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Direito das Obrigações - Segunda Unidade (pagamentos indiretos, negócios jurídicos bilaterais e atos unilaterais)

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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
Segunda unidade
TEORIA DO PAGAMENTO - PAGAMENTOS INDIRETOS
É aquele em que a extinção da obrigação se dá de forma diversa da originariamente convencionada, podendo ocorrer por: 
1) pagamento em consignação - o depósito feito pelo devedor da coisa devida
2) pagamento com sub-rogação;
3) imputação do pagamento;
4) dação em pagamento; 
5) novação;
6) compensação; 
7) transação; 
8) compromisso; 
9) confusão; 
10) remissão das dívidas.
Consignação em pagamento
Depósito feito pelo devedor, da coisa devida (móvel ou imóvel), com o objetivo de liberar-se da obrigação líquida e certa. O depósito de coisas somente pode ser feito judicialmente. 
Na consignação em dinheiro, o devedor tem as seguintes opções:
Efetuar o depósito da quantia devida extrajudicialmente (estabelecimento bancário oficial, cientificando o credor por carta com aviso de recebimento);
 Ajuizar ação de consignação em pagamento (depositar em juízo).
A consignação libera o devedor do vínculo obrigacional, isentando-o do risco e de eventual obrigação de pagar a multa e os juros. 
IMPORTANTE: não cabe a consignação nas obrigações de FAZER ou de NÃO FAZER, pois pela natureza, dispensam a participação do credor, esgotando-se com a ação ou abstenção do devedor. Todavia, se a obrigação de fazer estiver ligada a uma de dar, caberá consignação. Possui natureza jurídica híbrida, por ser instituto do Direito Civil e Processual Civil.
HIPÓTESES (Art. 335, CC):
Credor não pode ou se recusa a receber o pagamento ou a dar quitação na forma devida;
Credor não vai nem manda receber, desconhecido, declarado ausente ou que resida em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
Dúvida sobre quem deve legitimamente receber o objeto do pagamento;
Litígio pendente sobre o objeto do pagamento.
Requisitos (Art. 336, Cc):
“Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o pagamento.”
2. Pagamento com sub-rogação
Consiste em designar substituição de uma coisa por outra com os mesmos ônus e atributos, caso em que se tem sub-rogação real, ou substituição de uma pessoa por outra, que terá os mesmos direitos e ações daquela, hipótese em que se configura a sub-rogação pessoal. Transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do credor primitivo em relação à dívida contra o devedor principal e os fiadores.
Sub-rogação Pessoal: vem a ser a substituição, nos direitos creditórios, daquele que solveu obrigação alheia ou emprestou a quantia necessária para o pagamento que satisfez o credor. Efetivado o pagamento por terceiro, o credor ficará satisfeito e não mais terá o poder de reclamar do devedor o adimplemento da obrigação; continuará a ter o dever de prestá-lo, uma vez que o devedor não solveu o débito, mas sim o terceiro solvente, alheio à relação negocial primária, até que o pagamento de sua parte extinga o liame obrigacional.
Atenção! Trata-se de uma exceção à regra de que o pagamento extingue a obrigação e libera o devedor, pois, se houver sub-rogação, quem satisfez a prestação passará a ter todos os direitos creditórios.
Natureza Jurídica: instituto autônomo, mediante crédito, com o pagamento feito por terceiro, se extingue ante o credor satisfeito, mas não em relação ao devedor, tendo-se tão somente uma substituição legal ou convencional do sujeito ativo.
A sub-rogação pessoal pode ser: 
a) Legal – imposta por lei, que contempla vários casos em que terceiros solvem dívida alheia, conferindo-lhes a titularidade dos direitos do credor ao incorporam em seu patrimônio, o crédito por eles resgatado;
b) Convencional – credor que recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos; terceira pessoa que empresta ao devedor a quantia necessária para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.
3. Imputação do pagamento
Dar-se-á quando pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, tem o direito de escolher qual deles oferece em pagamento, se todos forem líquidos e vencidos. Há identidade de credor, devedor e dois ou mais débitos da mesma natureza. O efeito é extinguir o débito para o qual é dirigido. Se o devedor não fizer qualquer declaração, transfere-se o direito ao credor. 
Se nenhum deles se manifestar, adotam-se os critérios estabelecidos na lei:
a) Havendo capital e juros, o pagamento será imputado primeiro nos juros vencidos e depois no capital;
b) A imputação se fará nas dívidas líquidas que venceram primeiro (dívidas mais antigas);
c) Se todas as dívidas forem líquidas e vencidas ao mesmo tempo, será feita a imputação na mais onerosa.
Requisitos:
a) Existência de dualidade ou pluralidade de dívidas;
b) Identidade de credor e devedor – as obrigações devem vincular o mesmo devedor a um só credor;
c) Igual natureza dos débitos – as dívidas devem apresentar fungibilidade recíproca, de tal modo que ao credor seja indiferente receber uma ou outra.
