Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A endodontia é a ciência e arte que envolve a etiologia, a prevenção, o diagnostico e o tratamento das alterações patológicas da polpa dentaria e de suas repercussões na região apical e periapical e consequentemente em todo o organismo – “Mário Roberto Leonardo”. O Endodonto está representado: pela dentina, polpa e a cavidade pulpar, enquanto que a região apical e periapical são representadas pelo ápice e pelos tecidos de sustentação que contornam o ápice radicular e que são constituídos: Limite C.D.C Cemento Coto pulpar Forame Ligamento periodontal apical Parede Osso alveolar Neste segmento vamos discorrer sobre algumas alterações pulpares, suas características e seus respectivos tratamentos. Alterações patológicas pulpares agudas: 1) No exame clínico endodôntico alguns itens são fundamentais e de suma importância para a correta definição de tratamento, são eles: 1.1) Anamnese – sempre um item importante para cada clínico, uma anamnese bem feita e bem elaborada pode ser fundamental para o sucesso do tratamento. Nesse item a queixa principal e os aspectos clínicos do paciente devem ser avaliados. 1.2) Inspeção dentaria – é o exame objetivo, realizado através da visualização da coroa dentaria em campo seco e bem iluminado com auxilio de um espelho e uma sonda exploradora. Sozinho não é suficiente para diagnosticar, mais testes devem ser feitos a fim de se definir qual a causa da dor do paciente, sua origem, entre outros fatores. 1.3) Percussão dentaria – método pelo qual o profissional aplica leves toques na coroa dentaria, realizados com auxilio do cabo do espelho clínico, no sentido vertical e horizontal. A percussão, embora seja ainda um teste primário é muito importante para a localização de um dente responsável pela dor de origem endodôntica, principalmente quando aplicado no sentido VERTICAL. A Inflamação pulpar não sendo uma alteração tecidual estática, mas sim dinâmica, pode envolver os tecidos periapicais. Assim, uma resposta positiva a um teste de percussão vertical, indicaria uma reação inflamatória do ligamento periodontal apical (pericementite apical aguda de origem bacteriana), como consequência de uma PULPITE AGUDA IRREVERSIVEL, as vezes, não localizada! A resposta positiva ao teste de percussão vertical necessita-se ser comprovada por outros testes de sensibilidade pulpar. O choque térmico é imprescindível para complementar o diagnostico para a localização do dente responsável pela dor. 1.4) Palpação – a palpação é um exame que consiste em aplicar a palma da mão sobre uma região do corpo com a finalidade de contribuir para o estabelecimento do diagnóstico. Na endodontia, a palpação é digital, isto é, consiste em pressionar firmemente os dedos da mão, sobre os tecidos moles e duros da face e da cavidade bucal. A região cutânea que corresponde ao terço apical do dente comprometido, quando submetida à palpação, pode contribuir para o diagnóstico de três estágios evolutivos dos abscessos dentoalveolares agudos: o abscesso em fase inicial, em evolução e/ou evoluído. O edema consistente, duro e sem flutuação, caracteriza a fase clínica de um abscesso dentoalveolar agudo EM EVOLUÇÃO, sendo este um sinal PATOGNOMÔNICO. 1.5) Sondagem – a sondagem, principalmente, dos tecidos de sustentação do dente, pode contribuir para o sucesso do tratamento endodôntico, podendo detectar a destruição dos tecidos de sustentação ocasionada por uma doença periodontal. 1.6) Mobilidade dentaria – o teste de mobilidade tem por objetivo avaliar as condições do periodonto, método este, muito importante no prognóstico do tratamento. Sendo a mobilidade dentaria de origem endodôntica, seu desaparecimento ocorre após o tratamento do canal radicular. 1.7) Teste de vitalidade/sensibilidade (quente, frio, elétrico, preparo cavitário) – a estimulação da dor através de agentes térmicos/elétricos, induz uma resposta dolorosa do paciente a esses estímulos e pode identificar o dente acometido por uma patologia pulpar. Envolvendo o SNC e consequentemente atingindo o limiar de sensibilidade à dor, a resposta a esses testes poderá ser influenciada pelo estado emocional do paciente, com resultados falso positivo e/ou falso negativo. Os testes de sensibilidade auxiliam na diferenciação de dentes com polpas afetadas, principalmente nos casos de necrose pulpar, quando se utiliza outros dentes como controle. 