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ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM A LEITURA DA DOUTRINA. FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE VILA VELHA CURSO DE DIREITO DISCIPLINA DIREITO EMPRESARIAL III PROFESSORA FERNANDA BRASILEIRO DE ALMEIDA PERÍODO LETIVO 2017 01 ROTEIRO AULA TEMA: CONTRATOS BANCÁRIOS 4) CONTRATOS BANCÁRIOS 4.1) INTRODUÇÃO ✓ Sistema financeiro na CF/88: artigo 194 com a nova redação dada pela EC nº40/2003. ✓ Atividade bancária: regulada pela Lei nº4.595/1964. ✓ Conceito de instituições financeiras – artigo 17º da Lei nº4.595/1964: “Consideram-se instituições financeiras, para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros. Parágrafo único. Para os efeitos desta lei e da legislação em vigor, equiparam-se às instituições financeiras as pessoas físicas que exerçam qualquer das atividades referidas neste artigo, de forma permanente ou eventual.” ✓ Autorização para realizar atividades financeiras: Banco Central do Brasil ou decreto do Poder Executivo quando forem sociedades estrangeiras. Artigo 18 da Lei nº4.595/1964. ✓ Forma empresarial destas sociedades: sociedade anônima, exceto quando forem cooperativas de crédito. Artigo 25 da Lei nº4.595/1964. ✓ Conceito de contratos bancários: são as modalidades contratuais formalizadas pelos bancos no exercício da atividade bancária, ou seja, com a finalidade de coletar, intermediar ou aplicar recursos junto aos agentes econômicos. ✓ Característica dos contratos bancários: há sempre a presença de um banco exercendo atividade bancária - nem todo contrato celebrado por um banco é um contrato bancário. ✓ Submissão ao código de defesa do consumidor: Súmula 297 STJ “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras.” ✓ Objeto de consumo do consumidor: são vários, inclusive o serviço bancário - artigo 3º, §2º do CDC (dispositivo declarado constitucional pelo STF na ADI 2591): ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM A LEITURA DA DOUTRINA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. LEGITIMIDADE RECURSAL LIMITADA ÀS PARTES. NÃO CABIMENTO DE RECURSO INTERPOSTO POR AMICI CURIAE. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO OPOSTOS PELO PROCURADOR GERAL DA REPÚBLICA CONHECIDOS. ALEGAÇÃO DE CONTRADIÇÃO. ALTERAÇÃO DA EMENTA DO JULGADO. RESTRIÇÃO. EMBARGOS PROVIDOS. 1. Embargos de declaração opostos pelo Procurador Geral da República, pelo Instituto Brasileiro de Política e Direito do Consumidor - BRASILCON e pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor - IDEC. As duas últimas são instituições que ingressaram no feito na qualidade de amici curiae. 2. Entidades que participam na qualidade de amicus curiae dos processos objetivos de controle de constitucionalidade, não possuem legitimidade para recorrer, ainda que aportem aos autos informações relevantes ou dados técnicos. Decisões monocráticas no mesmo sentido. 3. Não conhecimento dos embargos de declaração interpostos pelo BRASILCON e pelo IDEC. 4. Embargos opostos pelo Procurador Geral da República. Contradição entre a parte dispositiva da ementa e os votos proferidos, o voto condutor e os demais que compõem o acórdão. 5. Embargos de declaração providos para reduzir o teor da ementa referente ao julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 2.591, que passa a ter o seguinte conteúdo, dela excluídos enunciados em relação aos quais não há consenso: ART. 3º, § 2º, DO CDC. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. ART. 5o, XXXII, DA CB/88. ART. 170, V, DA CB/88. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. SUJEIÇÃO DELAS AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE JULGADA IMPROCEDENTE. 1. As instituições financeiras estão, todas elas, alcançadas pela incidência das normas veiculadas pelo Código de Defesa do Consumidor. 2. "Consumidor", para os efeitos do Código de Defesa do Consumidor, é toda pessoa física ou jurídica que utiliza, como destinatário final, atividade bancária, financeira e de crédito. 3. Ação direta julgada improcedente. (ADI 2591 ED, Relator(a): Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 14/12/2006, DJ 13-04-2007 PP-00083 EMENT VOL-02271-01 PP-00055) 4.2) DISCUSSÕES JUDICIAIS E ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL ACERCA DOS CONTRATOS BANCÁRIOS EM GERAL ✓ Juros moratórios x juros remuneratórios. ✓ Juros remuneratórios: limitados à 12% ao ano ou à taxa média de mercado? ✓ Qual o limite dos juros moratórios? ✓ Pode capitalização de juros? ✓ Quando se configura a mora e quando ela não resta caracterizada? ✓ Pode haver cobrança cumulada de comissão de permanência e correção monetária? ✓ Ação de revisão contratual combinada com consignação em pagamento: depósito do valor total das parcelas ou apenas do valor incontroverso das parcelas? ✓ Ação de consignação em pagamento: é possível discutir as cláusulas contratuais? ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM A LEITURA DA DOUTRINA. RECURSO ESPECIAL Nº 1.246.622 - RS (2011/0069348-5) RELATOR: MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO RECORRENTE: BANCO AYMORÉ CRÉDITO FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S/A ADVOGADOS : SIRLEI MARIA RAMA VIEIRA SILVEIRA E OUTRO(S) ISABELA BRAGA POMPILIO E OUTRO(S) RECORRIDO: CARLOS RAMÃO BORGES DAS NEVES ADVOGADO: MARIÂNGELA ROSA MACHADO E OUTRO(S) EMENTA DIREITO BANCÁRIO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO. JUROS REMUNERATÓRIOS. TAXA PREVISTA NO CONTRATO RECONHECIDAMENTE ABUSIVA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. SÚMULA 7 DO STJ. CAPITALIZAÇÃO MENSAL DOS JUROS. AUSÊNCIA DE EXPRESSA PACTUAÇÃO CONTRATUAL. SÚMULAS 5 E 7/STJ. TARIFA PARA ABERTURA DE CRÉDITO E PARA EMISSÃO DE CARNÊ. LEGITIMIDADE. ABUSIVIDADE NÃO DEMONSTRADA. DESCARACTERIZAÇÃO DA MORA. COBRANÇA DE ACRÉSCIMOS INDEVIDOS. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. 1. Inexiste violação ao art. 535 do CPC quando o Tribunal de origem, embora sucintamente, pronuncia-se de forma suficiente sobre a questão posta nos autos, sendo certo que o magistrado não está obrigado a rebater um a um os argumentos trazidos pela parte caso os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão. 2. A Segunda Seção, por ocasião do julgamento do REsp 1.061.530/RS, submetido ao rito previsto no art. 543-C do CPC, Relatora Ministra Nancy Andrighi, DJe 10.3.2009, consolidou o seguinte entendimento quanto aos juros remuneratórios: a) as instituições financeiras não se sujeitam à limitação dos juros remuneratórios estipulada na Lei de Usura (Decreto 22.626/33), Súmula 596/STF; b) a estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não indica abusividade; c) são inaplicáveis aos juros remuneratórios dos contratos de mútuo bancário as disposições do art. 591 combinado com o art. 406 do CC/02; d) é admitida a revisão das taxas de juros remuneratórios em situações excepcionais, desde que caracterizada a relação de consumo e que a abusividade (capaz de colocar o consumidor em desvantagem exagerada - art. 51, §1º, do CDC) fique cabalmente demonstrada ante as peculiaridades do julgamento em concreto. 3. O Tribunal a quo, com ampla cognição fático-probatória, considerou notadamente demonstrada a abusividade da taxa de Documento: 18691616 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJe: 16/11/2011 Página 1 de 2 Superior Tribunal de Justiça juros remuneratórios pactuada no contrato em relação à taxa média do mercado. Incidência da Súmula 7 do STJ. 4. A capitalização de jurosnão se encontra expressamente pactuada, não podendo, por conseguinte, ser cobrada pela instituição financeira. A inversão do julgado demandaria a análise dos termos do contrato, o que é vedado nesta esfera recursal extraordinária em virtude do óbice contido nas Súmulas 5 e 7 do Superior Tribunal de Justiça. 5. As tarifas de abertura de crédito (TAC) e emissão de carnê (TEC), por não estarem encartadas nas vedações previstas na legislação regente (Resoluções 2.303/1996 e 3.518/2007 do CMN), e ostentarem natureza de remuneração pelo serviço prestado pela ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM A LEITURA DA DOUTRINA. instituição financeira ao consumidor, quando efetivamente contratadas, consubstanciam cobranças legítimas, sendo certo que somente com a demonstração cabal de vantagem exagerada por parte do agente financeiro é que podem ser consideradas ilegais e abusivas, o que não ocorreu no caso presente. 