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Ministério da Educação Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Medianeira Diretoria de Graduação ESTEREFICAÇÃO DE FISCHER: SÍNTESE DO ACETATO DE ISOAMILA. Professor: Thiago Cavasotto. Acadêmicos: Eduarda Aguita Severo RA:1867288 Nicoli Andressa Carboni RA:1640658 Thamiris Mulinário RA:1549790 Medianeira, 04 de setembro de 2017. 1. INTRODUÇÃO As reações de esterificação são aquelas em que um ácido carboxílico reage com um álcool e produz éster e água. Industrialmente, a reação de esterificação de Fischer é um dos principais métodos para a síntese dos ésteres. Por estarem presentes na composição dos flavorizantes, os ésteres são compostos de destaque na indústria alimentícia. Em 1895, Fischer e Speier constataram que era possível a obtenção de ésteres através do aquecimento de um ácido carboxílico e um álcool na presença de catalisador ácido (McMurry, 1997). Esta reação ficou conhecida como esterificação de Fischer, sendo um dos principais métodos utilizados na produção de ésteres. Essa reação, em temperatura ambiente, é lenta, no entanto os reagentes podem ser aquecidos na presença de um ácido mineral para acelerar o processo. Este ácido catalisa tanto a reação direta (esterificação) como a reação inversa (hidrólise do éster). Normalmente, se utiliza o ácido sulfúrico ou ácido clorídrico, que libera o íon H+ que, posteriormente, age na protonação. Em geral, os ésteres, principalmente os de baixa massa molar, apresentam aromas agradáveis, estando presentes em frutas e flores (McMurry, 1997). A Figura 1 apresenta alguns exemplos de ésteres e seus respectivos aromas. Figura 1: Exemplos de ésteres e seus respectivos aromas. Fonte: Google Imagens Esses compostos possuem uma importante aplicação na indústria como flavorizantes, ou seja, substâncias que, quando adicionadas em pequena quantidade aos alimentos, conferem-lhes características degustativas e olfativas (Solomons, 1983) Ésteres constituem uma das classes de substâncias químicas largamente encontradas na natureza. Alguns ésteres, de baixo peso molecular, tendem a apresentar sabor e aroma agradáveis e, por isso, são bastante usados em alimentos e bebidas industrializadas. Os ésteres podem ser sintetizados através da reação entre um ânion carboxílico e um haleto de alquila ou ainda pela reação de esterificação de Fischer. Quando a reação é realizada em ambiente fechado, tende a ocorrer também no sentido inverso. Isso significa que a água reage com o éster e regenera o ácido carboxílico e o álcool, atingindo o equilíbrio químico. Essa reação inversa que ocorre entre o éster e a água é chamada de hidrólise. Se a hidrólise ocorre em meio alcalino, dizemos que é uma hidrólise básica, ou reações de saponificação, com formação de um sal orgânico e um álcool. Se a esterificação ocorrer entre um ácido carboxílico e um álcool primário, a água como produto será formada pela hidroxila (OH) do ácido carboxílico e pelo hidrogênio da hidroxila do álcool. Mas se a reação de esterificação ocorrer com um álcool secundário ou terciário ou ainda com um ácido inorgânico no lugar do ácido carboxílico, a água será formada pela hidroxila (OH) do álcool e o hidrogênio virá da hidroxila do ácido carboxílico. Durante o amadurecimento, as bananas produzem substâncias voláteis, como o acetato de isoamila, o principal responsável pelo seu aroma. Os ésteres também estão presentes em gorduras animais (ésteres graxos) e em muitas moléculas biológicas, incluindo os fosfolípidios. Na indústria química, são usados com vários propósitos. O acetato de etila, por exemplo, é um solvente orgânico de ampla aplicação e ésteres de alquila derivados de ácidos graxos são empregados como plastificantes para evitar que os polímeros tornem-se quebradiços. Segundo Yadav e Rahuman (2002), reações de esterificação são amplamente empregadas em uma variedade de indústrias químicas. O procedimento geralmente usa ácidos minerais como catalisador. Esses catalisadores geram grandes quantidades de resíduos ácidos, que requerem tratamento adequado antes do descarte. O processo