva.
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ACESSO À INFORMAÇÃO
CONHECIMENTO SOBRE OS DIREITOS
(saber é poder...)
(RE)CONSTRUÇÃO DO SENSO DE COMPETÊNCIA
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A Qualidade De Vida 
Qualidade de vida não é um conceito simples de ser definido, pois implica muitos elementos subjetivos. 
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A definição de qualidade de vida se baseia em três princípios fundamentais: 
 A capacidade funcional, que é a capacidade da pessoa de realizar suas atividades cotidianas, 
2. O nível sócio econômico 
3. A satisfação pessoal. 
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O conceito de qualidade de vida proposto pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a define como 
“a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações" 
(WHOQOL GROUP, 1994).
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Se pensarmos nos aspectos já discutidos – exclusão social, preconceito, cidadania – podemos entender que a construção de uma vida de qualidade passa por aspectos muito mais amplos do que o oferecimento de serviços de qualidade, sem desconsiderar que essa oferta é uma necessidade premente e inquestionável em nossa sociedade 
O preconceito contra pessoas 
portadoras de doenças mentais
é importante para você?
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Ter qualidade de vida, portanto, é ser cidadão, membro da sociedade, ser autônomo, consciente. 
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Uma sociedade que não provê aos seus membros a possibilidade de acesso a condições dignas de vida e, fundamentalmente, à oportunidade de construir conhecimento, de receber informações que lhes permitam refletir sobre a realidade, é uma sociedade geradora de situações de exclusão social. 
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Essa será uma sociedade que, provavelmente, calcará suas ações em políticas de reparação, cuja perpetuação é alimentada pela falta de consciência que é, em última instância, a vitória da ideologia sobre o conhecimento (lembrando que já definimos ideologia como um mecanismo de ocultamento da realidade e de dominação). 
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Acesso à tecnologia?
Quando indicar?
Quanta tecnologia indicar?
Que significado tem para a pessoa?
Diminui ou aumenta a vulnerabilidade social?
É instrumento de inclusão?
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Tecnologia Assistiva 
É um termo ainda novo, utilizado para identificar todo o arsenal de Recursos e Serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e consequentemente promover Vida Independente e Inclusão.
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Mediação da Aprendizagem Teoria da Modificabilidade Estrutural Cognitiva 
Reuven Feuerstein 
Judeu-israelense
1921-2014
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O pensamento de Feuerstein, 
 Contrário à concepção inatista da inteligência, 
 Tem como base a noção de modificabilidade cognitiva, por meio da qual as faculdades intelectuais podem ser expandidas não somente na idade evolutiva mas mesmo durante todo o curso da vida de um indivíduo. 
Fundamentos
Lev Vygotsky
Jean Piaget
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O PEI foi testado durante muito tempo e em uma grande e variada população, e essas pesquisas demonstram que apesar dos danos cognitivos causados por choque cultural, acidentes físicos, traumas na infância por abusos ou extrema pobreza, negligência dos familiares... apesar de tudo isso, o funcionamento cognitivo desses sujeitos se desenvolveram. Experiências nos dizem que esse desenvolvimento é sem limites.
PEI: Programa de Enriquecimento Instrumental: crianças e adolescentes com dificuldades cognitivas profundas
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O professor facilitador da aprendizagem e a influência dos ambientes na inteligência. 
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Ambiente tipo A. 
Baixo nível de estimulação. 
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‘Nada a mais para ‘fazer’
Comida e água acessível
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Resultado
Apatia e baixo desenvolvimento
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Ambiente tipo B
Alto nível de estimulação
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Cores, movimento
Três dimensões
Resultado
Bom desenvolvimento
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Ambiente tipo C. Alto nível de estimulação. Mais: Labirinto para chegar à comida. 
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Resultado: Alto nível de desenvolvimento 
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 O que faz a diferença no desenvolvimento da inteligência é a superação de dificuldades, 
a conquista de desafios, a multiplicidade de estímulos integrada a situações-problema. 
 A negligência é tão perniciosa quanto 
a superproteção. Tais posturas não 
aproveitam o potencial de 
desenvolvimento 
do sujeito. 
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Três fases da Autonomia.
Anomia.
Heteronomia.
Autonomia. 
Piaget
1896-1980
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Anomia (crianças até 5 anos): geralmente a moral não se coloca, com as normas de conduta sendo determinadas pelas necessidades básicas. Porém, quando as regras são obedecidas, são seguidas pelo hábito e não por uma consciência do que se é certo ou errado. Um bebê que chora até que seja alimentado é um exemplo dessa fase.
Heteronomia (crianças até 9, 10 anos de idade): O certo é o cumprimento da regra e qualquer interpretação diferente desta não corresponde a uma atitude correta. Um homem pobre que roubou um remédio da farmácia para salvar a vida de sua esposa está tão errado quanto um outro que assassinou a esposa, seguindo o raciocínio heteronômico.
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Autonomia: legitimação das regras. O respeito a regras é gerado por meio de acordos mútuos. É a última fase do desenvolvimento da moral.