6. A cobrança de acréscimos indevidos a título de juros remuneratórios abusivos e de capitalização dos juros tem o condão de descaraterizar a mora do devedor. Precedentes. 7. Recurso especial parcialmente conhecido e nesta extensão, parcialmente provido, sem alteração nos ônus sucumbenciais fixados pelo Tribunal de origem. DIREITO PROCESSUAL CIVIL E BANCÁRIO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO REVISIONAL DE CLÁUSULAS DE CONTRATO BANCÁRIO. INCIDENTE DE PROCESSO REPETITIVO. JUROS REMUNERATÓRIOS. CONFIGURAÇÃO DA MORA. JUROS MORATÓRIOS. INSCRIÇÃO/MANUTENÇÃO EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. DISPOSIÇÕES DE OFÍCIO. DELIMITAÇÃO DO JULGAMENTO. Constatada a multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica questão de direito, foi instaurado o incidente de processo repetitivo referente aos contratos bancários subordinados ao Código de Defesa do Consumidor, nos termos da ADI n.º 2.591-1. Exceto: cédulas de crédito rural, industrial, bancária e comercial; contratos celebrados por cooperativas de crédito; contratos regidos pelo Sistema Financeiro de Habitação, bem como os de crédito consignado. Para os efeitos do § 7º do art. 543-C do CPC, a questão de direito idêntica, além de estar selecionada na decisão que instaurou o incidente de processo repetitivo, deve ter sido expressamente debatida no acórdão recorrido e nas razões do recurso especial, preenchendo todos os requisitos de admissibilidade. Neste julgamento, os requisitos específicos do incidente foram verificados quanto às seguintes questões: i) juros remuneratórios; ii) configuração da mora; iii) juros moratórios; iv) inscrição/manutenção em cadastro de inadimplentes e v) disposições de ofício. PRELIMINAR O Parecer do MPF opinou pela suspensão do recurso até o julgamento definitivo da ADI 2.316/DF. Preliminar rejeitada ante a presunção de constitucionalidade do art. 5º da MP n.º 1.963-17/00, reeditada sob o n.º 2.170-36/01. I - JULGAMENTO DAS QUESTÕES IDÊNTICAS QUE CARACTERIZAM A MULTIPLICIDADE. ORIENTAÇÃO 1 - JUROS REMUNERATÓRIOS a) As instituições financeiras não se sujeitam à limitação dos juros remuneratórios estipulada na Lei de Usura (Decreto 22.626/33), Súmula 596/STF; b) A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não indica abusividade; c) São inaplicáveis aos juros remuneratórios dos contratos de mútuo bancário as disposições do art. 591 c/c o art. 406 do CC/02; d) É admitida a revisão das taxas de juros remuneratórios em situações excepcionais, desde que caracterizada a relação de consumo e que a abusividade (capaz de colocar o consumidor em desvantagem exagerada ? art. 51, §1º, do CDC) fique cabalmente demonstrada, ante às peculiaridades do julgamento em concreto. ORIENTAÇÃO 2 - CONFIGURAÇÃO DA MORA a) O ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM A LEITURA DA DOUTRINA. reconhecimento da abusividade nos encargos exigidos no período da normalidade contratual (juros remuneratórios e capitalização) descarateriza a mora; b) Não descaracteriza a mora o ajuizamento isolado de ação revisional, nem mesmo quando o reconhecimento de abusividade incidir sobre os encargos inerentes ao período de inadimplência contratual. ORIENTAÇÃO 3 - JUROS MORATÓRIOS Nos contratos bancários, não-regidos por legislação específica, os juros moratórios poderão ser convencionados até o limite de 1% ao mês. ORIENTAÇÃO 4 - INSCRIÇÃO/MANUTENÇÃO EM CADASTRO DE INADIMPLENTES a) A abstenção da inscrição/manutenção em cadastro de inadimplentes, requerida em antecipação de tutela e/ou medida cautelar, somente será deferida se, cumulativamente: i) a ação for fundada em questionamento integral ou parcial do débito; ii) houver demonstração de que a cobrança indevida se funda na aparência do bom direito e em jurisprudência consolidada do STF ou STJ; iii) houver depósito da parcela incontroversa ou for prestada a caução fixada conforme o prudente arbítrio do juiz; b) A inscrição/manutenção do nome do devedor em cadastro de inadimplentes decidida na sentença ou no acórdão observará o que for decidido no mérito do processo. Caracterizada a mora, correta a inscrição/manutenção. ORIENTAÇÃO 5 - DISPOSIÇÕES DE OFÍCIO É vedado aos juízes de primeiro e segundo graus de jurisdição julgar, com fundamento no art. 51 do CDC, sem pedido expresso, a abusividade de cláusulas nos contratos bancários. Vencidos quanto a esta matéria a Min. Relatora e o Min. Luis Felipe Salomão. II- JULGAMENTO DO RECURSO REPRESENTATIVO (REsp 1.061.530/RS) A menção a artigo de lei, sem a demonstração das razões de inconformidade, impõe o não-conhecimento do recurso especial, em razão da sua deficiente fundamentação. Incidência da Súmula 284/STF. O recurso especial não constitui via adequada para o exame de temas constitucionais, sob pena de usurpação da competência do STF. Devem ser decotadas as disposições de ofício realizadas pelo acórdão recorrido. Os juros remuneratórios contratados encontram-se no limite que esta Corte tem considerado razoável e, sob a ótica do Direito do Consumidor, não merecem ser revistos, porquanto não demonstrada a onerosidade excessiva na hipótese. Verificada a cobrança de encargo abusivo no período da normalidade contratual, resta descaracterizada a mora do devedor. Afastada a mora: i) é ilegal o envio de dados do consumidor para quaisquer cadastros de inadimplência; ii) deve o consumidor permanecer na posse do bem alienado fiduciariamente e iii) não se admite o protesto do título representativo da dívida. Não há qualquer vedação legal à efetivação de depósitos parciais, segundo o que a parte entende devido. Não se conhece do recurso quanto à comissão de permanência, pois deficiente o fundamento no tocante à alínea "a" do permissivo constitucional e também pelo fato de o dissídio jurisprudencial não ter sido comprovado, mediante a realização do cotejo entre os julgados tidos como divergentes. Vencidos quanto ao conhecimento do recurso a Min. Relatora e o Min. ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM A LEITURA DA DOUTRINA. Carlos Fernando Mathias. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, provido, para declarar a legalidade da cobrança dos juros remuneratórios, como pactuados, e ainda decotar do julgamento as disposições de ofício. Ônus sucumbenciais redistribuídos. (REsp 1061530/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 22/10/2008, DJe 10/03/2009) A COMISSÃO DE PERMANENCIA E A CORREÇÃO MONETARIA SÃO INACUMULAVEIS. (Súmula 30 STJ, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 09/10/1991, DJ 18/10/1991, p. 14591) Não é potestativa a cláusula contratual que prevê a comissão de permanência, calculada pela taxa média de mercado apuradapelo Banco Central do Brasil, limitada à taxa do contrato. (Súmula 294 STJ, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 12/05/2004, DJ 09/09/2004, p. 148) Os juros remuneratórios, não cumuláveis com a comissão de permanência, são devidos no período de inadimplência, à taxa média de mercado estipulada pelo Banco Central do Brasil, limitada ao percentual contratado. (Súmula 296 STJ, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 12/05/2004, DJ 09/09/2004, p. 149) Nos contratos bancários não regidos por legislação específica, os juros moratórios poderão ser convencionados até o limite de 1% ao mês. (Súmula 379 STJ, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 22/04/2009, DJe 24/05/2013, DJe 05/05/2009) A simples propositura da ação de revisão de contrato não inibe a caracterização da mora do autor. (Súmula 380 STJ, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 22/04/2009, DJe 24/05/2013, DJe 05/05/2009) Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas. (Súmula 381 STJ, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 22/04/2009, DJe 24/05/2013, DJe 05/05/2009) A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não indica abusividade. (Súmula 382 STJ, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 27/05/2009, DJe 08/06/2009) CIVIL E PROCESSUAL. BANCÁRIO. CARTÃO DE CRÉDITO. TAXA DE JUROS REMUNERATÓRIOS. AUSÊNCIA DE PREVISÃO CONTRATUAL. TAXA MÉDIA DE MERCADO. PRECEDENTES. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. AFASTAMENTO EM FACE DA COBRANÇA DE DEMAIS ENCARGOS DA MORA (SÚMULAS 30, 294 E 296 DO STJ). 1. A jurisprudência do STJ firmou seu posicionamento no sentido de que em não havendo pacto de juros remuneratórios, prevalece a taxa média de mercado (SEGUNDA SEÇÃO, REsp 1112880/PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJe 19.5.2010). 