Buscar

PROCESSO CIVIL II COISA JULGADA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

COISA JULGADA
1 – Introdução
	Todo o processo judicial possui sentença (ou acórdão nas ações de competência originária dos tribunais). Em um determinado momento, essa sentença irá se tornar imutável e indiscutível dentro do processo em que foi proferida. 
	Para que isso aconteça, basta que não seja interposto nenhum recurso cabível ou que os recursos cabíveis interpostos já tenham sido decididos.
	Lembrando ainda dos casos em que há remessa necessária (496), o processo só chega ao fim após a análise obrigatória da decisão pelo tribunal de segundo grau.
	Em resumo, quando não for mais cabível qualquer recurso ou tendo sido exaurida as vias recursais, a sentença transita em julgado, expressão que indica que ela ganhou uma característica: não pode, em regra, ser alterada.
	A CJ pode acontecer em qualquer processo. 
1 – Conceito
1.1 – Coisa Julgada Formal e Coisa Julgada Material – artigo 502, CPC
	Coisa Julgada Formal é o impedimento de modificação da decisão judicial por qualquer meio processual dentro do processo em que foi proferida. Dizemos que todas as sentenças produzem coisa julgada formal.
	Coisa Julgada Material é o impedimento de modificação da decisão judicial que se projeta para fora do processo, tornando a decisão imutável e indiscutível para além dos limites do processo em que foi proferida. Quando ocorre a CJ Material, a decisão não pode mais ser alterada ou desconsiderada em outros processos. Dizemos que nem todas as sentenças produzem coisa julgada material.
	A CJ Material só ocorre nas sentenças de mérito (definitivas) proferidas mediante cognição exauriente. Ou seja, nas sentenças terminativas e nas sentenças de mérito proferidas mediante cognição sumária, ela não ocorre. 
	O conceito de CJ Material está previsto no artigo 502 do CPC. Ler.
1.2 – Coisa Julgada Total e Coisa Julgada Parcial
	Cada pedido feito pela parte é analisado pelo juiz na sentença. Chamamos de capítulo da sentença cada um dos momentos em que o juiz analisa os diversos pedidos realizados. 
	Se uma sentença tiver mais de um capítulo é porque ela teve mais de um pedido. A parte recorrente pode ficar satisfeita com um capítulo e ficar insatisfeita com outro capítulo. Nasce, nesse momento, o que chamamos de recurso parcial ou recurso total, ou seja, quando a parte sucumbente decide recorrer para impugnar apenas um capítulo ou todos os capítulos da sentença.
	O capítulo que não foi impugnado pode transitar em julgado, ou seja, pode fazer coisa julgada? Depende.
	Esses diferentes capítulos poderão ser autônomos e independentes ou apenas autônomos.
	Se o capítulo impugnado é apenas autônomo, a CJ do capítulo não impugnado não ocorre, em razão do que chamamos de efeito expansivo objetivo externo do recurso, expressão complicada que indica apenas que o capítulo não impugnado pode ser reformado. 
	Se o capítulo é autônomo e independente a questão é controvertida.
1ª Corrente – a impugnação de apenas um ou alguns capítulos faz com que os capítulos não impugnados transitem em julgado. (Dinamarco, BM, HTJ e STF AP 470). É possível é a ocorrência da Coisa Julgada Parcial.
	A isso chamamos de Coisa Julgada Fragmentada ou Parcial.
	O STF acatou a tese e indicou inclusive que serão diferentes os termos iniciais para a contagem do prazo da ação rescisória em relação aos capítulos que transitarão em momentos distintos (RE 666.589). 
2ª Corrente – a impugnação de apenas um ou alguns capítulos não faz com que os capítulos não impugnados transitem em julgado, ao contrário, a CJ só ocorre após o julgamento do último recurso interposto, independentemente se o recurso é total ou parcial, para evitar a ocorrência de vários trânsitos em julgados no mesmo processo. Não é possível a ocorrência da Coisa Julgada Parcial (REsp 736.650).
2 – Efeitos da Coisa Julgada
2.1 – Efeito Negativo
	A imutabilidade gerada pela CJ Material impede que a mesma causa seja novamente enfrentada judicialmente em novo processo. Por mesma causa devemos entender novo processo com as mesmas partes, causa de pedir e pedido de um processo anterior decidido por sentença de mérito transitada em julgado. 
	O fundamento para o impedimento a um novo processo é a economia processual e a harmonização dos julgados.
	O impedimento de nova julgamento de mérito é o efeito negativo da CJ. A doutrina e a jurisprudência têm entendimento pacífico de que o efeito negativo só ocorre se houver a tríplice identidade. 
	O juiz pode reconhecer a CJ de ofício (485, V). Como nem sempre ele consegue saber que existiu outro processo, o réu deve alegar a sua ocorrência como matéria de defesa de mérito indireta peremptória (337, VII). 
2.2 – Efeito Positivo
	O efeito negativo é impedir o ajuizamento de nova demanda. Uma parte só ajuíza nova ação quando já há CJ por má-fé ou ignorância do patrono da 2ª ação. 
	O efeito positivo da CJ é vincular o juiz de uma futura demanda, diferente daquela em que houve CJ, ao que foi decidido em demanda anterior. É a aplicação da Teoria da identidade da relação jurídica.
3 – Limites da Coisa Julgada
3.1 – Limites Objetivos – artigo 504, CPC
	É histórico o entendimento de que somente a parte dispositiva da decisão de mérito faz CJ material, de modo que é permitido que os fundamentos da decisão possam voltar a ser discutidos em outro processo, inclusive com a adoção pelo juiz de um posicionamento contrário ao que restou consignado na demanda anterior (HTJ; Nery). 
	