4. Dação em pagamento
O credor, apesar de não ser obrigado, pode aceitar a substituição da prestação pactuada por outra, liberando o devedor. A substituição pode ser de dinheiro por bem (móvel ou imóvel), de uma coisa por outra, etc. A dação extingue a obrigação, pouco importando que o valor da coisa dada em pagamento tenha valor maior ou menor do que a prestação original. 
Se ocorrer evicção (perda da propriedade em virtude de sentença judicial e ato jurídico anterior), a obrigação primitiva é restabelecida, ficando sem efeito a quitação dada. O devedor também responde por eventual vício redibitório da coisa entregue.
Requisitos:
a) Existência de um débito vencido – do contrário caracterizaria uma doação, se houver intenção de causar dano estaremos diante de “mera liberalidade”; e por fim, se não houver intenção e o crédito não existir, poderemos estar diante de “mera devolução”.
b) Intenção de solver – entrega da coisa pelo devedor ao credor com a intenção de efetuar o pagamento;
c) Diversidade de objeto oferecido em relação ao devido – a coisa dada deve ser diversa da que constitui o objeto da prestação;
d) Concordância (verbal ou escrita, tácita ou expressa) do credor na substituição – não basta apenas a aceitação, o credor também precisa receber o objeto diverso oferecido como pagamento.
5. Novação
Consiste na criação de obrigação nova extinguindo a anterior. Substitui uma dívida por outra, extinguindo a primeira. É ao mesmo tempo causa extintiva e geradora de obrigações (duplo efeito). Só ocorrerá novação se houver acordo entre as partes (animus novandi), e não por força de lei. Pode ser expressa ou tácita (nunca presumida), desde que resulte de modo inequívoco da natureza das obrigações. Abrange os acessórios e as garantias da dívida primitiva, sempre que não haja estipulação em contrário. Não produz a satisfação imediata do crédito, como no pagamento direto ou na dação em pagamento.
Espécies:
Objetiva (real): devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir a primeira. Há a substituição da prestação. Pode ocorrer também a substituição da dívida em dinheiro por prestação de serviços. 
Subjetiva (pessoal): substituição de um dos sujeitos (ou mais) da relação jurídica. Divide-se em: ativa, passiva e mista.
Ativa - novo credor sucede ao antigo, extinguindo o primeiro vínculo.
CUIDADO! No tocante a novação subjetiva ativa, é indispensável o consentimento do devedor ao novo credor, o consentimento do antigo credor que renuncia ao crédito e a anuência do novo credor que aceita a promessa do devedor.
Passiva – novo devedor sucede ao antigo, ficando quite com o credor, que concorda com a substituição. Se o novo devedor for insolvente, o credor não tem direito a ação regressiva contra o primeiro (salvo se este obteve a substituição de má-fé), pois no momento em que o credor aceita a substituição, assume o risco. Subdivide-se em:
Delegação: a substituiçãoé feita com o consentimento do devedor originário, pois ele indicará uma terceira pessoa para resgatar seu débito;
Expromissão: terceira pessoa assume a dívida, substituindo o devedor originário independentemente de seu consentimento.
Mista - substituem-se, ao mesmo tempo, o objeto e um dos sujeitos da relação jurídica ou ainda novação subjetiva mista (os dois sujeitos).
6. Compensação
Duas ou mais pessoas são ao mesmo tempo credoras e devedora umas das outras, até o limite da existência do crédito recíproco. Assim, se dois indivíduos se devem mutuamente, serão recíproca e concomitantemente, credor e devedor um do outro, e solver-se-á a relação obrigacional até a concorrência dos valores das prestações devidas, de modo que, se um tiver de receber mais do que o outro, continuará credor de um saldo favorável e decorrente de balanço.
Pode ser: total (A deve 100 a B, mas B também deve 100 a A) ou parcial (os crédito são de valores diversos: extingue-se um e mantém-se o outro na parte excedente ao compensado).
IMPORTANTE! Exige que os credores sejam concomitantemente devedores um do outro; extingue-se as dívidas recíprocas antes de serem pagas; e permite fracionamento de um dos débitos, representando exceção ao princípio geral de que o credor não pode ser obrigado a receber por partes.
Espécies:
a) LEGAL: decorrente da lei; opera-se mesmo que uma delas não queira. Requisitos: 
i) reciprocidade de débitos; 
ii) liquidez das dívidas – certas quanto à existência e determinadas quanto ao objeto; 
iii) exigibilidade das prestações – estão vencidas; 
iv) fungibilidade – prestações homogêneas entre si (dívida em dinheiro só compensa com dinheiro, café com café, feijão com feijão, etc.)
b) CONVENCIONAL: acordo de vontades entre as partes, estabelecido por meio de contrato. Podem-se compensar objetos diferentes, como um terreno por dois carros.
c) JUDICIAL: decisão do juiz que percebe o fenômeno durante o trâmite do processo. É necessário que cada parte alegue seu direito contra a outra. Exe.: réu ingressa com reconvenção (ação do réu contra autor, no mesmo feito em que está sendo demandado, com o fim de extinguir ou diminuir o que é devido).