1.8) Teste de sensibilidade – Resposta ao FRIO Resposta ao frio Duração da dor após a remoção do frio Condição pulpar POSSIVEL Nenhuma -------------------------------- Normal ou Anormal Moderada Desaparecimento imediato Normal Aguda/imediata Rápido alívio Dúvida Aguda/imediata Demorada/prolongada Anormal 2) Exame radiográfico – as alterações patológicas da polpa, isto é, pulpites agudas reversíveis ou irreversíveis, não são evidenciadas radiograficamente, sendo, esse exame considerado como de valor relativo para auxiliar no diagnóstico dessas patologias. Entretanto, permite uma avaliação das estruturas mineralizadas do dente e da região apical e periapical podendo ser de grande contribuição para a obtenção do correto diagnostico das condições pulpares. Em casos de PULPITES AGUDAS REVERSIVEIS e IRREVERSIVEIS, o exame radiográfico poderá evidenciar, por exemplo, a presença de caries, restaurações defeituosas, etc. Na região apical e periapical, devera mostrar um periodonto apical normal e/ou ligeiramente espessado, porém com lamina dura INTACTA. 3) Aspectos relacionados à DOR: a. Os aspectos relacionados a dor são significativos nas alterações patológicas pulpares agudas, pois são indicadores de um tratamento endodôntico conservador ou radical! Quadros com características e tratamentos das pulpites agudas: Devemos salientar que: Na pulpite aguda reversível – após cessar/remover o agente etiológico a dor acaba. Nesses casos o tratamento é conservador para a polpa. Por ultimo e não menos importante: 4) Necrose pulpar – é geralmente assintomática, sendo a alteração da cor da coroa dental uma indicação da perda da vitalidade da polpa. Em alguns casos, o exame radiográfico poderá evidenciar uma cavidade de carie ou restauração, sem a devida proteção do complexo dentino-pulpar. Também pode ser observado um aumento do espaço periodontal apical, demonstrando que jamais devemos considerar uma alteração pulpar como estanque, mas sim como dinâmica, uma vez que a necrose pulpar pode já estar envolvendo periodonto e não ser evidenciável radiograficamente. Tratamento: O tratamento do canal radicular para esses casos é a de necropulpectomia I que é a técnica de tratamento dos dentes despolpados, SEM lesão periapical visível radiograficamente. Alterações periapicais de origem INFLAMATÓRIA: A seguir veremos em quadros as características clínicas e o tratamento de tais alterações: Sobre os abscessos dentoalveolares agudos (Inicial, Em evolução e Evoluído): Biopulpectomia tratamento de canal radicular de dentes com VITALIDADE PULPAR Necropulpectomia I tratamento de canal radicular de dentes com necrose pulpar SEM LESAO PERIAPICAL visivelmente em radiografia Necropulpectomia II tratamento de canal radicular de dentes com necrose pulpar e com nítida lesão periapical crônica evidenciável radiograficamente, casos considerados como processos patológicos periapicais de longa duração. Bio e Necropulpectomia Indicações: Pulpites irreversíveis Pulpites crônicas Exposições patológicas ou exposições acidentaisda polpa (avaliação clínica) Reabsorções internas Finalidade protética ou cirúrgica Sequência da biopulpectomias: 1) Anestesia 2) Remoção do tecido cariado ou restaurações extensas 3) Início da abertura coronária 4) Isolamento e anti-sepsia do campo operatório: Álcool iodado 0,3% ou Clorexidina gel a 2%. 5) Complementação da ABERTURA CORONÁRIA. 6) PULPOTOMIA remoção da polpa dentária. 7) Nos casos onde há possibilidade de tratamento conservador avaliar os aspectos MACROSCÓPICOS da POLPA VITAL 8) Irrigação da câmara pulpar com hipoclorito de sódio a 2,5%: prevenção do escurecimento da coroa, COMBATER POSSÍVEL INFECÇÃO SUPERFICIAL. 9) Exploração até 2 ou 3 mm aquém do comprimeto do dente, tomando como base a RADIOGRAFIA PARA DIAGNÓSTICO 10) Odontometria 11) Pulpectomia: remoção da polpa radicular. a. Canais amplos em bloco. b. Canais atrésicos e curvos por fragmentação. Pulpectomia por fragmentação: Preparo do canal associado com NaOCl 1% até total remoção do tecido pulpar. Após pulpectomia: Irrigar Câmara Pulpar com NaOCl 1 a 2,5% (Remoção de Produtos Sanguíneos). 