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PROCESSO CIVIL II PROVAS – TEORIA GERAL

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AULA 07
PROVAS – TEORIA GERAL
1 – Conceito de Prova
	A doutrina processualista diverge sobre o conceito de prova, considerando as diversas áreas em que a palavra pode ser empregada. 
Câmara: “provas são os meios ou os elementos que contribuem para a formação da convicção do juiz a respeito da existência de determinados fatos”. 
Amaral dos Santos: “Prova é a convicção sobre os fatos alegados em juízo”. 
Dinamarco: “Prova é o conjunto de atividades de verificação e demonstração, que tem como objetivo chegar à verdade relativa às alegações de fatos que sejam relevantes para o julgamento”.
2 – Verdade Possível e Verossimilhança
	Desde Miguel Reale – idealizador do CC/02, membro da Academia Brasileira de Letras, professor da USP, criador da teoria tridimensional do direito (fato, valor e norma / sociológica, axiológica e normativa) – a verdade é algo que não pode ser alcançado, seja qual for a ciência que estiver analisando o conhecimento humano dos fatos.
	Por isso, ele formulou o conceito de quase verdade dos fatos. Explica-se: no processo, é impossível a obtenção da verdade absoluta, por conta dos sujeitos que dele participam, ou seja, as partes (que só levam provas que as beneficiam), os auxiliares do juízo, que nem sempre conseguem reconstituir os fatos de forma exata, e o juiz, que não acompanha a produção de todas as provas, somente confiando naquilo que lhe é apresentado como verdade. 
	Como são muitos os sujeitos e os interesses envolvidos na produção das provas, é de se esperar que ela não venha a traduzir fielmente a ocorrência dos fatos. 
	Considerando esse conjunto de fatores, podemos inferir que a verdade absoluta ou integral não é possível no processo civil (e nem nas outras áreas do direito). Isso não deve, porém, fazer a gente pensar que a prova não vale nada. Devemos compreender, então, como uma decisão judicial pode ser correta se a verdade não pode ser alcançada de modo pleno.
	Uma parcela da doutrina (Arruda Alvim) entende que é suficiente para o processo a verossimilhança, entendida como a aparência da verdade gerada pela alegação de um fato que costuma ordinariamente ocorrer. 
	Outra parcela da doutrina (Teori Zavaski, José Roberto dos Santos Bedaque, Assumpção, Fux) entende que o devemos buscar a verdade possível, entendida como a aparência da verdade gerada pela prova produzida no caso concreto. É a verdade alcançável no processo, que coloca o juiz o mais próximo possível do que efetivamente ocorreu no mundo dos fatos.
Diferença: Na verossimilhança, a mera frequência com que o fato ocorre em situações similares torna o fato verdadeiro; na verdade possível, deve ser provada a ocorrência do fato no caso concreto. Na verossimilhança é feita uma análise genérica e abstrata; na verdade possível a verdade é obtida pelas provas produzidas no processo. 
	Assim, vejam bem, a segunda corrente entende que o que se deve buscar é a melhor verdade possível dentro do processo, considerando as limitações existentes e conscientes de que a busca da verdade não é um fim em si mesmo. Ela apenas funciona como um dos fatores para a efetiva realização da justiça, conferindo uma prestação jurisdicional de boa qualidade. 
2.1 – Verdade Formal e Verdade Real
	Essas expressões não são mais utilizadas. É comum ainda ouvirmos que o processo penal lida com a verdade real (material), enquanto o processo civil lida com a verdade formal (processual). Primeiro porque verdade é uma só, em qualquer campo. Essa verdade única é inalcançável, tanto no processo civil quanto no processo penal. 
	A diferença de intensidade da busca da verdade não se relaciona com a verdade em si, compreendem? Na intensidade, busca-se o maior ou menor esgotamento das provas disponíveis na busca da verdade. 
	Os valores protegidos na esfera penal impõem um cuidado maior na busca da verdade, mas isso não quer dizer que tal cuidado não possa existir na esfera cível. É possível, inclusive, que o processo civil tutele um valor maior do que o processo penal. 
	A verdade alcançável é uma só, e ela não é material nem formal, é processual, ou seja, decorre da mais ampla instrução probatória possível, o que deve ocorrer em todos os ramos do direito. Nesse sentido: Barbosa Moreira, Bedaque, Scarpinella Bueno.
