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DIREITO TGP

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Helena e Marcílio pretendem se divorciar de forma consensual. São pais de 02 filhos menores, absolutamente incapazes, e, por isso, deverão promover a medida judicial para chancelar o acordo de vontades. Indaga-se:
a) A tutela reclamada em juízo é da jurisdição contenciosa ou não contenciosa (voluntária)? Justifique.
b) O ato judicial é uma decisão solucionando lide? Justifique.
R: A tutela reclamada não é contenciosa e sim voluntária, visto que existe consenso entre as partes.
b) O ato judicial é uma decisão solucionando lide? Justifique.
R: Não, o ato judicial não soluciona uma lide, pois no caso em questão existe consenso, logo, não há lide. Neste tipo de jurisdição voluntária, o juiz irá apenas homologar a decisão das partes.
2) A Defensoria Pública é órgão criado para servir de instrumento de acesso à justiça? Justifique a resposta? Aponte o fundamento legal.
b) O prazo em dobro concedido à Defensoria Pública infringe o princípio da igualdade das partes? Justifique.
c) Analisando o quadro de evolução histórica do Direito Processual Civil, em que fase nos encontramos? Qual a preocupação do processualista moderno? Justifique as respostas.
GABARITO 
a) Sim, a Defensoria é um importante instrumento de acesso à justiça, pois atende a camada social mais desfavorecida economicamente e frágil da população (CF, arts 5º, LXXIV e 134, caput). Destaca-se que, onde estão instalados órgãos da Defensoria Pública, chega a ser a que mais promove ação em juízo. A procura dos jurisdicionados é grande diante da possibilidade de obter a assistência judiciária gratuita, na grande maioria dos casos.
b) Não. Tal previsão serve justamente para garantir um tratamento igualitário às partes. Verificar o posicionamento do STF sobre a chamada inconstitucionalidade progressiva, na medida em que esses órgãos nacionalmente se organizaram e estão, de fato, em perfeitas condições de oferecer às partes um atendimento adequado. Essa previsão é até possível, no futuro, perderá o seu sentido e aí sim será considerada inconstitucional, ou seja, quando estiver suficientemente aparelhada, quer em sentido físico (instalações) ou de pessoal. 
c) Fase instrumentalista. A preocupação do processualista moderno é garantir que o processo seja efetivamente um instrumento de acesso à justiça. A Constituição da República no seu art. 5º, inciso LVXXVIII, incluído na reforma do Poder Judiciário, estabelece que o processo deva ser conduzido pelo juiz e pelas partes de forma a ter duração razoável (tempestividade) e celeridade.
3) Mário promove ação em face de Companhia Real de Sapatos para postular a condenação do réu a lhe pagar indenização por danos morais e materiais. Citado, o réu apresenta como peça de resistência a existência de cláusula compromissória entre as partes na convenção de arbitragem. Em função disso, o processo deve ser extinto sem resolução de mérito.
Após a análise da situação, responda:
a) O réu tem razão em sua defesa? Por quê?
b) O juiz pode conhecer de ofício a convenção de arbitragem para extinguir o processo sem resolução do mérito? Por quê?
GABARITO
a) Sim. O estabelecimento da cláusula compromissória, quando alegada pelo réu em sua defesa, inibe a atuação do Poder Judiciário. Nesse caso, a solução do conflito ocorrerá pela arbitragem prevista na lei nº 9.307/1996.
b) Não. Essa é uma das únicas hipóteses do elenco do artigo 337 do NCPC/2015 que o juiz não pode conhecer de ofício (parágrafo 5º). A outra arguição é de incompetência relativa: considera-se que a falta de arguição do compromisso resulta em renúncia à arbitragem – um direito das partes.
4) Arnaldo pretende promover ação visando a condenação do réu a lhe pagar o valor de R$ 10.000,00 (Dez mil reais) e contrata um advogado que adota o procedimento comum. Ao despachar a inicial, o juiz ordena a remessa dos autos a um dos juizados especiais cíveis, tendo em vista o valor da causa.
a) Agiu corretamente o Juiz? Justifique.
