Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ROMA CLÁSSICA HISTÓRIA DA ARTE E ARQUITETURA I – PROF.ª CLARISSA BORGES Teresina, 09 de outubro de 2017 ROMA CLÁSSICA AULA DE HOJE PARTE I: • O povo romano: origem de Roma. Vestígios etruscos e herança grega. Características da sociedade romana. • Vitrúvio e a tratadística romana. • A arte de construir dos romanos: sistemas construtivos - arcos, abóbadas e cúpulas • Pantheon, paradigma da arquitetura romana PARTE II: Atividade de classe ROMA CLÁSSICA 1. O POVO ROMANO 1.1 A origem de Roma A civilização romana teria se desenvolvido onde hoje temos a Itália, situada entre as Penínsulas Balcânica e Ibérica. A sua origem possui duas versões: a mitológica, Rômulo e Remo e através da fusão dos povos: • gauleses, ao norte. • etruscos e latinos, na região central. • gregos, Magna Grécia. ROMA CLÁSSICA 1. O POVO ROMANO 1.1 A origem de Roma O mito de Rômulo e Remo (seriam filhos do deus Marte e da mortal Rhea Sílvia, princesa albana) explicaria a origem da cidade. Segundo a mitologia romana, os gêmeos teriam sido jogados no rio Tibre (que banha a cidade) por Amúlio (usurpador do trono de Alba Longa) e resgatados por uma loba que os amamentou e em seguida, criados por um casal de pastores. Crescidos, Rômulo e Remo retornam a Alba Longa e destronam Amúlio, recebendo a missão de fundar Roma. Versão mitológica ROMA CLÁSSICA 1. O POVO ROMANO 1.2 Os Vestígios Etruscos Foram os primeiros povos a impor o seu poder na maior parte da Península Itálica, dominando a região central antes dos séculos VI e VII a. C. Era formado por 12 cidades independentes, sendo as mais importantes: Volterra, Cortona, Fiesole e Chiusi. Dominavam a arte de decorar tumbas e tinham escrita. Cabeças votivas em terracota do século VI ou V a.C.. ROMA CLÁSSICA 1. O POVO ROMANO 1.2 Os Vestígios Etruscos NA ARQUITETURA, os romanos HERDARAM DOS ETRUSCOS : ARCO E ABÓBODA. O arco permitiu ampliar o vão entre uma coluna e outra. Assim o centro não se sobrecarrega mais que as extremidades e as tensões são distribuídas de forma mais homogênea. Desenho do arco e da abóbada, heranças etruscas na arquitetura romana. ROMA CLÁSSICA 1. O POVO ROMANO 1.3 A sociedade romana, valores e características Patrícios: Aristocracia romana, eram grandes proprietários agrícolas. Tinham direitos políticos, podiam ter funções no exército, na religião, na administração e na justiça. A sociedade romana era dividida em classes, quase não havia mobilidade social. Só ao longo dos anos algumas classes sociais conquistaram direitos. Plebeus: maioria da população e imigrantes (primeiras conquistas) livres. Não eram considerados cidadãos. Dedicavam-se ao comércio, artesanato e agricultura. PATRÍCIOS PLEBEUS ROMA CLÁSSICA 1. O POVO ROMANO 1.3 A sociedade romana, valores e características Clientes: Estrangeiros mais recentes e alguns plebeus que se associavam aos patrícios para sobreviver. Prestavam- lhes diversos serviços em troca de ganho econômico e promoção social. Escravos: Prisioneiros de guerras ou devedores. Faziam serviços pesados e domésticos, trabalhando, entre outras coisas, nas fazendas como capatazes e no trato agrícola. ESCRAVOS CLIENTES ROMA CLÁSSICA 1. O POVO ROMANO 1.3 A sociedade romana, valores e características Os romanos eram politeístas com mais de 60 divindades a serem cultuadas. Estas foram divididas em duas categorias: di indigetes, deuses que não são de outras mitologias e os di novensides, cuja origem é estrangeira. A maioria foram retirados do panteão grego, porém com seus nomes originais mudados: Cronos era Saturno para os romanos; Zeus era Júpiter - o deus do dia; Hera era Juno - deusa protetora do