2. Nos termos das Súmulas 30, 294 e 296 do STJ, a ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM A LEITURA DA DOUTRINA. comissão de permanência é inacumulável com os demais encargos da mora. 3. Agravo regimental parcialmente provido para permitir a cobrança dos juros remuneratórios à taxa média de mercado. (AgRg no Ag 1095350/SE, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 06/10/2011, DJe 13/10/2011) DIREITO COMERCIAL E BANCÁRIO. CONTRATOS BANCÁRIOS SUJEITOS AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. VALIDADE DA CLÁUSULA. VERBAS INTEGRANTES. DECOTE DOS EXCESSOS. PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS. ARTIGOS 139 E 140 DO CÓDIGO CIVIL ALEMÃO. ARTIGO 170 DO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO. 1. O princípio da boa-fé objetiva se aplica a todos os partícipes da relação obrigacional, inclusive daquela originada de relação de consumo. No que diz respeito ao devedor, a expectativa é a de que cumpra, no vencimento, a sua prestação. 2. Nos contratos bancários sujeitos ao Código de Defesa do Consumidor, é válida a cláusula que institui comissão de permanência para viger após o vencimento da dívida. 3. A importância cobrada a título de comissão de permanência não poderá ultrapassar a soma dos encargos remuneratórios e moratórios previstos no contrato, ou seja: a) juros remuneratórios à taxa média de mercado, não podendo ultrapassar o percentual contratado para o período de normalidade da operação; b) juros moratórios até o limite de 12% ao ano; e c) multa contratual limitada a 2% do valor da prestação, nos termos do art. 52, § 1º, do CDC. 4. Constatada abusividade dos encargos pactuados na cláusula de comissão de permanência, deverá o juiz decotá-los, preservando, tanto quanto possível, a vontade das partes manifestada na celebração do contrato, em homenagem ao princípio da conservação dos negócios jurídicos consagrado nos arts. 139 e 140 do Código Civil alemão e reproduzido no art. 170 do Código Civil brasileiro. 5. A decretação de nulidade de cláusula contratual é medida excepcional, somente adotada se impossível o seu aproveitamento. 6. Recurso especial conhecido e parcialmente provido. (REsp 1058114/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, Rel. p/ Acórdão Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 12/08/2009, DJe 16/11/2010) PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AUTORA QUE, INCIDENTALMENTE, DURANTE A TRAMITAÇÃO DA REVISIONAL DE CONTRATO FIRMADO COM A RÉ, PROCEDE A DEPÓSITOS, A TÍTULO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO, DE MONTANTES QUE ENTENDE DEVIDOS. SUPERVENIENTE JULGAMENTO DE IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO FORMULADO NA EXORDIAL. PRETENSÃO DA AUTORA DE LEVANTAR O VALOR DEPOSITADO. DESCABIMENTO. DEVER DA PARTE DE PROCEDER COM LEALDADE E BOA-FÉ. 1. De fato, assim como possui o credor a possibilidade de exigir o cumprimento da obrigação, também é facultado ao devedor tornar-se livre do vínculo obrigacional, constituindo a consignação em pagamento forma válida de ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM A LEITURA DA DOUTRINA. extinção da obrigação, a teor do art. 334 do CC/2002. Dessarte, o depósito em consignação tem força de pagamento, e a tutela jurisdicional tem o fito de propiciar seja atendido o direito material do devedor de liberar-se da obrigação e obter quitação, tendo feição de instituto de direito material. 2. A consignação em pagamento, não obstante seja efetuada no interesse do autor, aproveita imediatamente ao réu, que pode, desde logo, levantar a quantia depositada, ainda que insuficiente. O depósito efetuado representa quitação parcial e produzirá os seus efeitos no plano do direito material, e, sob o enfoque processual, impedirá a repropositura pelo todo, admitindo a acionabilidade pelo resíduo não convertido. 3. Como a recorrente efetuou depósito de montantes incontroversos, com a finalidade de afastar a mora, enquanto discutia, em juízo, cláusulas do contrato, é inconcebível que venha requerer o levantamento do valor, que reconhecidamente deve, ao argumento de que terá a recorrida a faculdade de cobrar os valores devidos, em execução ou ação de cobrança. 4. Recurso especial não provido. (REsp 1160697/MG, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 28/04/2015, DJe 26/05/2015) AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO (ART. 544 DO CPC). AÇÃO DE REVISÃO DE CLÁUSULA CONTRATUAL CUMULADA COM PRETENSÃO CONSIGNATÓRIA DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO DO VALOR QUE ENTENDE DEVIDO. PEDIDOS DE AFASTAMENTO DA MORA, MANUTENÇÃO NA POSSE DO BEM E DE EXCLUSÃO OU ABSTENÇÃO DE INCLUSÃO DO NOME DO DEVEDOR NOS SERVIÇOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. TUTELA ANTECIPADA. SÚM. 7/STJ. DEPÓSITO DO VALOR INCONTROVERSO. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. Não se conhece do recurso especial interposto com base na alínea "c" do permissivo constitucional quando a divergência não é demonstrada nos termos em que exigido pela legislação processual de regência (art. 541, parágrafo único, do CPC, c/c art. 255 do RISTJ). No caso, a recorrente não comprovou a existência de similitude fática e jurídica entre os arestos confrontados. 2. Os requisitos autorizadores da concessão de tutela antecipada, previstos no artigo 273 do Código de Processo Civil, bem como de medida liminar, traduzem matéria fática, devidamente aferida pelo juiz natural, sendo defeso ao Superior Tribunal de Justiça o reexame dos aludidos pressupostos, em face do óbice contido na Súmula 7/STJ. Precedentes. 3. "Se não foi reconhecida, na ação revisional em curso, a abusividade dos encargos pactuados para o período da normalidade, é de se entender que os valores depositados pelo recorrente não são suficientes. Impossível, dessa forma, ter por afastada a mora" (AgRg no REsp 1373600/MS, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/05/2013, DJe 05/06/2013. 4. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 463.769/MS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 22/05/2014,DJe 04/06/2014) ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM A LEITURA DA DOUTRINA. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. DISCUSSÃO DO VALOR DO DÉBITO. POSSIBILIDADE. 1. A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de ser possível a discussão do valor do débito em sede de ação de consignação em pagamento, ainda que para tanto seja necessária a revisão de cláusulas contratuais. 2. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1179034/RJ, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 28/04/2015, DJe 05/05/2015) Agravo regimental. Recurso especial. Ação revisional de contrato, cumulada com pedido de consignação em pagamento. Precedentes. 1. Admite-se cumular ação de revisão contratual com pedido de consignação em pagamento das parcelas consideradas devidas. 2. Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 609.296/MG, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, TERCEIRA TURMA, julgado em 02/08/2005, DJ 24/10/2005, p. 310) 4.3) ESPÉCIES DE CONTRATOS BANCÁRIOS A) Típicos: exercem atividade bancária propriamente dita. Relacionam-se com o crédito. Subdivisão: contratos bancários próprios (depósito, mútuo, desconto etc) e contratos bancários impróprios (alienação fiduciária em garantia, arrendamento mercantil ou leasing, faturização (fomento mercantil ou factoring) e cartão de crédito. Existe outra subclassificação: contratos bancários passivos (banco assume a posição de devedor) e contratos bancários ativos (banco assume a posição de credor). B) Atípicos: prestação de serviços acessórios aos clientes. Praticam operações correlatas ou acessórias à atividade bancária, como, por exemplo, o aluguel de cofre para a guarda de valores. 4.4) CONTRATOS BANCÁRIOS PRÓPRIOS 4.4.1) CONTRATO DE DEPÓSITO BANCÁRIO A) CONCEITO ✓ Contrato por meio do qual uma pessoa entrega ao banco uma determinada quantia em dinheiro, cabendo ao banco restituí-la na mesma espécie, em data predeterminada ou quando o depositante solicitar. ✓ Refere-se à operação passiva do banco – banco é devedor. ✓ Nome popular B) PARTES ✓ Depositante (cliente) e depositário (banco). C) PROVEITO ECONÔMICO DO BANCO D) RESGATE DO VALOR ✓ Emissão de cheque, realização de DOC/TED e cartão de débito. ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM A LEITURA DA DOUTRINA. E) CARACTERÍSTICAS ✓ contrato real F) ESPÉCIES • depósito à vista = restituição do valor deve ser imediata. • depósito a pré-aviso = a restituição solicitada deve ser feita em prazo contratualmente estipulado. • depósito a prazo fixo = restituição só pode ser solicitada após uma determinada data fixada no contrato (é o contrato de poupança). 4.4.2) CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO EM CONTA CORRENTE A) CONCEITO ✓ Contrato pelo qual o banco põe à disposição do cliente uma quantia determinada de dinheiro, que ele poderá utilizar caso necessite. ✓ Nome popular B) CARACTERÍSTICAS ✓ contrato real C) PROVEITO ECONÔMICO DO BANCO ✓ juros remuneratórios C) DISCUSSÕES JUDICIAIS – SÚMULA DO STJ O contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado de extrato da conta-corrente, não é título executivo. (Súmula 233 STJ, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 13/12/1999, DJ 08/02/2000, p. 264) O contrato de abertura de crédito em conta-corrente, acompanhado do demonstrativo de débito, constitui documento hábil para o ajuizamento da ação monitória. (Súmula 247 STJ, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 23/05/2001, DJ 05/06/2001, p. 132) A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em razão da iliquidez do título que a originou. (Súmula 258 STJ, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 12/09/2001, REPDJ 23/10/2001, p. 215, DJ 24/09/2001, p. 363) O instrumento de confissão de dívida, ainda que originário de contrato de abertura de crédito, constitui título executivo extrajudicial. (Súmula 300 STJ, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 18/10/2004, DJ 22/11/2004, p. 425) Para a repetição de indébito, nos contratos de abertura de crédito em conta-corrente, não se exige a prova do erro. (Súmula 322 STJ, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 23/11/2005, DJ 05/12/2005, p. 410) ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM A LEITURA DA DOUTRINA. A pactuação das tarifas de abertura de crédito (TAC) e de emissão de carnê (TEC), ou outra denominação para o mesmo fato gerador, é válida apenas nos contratos bancários anteriores ao início da vigência da Resolução-CMN n. 3.518/2007, em 30/4/2008. (Súmula 565 STJ, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 24/02/2016, DJe 29/02/2016) 4.4.3) CONTRATO DE MÚTUO A) CONCEITO ✓ Contrato bancário por meio do qualo banco disponibiliza para o cliente determinada quantia cabendo a este pagar ao banco o valor correspondente, com os acréscimos legais, no prazo contratualmente estipulado. B) CARACTERÍSTICAS ✓ contrato real ✓ contrato unilateral = o banco não assume nenhuma responsabilidade perante o cliente. ✓ contrato que consiste em uma operação ativa do banco. C) DISCUSSÕES JUDICIAIS ✓ Estipulação de taxas de juros remuneratórios. ✓ Súmula 26 STJ: “O avalista do título de crédito vinculado a contrato de mútuo também responde pelas obrigações pactuadas quando no contrato figurar como devedor solidário.” ✓ Ação judicial competente para cobrança dos valores = ação de execução judicial. ✓ Débito em conta das parcelas do contrato: limitado a 30% da renda do devedor. D) JURISPRUDÊNCIA ACÓRDÃO EMENTA: CONSUMIDOR – AGRAVO DE INSTRUMENTO – EMPRÉSTIMO BANCÁRIO – DESCONTO EM CONTA CORRENTE – POSSIBILIDADE – ENDIVIDAMENTO COMPATÍVEL COM A RENDA DO AGRAVANTE – ILEGALIDADE NÃO DEMONSTRADA – EXIBIÇÃO DOS CONTRATOS – URGÊNCIA NÃO VERIFICADA – LIMINAR REVOGADA – RECURSO IMPROVIDO 1. Se mostra possível a contratação de empréstimo bancário com previsão de desconto das parcelas diretamente da conta-corrente do tomador, modalidade esta que via de regra permite o acesso a taxas de juros mais vantajosas para o cliente. 2. Segundo os extratos bancários juntados aos autos, as parcelas de empréstimo descontadas mensalmente na conta-corrente do agravado equivalem a montante inferior àquele de 30% admitido por nossos Tribunais. 3. No tocante aos descontos procedidos pelo banco sob a rubrica “recuperação de crédito”, cumpre pontuar que, em princípio, a referida prática não se mostra ilegal ou abusiva, considerando que cumpre ao tomador do empréstimo, na data avençada para o pagamento da parcela, disponibilizar o numerário respectivo, conforme reconhecido pela jurisprudência pátria. 4. Existem nos autos elementos que revelam que o endividamento atual do agravante decorre de um longo processo de má gestão dos seus recursos financeiros ao longo do tempo, e não oriundo de um evento único e imprevisível, circunstância esta, que em princípio, afasta a ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM A LEITURA DA DOUTRINA. urgência da medida pleiteada. 5. No que se refere ao pedido da pronta exibição dos contratos firmados entre o agravante e a instituição bancária agravada, não se observa a lesão grave e de difícil reparação a que estaria sujeito aquele em virtude da não apresentação dos respectivos instrumentos neste momento processual. 6. Recurso conhecido e improvido. Liminar revogada. (TJES, Classe: Agravo de Instrumento, 35159003660, Relator : FERNANDO ESTEVAM BRAVIN RUY, Órgão julgador: SEGUNDA CÂMARA CÍVEL, Data de Julgamento: 17/11/2015, Data daPublicação no Diário: 25/11/2015) AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO FIXO. TÍTULO APTO A EMBASAR A EXECUÇÃO. REEXAME DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7-STJ. 1. A jurisprudência desta Corte orienta que o contrato de mútuo bancário ou de abertura de crédito fixo, com disponibilização de valor e prazo de pagamento determinados, constitui título apto a embasar demanda executiva. 2. "Assentado pela instância ordinária que o título executivo que alicerça a ação de execução é um contrato bancário de crédito fixo, inviável, nesta instância especial, o reconhecimento de que se trata de um contrato de abertura de crédito rotativo (Súmula nº 7/STJ)" (AgRg no AREsp 161.990/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 18/11/2014, DJe 24/11/2014). 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no AgRg no REsp 1141470/SP, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 06/08/2015, DJe 13/08/2015) 4.4.4) CONTRATO DE DESCONTO BANCÁRIO A) CONCEITO “Contrato por meio do qual o banco antecipa ao cliente um crédito por ele titularizado, mas ainda não vencido, descontando do valor principal os juros, comissão e despesas pela antecipação” (Thiago Ferreira Cardoso Neves) B) IMPORTÂNCIA DO CONTRATO PARA O EMPRESÁRIO C) MODUS OPERANDI ✓ antecipação de crédito transferência dos títulos em favor do banco – endosso próprio ✓ cobrança do crédito junto ao emitente D) PROVEITO ECONÔMICO DO BANCO ✓ deságio E) CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO ✓ contrato real ✓ contrato bilateral F) RESPONSABILIDADE PELO INADIMPLEMENTO DO TÍTULO ✓ Opções do banco: a) cobrança judicial em face do emitente do título; b) cobrança judicial em face do endossante com base na titularidade do título – necessidade de protesto cambial; ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM A LEITURA DA DOUTRINA. c) cobrança judicial em face do endossante com fundamento no contrato de desconto – protesto facultativo. G) JURISPRUDÊNCIA APELAÇÃO CÍVEL- AÇÃO ORDINÁRIA DE COBRANÇA JULGADA IMPROCEDENTE - RECURSO VISANDO A PROCEDÊNCIA DA AÇÃO- CONTRATO DE DESCONTO BANCÁRIO- DOCUMENTOS APTOS A COMPROVAR O CRÉDITO - RECURSO PROVIDO. O contrato de desconto bancário é a operação pela qual o cliente transfere ao banco títulos de responsabilidade de terceiros, e recebe em troca o valor correspondente, deduzida a remuneração do financiador. Pelo contrato de desconto bancário, o cliente sacador - credor originário do titulo - compromete-se a efetuar o pagamento, na hipótese do sacado não honrar a obrigação assumida. É da praxe bancária em operações de desconto de títulos, a autorização passada pelo endossante em contrato, para que a instituição bancária, diante da inadimplência do sacado, proceda ao débito em conta corrente do endossante. Evidenciado que a devedora, mediante regular operação bancária de desconto de duplicatas, teve creditado na sua conta corrente determinada quantia em dinheiro, obrigando-se a quitá-la em caso de não pagamento dos títulos descontados no seu vencimento, impõe-se a procedência da ação de cobrança que foi proposta com o fito de compeli-la a cumprir a obrigação assumida. (TJ-PR - AC: 1491574 PR Apelação Cível - 0149157-4, Relator: Roberto De Vicente, Data de Julgamento: 09/11/2004, 5ª Câmara Cível, Data de Publicação: 29/11/2004 DJ: 6755) AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO ESPECIAL. DIREITO EMPRESARIAL. DUPLICATA SEM CAUSA. ENDOSSO-TRANSLATIVO. PROTESTO INDEVIDO. AÇÃO ANULATÓRIA. LEGITIMIDADE PASSIVA DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. REEXAME DE FATOS E PROVAS. INADMISSIBILIDADE. PREQUESTIONAMENTO. AUSENTE. DANO MORAL. QUANTUM INDENIZATÓRIO RAZOÁVEL. 