7. Confusão
Incidência, em uma única pessoa, relativamente à mesma relação jurídica, das qualidades de credor e devedor, por ato inter vivos ou causa mortis, operando a extinção do crédito (ninguém pode ser credor e devedor de si mesmo).
A confusão pode ser total (própria), quando se opera em relação a toda dívida, ou parcial (imprópria), quando em relação a parte da dívida. 
Requisitos:
a) Unidade da relação obrigacional;
b) União, na mesma pessoa, das qualidades de credor e devedor;
c) Ausência de separação de patrimônios.
Efeitos: extinguir não só a obrigação principal, mas também a acessória, ante o princípio de que o acessório segue o principal (o contrário não é verdadeiro).
Extinção: a extinção cessará a confusão, operando-se a restauração da obrigação com todos os seus acessórios (se decorrer de uma situação jurídica transitória ou de uma relação jurídica ineficaz – portanto, esse princípio é uma exceção à regra geral de ser a confusão um modo de extinção do vínculo obrigacional).
8. Remissão de Dívida
Liberação graciosa do devedor pelo credor, que voluntariamente abre mão dos direitos creditórios, com o fim de extinguir a obrigação. É o perdão do débito, direito exclusivo do credor, exonerando o devedor. É ato bilateral, pois somente produz efeitos se houver a aceitação do devedor, tornando-se irrevogável. Só pode se referir a direitos patrimoniais de caráter privado, desde que não prejudique o interesse público ou de terceiros.
Pode ser total ou parcial, expresso (por escrito) ou tácito (conduta do credor, prevista em lei, incompatível com a conservação do direito: credor que espontaneamente rasga nota promissória ou entrega o objeto empenhado).
A remissão concedida a um dos codevedores extingue a dívida na parte a ele correspondente. Se um dos credores remitir uma dívida solidária, a obrigação não ficará extinta para com os demais, mas estes só a poderão exigir descontada a quota do credor que perdoou.
CUIDADO!	Não confundir remiSSão (perdão) com remiÇão (resgate/pagamento). Muito menos perdão (ato bilateral) com renúncia (unilateral).
NEGÓCIOS JURÍDICOS BILATERAIS
Transação
É um negócio jurídico bilateral, pelo qual as partes interessadas, fazendo-se concessões mútuas, previnem ou extinguem obrigações litigiosas ou duvidosas. A transação é uma composição amigável entre os interessados sobre seus direitos, em que cada qual abre mão de parte de suas pretensões, fazendo cessar as discórdias. As partes preferem resolver a questão sem recorrer ao Poder Judiciário.
Elementos Constitutivos:
a) Acordo de vontades entre os interessados - não poderá haver transação em virtude de lei;
b) Impendência ou existência de litígio ou de dúvida sobre os direitos das partes, suscetíveis de serem desfeitos – prevenção ou extinção de um litígio;
c) Intenção de pôr termo à dúvida ou litígio;
d) Reciprocidade de concessões – necessidade que ambos os transigentes concedam alguma coisa ou abram mão de alguns direitos em troca da segurança oferecida pela transação;
e) Prevenção ou extinção de um litígio ou de uma dúvida – visando a transformação de um estado jurídico inseguro e incerto em outro seguro e certo. 
Modalidades:
a) Judicial – se se realizar no curso de um processo, recaindo sobre direitos contestados em juízo. Pode ser por termo (nos autos e com parecer favorável do MP) ou por escritura pública (que deve ser acostada aos autos com o objetivo de obter a homologação judicial).
b) Extrajudicial – por meio de escritura pública, ou particular. Dispensa-se homologação judicial, pois a referida transação foi realizada PREVENTIVAMENTE, antes de haver litígio ou demanda.
2. Compromisso
Consiste em acordo bilateral, em que as partes interessadas submetem suas controvérsias jurídicas à decisão de árbitros, comprometendo-se a acatá-la, subtraindo a demanda da jurisdição da justiça comum. O juízo arbitral, além de proporcionar decisão rápida, é menos formal e dispendioso do que a justiça comum e mais discreto, pois não tem publicidade. Primeiro o compromisso, depois a decisão do árbitro.
Natureza Jurídica: a natureza jurídica do compromisso é sui generis - um misto de contrato e pagamento. Advém do acordo de vontade das partes interessadas, que acolhem árbitros, vinculando-se a acatar a solução dada por eles. Percebe-se, então, que tal acordo cria obrigações para cada uma das partes, exigindo forma própria, objeto lícito e capacidade das partes. É também um pagamento, pois extingue relações obrigacionais.
Espécies:
a) Judicial = se já houver ação ajuizada perante o Poder Judiciário, sedo celebrado, por termos nos autos, que deve ser assinado pelas partes ou por mandatário. Depois de realizado o compromisso, os árbitros decidirão e as funções do juiz togado findam;
b) Extrajudicial = se ainda não há ação ajuizada, sendo assim, celebra-se o compromisso por escritura pública ou particular, assinada pelas partes e duas testemunhas.