3 – A prova é um direito?
	Sim, a prova é um direito constitucionalmente garantido. Veja o conteúdo dos incisos LV e LVI da CRFB/88:
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos.
	A garantia do devido processo legal e do contraditório alçam o direito à prova no processo civil ao plano constitucional. Todavia, o direito à prova não é absoluto, ao contrário, como todo direito, sofre limitações. A obtenção da verdade, como já foi dito, não é um fim em si mesma, jamais pode ser considerada como o único objetivo do processo.
4 – Princípios 
4.1 – Princípio da Comunhão da Prova – artigo 371, primeira parte – informa que, uma vez produzida, a prova passa a pertencer ao processo, e não a quem a produziu. 
4.2 – Princípio do Livre Convencimento Motivado – artigo 371, parte final.
	Houve um tempo em que vigorava o sistema da Prova Tarifada. Nele, o juiz não tinha liberdade para valorar a prova, pois era a lei que pré-estabelecia o seu valor. O juiz era um simples calculador, que somava as provas produzidas para verificar a ocorrência dos fatos alegados e declarava vitorioso aquele que somasse o maior número de pontos.
	Atualmente, a prova tarifada não tem aplicação no OJ, ressalvadas raras exceções (406, CPC).
	Sistema diametralmente oposto é o do livre convencimento ou persuasão íntima, na qual a liberdade do juiz é plena, não precisando justificar suas escolhas. Peca pelo excesso oposto, de nenhuma liberdade para total liberdade.
	O NCPC adotou um caminho intermediário, denominado sistema do livre convencimento motivado ou persuasão racional, pelo qual o juiz é livre para formar o seu convencimento, dando às provas produzidas o peso que entender cabível no processo, não havendo, em regra, hierarquia entre os meios de prova, não havendo meio de prova mais importante do que outro. 
	O livre convencimento motivado, porém, deixa o juiz parcialmente livre para a apreciação da prova. Se é o juiz quem dá peso à prova no caso concreto, ele não pode livremente decidir sobre tal carga probatória, devendo, ao contrário, motivar a sua decisão. Ler 479. 
5 – Deveres das Partes e de Terceiros – artigos 369 e 378 a 380 – só ler.
6 – Produção da Prova pelo Juiz – artigo 370 
	É a possibilidade de instrução probatória de ofício que permite a aplicação do princípio da isonomia no processo civil. A igualdade de partes desiguais em termos econômicos ou técnicos só pode ser efetivada no processo com a permissão da atividade instrutória de ofício, pois ela pode evitar que a vitória ocorra em razão de superioridade econômica ou técnica de uma delas. 
	A paridade de armas, exigência do contraditório efetivo, muitas vezes exige do juiz uma posição mais ativa na instrução probatória, como forma de igualar as chances de ambas as partes se sagrarem vitoriosas na demanda (Bedaque e Dinamarco).
	A produção de prova de ofício não contamina a imparcialidade porque ao determinar a produção da prova o magistrado não sabe qual será o seu resultado. O resultado da prova beneficiará o titular do direito material, sendo este o objetivo precípuo da atividade jurisdicional.
	O artigo 370 é dividido em duas partes. Ler. A primeira trata da produção de provas de ofício. A segunda trata do indeferimento fundamentado das provas inúteis ou protelatórias.
	A produção de prova de ofício é uma faculdade, e não um dever. Não é nula a sentença que aplica a regra da inversão do ônus da prova quando poderia ter produzido a prova de ofício. 
	Ver Enunciado 297, FPPC: “o juiz quepromove julgamento antecipado do mérito por desnecessidade de outras provas não pode proferir sentença de improcedência por insuficiência de provas”.
7 – Classificação das Provas
	A doutrina apresenta as mais diversas classificações para as provas. Apresento aqui as mais conhecidas e as que mais são cobradas em provas.
7.1 – Provas Típicas e Atípicas
	Não existe rol restritivo dos meios de prova, conclusão que se tira da expressão “todos os meios legais” contida no artigo 369, CPC.
	
	Assim, devemos entender que os meios de prova que estudaremos no CPC são meramente exemplificativos, admitindo-se outros meios de prova que não estejam previstos na CPC, desde que não contrariem a norma legal. 