1. A instituição financeira endossatária de duplicata sem causa responde perante o sacado no caso de protesto indevido nas hipóteses de endosso-translativo, possuindo legitimidade passiva para a ação de anulação do título e cancelamento do protesto. Precedentes específicos desta Corte. 2. Não conhecimento do recurso especial quando a decisão recorrida deixa de se manifestar acerca da questão federal suscitada. Súmulas 282 do STF e 211 do STJ. 3. A modificação do quantum fixado a título de compensação por danos morais só é feita em sede de recurso especial quando seja irrisório ou exagerado. 4. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. (AgRg no Ag 1345770/SC, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 28/02/2012, DJe 07/03/2012) ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM A LEITURA DA DOUTRINA. 4.5) CONTRATOS BANCÁRIOS IMPRÓPRIOS 4.5.1) CONTRATO DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA A) CONCEITO “O contrato de alienação fiduciária em garantia é um contrato instrumental em que uma das partes, em confiança, aliena a outra a propriedade de um determinado bem, móvel ou imóvel, ficando esta parte (uma instituição financeira, em regra) obrigada a devolver àquela o bem que lhe foi alienado quando verificada a ocorrência de determinado fato.” (André Luiz Santa Cruz Ramos) B) PARTES ✓ Credor-fiduciário (instituição financeira) ✓ Devedor-fiduciante C) MODUS OPERANDI ✓ Bem a ser adquirido ✓ Bem já de propriedade do devedor-fiduciante (Súmula 28 STJ). D) CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO ✓ Contrato típico. ✓ Contrato instrumental – geralmente associado ao contrato de mútuo. ✓ Necessário registro do seu instrumento público ou particular no órgão competente, sob pena de não valer contra terceiros: 1) se bem imóvel = CRGI; 2) se bem móvel não veículo = cartório de registro de títulos e documentos (CC, 1361, §1º); 3) se veículo automotor = DETRAN ou CIRETRAN – Súmula 92 STJ. E) ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA DE BEM MÓVEL INFUNGÍVEL E.1) REGULAMENTAÇÃO ✓ Regulamentação material: artigos 1361 a 1368 CC 2002. ✓ Regulamentação processual: Decreto-lei nº911/69. E.2) CONSTITUIÇÃO DA PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA ✓ Requisito de eficácia perante terceiros da constituição da propriedade resolúvel: registro do contrato no Cartório de Registro de Títulos e Documentos do domicílio do devedor - instrumento público ou particular. (artigo 1361, § 1º CC). ✓ Efeitos da constituição da propriedade resolúvel: desdobramento da posse – o devedor-fiduciante detém a posse direta e o credor-fiduciário detém a propriedade resolúvel e a posse indireta (artigo 1361, § 2º CC). ✓ Se objeto veículo automotor: registro do contrato no DETRAN ou CIRETRAN – anotação do ônus no Certificado de Registro do Veículo - propriedade do veículo é da instituição financeira e não do possuidor (Súmula 92 STJ). E.3) CONTRATO ✓ Dados do contrato: • valor total da dívida ou estimativa • prazo de pagamento • taxa de juros se houver • descrição da coisa objeto da transferência já que o bem é móvel infungível (artigo 1362 CC) ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM A LEITURA DA DOUTRINA. E.4) OBRIGAÇÕES DO DEVEDOR-FIDUCIANTE • usar o bem de acordo com sua destinação • guardar e conservar a coisa por conta da sua condição de depositário • empregar as diligências necessárias para a guarda do bem • pagar as prestações do contrato de mútuo E.5) DÍVIDA VENCIDA E NÃO PAGA, MAS BEM RETOMADO EXTRAJUDICIALMENTE – PROVIDÊNCIAS DO CREDOR-FIDUCIÁRIO ✓ Vender obrigatoriamente o bem a terceiro – artigo 1365 CC – nulidade cláusula em contrário. ✓ Aplicar o preço auferido no pagamento do seu crédito e das despesas da cobrança. ✓ Entregar o saldo, se houver, ao devedor (artigo 1364 CC). E.6) DÍVIDA VENCIDA E NÃO PAGA E BEM NÃO DEVOLVIDOEXTRAJUDICIALMENTE – PROVIDÊNCIAS DO CREDOR-FIDUCIÁRIO ✓ Ação de busca e apreensão – Decreto-lei nº911/69. ✓ Exigência prévia: constituir em mora o devedor – comprovação da mora – efeitos da mora. ✓ Petição inicial ação e busca e apreensão. ✓ Condições para concessão de pedido liminar na ação de busca e apreensão: comprovação da constituição em mora - notificação extrajudicial ou protesto - Súmulas 72 e 245 STJ – não há exigência de parcelas mínimas em atraso (REsp 1255179/RJ). ✓ Pedido liminar concedido e apreendido o bem: • citação do devedor para pagar em 5 dias as prestações vencidas e vincendas; • se não realizado pagamento: consolida-se a propriedade e a posse plena e exclusiva do bem no patrimônio do credor, devendo a autoridade competente emitir novo documento no nome do credor e sem o ônus da propriedade fiduciária; • venda do bem – valor apurado – saldo devedor (Súmula 384 STJ). ✓ Pedido liminar concedido e bem não localizado: • conversão da ação de busca e apreensão em ação de depósito (rito CPC) • antes havia possibilidade da prisão do devedor-fiduciante como depósito infiel • atualmente, STF entende que não cabe mais a prisão do depositário infiel. ✓ Defesa devedor-fiduciante na ação de busca e apreensão: • 15 dias a contar da juntada do mandado de citação cumprido (REsp 1321052/MG, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 16/08/2016, DJe 26/08/2016); • Teoria do adimplemento substancial admitida com reservas (REsp 1255179/RJ, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 25/08/2015, DJe 18/11/2015); • Possibilidade de discussão judicial das cláusulas contratuais (AgRg no REsp 1573729/SP, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 23/02/2016, DJe 01/03/2016). E.7) ASPECTOS PENAIS ✓ Artigo 168 CP – apropriação indébita. ✓ Artigo 171,§2º, I, do CP – dispor de coisa alheia como própria. F) ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA DE BEM IMÓVEL ✓ Regulamentação: artigos 22 e 23 da lei nº9514/97. ✓ Constituição da alienação fiduciária: registro do contrato no CRGI. ✓ Efeitos da constituição da alienação fiduciária: desdobramento da posse - devedor-fiduciante ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM A LEITURA DA DOUTRINA. possuidor direto e o credor-fiduciário o possuidor indireto. ✓ Com a quitação do contrato: resolve-se a propriedade fiduciária do imóvel, passando o bem a ser de propriedade do devedor-fiduciante. Com o documento de quitação emitido pelo credor-fiduciário o oficial do CRGI levantará a restrição existente na matrícula deste imóvel. ✓ Se vencida e não paga a dívida: a propriedade fiduciária se consolida em nome do credor-fiduciário e tal situação é averbada no CRGI. Com isso, cabe ao credor-fiduciário promover o LEILÃO PÚBLICO para alienação do bem no prazo de 30 dias a contar da data da averbação no CRGI. Os recursos arrecados com a venda do bem serão usados para a quitação da dívida perante o credor-fiduciário. Havendo algum saldo, ele será repassado ao devedor-fiduciante. G) JURISPRUDÊNCIA AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. BUSCA E APREENSÃO. MORA. COMPROVAÇÃO. AUSÊNCIA. NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL. NÃO OCORRÊNCIA. REVISÃO DO JULGADO. APLICAÇÃO DA SÚMULA 7/STJ. AGRAVO IMPROVIDO. 1. Nos contratos de alienação fiduciária em garantia regidos pelo Decreto-Lei n. 911/1969, a mora se configura automaticamente quando vencido o prazo para o pagamento (mora ex re), mas o deferimento da busca e apreensão tem como pressuposto a comprovação desse fato por meio de notificação extrajudicial do devedor fiduciante. Súmula n. 72 do STJ. 2. Para a comprovação da mora é imprescindível que a notificação extrajudicial seja encaminhada ao endereço do devedor, ainda que seja dispensável a notificação pessoal. Precedentes. 3. Nas hipóteses em que o Tribunal a quo assenta a premissa fática de que a notificação não foi entregue no endereço da devedora, é impossível modificar-se esse entendimento em recurso especial, para concluir pela comprovação da mora, em atenção ao enunciado n. 7 da Súmula do STJ. 4. Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt no AREsp 876.487/PR, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 15/09/2016, DJe 26/09/2016) DIREITO PROCESSUAL CIVIL. BANCÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO. DISCUSSÃO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS. POSSIBILIDADE. DECISÃO MANTIDA. 