A sentença arbitral produz entre as partes e seus sucessores os mesmos efeitos da sentença prolatada pelo Poder Judiciário, dispensando homologação judicial para que tenha eficácia. O árbitro é juiz de fato e de direito, logo sua sentença não ficará sujeita ao recurso nem à homologação pelo Poder Judiciário.
Pressupostos:
a) Subjetivos:
capacidade de se comprometer – capacidade para prática dos atos da vida civil, bem como a possibilidade das partes de contratar e de dispor dos direitos em questão; 
 capacidade para ser árbitro – só pode ser árbitro se houver confiança das partes. 
IMPORTANTE: não podem ser árbitros – os incapazes, analfabetos ou os suspeitos, bem como as pessoas jurídica também. 
b) Objetivos:
quanto ao objeto – só poderá compreender as questões que tenham caráter estritamente patrimonial; 
quanto ao conteúdo, deverá conter – qualificação completa das partes e dos árbitros; especificaçõese valor do objeto da lide; local em que será proferida a sentença arbitral. A ausência de qualquer um desses pressupostos objetivos, poderá acarretar nulidade. 
O compromisso se extinguirá se qualquer dos árbitros desobrigar-se (antes de aceitar a nomeação), desde que as partes tenham declarado, expressamente, não aceitar substituto; se algum dos árbitros ficar impossibilitado de dar seu voto ou falecer, sem que tenha substituto aceito pelas partes e por fim, caso o prazo para apresentação da sentença arbitral expire (tendo a parte interessada notificado o árbitro ou presidente do tribunal arbitral – concedendo 10 dias para prolação e apresentação de laudo).
CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA (ARBITRAL) – a cláusula arbitral ou compromissória, é a convenção através da qual as partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios eventualmente derivados do contrato. 
CUIDADO!	A diferença básica entre a cláusula compromissória e o compromisso arbitral é temporal, pois existindo a primeira não haverá necessidade de posteriormente se firmar o segundo. 
Nos termos do Art. 4°, caput, da Lei 9.307/96, a cláusula compromissória é o ato consensual por meio do qual as partes decidem que futuras avenças serão submetidas ao juízo arbitral. Doutra banda, o compromisso arbitral é o ato consensual a partir do qual as partes decidem submeter um conflito atual, isto é, concreto, à arbitragem, estando seu conceito previsto no Art. 9°, caput, da Lei 9.307/96:
Art. 9º O compromisso arbitral é a convenção através da qual as partes submetem um litígio à arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo ser judicial ou extrajudicial.
Portanto, conclui-se que tanto a cláusula compromissória, quanto o compromisso arbitral versam sobre matéria que será apreciada pelo juízo arbitral, contudo, a primeira trata de controvérsia futura e a segunda de controvérsia presente.
3. Inadimplemento
A regra é a de que a obrigação nasce para ser cumprida (pacta sunt servanda), por meio do adimplemento ou pagamento. O INADIMPLEMENTO é o descumprimento da obrigação assumida, voluntária ou involuntariamente, do estrito dever jurídico criado entre os que se comprometeram a dar, a fazer ou a se omitir de fazer algo, ou o seu cumprimento parcial, de forma incompleta ou mal feita. Inadimplemento é o não pagamento ou não cumprimento da obrigação. 
“Estou inadimplente”: não atendi o que combinei com outra pessoa. O conceito de inadimplemento está umbilicalmente ligado ao conceito de mora (veremos mais tarde).
O inadimplemento pode ser entendido numa concepção mais ampla, uma vez que a obrigação pode não ter sido cumprida por impossibilidade ou, por exemplo, falta de vontade (interesse) do devedor.
INADIMPLEMENTO RELATIVO – MORA: (análise feita pela ótica do CREDOR) existia uma prestação que o devedor tinha que cumprir hoje e ele não cumpriu – ainda há interesse por parte do CREDOR que essa prestação seja cumprida em uma data posterior ou de outra maneira? 
Se sim – estamos diante de MORA inadimplemento RELATIVO – cumprimento imperfeito, retardado – aqui, a punição não atingirá a mesma magnitude ou proporção da obrigação, porque a prestação não foi cumprida no momento certo, mas será e o que o credor quer é um plus além da prestação que o devedor se obrigou, ou seja, o credor quer que o devedor seja punido por não ter cumprido a prestação da maneira certa.
*MORA – não quer dizer apenas está em atraso (tempo), mas também, não cumprir no lugar certo, não cumprir da maneira certa – tempo, lugar e forma (Art. 394).
Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.
INADIMPLEMENTO ABSOLUTO: credor contrata fotógrafo para cerimônia de casamento, no dia do casamento, ele não foi. Um mês depois, aparece o DEVEDOR (fotógrafo) e pergunta se ainda interessa ao CREDOR as fotos. 
Se a resposta for não, estaremos diante de – inadimplemento ABSOLUTO – credor não recebeu a prestação no dia e não mais o interessa receber, isso significa dizer que a punição nesse caso, pode chegar até o valor total da obrigação que foi estabelecida – esse é o teto da punição.