	Chama-se prova típica aquelas previstas nos artigos 384 a 484, CPC; e prova atípicas as não previstas no CPC. 
7.2 – Prova Ilícita – artigo 5º, LVI, CF e 369, CPC
	Prova ilegal é gênero, que possui duas espécies: 
a) Prova ilegítima – é aquela que viola norma de direito processual, verificável no momento da produção da prova no processo. Diz respeito ao modo pelo qual a prova foi obtida. O meio de prova é permitido, mas a forma da sua produção contém vícios. 
b) Prova ilícita – é aquela que viola norma de direito material, verificável no momento da colheita da prova. O próprio meio de prova não é admitido pelo direito. 
	Essa divisão, contudo, não impede que seja a mesma a gravidade da violação. Entra aqui em cena a noção de provas inconstitucionais, que são aquelas produzidas com violação de normas processuais ou materiais sempre que violarem direito fundamental previsto na CF. Ver artigo 5º, LVI.
	A CF veda o uso de prova ilícita pelo juiz. A pergunta que se faz é: A vedação da prova ilícita é absoluta?
1ª Corrente – Restritiva – Sim, em nenhuma hipótese a prova ilícita pode ser utilizada. Fundamento legal: artigo 5º, LVI, CF e 369, CPC. 
	Advém dessa corrente a Teoria dos frutos podres da árvore envenenada (fruits of the poisonous tree), pela qual se admite o uso de uma prova lícita, porém colhida como desdobramento de uma prova obtida de forma ilícita. 
	Exceções da Teoria: 
a) A contaminação só atinge as provas que tenham efetivamente derivadas da prova ilícita; 
b) A descoberta inevitável permite que a prova seja admitida se ficar demonstrado que ela poderia ser obtida por outros meios lícitos; 
c) Limitação da Descontaminação – a prova pode ser admitida se o vício puder ser convalidado mediante acontecimento posterior, como a confissão espontânea.
	O STF já aplicou a exceção da teoria prevista no item a e b (HC 93.050).
2ª Corrente – Permissiva – Não. Ao contrário, o direito à prova é absoluto e superior a qualquer outro que se busque resguardar com a vedação de sua utilização no convencimento do juiz. Assim, a parte que produz uma prova ilícita deve responder pela ilicitude, mas a prova em si deve ser admitida no processo. Não tem adeptos no Brasil.
3ª Corrente – Intermediária – A vedação do uso da prova ilícita não é absoluta. A depender das circunstâncias, em aplicação do princípio da proporcionalidade, a prova ilícita poderá ser utilizada, sem prejuízo das sanções civis e penais de quem as produziu. É a corrente majoritária no direito brasileiro (BM, Marinoni, Didier, Assumpção, Dinamarco).
	São condições para a admissão da prova ilícita:
a) gravidade do caso;
b) espécie de relação jurídica controvertida;
c) dificuldade de demonstrar a veracidade de forma lícita;
d) prevalência do direito protegido com a utilização da prova lícita em comparação com o direito violado;
e) imprescindibilidade da prova para o convencimento do magistrado.
	Ainda sobre o tema, ver Enunciado 301, FPPC: “Aplicam-se ao processo civil, por analogia, as exceções previstas nos §§ 1º e 2º do artigo 157, CPP”. 
7.3 – Prova Indiciária – artigo 239, CPP
Exemplo: Carina ajuíza ação de danos materiais em face de Antônio afirmando que Antônio bateu em seu carro estacionado na vaga do prédio. Antônio nega qualquer participação no evento. Carina traz aos autos duas provas: a de que o porteiro abriu o portão de madrugada para Antônio entrar de carro; e foto do carro de Antônio com o para-choque amassado e com tinta na mesma cor do carro de Carina. As duas provas trazidas por Carina são nitidamente indiciárias. 
7.4 – Prova Emprestada – artigo 372, CPC
	Em regra, a prova deve ser produzida dentro do processo em que será utilizada como meio de prova. Em determinados casos, porém, com fundamento no princípio da economia processual ou quando a repetição de uma prova é impossível, adite-se aplicar em um processo uma prova já produzida em outro processo, fenômeno conhecido como prova emprestada.
	O contraditório é o limite da utilização da prova emprestada. Ler 372. 