1. A Segunda Seção consolidou entendimento afirmando ser "possível a discussão sobre a legalidade de cláusulas contratuais como matéria de defesa na ação de busca e apreensão" (REsp n. 267.758/MG, Relator Ministro ARI PARGENDLER, Relator para Acórdão Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 27/4/2005, DJ 22/6/2005, p. 222). 2. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1573729/SP, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 23/02/2016, DJe 01/03/2016) ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM A LEITURA DA DOUTRINA. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO. NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL. VALIDADE. REEXAME DE FATOS. SÚMULA Nº 7/STJ. PURGAÇÃO DA MORA. NÃO CABIMENTO. PAGAMENTO DA INTEGRALIDADE DO DÉBITO. DECRETO-LEI Nº 911/1969, COM REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 10.931/2004. DISPOSITIVO LEGAL VIOLADO. AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO. SÚMULA Nº 284/STF. DISSÍDIO NÃO DEMONSTRADO. 1. A notificação extrajudicial realizada e entregue no endereço do devedor é válida quando realizada por Cartório de Títulos e Documentos de outra comarca, mesmo que não seja aquele do domicílio do devedor. Precedentes. 2. Rever questão decidida com base no exame das circunstâncias fáticas da causa esbarra no óbice da Súmula nº 7 do Superior Tribunal de Justiça. 3. A jurisprudência da Segunda Seção, no julgamento do REsp nº 1.418.593/MS, DJe 27/5/2014, da relatoria do Ministro Luiz Felipe Salomão, consolidou o entendimento de que a purgação da mora somente se dará com o pagamento da integralidade, ou seja, as parcelas vencidas e vincendas da dívida. 4. Se nas razões de recurso especial não há sequer a indicação de qual dispositivo legal teria sido malferido, com a consequente demonstração da eventual ofensa à legislação infraconstitucional, aplica-se, por analogia, o óbice contido na Súmula nº 284 do Supremo Tribunal Federal. 5. A divergência jurisprudencial, nos termos do art. 541, parágrafo único, do CPC/1973 e do art. 255, § 1º, do RISTJ, exige comprovação e demonstração, esta, em qualquer caso, com a transcrição dos julgados que configurem o dissídio, a evidenciar a similitude fática entre os casos pontados e a divergência de interpretações, o que não restou evidenciado na espécie. 6. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 786.714/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/06/2016, DJe 20/06/2016) AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CONTRATO DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. BUSCA E APREENSÃO. NOTIFICAÇÃO. SÚMULA Nº 7/STJ. PURGAÇÃO DA MORA. INSUBSISTÊNCIA DA SÚMULA Nº 284/STJ. LEI Nº 10.931/2004 QUE ALTEROU O DECRETO-LEI Nº 911/69. 1. Sob a nova sistemática legal, após decorrido o prazo de 5 (cinco) dias, contados da execução liminar, a propriedade do bem fica consolidada com o credor fiduciário, cabendo ao devedor efetuar o pagamento da integralidade do débito remanescentes para fins de obter a restituição do bem livre de ônus. 2. O tribunal de origem, apreciando a prova dos autos, concluiu pela validade da notificação do devedor, premissa cuja alteração é inviável por demandar incursãono acervo fático-probatório dos autos, a teor inclusive do óbice da Súmula nº 7/STJ 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 521.506/MS, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 18/06/2015, DJe 03/08/2015) Cabe ação monitória para haver saldo remanescente oriundo de venda extrajudicial de bem alienado fiduciariamente em garantia. (Súmula 384 STJ, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 27/05/2009, DJe 08/06/2009) ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM A LEITURA DA DOUTRINA. EMENTA: PRISÃO CIVIL. Depósito. Depositário infiel. Alienação fiduciária. Decretação da medida coercitiva. Inadmissibilidade absoluta. Insubsistência da previsão constitucional e das normas subalternas. Interpretação do art. 5º, inc. LXVII e §§ 1º, 2º e 3º, da CF, à luz do art. 7º, § 7, da Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica). Recurso improvido. Julgamento conjunto do RE nº 349.703 e dos HCs nº 87.585 e nº 92.566. É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito. (RE 466343, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, julgado em 03/12/2008, REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-104 DIVULG 04-06-2009 PUBLIC 05-06-2009 EMENT VOL-02363-06 PP-01106 RTJ VOL-00210-02 PP-00745 RDECTRAB v. 17, n. 186, 2010, p. 29-165) DEPOSITÁRIO INFIEL - PRISÃO. A subscrição pelo Brasil do Pacto de São José da Costa Rica, limitando a prisão civil por dívida ao descumprimento inescusável de prestação alimentícia, implicou a derrogação das normas estritamente legais referentes à prisão do depositário infiel. (HC 87585, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 03/12/2008, DJe-118 DIVULG 25-06-2009 PUBLIC 26-06-2009 EMENT VOL-02366-02 PP-00237) Súmula Vinculante 25 STF - É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito. 4.6) CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL OU LEASING A) DEFINIÇÃO É o contrato segundo o qual uma PESSOA JURÍDICA arrenda a uma pessoa física ou jurídica, por tempo determinado, um bem comprado pela primeira de acordo com as indicações da segunda, cabendo ao arrendatário a opção de adquirir o bem arrendado findo o contrato, mediante um preço residual previamente fixado. B) PARTES ✓ Arrendadora: PJ do tipo S/A ou instituições financeiras – autorização pelo poder executivo federal, conforme normas do Banco Central – obrigatória expressão “arrendamento mercantil” na denominação. ✓ Arrendatária: PF ou PJ – cliente. C) FINALIDADE ✓ Locar bem geralmente de fácil depreciação financeira. D) OBJETO ✓ Bem móvel ou imóvel. E) DESDOBRAMENTO DA POSSE ✓ Arrendador: propriedade e posse indireta. ✓ Arrendatário: posse direta. ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM A LEITURA DA DOUTRINA. F) OPÇÕES AO FINAL DO CONTRATO • comprar o bem por um preço residual anteriormente pactuado; • devolver o bem ao arrendador e com isso o bem será vendido para com o valor pagar o residual e se houver sobra devolvê-la ao devedor; • pleitear a renovação do contrato mediante nova remuneração. G) VALOR RESIDUAL GARANTIDO – VRG • Conceito • Evolução jurisprudência STJ • Para o fisco era interessante descaracterizar o contrato de leasing porque assim deixaria de haver os incentivos fiscais concedidos ao arrendador. H) ESPÉCIES DE LEASING • Leasing financeiro ou financial leasing – é a modalidade pura de arrendamento mercantil. Envolve 3 partes: arrendatária (PF ou PJ) que é quem indica o bem a ser comprado e que fará seu uso através de pagamentos periódicos, com opção final de compra, devolução ou renovação; a arrendadora (sempre PJ) que é quem compra o bem e o aluga à arrendatária; a empresa fornecedora do bem, de quem a arrendadora adquire o objeto. Nesta modalidade é preciso que as prestações referentes à locação sejam suficientes para a arrendadora recuperar o custo de aquisição do bem, de modo que a opção de compra é feita por importância pequena. • Leasing operacional ou renting – é a espécie de contrato em que o objeto já pertence à empresa arrendadora, que o aluga à arrendatária. Esta se obriga ao pagamento de prestações pela locação, enquanto a arrendadora se compromete a dar assistência técnica. Nesta modalidade os objetos têm vida útil mais curta e os riscos de o bem se tornar obsoleto correm por conta da arrendadora. Neste contrato, de acordo com a Resolução 2309/96 do BACEN, o valor total das parcelas não pode ultrapassar 75% do custo do bem, de forma que o valor a ser pago, em caso de opção de compra, costuma ser considerável (diferença com o leasing financeiro). • Leasing back ou leasing de retorno – nesta espécie o proprietário do bem vende-o à arrendadora que por sua vez arrenda o bem ao antigo proprietário que passa a ser o arrendatário. Acontece quando o arrendatário necessita de capital de giro. Neste contrato existe também a possibilidade de reaquisição do bem ao final do contrato. I) INADIMPLEMENTO ✓ Ação de reintegração de posse cumulada com cobrança das parcelas vencidas. ✓ Providência prévia ao ajuizamento da ação: notificação extrajudicial. J) EXTINÇÃO ✓ Decurso do prazo com a devolução do bem pelo arrendatário ✓ Compra do bem pelo arrendatário ✓ Inadimplemento do arrendatário ✓ Falência da arrendadora L) CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL/LEASING X CONTRATO DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA ✓ Leasing = locação com opção de compra – ação de reintegração de posse. ✓ Alienação fiduciária em garantia = compra e venda com garantia – ação de busca e apreensão. ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM A LEITURA DA DOUTRINA. M) DISCUSSÕES JUDICIAIS E JURISPRUDÊNCIA STJ AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ARRENDAMENTO MERCANTIL (LEASING). AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. SÚMULA N. 369 DO STJ. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA MORA. NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL QUE NÃO CHEGOU A SER ENTREGUE. SÚMULA N. 7 DO STJ. PRECEDENTE. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 1. Segundo o enunciado n. 369 da Súmula do STJ, "no contrato de arrendamento mercantil (leasing), ainda que haja cláusula resolutiva expressa, é necessária a notificação prévia do arrendatário para constituí-lo em mora". Antes das alterações promovidas pela Lei n. 13.043/2014 ao Decreto-lei n. 911/1969, essa comprovação da mora poderia ser efetuada alternativamente por dois meios distintos: i) por carta registrada expedida por intermédio de Cartório de Títulos e Documentos; ou ii) pelo protesto do título, realizado pelo Tabelionato de Protesto. 2. Nas hipóteses em que o acórdão recorrido estabelece, como premissa fática, que a notificação não chegou a ser entregue, a pretensão recursal esbarra no enunciado n. 7 da Súmula do STJ, porque a modificação do aresto impugnado exigiria a formação de nova convicção acerca desse aspecto fático, a partir do reexame das provas, o que é vedado em recurso especial. Precedentes. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no AREsp 777.003/PR, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 02/02/2016, DJe 05/02/2016) AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ARRENDAMENTO MERCANTIL (LEASING). RESCISÃO CONTRATUAL. VALOR RESIDUAL GARANTIDO (VRG) PAGO ANTECIPADAMENTE. DEVOLUÇÃO. RECURSO ESPECIAL REPETITIVO 1.099.212/RJ. AGRAVO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. A Segunda Seção desta Corte já se posicionou no sentido de que: "Nas ações de reintegração de posse motivadas por inadimplemento de arrendamento mercantil financeiro, quando o produto da soma do VRG quitadocom o valor da venda do bem for maior que o total pactuado como VRG na contratação, será direito do arrendatário receber a diferença, cabendo, porém, se estipulado no contrato, o prévio desconto de outras despesas ou encargos contratuais." (REsp 1.099.212/RJ, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, Rel. p/ acórdão Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 27/2/2013, DJe de 4/4/2013). 2. In casu, diante do inadimplemento do arrendatário e da rescisão do contrato, sem posterior opção de aquisição do bem arrendado, o col. Tribunal a quo condenou o banco a devolver as quantias relativas ao VRG, pagas antecipadamente. Todavia, na devolução dos referidos valores, deve-se observar as condições fixadas no julgamento do Recurso Especial 1.099.212/RJ. 3. Agravo regimental parcialmente provido. (AgRg no AREsp 372.844/RJ, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 06/08/2015, DJe 24/08/2015) ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM A LEITURA DA DOUTRINA. TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL. CONCENTRAÇÃO DO PAGAMENTO NAS PRIMEIRAS PARCELAS. NÃO DESCARACTERIZAÇÃO DO LEASING. ENTENDIMENTO PACÍFICO DESTA CORTE SUPERIOR. 1. Não ocorre ofensa ao art. 535 do CPC, quando o Tribunal de origem dirime, fundamentadamente, as questões que lhe são submetidas, apreciando integralmente a controvérsia posta nos presentes autos. 2. É pacífico o entendimento da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que a existência de concentração no pagamento das primeiras prestações, acarretando um menor resíduo em aberto, não descaracteriza, por si só, o instituto do arrendamento mercantil (leasing). Precedente: REsp 959.387/RJ, Rel. Ministra Denise Arruda, Rel. p/ Acórdão Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 24/08/2009. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no Ag 1432504/MG, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 26/08/2014, DJe 02/09/2014) SÚMULA 263 - A COBRANÇA ANTECIPADA DO VALOR RESIDUAL (VRG) DESCARACTERIZA O CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL, TRANSFORMANDO-O EM COMPRA E VENDA A PRESTAÇÃO. (SÚMULA 263, SEGUNDA SEÇÃO, JULGADO EM 08/05/2002, DJ 20/05/2002, P. 188) CANCELAMENTO DA SÚMULA: A SEGUNDA SEÇÃO, NA SESSÃO DE 10/09/2003, AO JULGAR O RESP 443.143/GO, DETERMINOU O CANCELAMENTO DA SÚMULA 263 DO STJ (DJ 24/09/2003, P. 216). SÚMULA 293 - A COBRANÇA ANTECIPADA DO VALOR RESIDUAL GARANTIDO (VRG) NÃO DESCARACTERIZA O CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL. (SÚMULA 293, CORTE ESPECIAL, JULGADO EM 05/05/2004, DJ 13/05/2004 P. 183) SÚMULA 369 - NO CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL (LEASING), AINDA QUE HAJA CLÁUSULA RESOLUTIVA EXPRESSA, É NECESSÁRIA A NOTIFICAÇÃO PRÉVIA DO ARRENDATÁRIO PARA CONSTITUÍ-LO EM MORA. (SÚMULA 369, SEGUNDA SEÇÃO, JULGADO EM 16/02/2009, DJE 25/02/2009) Súmula 564 - No caso de reintegração de posse em arrendamento mercantil financeiro, quando a soma da importância antecipada a título de valor residual garantido (VRG) com o valor da venda do bem ultrapassar o total do VRG previsto contratualmente, o arrendatário terá direito de receber a respectiva diferença, cabendo, porém, se estipulado no contrato, o prévio desconto de outras despesas ou encargos pactuados. (Súmula 564, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 24/02/2016, DJe 29/02/2016) ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM A LEITURA DA DOUTRINA. APELAÇÃO CÍVEL N.º 0000913-14.2015.8.08.0048 APELANTE: ana maria da silva Apelado: banco itau leasing s⁄a RELATOR: DES. ÁLVARO MANOEL ROSINDO BOURGUIGNON ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE – ARRENDAMENTO MERCANTIL – INAPLICABILIDADE DA TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL – CUSTAS PROCESSUAIS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUSPENSOS PELA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. 1. A teoria do adimplemento substancial do contrato é aplicada naqueles casos em que há um inadimplemento que se refira a uma parcela mínima do conjunto de obrigações assumidas e já adimplidas pelo devedor. 2. No caso analisado, a apelante adimpliu com apenas 23 das 43 parcelas previstas, o que significa dizer que houve apenas 53,48% da dívida quitada. 3. O valor do débito, na hipótese, não se afigura ínfimo, ao contrário, equivale atualmente a cerca de 50% (cinquenta por cento) do valor avençado entre as partes inicialmente, tornando inviável a aplicação da teoria do adimplemento substancial do contrato. 4. Por estar amparada pela assistência judiciária gratuita, mantém-se a condenação da apelante ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios, porém na forma do art. 98, §3º do CPC⁄15. 5. Recurso conhecido e parcialmente provido. VISTOS, relatados e discutidos, estes autos em que estão as partes acima indicadas. ACORDA a Egrégia Segunda Câmara Cível, na conformidade da ata e notas taquigráficas que integram este julgado, à unanimidade de votos, conhecer do presente recurso e PROVÊ-LO PARCIALMENTE, nos termos do voto proferido pelo E. Relator. Vitória (ES), 27 de setembro de 2016. DES. PRESIDENTE DES. RELATOR (TJES, Classe: Apelação, 48150008760, Relator: ÁLVARO MANOEL ROSINDO BOURGUIGNON, Órgão julgador: SEGUNDA CÂMARA CÍVEL, Data de Julgamento: 27/09/2016, Data da Publicação no Diário: 05/10/2016) EMENTA APELAÇÕES CÍVEIS – AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. ARRENDAMENTO MERCANTIL - DEVOLUÇÃO DO VALOR RESIDUAL GARANTIDO ANTECIPADO - NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO INTERPOSTO POR VAL CORPORATION SERVIÇOS E TECNOLOGIA LTDA – DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO. 1 - Recurso interposto por Val Corporation Serviços e Tecnologia Ltda - Nos termos do art. 511 do CPC⁄73, o não recolhimento do preparo no ato da interposição do recurso implica o não conhecimento deste, por aplicação da pena de deserção, mormente se não acolhido o pedido de assistência judiciária gratuita formulado pelo Apelante. Não conhecer. 