Importante Distinção
DÉBITO (dívida) – nasce a partir do momento que se estabelece o vínculo jurídico; dívida não se confunde com a obrigação que só deve ser cumprida no vencimento. Para se livrar da dívida, é imprescindível que se cumpra a obrigação.
OBRIGAÇÃO (dar, fazer, não fazer) – uma vez cumprida, operar-se-á ADIMPLEMENTO, do contrário o INADIMPLEMENTO, logo, abrirá espaço para a responsabilidade.
RESPONSABILIDADE – dívida que decorre da LEI ou do CONTRATO; é a obrigação de reparar o dano que uma pessoa causa a outra. A teoria da responsabilidade civil procura determinar em que condições uma pessoa pode ser considerada responsável pelo dano sofrido por outra pessoa e em que medida está obrigada a repará-lo. A reparação do dano é feita por meio da indenização, que é quase sempre pecuniária. O dano pode ser à integridade física, à honra ou aos bens de uma pessoa.
Para definir se a Responsabilidade será EXTRACONTRATUAL (aquiliana) ou CONTRATUAL, é importante saber que essa distinção nasce da origem do dever jurídico violado – pela falta do cumprimento da prestação.
RESPONSABILIDADE CONTRATUAL: vide Art. 389 – para atualizar as dívidas para com o FISCO – índice SELIC (mistura de correção monetária + juros).
4. MORA: Art. 394 – mora ex re, mora acipiendi, mora ex persona, mora solvendi. 
i. MORA EX RE – Tem aplicação nas obrigações com prazos (termo) preestabelecidos pelas partes, diz-se, mora ex re, aquela que se opera automaticamente pelo inadimplemento da obrigação, líquida, certa e exigível, prescindindo de qualquer manifestação/interpelação da outra parte, se concretizando pelo simples escoamento do seu termo;
ii. MORA EX PERSONA – Tem aplicação para os casos em que as obrigações estabelecidas entre as partes não contém prazo, termo fixado para seu cumprimento, havendo a necessidade da iniciativa da parte para constituir a outra em mora, interpelação (notificação judicial ou extrajudicial.
iii. EXEMPLO DE MORA ACIPIENDI – contrato de prestação de serviços ou empreitada:
(a) você mandou seu computador para assistência técnica, ligaram pra você e disseram que o orçamento era R$ 3.000,00, você autoriza o serviço, mas três dias depois você se arrepende porque percebeu que com esse valor você consegue comprar um computador novo e melhor que o seu, o que você faz? Não vai buscar o computador;
(b) você deixa o carro na oficina para conserto, uma semana depois o dono liga e diz que o carro está pronto, você diz que vai pegar “amanhã” – não foi; “depois de amanhã” – não foi (...) – a verdade é que você não foi pegar o carro porque não tinha o dinheiro para pagar e não queria ser cobrado – se na data aprazada você não foi pegar o carro, você está em mora acipiendi – dando continuidade, imaginemos que já se passou uma semana da data aprazada para que você pegasse o carro e você não foi, houve uma forte chuva na região da oficina e seu carro não presta mais pra nada – o que você faz? OBA, oficina, meu carro estava sob seus cuidados, me dê um novo, certo ou errado?
ERRADO! – o bem é seu e a coisa perece para o dono; o risco, ainda por conta de caso fortuito e força maior, deve ser absorvido por você que está em MORA.
MORA: Art. 395, Parágrafo único – PERDAS E DANOS.
5. PERDAS E DANOS: Arts. 402 a 404.
Trata dos prejuízos, dos danos, causados ante o descumprimento obrigacional. Traduzem o prejuízo material ou moral, causado por uma parte à outra, em razão do descumprimento da obrigação.
ATENÇÃO! Lembrar que o inadimplemento relativo autoriza o pagamento das perdas e danos, correspondentes ao prejuízo derivado do retardamento imputável ao credor ou ao devedor.
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
Art. 402. Salvoas exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
As perdas e danos devidas ao credor deverão compreender:
dano emergente: o que efetivamente perdeu; e
lucro cessante: o que razoavelmente deixou de lucrar.
6. JUROS
Entende-se por JUROS, “o rendimento do capital, preço do seu uso, preço locativo ou aluguel do dinheiro, prêmio pelo risco corrido decorrente do empréstimo, cabendo aos economistas o estudo de sua incidência, da taxa normal em determinada situação e de suas repercussões a vida do país.” Do ponto de vista jurídico, podemos dizer que trata-se, pois, de um fruto civil correspondente à remuneração devida ao credor em virtude da utilização do seu capital. Em linhas gerais, os juros fixados, legais (determinados por lei) ou convencionais (fixados pelas próprias partes), subdividem-se em:
i. Juros Compensatórios: objetivam remunerar o credor pelo simples fato de haver desfalcado o seu patrimônio, concedendo o numerário solicitado pelo devedor; são geralmente convencionais, por dependerem de acordo prévio das partes sobre a operação econômica e as condições em que a mesma deveria ser realizada, mas podem decorrer de lei ou de decisão jurisprudencial (Súmula 164). Portanto, celebrado um contrato de empréstimo a juros, o devedor pagará ao credor os juros compensatórios devidos pela utilização do capital (se tomou emprestado R$ 20 reais, devolverá R$ 22,00 reais).
ii. Juros Moratórios: traduzem uma indenização devida ao credor por força do retardamento culposo no cumprimento da obrigação. Vejamos o que preceitua o artigo 406 do Código Civil:
Art. 406. Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional.