Tendo conhecimento que as crianças e adolescentes seguem fases mais ou menos parecidas quanto ao desenvolvimento moral, cabe ao educador compreender que há determinadas formas de lidar com diferentes situações e diferentes faixas etárias.
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Simbiose
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Vencendo a simbiose.
Função Paterna. 
Adolescência. 
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Função Paterna
Função Materna
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As formas de ensinar, de avaliar, de relacionar são coerentes com a 
concepção de criança e de educação 
que os professores têm. 
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A Experiência da Aprendizagem Mediada é a uma interação na qual o mediador (pai, mãe, professor) se situa entre o organismo do indivíduo mediado (filho ou aluno) e os estímulos (os objetos, problemas ou sinais) 
de forma a selecioná-los, ampliá-los ou interpretá-los utilizando estratégias interativas para produzir significações além das necessidades imediatas da situação. 
O aprendiz não se beneficia somente da exposição direta a um estímulo em particular mas cria, a partir dela, orientações, atitudes e técnicas que o modifica. 
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A EAM é o que determina a flexibilidade que afeta o indivíduo de maneira significativa produzindo a plasticidade da inteligência. Ela é o elemento central da teoria de Feuerstein e forma as bases dos sistemas aplicados ao Processo de Avaliação do Potencial de Aprendizagem (LPAD) e ao Programa de Enriquecimento Instrumental (PEI). A EAM pode se melhor traduzida assim:
Experiência da Aprendizagem Mediada
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Numa escola inclusiva, a motivação é característica singular na aprendizagem do aluno. A Experiência da Aprendizagem Mediada realça a relação professor-educando, o grande dueto responsável pelo sucesso do trabalho, estabelecendo um vínculo afetivo. 
Uma vez este elo estabelecido, dá-se um passo em direção à aprendizagem, enriquecendo a auto-estima do aluno, sua autonomia e como ele aprende e se desenvolve cognitiva, social e emocionalmente.
da troca.
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Espera-se que o professor entenda que o conteúdo ensinado seja de total significação para a vida de seu aluno, usando sempre de crítica para discernir quando este terá dificuldade para transferir o que lhe foi ensinado. O educador deve reconhecer que o saber não tem dono. Nesse sentido, ele se dispõe, com muito mais facilidade, a entrar numa relação de troca por oposição, ao que Freire (1984) chamaria de uma educação bancária, em que ao aluno caberia apenas o papel de depósito de conteúdos, sem entendê-los. A relação de poder é revista e passa a ser mútua porque será construído na base da troca.
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Cabe ao educador da escola inclusiva saber que a compreensão de suas atitudes com os portadores de necessidades especiais não passa apenas pelo estudo teórico e prático. Passa pela subjetividade porque os valores e crenças adquiridos durante a vida afetam, direta ou indiretamente, o fazer pedagógico. Vale ressaltar que a avaliação deve ser diversificada pelo professor, oferecendo várias oportunidades e formas diferentes do aluno mostrar o seu progresso.
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Situações Adversas
“Síndrome de Privação Cultural”: característica de um sujeito que não foi, de forma plena, integrado à cultura de seu meio.
Desenvolvimento humano: a questão da privação cultural pode manifestar-se desde o analfabetismo e falta de cuidados com a saúde até ao desemprego e à indigência.
As dimensões culturais do desenvolvimento
humano exigem cuidadosa atenção por três razões.
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1. desenvolvimento ocorre à medida que os sujeitos possam viver como quiserem tendo a oportunidade de escolher entre as opções que têm – ou podem ter. A tomada de consciência das possibilidades de escolhas deve ser um aspecto central do desenvolvimento.
2. A cultura estabelece uma relação importante entre rendimentos econômicos relativos e capacidades de desenvolvimento absolutas. “A privação relativa de rendimentos na comunidade local pode levar à privação social absoluta”. (Adam Smith)
3. A própria noção de pobreza humana exige investigação de privação cultural, já que, na verdade, como acima mencionado, a cultura estabelece relação importante entre rendimentos relativos e capacidades humanas absolutas.
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A “privação cultural” é definida como “um estado de reduzida modificabilidade cognitiva de um indivíduo, em resposta à exposição direta às fontes da informação”.
 Feuerstein 
A privação cultural se configura como um estado do organismo que apresenta reduzida necessidade de organização das informações que facilitariam seu uso posterior em processos mentais mais elaborados, tendo, como resultado, o baixo rendimento intelectual.
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Esquema dePiaget: esse ato era decorrente da interação direta do organismo aprendiz (O) com os estímulos (S) produzindo uma resposta (R), no seguinte esquema: S O R
Para a aprendizagem efetiva da criança Feurstein acrescentou ao modelo de Piaget a função do mediador
humano, que ele identificou, no seu esquema, como “H”.