casamento, parto e da mulher; etc. Estátua de Netuno, divindade suprema do panteão romano ROMA CLÁSSICA 1. O POVO ROMANO 1.4 Evolução política de Roma Monarquia ( 753 a 509): governada por reis etruscos com poderes quase absolutos. Um desses reis, Numa Pompílio, foi o responsável pela criação do calendário Lunar. Em 509 a. C., os etruscos foram expulsos do Lácio, a Monarquia foi extinta e substituída pela República. República ( 509 a 27 a. C.): Governada por uma complexa estrutura política -administrativa: • Magistraturas (executivo) • Senado (legislativo, o mais poderoso) • Assembléias: elegia senadores e cônsules. Reprodução de uma sessão do Senado romano ROMA CLÁSSICA 1. O POVO ROMANO 1.4 Evolução política de Roma Império: (27 a. C. - 476 d. C.): Período de maior expansão e poder da civilização romana. Neste período, Roma passa a ser governada por imperadores que centralizavam poder em suas mãos, sendo confundido com deuses. Mapa do Império Romano ROMA CLÁSSICA 1. O POVO ROMANO 1. 5 A herança Grega NA ARQUITETURA A HERANÇA GREGA deu-se na apropriação das ordens arquitetônicas , com preferência pela ordem coríntia e a criação de duas novas ordens: Toscana: evolução da dórica, mas sem estrias no fuste. Compósita: fusão da ordem Jônica com a Coríntia Os romanos assimilaram dos gregos: alfabeto, a mitologia, filosofia, democracia (república) e a arte e arquitetura. ROMA CLÁSSICA 2. A ARTE DE CONSTRUIR DOS ROMANOS 2.1 Os construtores A civilização romana tinha um alto grau de desenvolvimento técnico. Construíram uma extensa rede de estradas e pontes (essenciais para a comunicação entre as cidades e a invasão de povos vizinhos), aquedutos além de outras edificações ligadas à religião, à vida civil, ao lazer e a cultura entre outros exemplos. Ponte construída pelos romanos na Europa. ROMA CLÁSSICA 2. A ARTE DE CONSTRUIR DOS ROMANOS 2.1 Os construtores Estrada romana e Aqueduto romano na Espanha (Ver vídeos) ROMA CLÁSSICA 2. A ARTE DE CONSTRUIR DOS ROMANOS 2.1 Os sistemas construtivos Ampliaram os métodos e as técnicas construtivas utilizadas até então, causando grande impacto nas formas e espaços arquitetônicos construídos. ARCO Tem origem etrusca e é o elemento básico a partir do qual foram desenvolvidas as abóbadas e as cúpulas. Possibilitou a construção de vãos maiores ou de grandes espaços cobertos, gerando uma espacialidade inteiramente nova: imensos volumes com generosos espaços internos. ROMA CLÁSSICA 2. A ARTE DE CONSTRUIR DOS ROMANOS 2.1 Os sistemas construtivos ARCO 1) Chave, 2) Aduela, 3) Extradorso, 4) Imposta, 5) Intradorso, 6) Flecha 7) Vão ou Luz, 8) Contraforte. Partes que compõem o arco romano: ROMA CLÁSSICA 2. A ARTE DE CONSTRUIR DOS ROMANOS 2.1 Os sistemas construtivos ABÓBADAS E CÚPULAS As abóbadas são a extrusão de um arco no sentido longitudinal, enquanto uma cúpula é um arco em revolução (giro) a partir de seu eixo central. ABÓBADA CÚPULA ROMA CLÁSSICA 2. A ARTE DE CONSTRUIR DOS ROMANOS 2.1 Os sistemas construtivos ABÓBADA CILÍNDRICA Arco estreito, formando teto em semicilindro. ABÓBADA DE ARESTA Duas abóbadas cilíndricas da mesma altura em interseção , de modo a formar um ângulo reto. Sistemas construtivos da antiguidade ROMA CLÁSSICA 2. A ARTE DE CONSTRUIR DOS ROMANOS 2.1 Os sistemas construtivos O CONCRETO É atribuída aos romanos a invenção do concreto, outra importante contribuição tecnológica. Na verdade uma argamassa ou concreto primitivo, composto por um material vulcânico chamado pozzolana, areia e seixo rolado de rio. ROMA CLÁSSICA 2. A ARTE DE CONSTRUIR DOS ROMANOS 2.1 Ossistemas construtivos O CONCRETO E A CÚPULA Esta argamassa (concreto), associada ao tijolo de barro (muito