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Epidemiologia – Aula 10b
MODELOS ASSISTENCIAIS
Combinações tecnológicas estruturadas para o enfrentamento de problemas de saúde individuais e coletivos em determinados espaço-populações, incluindo ações sobre o meio ambiente, grupos populacionais, equipamentos comunitários e usuários de serviços de saúde.
	
No Brasil convivem de forma contraditória e complementar o modelo médico assistencial e o modelo assistencial sanitarista.
	
O primeiro é o mais conhecido e prestigiado, apesar de não contemplar o conjunto de problemas de saúde. Já o segundo corresponde à saúde pública tradicional, que se concentra também em apenas alguns aspectos da situação de saúde ou em alguns grupos populacionais 
MODELO MÉDICO ASSISTENCIAL
O MODELO ASSISTENCIAL hegemônico no Brasil corresponde ao modelo médico assistencial, também chamado de privatista.Está voltado fundamentalmente para a chamada demanda espontânea. Este modelo, portanto, tende a atender os indivíduos que, na dependência do seu grau de conhecimento ou de sofrimento procuram por livre iniciativa os serviços de saúde.
	
Apenas a parcela da população que tem acesso ao conhecimento sobre a prevenção de doenças procura os Centros de Saúde para vacinar-se, realizar exames médicos periódicos e preventivos. Os demais somente procurarão assistência médica após o horizonte clínico da doença, muitas vezes quando esta já se encontra em estágio muito avançado 
Este modelo não alcança os indivíduos ou grupos que não percebem a existência de problemas de saúde ou que não estejam alertas para as medidas de prevenção. Por outro lado, reforça a atitude dos indivíduos de só procurarem os serviços de saúde quando se sentem doentes. 
	
As preocupações das instituições de saúde se restringem a manter em funcionamento uma dada oferta de atendimento. É a pressão espontânea e desordenada da demanda que condiciona a organização de recursos para a oferta.
	
Outras vezes é a própria oferta, distorcida em relação às necessidades de saúde, mas coerente com interesses mercantis que determinaria o consumo de serviços médicos, como por exemplo as cirurgias plásticas estéticas ou o recurso abusivo ao parto cesariana 
	
Este modelo assistencial centrado na demanda espontânea não é exclusividade do setor privado, mas está presente nos serviços público como hospitais, centros de saúde e laboratórios.
É predominantemente curativo e tende a prejudicar o atendimento integral ao paciente e à comunidade e não se compromete com o impacto sobre o nível de saúde da população , sendo incapaz de alterá-lo significativamente.
MODELO ASSISTENCIAL SANITARISTA
Ao invés de se orientar pela demanda, é voltado para certas necessidades de saúde, sentidas ou não pela população, ou para o atendimento de determinados grupos da população, através de campanhas e programas especiais de saúde pública. 
As CAMPANHAS SANITÁRIAS têm geralmente um caráter transitório, requerem uma grande mobilização e dispõem de uma administração centralizada.	 Aparentam uma operação militar de combate a uma epidemia (cólera ou dengue, por exemplo), ao controle de determinado agravo à saúde (acidente de trabalho) ou ao esclarecimento e à informação da comunidade (AIDS). Em geral são operações do tipo “apagar incêndio”.
	
As atividades que antecedem as campanhas (mobilização de recursos, organização, treinamento) e as que as sucedem (desmobilização, folgas de funcionários, etc.) acabam por causar problemas na organização e na administração dos serviços de saúde, pois desestruturam os serviços locais e suas rotinas. 
São consideradas um “mal necessário” para enfrentar problemas de saúde que a rede de serviços não conseguiu resolver através de seus programas ou atividades usuais. É o caso, por exemplo, das campanhas de vacinação (pólio, sarampo) e do controle da dengue ou da meningite.
	
Um PROGRAMA ESPECIAL DE SAÚDE PÚBLICA é um conjunto de recursos (humanos, materiais e financeiro) e de atividades visando objetivos bem definidos e delimitados.
	
Os programas geralmente dispõem de uma administração única e vertical, de modo a atravessar estabelecimentos e serviços de saúde de forma individualizada e fragmentada.
	