	Mas é claro, essa nova discussão não poderá alterar o conteúdo do dispositivo da decisão anterior que fez CJ material.
	Ler artigo 504. Ele confirma que somente o dispositivo faz CJ material, porque informa expressamente que os motivos e a verdade dos fatos, que fazem parte da fundamentação da sentença, não fazem CJ. 
3.2 – Limites Subjetivos – 506
	Todos os sujeitos (partes e terceiros) suportam os efeitos da decisão, mas a CJ os atinge de forma diferente. As partes se vinculam à CJ; os 3º sofrem os efeitos jurídicos da decisão; mas não podem ser prejudicados pela CJ. Ler 506.
	Assim, se fala que a CJ no processo individual é inter partes. 
	Na tutela coletiva, porém, a regra é diferente, podendo ser erga omnes (perante toda a coletividade) ou ultra partes, porque só atinge determinados sujeitos.
	Nos direitos difusos (indeterminação e indeterminabilidade dos titulares do direito), a CJ é erga omnes (perante toda a coletividade) – artigo 103, I do CDC.
	Nos direitos coletivos, a CJ é ultra partes, porque só atinge os sujeitos que compõe um grupo, classe e categoria de pessoas – artigo 103, II do CDC.
	Nos direitos individuais homogêneos, a CJ é erga omnes, atinge todas as vítimas e seus sucessores – artigo 103, III do CDC.
4 – Eficácia Preclusiva da Coisa Julgada – 508
	O artigo 508 veicula o que chamamos de eficácia preclusiva da CJ. Ler. Se o réu tem uma matéria de defesa e não arguiu na CT, não pode ingressar com outra demanda arguindo matéria de defesa que deveria ter sido apresentada em processo já extinto com CJ material (Didier). 
	A eficácia preclusiva também atinge o autor, desde que mantida a tríplice identidade.
	A regra é: sempre que o enfrentamento de uma alegação puder levar à decisão que contrarie o dispositivo de decisão protegida pela CJ Material, aplica-se a regra da eficácia preclusiva da CJ para impedir uma nova decisão a seu respeito.
5 – Coisa Julgada nas relações continuadas – 505, I
	É possível rever a sentença de mérito transitada em julgado na hipótese de modificação superveniente no estado de fato ou de direito quando a relação jurídica for de trato continuado. 
Exemplos: alimentos, revisão de aluguel, água, luz. Tais relações fazem coisa julgada material, com a especialidade de sua revisão ser condicionada à modificação do estado de fato ou de direito. É o entendimento da doutrina majoritária (Didier, BM, Assumpção Araken).
	O artigo 15 da Lei 5.478/68 diz que “a decisão judicial sobre alimentos não transita em julgadoe pode a qualquer tempo ser revista, em face da modificação da situação financeira dos interessados”. O texto deve ser revisto, porque há trânsito em julgado sim, porém, por ser relação de trato continuado, ela pode ser revisada quando existir uma nova causa de pedir (novos fatos ou novo direito) que legitime tal modificação.
6 – Relativização da Coisa Julgada
	A preservação da CJ é a regra, com fundamento na segurança do ato jurídico perfeito, do direito adquirido e da coisa julgada, nos termos do art. 5º, XXXVI da CRFB/88. 
	Há duas formas atípicas de relativizar a coisa julgada: 
a) Coisa Julgada Inconstitucional – tem por objetivo afastar a coisa julgada de sentenças de mérito transitadas em julgado que tenham como fundamento norma declarada inconstitucional pelo STF.
b) Coisa Julgada Injusta Inconstitucional – tem por objetivo afastar a coisa julgada de sentenças de mérito transitadas em julgado que produzem extrema injustiça, afrontando valores constitucionais do Estado. 
	Nessas duas formas, repare que o vício está na sentença, que é inconstitucional, e não na coisa julgada. O nome não é bom. 
	A espécie típica ou tradicional de relativizar a coisa julgada é a ação rescisória. 
Conceito de ação rescisória: é uma ação autônoma de impugnação que busca, preenchidos os requisitos legais, desconstituir decisões judiciais que tenham gerado coisa julgada material. É considerada uma hipótese legal de relativização da coisa julgada, estando prevista no artigo 966, CPC (ler caput e incisos). Ela pondera os valores justiça da decisão e segurança jurídica, preferindo o primeiro. 
7 – Coisa Julgada nas Ações Coletivas
	Quando estivermos diante de direitos coletivos e difusos, a CJ, em caso de improcedência do pedido, é diferente da CJ nos processos individuais. 
	Em regra, a imutabilidade e indiscutibilidade gerada pela CJ não depende do fundamento da decisão. Todavia, nos direitos difusos e coletivos, caso a sentença tenha como fundamento a ausência ou a insuficiência de provas, não se impedirá a propositura de novo processo com os mesmos elementos da ação (partes, causa de pedir e pedido).
	A essa possibilidade de nova demanda coletiva nos casos de insuficiência de provas, chamamos de coisa julgada secundum eventum probationis, em contraposição à CJ secundum eventum litis, regra geral contida no artigo 506, na qual qualquer que seja o fundamento que leve à improcedência, não é permitida nova ação. 
	O fundamento para tal afirmação é a de que os titulares do direito coletivo ou difuso, ao não participarem efetivamente do processo, não poderão ser prejudicados por uma má condução procedimental ou por qualquer fraude ocorrida na ação coletiva. 
	Não é justo ou legítimo colocar em toda a coletividade a falha na condução do processo por cometida por um ente. Assim, a ausência de efetiva participação dos titulares do direito em um processo em contraditório é o fundamento para a existência da coisa julgada secundum eventum probationis.

Outros materiais