GABARITO a) Não. A competência em relação ao valor da causa, quando não se extrapola o valor máximo dos juizados especiais cíveis, é relativa (CPC, art. 63, caput). Sendo relativa, não poderia ser conhecida de ofício pelo magistrado (súmula 33 do STJ).
b) Há diferença do procedimento dos juizados especiais para o procedimento comum? Justifique. 
b) Sim. No procedimento dos juizados, é acentuado o princípio da oralidade e da concentração dos atos processuais. O réu é citado para comparecer à audiência de conciliação, instrução e julgamento e nela produzir a sua defesa escrita ou oral. Faz-se presente o princípio da concentração dos atos na audiência, tudo em homenagem a outro princípio, que é o da economia processual (mínimo de atividade jurisdicional com o máximo de resultado na prestação jurisdicional). O procedimento comum é o único disciplinado de forma completa pelo CPC, por isso tem aplicação subsidiária aos demais e nele se assegura a amplitude de defesa. A cognição é ampla para se alcançar um grau máximo de segurança quanto à entrega da prestação jurisdicional.
5) Victor procura um advogado e relata que foi lesado por Lauro. Narra que Lauro indevidamente se nega a restituir o imóvel que lhe cedeu a título de comodato e que precisa retomar a coisa para fins de alojar novamente a sua família, em conta que perdeu o imóvel que residia em razão de chuvas e ventanias fortíssimas como foi amplamente noticiado na imprensa escrita e falada. Indaga-se:
a) Como o advogado deve orientar Victor, em conta que foi contratado para promover a medida judicial cabível? Justifique a resposta.
b) Qual o tipo de tutela jurisdicional deverá ser promovido por Victor através de seu advogado? Justifique a resposta.
GABARITO 
a) O advogado deve orientar o seu cliente a promover ação de conhecimento, mas antes deverá notificar o comodatário para desocupar o imóvel no prazo previsto contratualmente ou, se não previsto, no prazo de praxe de 30 dias. Feita a notificação e permanecendo inerte o comodatário, então, deverá promover a ação de reintegração de posse, porque ficará caracterizado o esbulho pela não restituição da coisa. 
b) A medida judicial se materializa em uma ação de conhecimento, o instrumento de realização do seu direito material. Ela é um direito fundamental à tutela jurisdicional, mas não, efetivamente, direito a um processo e a um julgamento de mérito. As reformas processuais deram nova redação ao art. 463 do CPC/1973, retirando a expressão “mérito”, porque a decisão judicial pode não chegar ao exame do mérito, como nos casos de extinção do processo sem resolução de mérito, por faltar, por exemplo, as condições para o correto exercício da ação. A fórmula foi mantida no art. 494 do NCPC.
6) (Questão Discursiva - MP/RJ – XXXI CONCURSO – 2009. Adaptada)
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, através da Promotoria de Tutela Coletiva de Ondefica, instaurou inquérito civil visando apurar notícia de má prestação do serviço público de transporte coletivo urbano por ônibus naquela cidade. No curso das investigações, restou apurado que os veículos da concessionária do serviço, Rodebem Transportes Ltda., estavam em péssimas condições, apresentando vícios capazes de expor a vida e a segurança dos usuários a graves riscos.
Apurou-se, ainda, que os veículos já contavam mais de quinze anos de utilização, em que pese o contrato de concessão prever que a vida útil dos coletivos não poderia ultrapassar dez anos.
No curso das investigações, o Promotor de Justiça oficiante é surpreendido com a notícia de que a concessionária firmara um Termo de Ajustamento de Conduta com a Associação de Moradores de Canavial, principal bairro servido pelas linhas operadas por aquela, visando à solução do problema. Requisitada cópia desse TAC, o Promotor de Justiça verificou que ali constavam as seguintes cláusulas:
1) A concessionária efetuará a troca de toda a frota de veículos.
2) A concessionária realizará reparos mecânicos nos veículos coletivos hoje em uso, de forma a torná-los seguros e adequados.
3) A concessionária indenizará
qualquer consumidor que sofra danos materiais ou morais decorrentes da má prestação do serviço com a quantia de R$ 1000,00.
Diante desse quadro, examine as principais questões envolvidas.
GABARITO Devem ser examinadas as questões relativas às esferas de legitimidade na tutela coletiva. Com efeito, o TAC foi proposto por uma associação de moradores, o que não é admitido, nos termos do art. 5°, § 6° da lei n 7347/85. A partir desse vício de legitimidade, o Promotor, ao tomar conhecimento do fato, deve promover em juízo ação anulatória do TAC, com o objetivo de desconstituir o acordo irregularmente firmado.
7) Que espécies de medidas pode o magistrado determinar a fim de garantir o cumprimento de uma ordem judicial?