comum na Itália até hoje) tornou possível a construção de grandes abóbadas e cúpulas. Cúpula do Pantheon de Roma, é definidora da sua espacialidade interna. ROMA CLÁSSICA ( CONTINUAÇÃO) 1. VITRÚVIO E A TRATADÍSTICA ROMANA 1.1 Codificação, registro e transmissão da cultura arquitetônica • Marcus Vitruvius Pollio (c. 90 - 20 a.C.) foi um engenheiro militar e arquiteto romano. • Escreveu De Architectura (Na arquitetura), um Tratado que combina a história da antiga arquitetura e engenharia e a experiência e conselhos do autor sobre o assunto. ROMA CLÁSSICA ( CONTINUAÇÃO) 1. VITRÚVIO E A TRATADÍSTICA ROMANA 1.1 Codificação, registro e transmissão da cultura arquitetônica • O livro tornou-se uma grande fonte de conhecimento, não só na arquitetura grega e romana, mas também em uma ampla gama de outros temas como ciência, matemática, geometria, astronomia, astrologia, medicina, meteorologia, filosofia e a importância dos efeitos da arquitetura, estética e prática, sobre a vida cotidiana dos cidadãos. Cópia da obra de Vitrúvio, De Architectura ROMA CLÁSSICA ( CONTINUAÇÃO) 1. VITRÚVIO E A TRATADÍSTICA ROMANA 1.1 Codificação, registro e transmissão da cultura arquitetônica • De Architectura divide-se em 10 livros: Livro I: educação ideal do arquiteto, dos princípios e divisões de arquitetura, fortificações, princípios de bom urbanismo. Livro II: sobre as origens dos edifícios e os vários materiais empregados na sua construção como tijolos, areia, pedra e madeira e os vários tipos de paredes. Livro III: sobre a matemática e proporções corretas de colunas e templos. Da Vinci criou o seu famoso Homem Vitruviano baseada nas proporções descritas por Vitrúvio (capítulo 1 do livro III). ROMA CLÁSSICA ( CONTINUAÇÃO) 1. VITRÚVIO E A TRATADÍSTICA ROMANA 1.1 Codificação, registro e transmissão da cultura arquitetônica Livro IV: sobre as ordens arquitetônicas Dórica, Jônica e Coríntia e os vários tipos de templos e altares. Livro V : vários edifícios romanos, como a Basílica; o design para teatros obterem a melhor acústica e conselhos sobre a construção de portos. Livro VI: sobre os efeitos das alterações climáticas e as melhores fundações e layouts para casas particulares. Livro VII: pavimentação, cofres e pinturas de parede, incluindo as melhores cores e suas origens e história de uso. Tratado de Arquitetura, Vitruvio. Edição em português ROMA CLÁSSICA ( CONTINUAÇÃO) 1. VITRÚVIO E A TRATADÍSTICA ROMANA 1.1 Codificação, registro e transmissão da cultura arquitetônica Livro VIII: trata-se de água, suas fontes e transporte através de aquedutos. Livro IX : sobre o estudo da astronomia e sua relevância para as arquiteturas e medir o tempo usando relógios e relógios de água. Livro X: descreve várias máquinas e dispositivos, tais como armas como catapultas, balistas e motores de cerco, máquinas orientadas para a água e dispositivos de medição de distâncias. Tratado de Arquitetura, Vitruvio. Edição em português ROMA CLÁSSICA ( CONTINUAÇÃO) 1. VITRÚVIO E A TRATADÍSTICA ROMANA 1.2 Utilitas, Firmitas e Venustas A tríade de Vitruvio: firmitas, venustas e utilitas (firmeza, beleza e funcionalidade) representavam as condicionantes necessárias para o desenvolvimento dos novos programas de necessidades de Roma. Esses pressupostos (firmeza, beleza e funcionalidade),passaram a definir a forma final da edificação, resultando posteriormente no que hoje denominamos de tipologia arquitetônica. ( próxima aula) Teto de Basílica Romana em formato de cúpula. ROMA CLÁSSICA ( CONTINUAÇÃO) 3. O PANTHEON : PARADIGMA DA ARQUITETURA ROMANA 3.1 O espaço, a técnica e a introversão da arquitetura Foi construído pelo general Marcus Vipsanius Agrippa (c. 63 - 