De acordo com a doutrina e jurisprudência sobre qual a taxa aplicável, a saber, a TAXA SELIC (utilizada pela Fazenda Pública para o cálculo de tributos federais, ou prevista no Art. 161, § 1º do CTN).
Art. 161 § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês.
O STJ não tem posicionamento pacificado acerca do uso da Taxa Selic – a 1ª Turma é favorável à aplicação dessa taxa, enquanto a 2ª Turma mostra-se contrária.
Vejamos Enunciado da Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal (2002):
A taxa de juros moratórios a que se refere o art. 406 é a do art. 161, § 1º, do Código Tributário Nacional, ou seja, um por cento ao mês.
7. CLÁUSULA PENAL
Pacto acessório a uma obrigação principal, com o fim de prever a imposição de uma pena (multa) pelo descumprimento da obrigação – pena convencional ou multa contratual.
CLAÚSULA PENAL MORÁTORIA: destinada a coibir a mora no cumprimento da obrigação, dando ao credor o direito de exigir seu cumprimento juntamente com a obrigação principal – vide: Art. 408 e ss.
CLAÚSULA PENAL COMPENSATÓRIA: estipula-se para o caso de descumprimento total da obrigação ou de alguma cláusula especial; tem como função substituir a prestação descumprida, como forma antecipada de compensação pelas perdas e danos provocadas pelo inadimplemento; converte-se em alternativa a benefício do credor, de forma que lhe cabe escolher entre exigir do devedor o cumprimento da obrigação ou a satisfação da multa estipulada.
Limite da cláusula penal: o valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal; Nas relações de consumo: a multa moratória não pode ser superior a 2% do valor da prestação.
Cláusula penal nas obrigações indivisíveis: sendo indivisível a obrigação, todos os devedores, caindo em falta um deles, incorrerão na pena; mas esta só se poderá demandar integralmente do culpado, respondendo cada um dos outros somente pela sua quota;
Redução da cláusula penal: a penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo.
8. ARRAS OU SINAL
Quantia em dinheiro ou prestação de outra espécie – desde que consistente em bem móvel – oferecida por uma das partes a fim de garantir que o ajuste final será cumprido ou prefixar o valor das perdas e danos em caso de arrependimento.
Espécies de Arras
Confirmatórias: não existe direito de arrependimento e, em caso de descumprimento do contrato, o valor dado a título de arras confirmatórias, além de ser retido, não exclui da parte inocente o direito à execução do contrato e às perdas e danos, valendo, apenas, como taxa mínima de indenização. Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as. Se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato como desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização monetária, juros e honorários advocatícios.
Penitenciais: são estipuladas para o caso em que o contrato preveja o direito de arrependimento. Assim, valem como prefixação dos prejuízos decorrentes do não cumprimento do contrato pela parte que se arrependeu. Nesse caso, o direito à retenção das arras exclui da parte inocente o direito à indenização e à execução do contrato. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras terão função unicamente indenizatória. Nesse caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar.
ATOS UNILATERAIS
″A DECLARAÇÃO UNILATERAL DE VONTADE é uma das fontes das obrigações resultantes da vontade de uma só pessoa, formando-se a partir do instante em que o agente se manifesta com intenção de se obrigar, independentemente da existência ou não de uma relação creditória, que poderá surgir posteriormente. Não haverá liberdade para se estabelecerem obrigações, que só se constituirão nos casos preordenados em lei. As obrigações nascem da declaração unilateral da vontade manifestada em circunstâncias tidas pela lei como idôneas para determinar sua imediata constituição e exigibilidade, desde que o declarante a emita com intenção de obrigar-se, e desde que chegue ao conhecimento da pessoa a quem se dirige, e seja está determinada ou pelo menos determinável” (Maria Helena Diniz)
“Declaração unilateral de vontade. É negócio jurídico unilateral. O negócio unilateral não é contrato porque independe da conformação de vontade da outra parte. Falta em sua estrutura o que a doutrina denomina de o princípio do contrato, ou seja, falta-lhe a convenção bilateral, que os romanos assim definiam: ‘est pactio, duorum pluriumve in idem placitum consensus’. Mas é negócio jurídico, apto a criar obrigações. Tanto os negócios jurídicos bilaterais (ou seja, os contratos), como os negócios jurídicos unilaterais criam situações jurídicas conduzidas nos termos das vontades dos particulares, e a isto dá-se o nome de autonomia privada” (Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery)
Disposição do Código Civil
O Código Civil regula as seguintes espécies de negócio jurídico unilateral:
promessa de recompensa (Arts. 854/860); 
gestão de negócios (Arts. 861/875); 
pagamento indevido (Arts. 876/883); e 
enriquecimento sem causa (Arts. 884/886).