GABARITO o art. 139 do CPC/2015, no inciso IV, possibilita ao magistrado determinar "todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial". O novo CPC permite, assim, que o magistrado, independentemente de provocação da parte interessada, tome providências concretas no sentido de fazer valer o que foi decidido. Tais medidas podem ser: a) indutivas: são uma novidade em relação ao CPC de 1973. Não está ainda muito clara a distinção entre medidas indutivas e coercitivas. Poderíamos ter, aqui, uma medida a ser aplicada nos casos de contempt of court, ou seja, uma sanção nos casos de descumprimento de decisão judicial. Por outro lado, também seria possível conceber tais medidas como viabilizadoras de uma tutela que recaia sobre obrigação pecuniária, como é o caso da multa de dez por cento a ser acrescida às obrigações pecuniárias não adimplidas, na forma do art. 523 do CPC/2015. b) coercitivas: são as que impõem sanção, com o objetivo de constranger o devedor ao cumprimento da obrigação. É o caso da multa imposta nas obrigações de fazer e de entrega de coisa. c) mandamentais: são as que determinam obrigação de fazer, não fazer ou desfazer. Podem ser reforçadas pelas medidas de apoio, ou ainda viabilizadas por meio do resultado prático equivalente. Alternativamente, pode também o magistrado determinar o cumprimento por terceiro às expensas do devedor. d) sub-rogatórias: são as que visam ao cumprimento da obrigação, independentemente da vontade do devedor, e normalmente nos casos em que há inadimplemento qualificado pelo descumprimento à ordem judicial. É o caso da penhora física ou eletrônica dos bens que vão, após a avaliação e expropriação, servir para a satisfação do credor.
8) DIREITO PROCESSUAL CIVIL. REGULAMENTAÇÃO DO PROCESSO ELETRÔNICO PELOS ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO. É possível que o tribunal local defina, por meio de resolução que regulamente o processo eletrônico no âmbito de sua respectiva competência, ser de responsabilidade do autor a digitalização dos autos físicos para continuidade da tramitação do processo em meio eletrônico. Isso porque, nessa hipótese, a regulamentação está em consonância com o art. 18 da Lei 11.419/2006, o qual prevê que os “órgãos do Poder Judiciário regulamentarão esta Lei, no que couber, no âmbito de suas respectivas competências”. REsp 1.374.048-RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 21/5/2013 (Informativo nº 0524).
GABARITO Competência privativa da União para normas de processo e competência concorrente dos Estados para normas de procedimento. Peculiaridades do Tribunal local. Necessidade de regulamentação específica, caso a caso, sobretudo durante a etapa de transição dos autos físicos para os autos eletrônicos.
9) Vamos fazer uma atividade!
Eduardo promove, em face da Fazenda Pública Estadual, ação visando a condenação do réu a fornecer remédios para tratamento de doença (AIDS). Na inicial postula, ainda, a concessão de tutela antecipada, diante do risco de dano irreparável. O juiz, ao examinar inicial concede a tutela reclamada, que foi objeto de recurso por parte do réu. Indaga-se:
a) É admissível a concessão de tutela antecipada em face da Fazenda Pública Estadual? Justifique.
b) Como se comporta a jurisprudência do STJ sobre a possibilidade ou não de concessão de tutela antecipada em face do Estado?
GABARITO a) Sim. Valorização máxima dos princípios do Acesso à Justica (art. 5º XXXV da CF 88) e Razoável Duração do Processo (art. 5º, LXXVIII da CF 88). Nas situações previstas no art. 300 do CPC, a tutela antecipada pode ser concedida contra o Estado quando envolve a demanda direitos fundamentais, como o direito à saúde, que deve ser prestado pelo Estado, por princípio constitucional. 
b) A jurisprudência do STJ assim se comporta:
b1) “Esta Corte Superior vem entendendo, em regra, pela impossibilidade da antecipação da tutela em face da Fazenda Pública, conforme decisão do Pretório Excelso acerca da liminar n a ADC nº 4; admitindo-a apenas em casos excepcionais a concessão antecipada de tutela. A vedação não tem cabimento em situações especialíssimas, nas quais resta evidente o estado de necessidade e a exigência da preservação da vida humana, sendo imperiosa a antecipação da tutela como condição de sobrevivência do requerente“ (STJ, AGREsp 397.275/SP, Rel. Min. Francisco Falcão).
b2) “Tutela antecipada contra o Estado é admissível quando em jogo direitos fundamentais, como o de prestar saúde a toda a coletividade. Proteção imediata de direito instrumental à concessão do direito-fim e dever do Estado” (STJ, AgRg ao REsp 635.949/SC. Rel. Min. Luis Fux, 1ª Turma).

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