catalítico convencional consiste na catálise homogênea com ácido sulfúrico, o qual permanece dissolvido no meio reacional. Neste processo, o catalisador deve ser removido ao final da reação por lavagem aquosa alcalina. É um reagente de baixo custo e é muito ativo. No entanto, também é corrosivo e apresenta problemas de armazenamento e de controle segundo Bondioli (2004). A reação de esterificação pode ser catalisada por catalisadores ácidos de Brönsted ou de Lewis, por catalisadores básicos de Lewis, além de enzimas (Cardoso, 2008). Nesta prática, realizamos a síntese do acetato de isoamila, quimicamente chamado de etanoato de 3-metilbutila, representado na figura 2. Figura 2: Estrutura do acetato de isoamila. Fonte: scielo.br 2. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 2.1 MATERIAIS UTILIZADOS Balão de Fundo chato; Pedras de vidro; Béquer; Erlenmeyer; Papel de Filtro; Proveta; Funil de Separação; Manta Aquecedora; Unidade de Refluxo; Ácido Acético; Álcool isoamílico; Ácido Sulfúrico concentrado; Água destilada; Bicarbonato de Sódio saturado; Sulfato de Sódio Anidro 2.2 PROCEDIMETO EXPERIMENTAL Na capela, foram adicionados a um balão de fundo redondo 17 mL de ácido acético glacial, 15 mL de álcool isoamílico e 1,0 mL de ácido sulfúrico concentrado; foram adicionadas pedras de porcelana e refluxadas por 40 minutos, assim como mostram as figuras 3 e 4. Figuras 3 e 4: sistema de refluxo Fontes: ebah.com.br e nossas imagens. Terminado o refluxo, a mistura reacional foi deixada esfriar à temperatura ambiente, foi filtrada para retirar as pedras de porcelana e levada para o funil de separação. Utilizando um funil de separação (figuras 5 e 6), a mistura foi lavada com 50 mL de água, necessária para retirar as impurezas mais grossas e em seguida foi lavada duas vezes com porções de 20 mL de bicarbonato de sódio saturado, usado para neutralização das impurezas ácidas presentes. Figuras 5 e 6: sistema de separação Fontes: maxlabor.com.br e nossas imagens. O éster foi secado com sulfato de sódio anidro, neste sistema o sulfato de sódio absorve a agua presente formando cristais (figura 7) que foram retirados filtrados por gravidade, com auxílio de um funil e colocado novamente no balão de fundo redondo para posterior destilação. Figura 7: secagem com sulfato de sódio Fonte: nossas imagens. O éster foi destilado (figura 8), sendo coletado o líquido que destilou entre 128º C e 143º C. Figura 8:sistema de destilação para retirada do acetato de isoamila Fonte: nossas imagens. Após o processo de destilação o béquer com a solução de acetato de isoamila foi pesado e calculado o percentual de rendimento. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Ésteres são compostos amplamente distribuídos na natureza. Os ésteres simples tendem a ter um odor agradável, estando geralmente associados com as propriedades organolépticas (aroma e sabor) de frutos e flores. Em muitos casos, os aromas e fragrâncias de flores e frutos devem-se a uma mistura complexa de substâncias, onde há a predominância de um único éster. Muitos ésteres voláteis possuem odores fortes e agradáveis. Neste experimento foi sintetizado o acetato de isoamila (etanoato de 3-metilbutila), um éster muito usado nos processos dearomatização. Acetato de isoamila tem um forte odor de banana quando não está diluído, e um odor remanescente de pêra quando está diluído em solução. Ésteres podem ser convenientemente sintetizados pelo aquecimento de um ácido carboxílico na presença de um álcool e de um catalisador ácido, que neste caso foi o ácido sulfúrico. O acetato de isoamila foi preparado a partir da reação entre álcool isoamílico, também chamado de álcool amílico, álcool isopentilico ou 3-metil-1- butanol; e ácido acético, também chamado de ácido etanoico, usando ácido sulfúrico como catalisador. Na figura abaixo, vemos a reação na qual ocorre a formação do éster. Figura 9: reação de formação de acetato de isoamila Fonte: apostila de orgânica O tratamento da reação visando a separação e isolamento do éster consiste em lavagens da mistura reacional com água e bicarbonato de sódio