Influência de Vygotski
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A Experiência Aprendizagem Mediada requer a presença de três parâmetros: São os critérios de mediação) que são o objeto de atenção deliberada por parte do mediador: intencionalidade/reciprocidade, Significado e Transcendência
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1. Intencionalidade/Reciprocidade, 
 São indissociáveis na mediação. O mediador deliberadamente interage com o sujeito, selecionando, interpretando e interferindo no processo de construção do conhecimento.
 Não há necessidade de uma consciência imediata da intencionalidade por parte do aprendiz, uma vez que essa consciência vai se formando ao longo de um processo. 
 A reciprocidade, como o próprio nome indica, implica troca, permuta. 
O mediador deve estar aberto para as respostas do sujeito, sendo que este último deve fornecer indicações de que está cooperando, que se sente envolvido no processo de aprendizagem.
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2. Significado
 
 Refere-se ao valor, à energia atribuída à atividade, aos objetos e aos eventos, tornando-os relevantes para o mundo.
 
 Por esse critério de mediação, o mediador demonstra interesse e envolvimento emocional e explicita o
entendimento do motivo para a realização da atividade, verificando se o estímulo que está sendo apresentado está sensibilizando o mediado.
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Transcendência
 Objetiva promover a aquisição de princípios, conceitos ou estratégias que possam ser generalizados para outras situações.
 Envolve o princípio de se encontrar uma regra geral que possa ser aplicada a situações correlatas, o que exige o desenvolvimento do pensamento reflexivo sobre o que está subjacente na situação, de modo a estender para outros contextos o conhecimento adquirido. 
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 Se um aluno aprende que a poluição dos rios provoca mortandade de peixes, ele pode transcender esse conhecimento e inferir que as populações ribeirinhas ficam sem o seu alimento e que a água fica contaminada para outros aspectos do cotidiano, como saciar a sede, tomar banho, higienizar e cozer alimentos e outras atividades que dependem do uso de água potável.
 Pode ampliar essa transcendência e perceber que, se isso acontecer
em outros rios, em uma bacia hidrográfica, pode prejudicar o desenvolvimento econômico de uma região. A transcendência estimula a curiosidade que leva a inquirir e descobrir relações e ao desejo de saber mais.
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1. Intencionalidade e reciprocidade: provocar curiosidade e obter resposta. Linguagem apropriada, intencionalmente provocar desequilíbrio e dissonância para atrair o raciocínio e a aprendizagem
2. Significado: Atribuir significados e valores, afetivos e sociais
3. Transcendência: Extrair e transferir conhecimento
4. Sentimento de competência: atribuir valor social a eficiência da aprendizagem 
5. Controle e regulação de conduta: Indicar a complexidade, mediar situações de impulsividade
6. Compartilhar: Incentivar a adquirir consciência do interesse comum
OS DOZE CRITÉRIOS DE MEDIAÇÃO DE REUVEN FEUERSTEIN = Mediador + Mediado
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7. Individuação e diferenciação psicológica: incentivar a adquirir consciência das diferenças. Que o mediador reconheça a legitimidade das divergências e das crenças.
8.Busca e planejamento de objetivos: estabelecer metas e objetivos. Projetar novas realizações além das necessidades presentes 
9. Desafio: busca pelo novo e complexo, novas experiências e novos estímulos não familiares, apresentando como desafio
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10. Modificabilidade: perceber o ser humano como sujeito modificável. Adaptar-se a novas situações e experienciar mudanças significativas. 
11. Alternativa positiva: favorecer uma abordagem otimista e confiante. Criar estratégias e favorecer as hipóteses para vencer o ensaio e o erro. 
12. Sentimento de pertença: enfatizar a pertença ao grupo de pares. Interesses comuns com base no outro e no coletivo como elemento ao desenvolvimento pessoal e grupal
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Mediação não é ? 
Dividir tudo ao meio!
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Referência Bibliográfica
AMARAL, Ligia Assumpção. Conhecendo a deficiência (em companhia de Hércules). São Paulo: Robe, 1995. 
CROCHIK, José Leon. Preconceito, indivíduo e cultura. 2ª ed. São Paulo: Robe, 1997.
CASTEL, Robert. As armadilhas da exclusão. In: CASTEL, R., WANDERLEY, L. E. W. e BELFIORE-WANDERLEY, M. Desigualdade e a questão social. São Paulo: EDUSC, 2000.
BARCHIFONTAINE, C. P. Bioética, cidadania e controle social. O Mundo da Saúde. Ano 28, v.28, n. 3. Jul/set 2004.
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GOFFMAN, Erving. Estigma: Notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988. 
DAGNINO, Evelina. Sociedade civil, participação e cidadania: de que estamos falando? In: MATO, Daniel (org.) Políticas de ciudadanía y sociedad civil em tiempos de globalización. Caracas: Faces/Universidad Central de Venezuela, 2004. pp 95-110.
Referência Bibliográfica
MARTINS, José de Souza. Exclusão Social e a Nova Desigualdade. São Paulo: Paulus, 1997. 
FEUERSTEIN, Refael e FALIK, Louis, H. Além da inteligência. Petrópolis: Vozes, 2014.
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