PROMESSA DE RECOMPENSA
É o ato (rectius: declaração unilateral de vontade) por meio do qual alguém, por anúncios públicos, se compromete a recompensar, ou gratificar, a quem preencha certa condição, ou desempenhe certo serviço (Art. 854). Essa conduta obriga o promitente a cumprir o prometido. Por consequência, quem quer que faça o dito serviço, ou satisfaça a dita condição, ainda que não pelo interesse da promessa, poderá exigir a recompensa estipulada.
Se o serviço foi prestado (ou se a condição foi satisfeita) por mais de uma pessoa, terá direito aquele que primeiro o executou (ou preencheu a condição), nos termosdo Art. 857. Caso tenha sido simultânea a execução, a cada um tocará quinhão idêntico na recompensa (Art. 858). Se a recompensa for indivisível, por sorteio um dos certamistas obterá a coisa e se obrigará a dar ao outro ou aos outros o valor de seu quinhão (Art. 858, in fine).
Admite-se a revogação da promessa, desde que se faça antes de prestado o serviço, ou preenchida a condição, e com a mesma publicidade (Art. 855). Se, todavia, o promitente houver fixado prazo para a execução da tarefa, entende-se que renunciou ao direito de revogar sua oferta, durante esse prazo (Art. 856).
Em caso de revogação da promessa, ao candidato de boa-fé que despendeu tempo, força e dinheiro para atender à expectativa do promitente assiste direito a indenização, dentro dos limites da recompensa prometida (Art. 856, parágrafo único). Está claro que o direito à revogação está limitado pela regra proibitiva do abuso, positivada no Art. 187 do Código Civil.
DETALHE: existe a chamada PROMESSA DE RECOMPENSA MEDIANTE CONCURSO condicionada à realização de uma competição entre os interessados (concurso), de forma que receba a recompensa aquele que apresente o melhor resultado. Neste caso, a promessa será IRREVOGÁVEL, eis que, a teor do Art. 859, é condição essencial, para que possa valer, a fixação de um prazo (e, nos termos do Art. 856, se há fixação de prazo, entende-se que o promitente renunciou ao direito de revogar a promessa).
2. GESTÃO DE NEGÓCIOS
Cuida-se da realização de atos no interesse de outrem, como se fosse seu representante, sem estar o agente investido dos poderes necessários. É administração oficiosa de interesses alheios, ou seja, é a intervenção, não autorizada, de uma pessoa (gestor de negócio) na direção dos negócios de uma outra (dono do negócio), feita segundo o interesse, a vontade presumível e por conta desta última. O Código Civil brasileiro de 2002 é auto conceitual, no disposto do Art. 861, in verbis;
Art. 861. Aquele que, sem autorização do interessado, intervém na gestão de negócio alheio, dirigi-lo-á segundo o interesse e a vontade presumível de seu dono, ficando responsável a este e às pessoas com que tratar.
É possível aferir da redação do dispositivo a ausência de acordo de vontades, mas de uma intervenção oficiosa de um gestor de negócio alheio, que age conforme uma vontade presumível do dono, cuja responsabilidade perante a este e outrem, lhe recai.
Importante registrar que a GESTÃO DE NEGÓCIOS não é contrato, mas ato unilateral, ou melhor, declaração unilateral de vontade, fonte de obrigações, embora não conte, na formação, com a anuência de outra parte.
“Embora a gestão de negócios não seja uma figura contratual, porque dispensa declaração negocial (de vontade), apresenta uma forte ligação com o mandato, tanto que, uma vez ratificada a gestão, é a disciplina do mandato que impera sobre os atos praticados, desde o momento do início da gestão (CC, art. 873)”
Requisitos:
a gestão deve incidir sobre negócio alheio; se o negócio for do próprio gestor, cuida-se de mera administração; 	
o gestor há de dirigir negócio alheio segundo o interesse do dono ou sua vontade presumida (Art. 861); se age contra sua vontade manifesta ou presumida, há ato ilícito e o gestor responde inclusive pelo caso fortuito, se não provar que ele sobreviria, ainda que a gestão não tivesse se iniciado (Arts. 862 e 863);
o gestor deve ostentar intenção de agir proveitosamente e se comportar de modo a exteriorizar essa intenção (Art. 866); 
cuida-se de ação oficiosa; se houver autorização ou posterior ratificação, tem-se mandato (Art. 873); 
a gestão apenas é possível na prática de atos de natureza patrimonial.
DAS OBRIGAÇÕES DO GESTOR: 
responder perante o dono do negócio e perante os terceiros com quem tratar (art. 861); 
comunicar ao dono do negócio o início da gestão, tanto que se faça possível, se da espera não resultar perigo (art. 864); 
administrar no interesse do dono e segundo sua vontade real ou presumida (art. 861); 
proceder com diligência habitual (art. 866); 
não se fazer substituir na gestão (art. 867), nem promover operações arriscadas (art. 868); 
DETALHE: ninguém é obrigado a iniciar a gestão, mas, se a iniciou, deve agir com o máximo de diligência, para que não advenha ao dono qualquer prejuízo.