aquoso, para a retirada das substâncias ácidas presente no meio. Em seguida, o produto foi purificado por destilação fracionada. Como a reação de esterificação é reversível foi aplicado o princípio de Le Chatelier usando ácido acético em excesso. O princípio de Le Chatelier pode ser descrito da seguinte forma: “quando se aplica uma força em um sistema em equilíbrio, ele tende a se reajustar procurando diminuir os efeitos dessa força”. Esse princípio mostra que quando alteramos um sistema em equilíbrio, ele buscará adquirir um novo estado que anule essa perturbação. Dessa forma, há um deslocamento do equilíbrio, ou seja, uma busca por uma nova situação de equilíbrio, favorecendo um dos sentidos da reação. Se favorecer a reação direta, com formação de mais produto, dizemos que o equilíbrio se deslocou para a direita. Entretanto, é dito que se deslocou para a esquerda se foi favorecida a reação inversa, com formação de reagentes. Acetato de isoamila é um belo éster com odor de frutas – como muitos ésteres de baixo peso molecular. Por este motivo é utilizado na indústria de essências e fragrâncias. Mas você não encontrará este em um perfume, por duas razões. A primeira é que ésteres não são adequados para perfumaria em geral pois tendem a se hidrolisar em seus dois constituintes primários, que são um álcool e um ácido (neste caso álcool isoamílico e ácido acético). O álcool isoamílico tem odor de solvente; não muito agradável. O ácido acético resultará em um odor de vinagre. Por estas razões os ésteres têm aplicação em situações nas quais não hidrolisam. A segunda e mais interessante razão é que moléculas pequenas podem ter funções bem diferentes na natureza dependendo da perspectiva. No caso dos humanos, o acetato de isoamila tem odor agradável, mas para as abelhas é um dos feromônios liberados durante as ferroadas, o que pode causar um frenesi de ataques. Na prática, através dos volumes de reagentes utilizados foi possível verificar que o álcool isoamílico era o reagente limitante da reação. A partir das lavagens com bicarbonato de sódio, percebeu-se o desprendimento de gás CO2 desta reação. Temos na reação 17 ml de ácido acético, com uma densidade de 1,05 g/ml, sendo assim: Densidade= massa/volume 1,05g/ml= massa/ 17ml Massa=17,85g Nº de mols= massa/ massa molar Nº de mols= 17,85g/60 g mol Nº de mols= 0,2975 mol Tendo assim um total de 17,85g ou 0,2975 mols participantes da reação. O ácido acético reage com 15ml de álcool isoamílico, que tem uma densidade de 0,812 g/ml, sendo assim: Densidade= massa/volume 0,812g/ml= massa/ 15ml Massa= 12,18g Nº de mols= massa/ massa molar Nº de mols= 12,18g/88,15 g mol Nº de mols= 0,1382 mol Tendo assim participantes da reação 12,18g ou 0,1382 mols de álcool isoamílico. Como a estequiometria da reação é de 1 para 1, temos que o álcool isoamílico é o regente limitante, então teoricamente esperamos que a quantidade obtida de acetato de isoamila ao fim da reação seja de 0,1382 mols aproximadamente. Nº de mols= massa/ massa molar 0,1382 mols = massa/ 130,07 g mol Massa= 17,9757 g Após todo o processo prático para obtenção do acetato de isoamila, pesamos o béquer vazio em balança semi-analítica que teve peso estimado em 20,23 g, após a destilação o béquer com o produto da destilação fracionada pesou 32,39 g. Temos que a reação gerou: Massa do acetato de isoamila= massa do béquer com a solução – massa do béquer Massa do acetato de isoamila= 32,39 g – 20,23 g Massa do acetato de isoamila = 12,16g Nº de mols= massa/massa molar Nº de mols= 12,16g/130,07 g mol Nº de mols= 0,0935 mol Tendo esse resultado em comparação com o teórico temos o seguinte rendimento da reação: Nº de mols obtidos teoricamente ________ 100% Nº de mols obtidos na prática ___________ X X= (0,0935 mol x 100%) / 0,1382 mol X= 67,65% Sendo assim, notamos que alguns erros podem ter afetado a reação como a calibração das vidrarias, pipetagem dos reagentes, elevado aquecimento, entre tantos outros erros que podem influenciar no produto final da reação. Questionário a) Discuta o mecanismo da reação. Qual a função do ácido sulfúrico? É ele consumido