12 a. C.) e reconstruído pelos Imperadores Trajano e Adriano sob a direção do arquiteto Apolodoro de Damasco, em torno de 115 d. C. PANTHEON era um templo dedicado a diversas divindades romanas. Perfeição estético-espacial através da conjunção de elementos técnicos, volumétricos e principalmente simbólicos, que serviram de base e protótipo para as grandes cúpulas renascentistas posteriores. Fachada do PANTHEON, Roma ROMA CLÁSSICA ( CONTINUAÇÃO) 3. O PANTHEON : PARADIGMA DA ARQUITETURA ROMANA 3.1 O espaço, a técnica e a introversão da arquitetura Características arquitetônicas do PANTHEON Forma definida por uma semiesfera monumental (cúpula) de 43 metros de diâmetro. Base cilíndrica (sustenta a cúpula) com altura também da medida do raio da cúpula. ROMA CLÁSSICA ( CONTINUAÇÃO) 3. O PANTHEON : PARADIGMA DA ARQUITETURA ROMANA 3.1 O espaço, a técnica e a introversão da arquitetura Características arquitetônicas do PANTHEON Primeiro frontão Segundo frontão Bloco intermediário Bloco cilíndrico com cúpula e domus Pórtico ROMA CLÁSSICA ( CONTINUAÇÃO) 3. O PANTHEON : PARADIGMA DA ARQUITETURA ROMANA 3.1 O espaço, a técnica e a introversão da arquitetura Características arquitetônicas do PANTHEON O conjunto, foi construído com pedras de mármore e o primitivo concreto romano. Atenção: A cúpula foi modelada e preenchida com concreto e para aliviar o peso, foram adicionadas pedras-pomes ou tufo (pedra vulcânica de baixa densidade). MATERIAIS ROMA CLÁSSICA ( CONTINUAÇÃO) 3. O PANTHEON : PARADIGMA DA ARQUITETURA ROMANA 3.1 O espaço, a técnica e a introversão da arquitetura Características arquitetônicas do PANTHEON Detalhe construtivo da cúpula do PANTHEON “É um exemplo de sistema construtivo conhecido como massa ativa, no qual a massa trabalha distribuindo as forças de forma homogênea, sem transferi-las para outros elementos estruturais como vigas e pilares por exemplo”. (GIROTO, 2015) ROMA CLÁSSICA ( CONTINUAÇÃO) 3. O PANTHEON : PARADIGMA DA ARQUITETURA ROMANA 3.1 O espaço, a técnica e a introversão da arquitetura Características arquitetônicas do PANTHEON Possui uma única abertura circular ( 9 m de diâmetro) no topo, chamada de “óculo”, ilumina cenograficamente todo interior do templo. Razões técnicas e simbólicas do uso: Diminuir o peso excessivo da cúpula que cairia e para comunicação direta com os deuses e a astronomia, uma vez que pelo óculo entra um facho (nos equinócios e no solistício de verão) de luz que permite estudos de astronomia. ROMA CLÁSSICA ( CONTINUAÇÃO) 3. O PANTHEON : PARADIGMA DA ARQUITETURA ROMANA 3.1 O espaço, a técnica e a introversão da arquitetura Características arquitetônicas do PANTHEON Corte lateral Planta baixa Vista superior ROMA CLÁSSICA ( CONTINUAÇÃO) 3. O PANTHEON : PARADIGMA DA ARQUITETURA ROMANA 3.2 Análise comparativa entre o Pantheon e o Parthenon. Parthenon ( Grécia): Uso do templo como moradia de algum deus, inacessível e proibida ao povo. Valorização da beleza ou aspecto exterior. Fachada reconstruída e ruínas arqueológicas do Parthenon. ROMA CLÁSSICA ( CONTINUAÇÃO) 3. O PANTHEON : PARADIGMA DA ARQUITETURA ROMANA 3.2 Análise comparativa entre o Pantheon e o Parthenon. Pantheon (Roma): Possui um grande espaço interno vazio e arredondado, ou seja, um espaço que abrigava um grande número de pessoas. A espacialidade é mais importante que a beleza exterior . Reconstrução e estado atual da edificação do Pantheon romano. ROMA CLÁSSICA ATIVIDADE DE CLASSE Criar quadro comparativo da arquitetura grega e romana a partir da análise do Panteon e o Partenon, levando em consideraçãoas características formais, compositivas e culturais. Panteon romano Partenon grego Obrigado!
Compartilhar