Têm caráter mais permanente do que as campanhas e, quando geridos verticalmente propiciam conflitos na ponta do sistema por não se integrarem às demais atividades dos centros de saúde, hospitais e laboratórios
.
É o caso dos programas de controle da tuberculose ou de saúde da mulher e da criança que muitas vezes não têm nada a ver com programas e campanhas de imunização e com as atividades de vigilância epidemiológica ou de DST/AIDS. 
MODELOS ASSISTENCIAIS ALTERNATIVOS
Diante do fato que os modelos em uso não contemplam a totalidade das situações de saúde da totalidade da população, alguns modelos alternativos vêm sendo propostos e experimentados com o objetivo de concretizar os princípios e diretrizes estabelecidos na Constituição para o SUS, como :
vUniversalidade
vEqüidade
vRegionalização e hierarquização
vDescentralização
vIntegralidade
vParticipação e controle social
Esses modelos deverão requerer mudanças na organização e funcionamento de Instituições como as Secretarias de Saúde e as Universidades, especialmente na formação de Profissionais da área da saúde.
Em vez de se preocuparem exclusivamente com a oferta de serviços para a demanda espontânea ou com determinados agravos à saúde ou grupos populacionais específicos, teriam de atentar fundamentalmente para as necessidades de saúde da população de um determinado território.
Isto significa proporcionar uma “oferta organizada”em função do perfil epidemiológico e demográfico e, como conseqüência, reorientar a demanda. 
A unidade de saúde baseada na oferta organizada é aquela que busca oferecer os serviços e ações de saúde em acordo com as necessidades de saúde e com o perfil populacional, buscando antecipar-se sempre ao surgimento do horizonte clínico, através da busca ativa de paciente sob risco, da prevenção das doenças, da proteção específica e da promoção da saúde 
É lógico que tal postura não elimina a demanda espontânea, uma vez que, principalmente em saúde, lidamos com o imponderável e com o imprevisível, mas com o passar do tempo vai reduzi-la a níveis aceitáveis.
As noções de territorialização, integralidade da ação e impacto epidemiológico , embutidas nesse modelo assistencial centrado na oferta organizada, reorientam o planejamento de saúde para um a base territorial específica, recuperando o enfoque epidemiológico para o controle dos problemas de saúde.
Os órgão centrais do sistema de saúde passam a ter a função de elaborar normas técnicas, mas o planejamento e a adaptação destas normas passa a ser atribuição das instituições periféricas. Isto significa que estes níveis da ponta do sistema passam também a incorporar funções de planejamento, controle e avaliação e favorecer a participação dos segmentos sociais interessados.
DISTRITOS SANITÁRIOS
Considerando-se a necessidade de promover a atenção integral à saúde de uma determinada população e não a apenas alguns grupos, concebe-se a noção de população – espaço, como sendo uma região que engloba uma dada população delimitada e que conta com recursos materiais e humanos distribuídos e organizados. Este seria um módulo mínimo de atenção integral, um Distrito Sanitário.
Dependendo das circunstâncias, pode haver mais de um Distrito Sanitário em um município ou um Distrito pode englobar mais de um município.
A lógica de atuação do Distrito Sanitário é a da integração e da hierarquização, que é bastante diferente da lógica que rege hoje em dia a Política em nosso País. 
Desta forma, a implantação dos Distritos Sanitários vem enfrentando grandes obstáculos para sua implementação: embora esta concepção seja anterior mesmo à VIII CNS e, portanto anterior ao SUS, os poucos Distritos já implantados ainda sofrem com deficiências de apoio político, de custeio e mesmo com a incompreensão da população, acostumada com o modelomédico assistencial e com a participação política passiva e clientelista.
VIGILÂNCIA À SAÚDE
Os modelos assistenciais que se baseiam na busca da melhor situação de saúde para uma população devem , portanto considerar todos os determinantes do processo saúde-doença, de modo igual.
Assim sendo, torna-se tão importante o atendimento médico de urgência para um quadro respiratório agudo, quanto a busca ativa na comunidade de sintomáticos respiratórios, e quanto a eliminação de fatores ambientais e comportamentais que possam comprometer a respiração, bem como a proteção específica dos que estão expostos a fatores de risco conhecidos e a promoção da saúde da população como um todo.
Nesta situação, faz-se necessária uma reorientação do papel do profissional de saúde que deixaria de ter a doença como o norte de sua atuação para orientar-se sempre na busca da saúde. Isto, é claro, só poderá se dar um quadro político mais abrangente, concomitante a políticas públicas saudáveis na economia, na distribuição de renda, na educação e etc.
Tentativas setorizadas como o Programa Saúde da Família e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde vão neste sentido, embora com as dificuldades inerentes ao fato de estarem ainda mais ligadas ao atendimento primário.
O PROGRAMA DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE conta com um grupo de indivíduos da própria comunidade, leigos treinados, coordenados seja por um Centro de Saúde seja por um núcleo de Saúde da Família, que trabalham o dia a dia das comunidades, visitando as residências e cadastrando a população, com o objetivo de identificar as situação de risco precocemente e orientando a busca de soluções.
Na prática, os agentes de saúde só têm sido empregados em comunidades de baixa renda, muito mais para suprir as deficiências de cobertura assistencial e de consciência da população, porém representa um caminho interessante no sentido de romper a dicotomia médico x paciente, através da participação efetiva da comunidade em seu atendimento.
O PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA consiste na implantação de núcleos de atendimento, em geral um médico, uma enfermeira e um ou mais auxiliares de enfermagem, em comunidades. Normalmente tal núcleo coordena também um grupo de agentes comunitários de saúde. 
Os profissionais da saúde trabalham com uma população adstrita bem delimitada e deverão atuar de modo mais próximo do atendimento integral possível, responsabilizando-se não apenas pelo atendimento à doença, mas também pela prevenção, proteção e pela promoção da saúde. 
Atualmente, o PSF se encontra em franca expansão, mas o que se pode perceber é que tanto na visão da população como da elite política é que tal modelo se prestaria apenas a comunidades pobres, como se fosse um mini posto de saúde e não como uma alternativa de atenção integral à saúde.

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