	O STJ admite a prova emprestada mesmo diante da diferença de partes no processo de origem e de destino da prova, afirmando que o essencial é o contraditório, e não a identidade subjetiva das duas demandas (EREsp 617.428).
	A prova pode ser emprestada de qualquer processo, ainda que de “justiças diferentes”. A prova penal pode ser utilizada no processo civil, mesmo que a ação penal ainda não tenha transitado em julgado (AREsp 24.940).
	O STJ admite a prova emprestada produzida em inquérito policial de ação civil pública, desde que produzida dentro da legalidade (RHC 52.209).
7.5 – Prova de fora da Terra
	É a prova produzida por carta precatória. 
7.6 – Prova Diabólica
	É o termo utilizado para se referir a uma situação em que a produção da prova é impossível ou excessivamente difícil de ser produzida pela parte que alegou o fato. Geralmente recai sobre fatos negativos. 
8 – Ônus da Prova 
8.1 – Ônus Subjetivo e Ônus Objetivo
	Quando falamos em ônus subjetivo, queremos saber quem (pessoa) deve produzir a prova.
	Quando falamos em ônus objetivo, falamos de uma regra de julgamento aplicada pelo juiz no momento de proferir a sentença, nos casos em que a prova é inexistente ou insuficiente.
	No aspecto objetivo, o ônus da prova afasta a possibilidade de o juiz deixar de julgar porque possui dúvidas a respeito das alegações de fato. Ele é obrigado a julgar com ou sem provas e, por isso, aplica o ônus objetivo quando não está convencido.
	O ônus da prova é uma regra de julgamento, aplicada na fase de sentença, nas demandas que chegam à fase decisória, mas que ainda possuem fatos controvertidos, não devidamente comprovados durante a fase de instrução probatória. Diante da ausência ou insuficiência da prova, o juiz deve indicar qual das partes tinha o dever de provar, colocando essa parte numa situação de desvantagem processual.
	Assim, o ônus objetivo da prova também pode ser visto como uma regra de conduta das partes, porque indica quem poderá ser prejudicado em caso de ausência ou insuficiência da prova.
	O ônus objetivo da prova somente tem aplicação nos casos em que a prova é inexistente ou insuficiente.
8.2 – Regra Geral de Distribuição do Ônus da Prova – artigo 373, I e II, CPC
	Regra geral: Cabe ao autor o ônus de provar os fatos constitutivos do seu direito. Ler inciso I. Isso quer dizer que o autor deve provar a matéria fática que traz em sua PI e que serve como origem da relação jurídica deduzida em juízo.
	E o réu? Vejam o inciso II. Ele não diz que o réu deve provar que os fatos alegados pelo autor não ocorreram (matéria de defesa de mérito direta). Ele diz que o réu deve provar apenas as matérias de defesa de mérito indiretas. Ler.
	Com isso podemos chegar a uma primeira conclusão: se o autor diz que o réu estava em determinado local e o réu nega, quem deve provar é o autor. Se o autor não provar, o juiz não pode presumir que o réu estava, porque o ônus da prova é do autor, conforme nos diz o inciso I. Claro que o réu pode querer provar que não estava no local, mas esse dever (ônus) não é dele. 
	O conceito de defesa de mérito indireta e as suas espécies você já possui no seu caderno. Faça uma remissão. 
	Segunda conclusão:o réu só tem o dever de provar a matéria de defesa indireta se o autor se desincumbiu de provar o fato constitutivo do seu direito. O juiz só passa a ter interessa na prova dos fatos impeditivos, modificativos e extintivos se o autor conseguiu provar a existência do seu direito. Se nenhuma das partes conseguir provas, o juiz aplica a regra do ônus da prova previsto no artigo 373 e julga improcedente o pedido do autor. 
8.3 – Distribuição Dinâmica do Ônus da Prova – artigo 373, § 1º, CPC
	Embora a regra legal de distribuição do ônus da prova esteja prevista nos incisos I e II, essa regra não é estática, mas passível de sofrer mudanças pelo juiz. O NCPC passa a criar um sistema misto, chamado de distribuição dinâmica do ônus da prova. Ler § 1º.
	Mesmo antes do NCPC, a distribuição dinâmica era permitida nas ações civis públicas por danos ambientais, no CDC e no Estatuto do Idoso.