12) PBM 13) Curativo de demora ou obturação Segunda sessão (quando necessária, sendo que se da prioridade nos casos de biopulpectomias em se fazer em uma sessão só). 1. Anestesia 2. Isolamento e anti-sepsia do campo operatório 3. Remoção do selamento coronário 4. Remoção do curativo de demora 5. Remoção da camada residual: EDTA- 3 a 5 min. 6. Irrigação do canal radicular com NaOCl 0,5% ou solução salina fisiológica 7. Secagem do canal 8. Seleção do cone principal de guta-percha: a)Descontaminação: [Desinfecção em [NaOCl: 0,5% (30 min); 1% (20 min); 2,5% (10 min); 4,0% (5 min); 5,25% (45 seg)]. b)Prova clínica c)Prova radiográfica 9. Corte dos cones secundários de guta-percha no CT 10. Preparo do cimento 11. Obturação: a)Assentamento do cone principal de guta-percha: Técnica clássica ou Biológica controlada; b) Condensação lateral. 12. Radiografia da condensação lateral 13. Condensação vertical e Corte da obturação: 2mm abaixo da coroa clínica 14. Limpeza da câmara pulpar 15. Selamento coronário 16. RX final NECROPULPECTOMIA INDICAÇÕES A Necrose pulpar: com lesão periapical visível radiograficamente e sem lesão periapical visível radiograficamente; Retratamento. 1a Sessão 1. Anestesia; 2. Remoção do tecido cariado e restaurações extensas; 3. Início da Abertura Coronária 4. Isolamento e anti-sepsia do campo operatório; 5. Complementação da Abertura coronária; 6. Neutralização do conteúdo do canal radicular: Tec. Mediata e Tec. Imediata 7. Odontometria; 8. Neutralização até o forame (desbridamento foraminal); 9. Preparo do batente apical; 10. Re-escalonamento (quando necessário); 11. Durante o PBM: irrigação com NaOCl 1 a 2,5%; 12. Após PBM: irrigação com sol. salina fisiológica; 13. Secagem do canal 14. Remoção da camada residual: EDTA – 3 a 5 min.; 15. Irrigação com solução salina fisiológica; 16. Secagem do canal; 17. Curativo de demora: Ca(OH)2 + CLX 2% (mínimo 14 dias). OBS: a)Caso não termine o preparo ou a neutralização: Curativo: Pasta de Ca(OH)2 + soro ou Pasta de Ca(OH)2 + propilenoglicol b)Exsudato Persistente e Urgências: Curativo: Pasta de Ca(OH)2 + soro c)Se após várias trocas de Ca(OH)2 ainda persiste dor e exsudato: Curativo: Clorexidina gel 2% 2ª Sessão 1. Anestesia; 2. Isolamento e anti-sepsia do campo operatório; 3. Remoção do selamento coronário; 4. Remoção do curativo de demora (irrigação com solução salina fisiológica); 5. Momento da obturação: Canal preparado; Sem dor; Seco; Sem odor. 6. Secagem do canal; 7. Seleção do cone principal de guta-percha: Desinfecção; Prova clínica; Prova radiográfica 8. Corte dos cones de guta-percha secundários no CT; 9. Preparo do cimento; 10. Assentamento do cone principal de guta-percha; 11. Condensação lateral (ou técnica híbrida ou técnica do cone único); 12. RX de constatação da qualidade da obturação; 13. Condensação vertical; 14. Corte da obturação; 15. Selamento coronário; 16. RX final. Retratamento É um novo tratamento, realizando remoção da obturação antiga, reinstrumentação e nova obturação dos canais radiculares. Objetivo superar as deficiências do tratamento endodôntico anterior. Etiologia do insucesso endodôntico: 1) Causas pré-operatórias a. Erros de diagnóstico b. Seleção dos casos c. Prognóstico – previsibilidade dos resultados 2) Causas operatórias a. Falhas nos objetivos mecânicos b. Falha nos objetivos biológicos (limpeza e desinfecção, fatores microbiológicos, sobre instrumentação e/ou sob instrumentação, obturação deficiente) 3) Causas pós-operatórias a. Trauma oclusal b. Fraturas verticais c. Restauração final deficiente d. Doença periodontal acentuada Falta de selamento coronário: Ocorre a solubilização do cimento e permeabilidade da obturação. Recontaminação média de 29 dias (técnica de condensação lateral) Após 90 dias 45-80% de contaminação. Indicações para o Retratamento endodôntico: 1) Tratamento endodôntico inadequado e necessidade de tratamento protético 2) Exposição do tratamento endodôntico ao meio bucal (falta de selamento) 3) Clinicamente: persistência de sintomas dor a percussão e palpação, fístula ou edema, mobilidade e dor ao mastigar. 4) Dentes que serão submetidos a cirurgia perirradicular. Etapas: Remoção do material restaurador Remoção do material obturador Reinstrumentação do canal Medicação intracanal (mínimo de 14 dias para controle microbiano) Obturação do canal radicular.
Compartilhar