ou não, durante a reação? O acetato de isoamila é preparado a partir da reação entre álcool isoamílico e ácido acético, usando ácido sulfúrico como catalisador. O H2SO4 concentrado utilizado nesta síntese atua como catalisador, portanto ele não é consumido durante a reação, é continuamente regenerado. O ácido atua protonando o oxigênio da carbonila do ácido, assim aumentando a eletrofilicidade deste carbono. O álcool nucleofílico realiza a adição à carboxila ativada levando à formação do intermediário tetraédrico, o qual retorna ao estado trigonal expulsando a água como grupo de saída. A regeneração do catalisador ácido no meio reacional leva à produção do acetato de isoamila. b) Como se remove o ácido sulfúrico e o álcool isoamílico, depois que a reação de esterificação está completa? A remoção do ácido sulfúrico e do restante de ácido acético é feita através de lavagens com porções de água e bicarbonato de sódio, que removem as substâncias ácidas do sistema tornando-as mais solúveis em água. O álcool isoamílico é separado do produto (acetato de isoamila) através de uma destilação fracionada. c) Por quê se utiliza excesso de ácido acético na reação? Como a reação de esterificação em meio ácido é um processo reversível, ou seja, os produtos e os reagentes encontram-se em equilíbrio, utilizamos excesso de um dos reagentes para deslocar o equilíbrio químico em direção à formação dos produtos e assim aumentar o rendimento da reação (princípio de Le Chatelier). d) Por quê se usa NaHCO3 saturado na extração? O que poderia acontecer se NaOH concentrado fosse utilizado? Usa-se NaHCO3 pois esta é uma base fraca, que irá reagir somente com os ácidos. Se NaOH fosse utilizado poderia ocorrer uma reação de hidrólise do éster (degradação do produto). e) Sugira um outro método de preparação do acetato de isoamila: Através da reação de anidrido acético e 3-metil-butanol formando ácido acético e acetato de isoamila. 4. CONCLUSÃO 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAVASOTTO, Thiago. Apostila Química Orgânica; Roteiro prático: Esterificação de Fischer: Síntese do acetato de Isoamila. 2017/2 FOGAÇA, Jennifer R.V. Reações de esterificação. Mundo educação. Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/reacoes-esterificacao.htm> Acesso em: 08 de Setembro de 17. YABUKI, Jessica. CECHINEL, Laina. ZADRA, Larissa. CORDEIRO, Lucas. PEREIRA Micheli. Esterificação de Fisher: Síntese do acetato de isoamila. Disponível em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/16554611/esterificacao-de-fischer>Acesso em: 08 de Setembro de 17. COSTA, Thiago S. ORNELAS Danielle L. GUIMARÃES Pedro I. C. G. MERÇON Fábio. Confirmando a Esterificação de Fischer por meio dos aromas. Química nova na escola. Publicado em: Maio, 2004. Disponível em: <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc19/a11.pdf> Acesso em: 05 de Setembro de 17. CAVALCANTE, Phelipe M. M. SILVA, Renato L. FREITAS, Jucleiton J. R. FREITAS, Juliano C. R. FILHO, João R. F. Proposta de preparação e caracterização de ésteres: um experimento de análise orgânica na graduação. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0187893X15000531> Acesso em: 05 de Setembro de 17. Acetato de isoamila (abelhas nervosas), Glúon blog. Disponível em; < http://www.gluon.com.br/blog/2007/02/24/cheiro-abelhas/> Acesso em: 05 de setembro de 2017. FOGAÇA, Jennifer. O Princípio de Le Chatelier. Disponível em: < http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/o-principio-le-chatelier.htm> Acesso em: 05 de setembro de 2017. TESSER, Susana. Preparação do Acetato de Isoamila. Disponível em: <http://www.zemoleza.com.br/trabalho-academico/biologicas/farmacia/preparacao-do- acetato-de-isoamila/> Acesso em: 05 de setembro de 2017. LEITE, Oldair Donizeti; BRAGA, Valdeison Souza. Esterificação e transesterificação: Conheça as características dessas reações. Disponível em: <https://educacao.uol.com.br/disciplinas/quimica/esterificacao-e-transesterificacao- conheca-as-caracteristicas-dessas-reacoes.htm> Acesso em: 05 de setembro de 2017.
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