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Análise do filme “Escritores da Liberdade”

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Instituto Vera Cruz
Pedagogia 
Módulo Infância (2017)
Disciplina: Aprendizagem e desenvolvimento humano.
Docente: Marisa Ferreira
Data: 06/03/17
Análise do filme “Escritores da Liberdade”
No filme "Escritores da Liberdade" percebemos parte dos desafios que possivelmente enfrentaremos como educadores. A necessidade de ampliar nossa visão para com o aluno, reconhecer a vida que o mesmo leva fora do âmbito escolar, uma vez que essa pode refletir diretamente em sua aprendizagem.
Charlot afirma que o homem está fadado a aprender. Nasce e está obrigado a aprender, apropriando-se do mundo. O homem não nasce pronto, “ele torna-se o que deve ser.” Para isso, será educado. Mas educação supõe o desejo, como força propulsionadora que alimenta o processo. O desejo mobiliza o homem. O autor apresenta uma distinção entre saber e aprender. O saber vem da informação que o sujeito se apropria, portanto, decorre de uma relação que ele estabelece, não há saber em si. Não há saber sem uma relação do sujeito com esse saber.
O filme mostra a trajetória de Erin Gruweel, uma professora em início de carreira, cheia de ideais. Erin recebe a missão de lecionar para uma turma de estudantes do primeiro ano. Neste grupo estão aqueles considerados os piores alunos da escola, com passagem pela polícia, envolvidos em gangues, segregados por suas etnias. A expectativa em torno dos jovens é baixa. A direção e os demais professores os consideram incapacitados ou impossibilitados de aprender. Em meio a indiferença de todos, Erin, aos poucos, percebe que precisaria reconhecer a realidade de sua turma para estabelecer uma conexão com eles. Eles não enxergam a possibilidade de mudança através do aprendizado escolar, não reconhecem um sentido para a escola. De certa maneira, a escola também não os reconhece.
A estratégia adotada pela professora é conhecer mais da vida dos estudantes para pensar em um meio de estimular o estudo em sala. Através de diários produzidos pelos próprios alunos, a professora passa a se familiarizar com o cotidiano e a história de vida de cada um. Ela acaba conhecendo seus alunos em sua singularidade, o meio em que eles vivem, como se relacionam e os valores familiares.
Ciente da realidade deste grupo, Erin buscou um tema que tivesse uma conexão com eles, o aprofundou e despertou nos alunos o desejo de querer “mais”. A professora consegue aproximar os alunos entre si, demonstrando que mais do que rivais – já que pertenciam a gangues inimigas – eles compartilhavam da mesma violência, das mesmas perdas, do mesmo sofrimento. E foi através de outras histórias de resistência e de violência, que ela pode criar um sentido para a aula de literatura e língua inglesa. 
Os sentidos para leitura foram se dando quando, ao ler o livro “O diário de Anne Frank”, eles se identificaram com a história de vida da autora o que promoveu uma mudança de perspectiva de vida de cada um deles. A leitura do livro os leva a refletir sobre a experiência da intolerância levada ao extremo. Intolerância que eles reproduziam entre os colegas e nas ruas.
Erin conseguiu, a partir da realidade que encontrou, estabelecer uma conexão com o grupo, o que fez com que as aulas passassem a fazer sentido. Reconhecer o contexto deste grupo foi primordial. Como Charlot afirma: “Negar-se a tomar em consideração as diferenças específicas enfrentadas pelos filhos das famílias populares para aceder ao uso otimizado da razão é na verdade negar-lhes o acesso a esse uso; e isso, em nome da universalidade da razão!” Mais do que isso, ela não aceitou a ideia que eles estavam fadados ao “fracasso” devido à realidade em que viviam. Mas foi a partir dessa realidade que ela os atraiu para a escola, ou melhor, fez a escola ter um significado.
O “desejo do saber” até a chegada da professora Erin, podemos dizer que não existia, pois como é citado no texto do Charlot, primeiro tem de haver, a mobilização (“de dentro”) ou a motivação (“de fora”), algo que não existia por parte daqueles alunos, no entanto, a ação pedagógica da professora desperta a motivação (“de fora”) dos alunos para expressar seus sentimentos, ler, pensar, escrever, e mudar (mobilizar-se: “de dentro”) a partir do reconhecimento de que sim, eles são capazes.
Charlot ainda menciona que “A essência humana é o conjunto das relações sociais”, ou seja, a essência originária do indivíduo humano não está dentro dele mesmo, mas, sim, fora, no mundo das relações sociais, através do seu processo de vida real.
A escola se tornou o porto seguro desses alunos, lá eles aprenderam a respeitar uns ao outros, a conviver em sociedade, a lidar com a diversidade na sala. Esses alunos aprenderam a se mobilizar por um objetivo comum, criaram dentro de si um desejo de buscar sempre mais, questionar o que lhe é ofertado, estabelecer relação com o diferente e respeitar a si mesmo e ao próximo.

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