FIGURAS AFINS: 
prestação de alimentos na ausência do alimentante (art. 871);
realização com despesas com o enterro (art. 872).
Em ambos os casos, é possível reaver as quantias pagas. Não reavendo, se predominou, no ato, o espírito de benemerência (pessoa de bem).
RATIFICAÇÃO: denomina-se “ratificação” o ato pelo qual o dono do negócio, ciente da gestão, aprova o comportamento do gestor. Pode ser expressa ou tácita. Esta última hipótese ocorre quando, tendo conhecimento da gestão e podendo facilmente desautorizá-la, o dono do negócio permanece silente, caso em que se terá a figura do mandato tácito. A ratificação pura e simples do dono do negócio retroage ao dia do começo da gestão e produz todos os efeitos do mandato.
3. PAGAMENTO INDEVIDO
Segundo o Art. 876 do Código Civil: “Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a restituir; obrigação que incumbe àquele que recebe dívida condicional antes de cumprida a condição”. 
Essa regra tem fundamento no princípio que veda o enriquecimento sem causa (especificamente disciplinado nos Arts. 884/886). O pagamento indevido é uma das formas de enriquecimento ilícito. Desse modo, se o pagamento “devido” é causa extintiva da obrigação (CC/2002, Art. 304), o pagamento “indevido” faz surgir uma obrigação, qual seja, a de restituir. É correto dizer que “quem recebe um pagamento sem que exista uma causa jurídica para ele será obrigado a restituí-lo” (Art. 876).
Esse é o caso, do pagamento excessivo, do pagamento de obrigação condicional antes de implementada a condição, ou do pagamento “por engano”, isto é, sem que o justificasse uma obrigação anterior. Ocorrendo qualquer dessas hipóteses (ou seja, exista erro quanto ao objeto da declaração ou à identidade do credor), quem recebeu o que era indevido tem o dever de restituir, ou seja, quem pagou poderá exigir a restituição. 
Requisitos necessários à caracterização do pagamento indevido: 
animus solvendi (intenção de pagar); com efeito, o Art. 877 fala em pagamento voluntário; 
inexistência do débito ou pagamento endereçado àquele que não seja o credor. 
Deve haver, ainda, por parte de quem pagou indevidamente, a prova de tê-lo feito por erro. Segundo o Art. 138 do Código Civil, será erro a figuração equivocada da realidade que poderia ser percebida “por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio”.
Se há dação de imóvel em pagamento indevido (CC/2002, Art. 879), e o accipiens de boa-fé o aliena de forma onerosa, deve restituir ao solvens o que recebeu. No entanto, se o accipiens agiu de má-fé, deve restituir, além do valor do imóvel, perdas e danos. Se o imóvel foi alienado a título gratuito ou, se alienado a título oneroso, o terceiro adquirente agiu de má-fé, cabe ao solvens o direito de reivindicar. O pagamento de dívida prescrita e o cumprimento de obrigação judicialmente inexigível geram “obrigação natural”, ou seja, obrigação (shuld) sem responsabilidade (haftung) (CC/2002, Art. 882). Assim sendo, o solvens, nesses casos, não tem obrigação de restituir. Observe-se, por exemplo, o que dispõe o Art. 814, primeira parte.
Art. 814. As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito.
4. ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA
É vedado o enriquecimento sem causa. Não é necessário que tenha ele causa ilícita (antijurídica), ou seja, o enriquecimento ilícito é espécie do gênero enriquecimento sem causa. Basta que não haja causa para que o pagamento se torne indevido e, portanto, obrigue a “restituir o indevidamente auferido”.
aumento patrimonial: há, no enriquecimento sem causa, melhora na situação patrimonial experimentadapela pessoa obrigada a restituir; 
enriquecimento à custa de outrem: alguém experimenta sacrifício econômico, para que o outro enriqueça; 
ausência de justa causa: se não há, na ordem jurídica, motivo que justifique o enriquecimento, diz-se que para ele não há “justa causa”.
É da jurisprudência brasileira que, na ação de enriquecimento ilícito, o autor deve provar: 
a) existência real de enriquecimento por parte do réu; 
b) existência real de um prejuízo para o autor; 
c) nexo causal entre o prejuízo sofrido e o lucro injusto (RT 458/122). 
No entanto, a 1ª Jornada de Direito Civil do CEF aprovou o Enunciado 35, cuja redação é a seguinte: “A expressão ‘se enriquecer à custa de outrem’ do CC 884 não significa, necessariamente, que deverá haver empobrecimento”.
De outro lado, é necessário lembrar que, nos termos do Enunciado 188 aprovado na 3ª Jornada do CEF, “A existência de negócio jurídico válido e eficaz é, em regra, uma justa causa para o enriquecimento”.

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