2 - O Superior Tribunal de Justiça quando do julgamento submetido à sistemática dos recursos repetitivos, firmou a seguinte tese: "Nas ações de reintegração de posse motivadas por inadimplemento de arrendamento mercantil financeiro, quando o produto da soma do VRG quitado com o valor da venda do bem for maior que o total pactuado como VRG na contratação, será direito do arrendatário ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM A LEITURA DA DOUTRINA. receber a diferença, cabendo, porém, se estipulado no contrato, o prévio desconto de outras despesas ou encargos contratuais". (REsp 1099212⁄RJ, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, Rel. p⁄ Acórdão Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 27⁄02⁄2013, DJe 04⁄04⁄2013). 3 - No caso em julgamento, com a resolução do contrato de arrendamento mercantil por inadimplemento do arrendatário e a consequente reintegração do bem na posse da arrendadora, forçoso apurar se a somatória das importâncias pagas antecipadamente a título de valor residual garantido com aquela concernente à venda do bem arrendado é superior ao valor garantido no contrato, devendo ainda serem descontadas as parcelas em atraso e eventuais encargos e custos atinentes. 4 – Conhecer e dar parcial provimento ao Recurso interposto por Toyota Leasing do Brasil S⁄A – Arrendamento Mercantil para reformar em parte a sentença e determinar a devolução da diferença do produto da soma do VRG quitado com o valor da venda do bem, se este for maior que o total pactuado como VRG na contratação, a ser apurado em sede de liquidação, depois doprévio desconto de outras despesas ou encargos contratuais, acrescido de juros da Taxa Selic desde a data da devolução do bem, ocorrida em 22.10.2011 (conforme auto de reintegração de posse – fl. 39). ACÓRDÃO (TJES, Classe: Apelação, 12111198276, Relator : ARTHUR JOSÉ NEIVA DE ALMEIDA, Órgão julgador: QUARTA CÂMARA CÍVEL, Data de Julgamento: 19/09/2016, Data da Publicação no Diário: 26/09/2016) 4.7) CONTRATO DE FACTORING OU FOMENTO MERCANTIL OU FATURIZAÇÃO A) CONCEITO “Prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber, compra de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring).” Artigo 15, inc. III, da Lei nº 9.249/95 (lei a respeito do IR) Segundo Luiz Lemos Leite: “Factoring é uma atividade complexa, cujo fundamento é a prestação de serviços, ampla e abrangente, que pressupõe sólidos conhecimentos de mercado, de gerência financeira, de matemática e de estratégia empresarial, para exercer suas funções de parceiro dos clientes” (O contrato de factoring', in Revista Forense, 253/458-9, apud Arnaldo Rizzardo, Factoring , 3ª ed., São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2004, pág. 16). B) ESPÉCIES • conventional factoring = serviço de administração de crédito, serviço de seguro e serviço de financiamento. • maturity factoring = serviço de administração de crédito e serviço de seguro. C) MODUS OPERANDI ✓ Cessão civil de crédito x endosso. ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM A LEITURA DA DOUTRINA. D) DIREITO DE REGRESSO “(...) A faturizadora não tem direito de regresso contra a faturizada sob alegação de inadimplemento dos títulos transferidos, porque esse risco é da essência do contrato de factoring. Precedentes.(...)” (AgInt no AREsp 638.055/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 17/05/2016, DJe 02/06/2016) E) CARACTERÍSTICAS • Submetido à Lei de Usura – para o STJ o factoring não possui, de acordo com a Lei nª4.595/1964, natureza de contrato bancário típico. • Cláusula de exclusividade: não contratar outro faturizador. • Cláusula de totalidade: transferência de todos os crédito do faturizado ao faturizador. • Cláusula de aprovação prévia. F) DISTINÇÃO ENTRE FACTORING E AGIOTAGEM ✓ No contrato de factoring: são prestados os serviços de administração do crédito de maneira constante. ✓ Na agiotagem: não há prestação de serviços. D) DISCUSSÕES JUDICIAS E JURISPRUDÊNCIA ✓O devedor pode opor ao facturizador as exceções existentes contra o factorizado? De acordo com o STJ pode sim. (AgRg no AREsp 591952 / SP AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 2014/0242713-4 – 4ª Turma STJ – j. 19/04/2016) ✓O factorizador se não receber o valor do título deve cobrar de quem? Para o STJ deve cobrar do emitente do título e não contra a faturizada (REsp nº AgRg no AREsp 671067 / PR AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 2015/0030483-8 – 3ª T STJ – j. 23/02/2016). AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS À AÇÃO MONITÓRIA. CHEQUE. CONTRATO DE FACTORING. CESSÃO DE CRÉDITO (ART. 294 DO CÓDIGO CIVIL). EXCEÇÕES PESSOAIS. OPONIBILIDADE À FATURIZADORA. POSSIBILIDADE. 1. É possível a oposição de exceções pessoais à faturizadora, visto que recebe o cheque por força de contrato de cessão de crédito, cuja origem é - ou pelo menos deveria ser - objeto de análise, o que faz com que não se equipare a terceiros a quem o título pudesse ser transferido por endosso e cuja boa-fé os princípios da autonomia e abstração visam proteger. 2. Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 1283369/RS, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em 04/02/2016, DJe 18/02/2016) AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO. OPOSIÇÃO DE EXCEÇÕES PESSOAIS. FACTORING. POSSIBILIDADE. ENUNCIADO Nº 83 DA SÚMULA DO STJ. INCIDÊNCIA. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA. DIVERGÊNCIA NÃO RECONHECIDA. 1. A orientação desta Corte é no sentido de que as exceções pessoais originariamente oponíveis pelos devedores ao faturizado são oponíveis à faturizadora, nova credora. Precedentes. 2. A divergência jurisprudencial, nos termos do art. 541, parágrafo único, do Código de Processo Civil e do art. 255, §2º, do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça, exige similitude fática entre os acórdãos paradigmas e o ATENÇÃO: MERO ROTEIRO RESUMIDO, QUE DEVE SER COMPLEMENTADO COM AS INFORMAÇÕES PRESTADAS EM SALA DE AULA E COM A LEITURA DA DOUTRINA. impugnado, circunstância não evidenciada no caso concreto. 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 778.255/RJ, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 15/12/2015, DJe 04/02/2016) AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL E EMPRESARIAL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. ENUNCIADO N. 211 DA SÚMULA DO STJ. FACTORING. AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE DA FATURIZADA PELA SOLVÊNCIA DO DEVEDOR DO TÍTULO DE CRÉDITO, MESMO QUE A TRANSFERÊNCIA DESTE TENHA SE OPERADO POR ENDOSSO. ARRANJO CONTRATUAL EM QUE O RISCO DO INADIMPLEMENTO É ASSUMIDO PELA FATURIZADORA. ASSUNÇÃO DE RISCO QUE SE CONSTITUI EM ELEMENTO ESSENCIAL DO CONTRATO. PRECEDENTES. VERBETES SUMULARES N. 7 E 83 DO STJ. AUSÊNCIA DE ARGUMENTOS APTOS A INFIRMAR OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 1. Inadmissível o recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo (enunciado n. 211 da Súmula do STJ). 2. A faturizadora não tem direito de regresso contra a faturizada sob alegação de inadimplemento dos títulos transferidos, porque esse risco é da essência do contrato de factoring. Precedentes. 3. O entendimento expresso no enunciado n. 7 da Súmula do STJ apenas pode ser afastado nas hipóteses em que o recurso especial veicula questões eminentemente jurídicas, sem impugnar o quadro fático delineado pelas instâncias ordinárias no acórdão recorrido. Precedentes. 4. Se o agravante não traz argumentos aptos a infirmar os fundamentos da decisão agravada, deve-se negar provimento ao agravo regimental. 5. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no AREsp 671.067/PR, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 23/02/2016, DJe 04/03/2016) AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. IMPOSSIBILIDADE. FACTORING. UTILIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DESTINADOS AO INCREMENTO DE ATIVIDADE PRODUTIVA. SÚMULA Nº 83/STJ. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO. 1."Esta Corte já decidiu que a utilização do serviço de fomento mercantil como incremento da atividade produtiva não constitui mesmo relação de consumo" (AgRg no REsp 1564872/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 15/03/2016, DJe 29/03/2016). Incidência da Súmula 83 do STJ. Precedentes. 2. Agravo interno improvido. (AgInt no AREsp 898.557/MG, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 01/09/2016, DJe 12/09/2016) FIM
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