	Agora ficou consagrada na lei processual geral a ideia segundo a qual o ônus da prova deve ser imputado à parte que apresentar maior facilidade em produzir a prova e se livrar do encargo. Essa maior facilidade precisa ser verificada pelo juiz no caso concreto. Se o juiz não fizer nenhuma ressalva, vale a regra geral. Tudo depende da iniciativa do juiz, que não está obrigado a fazer a distribuição do ônus da prova de forma diferente da prevista nos incisos I e II.
	Ler § 2º. A norma da distribuição dinâmica serve para facilitar a produção da prova, e não para fixar desde logo vencedores e vencidos.
8.3.1 – Inversão do Ônus da Prova
	São três as espécies de inversão do ônus da Prova:
a) Convencional – artigo 343, §§ 3º (o inciso II = prova diabólica) e 4º
b) Legal – é prevista em lei (CDC, artigo 12, § 3º; 14, § 3º e 38). Há uma regra legal específica em sentido contrário à regra legal genérica de distribuição do ônus da prova. 
c) Judicial – é prevista no § 1º, feita pelo juiz em decisão fundamentada e garantido o contraditório.
8.3.2 – Momento de Inversão do Ônus da Prova
	A inversão legal e a convencional não geram problemas quanto ao momento em que são realizadas, mas a inversão judicial sim.
	Apesar de a inversão judicial ser uma regra de julgamento, só se aplicando ao final do processo, nos casos de insuficiência ou inexistência de prova, existem casos nos quais, em respeito ao Princípio do Contraditório, o juiz deve, desde a fase de saneamento do processo, se manifestar sobre eventual inversão da regra geral, conforme prevê o artigo 357, III.
	Para que o réu não seja surpreendido com a inversão do ônus após a fase de produção de prova, o juiz deve sinalizar na decisão saneatória que poderá fazer essa inversão na fase decisória.
	Esse posicionamento, porém, não é pacífico.
1ª Corrente – entende que a inversão judicial só pode ser feita pelo juiz se tal possibilidade estiver expressamente contida na decisão saneadora, a fim de que seja garantido o princípio do contraditório (STJ – REsp 1.395.254, Dinamarco). Se o juiz quiser inverter o ônus após a decisão saneadora, deverá reabrir a fase instrutória, para a parte que recebeu o ônus da prova poder produzir novas provas. É, ainda, o conteúdo do § 1º. 
2ª Corrente – entende que a inversão judicial, por ser uma regra de julgamento, pode ser aplicada na sentença mesmo sem prévio aviso na decisão saneadora (Bedaque e Nelson Nery).
Pergunta: A inversão do ônus da prova alcança o dever de adiantar as custas processuais?
1ª Corrente – Sim, a parte que recebe o ônus da prova invertido deve adiantar as custas que derivam da produção de tal prova (Scarpinella e Dinamarco).
2ª Corrente – Não, o adiantamento de custas é regido pelo artigo 95, CPC, não sofrendo qualquer influência em caso de inversão judicial do ônus da Prova (STJ – REsp 845.601). Se a parte recebe o ônus invertido de produzir uma prova, ela não tem o dever de custear a prova, mas passa a ter interesse em custear, para evitar que a ausência da prova venha a prejudicá-la.
9 – Objeto da Prova
	O objeto da prova são os fatos (e não as alegações de fato). Nem todos os fatos, porém, são objeto de prova. O artigo 374 informa que não precisam ser provados os fatos.
9.1 – Casos de dispensa de prova do fato – 374
I – Notórios – são os fatos de conhecimento geral, tomando-se por base o homem médio, pertencente a uma coletividade ou a um círculo social, no momento em que o juiz deva decidir. São características do fato notório: a notoriedade não é absoluta, mas relativa; ele não precisa ser notório para o juiz; não precisa ter sido testemunhado; a parte deve alegar a notoriedade, pois o juiz não pode conhecer de ofício; ele pode ser objeto de prova em caso de dúvida do juiz a respeito da notoriedade.
Fato Notório é diferente de Máximas de Experiência – Máximas são as diferentes espécies de saber do juiz. Os fatos notórios se referem a fatos que ocorreram de maneira geral, em determinado ambiente sociocultural, enquanto as máximas são juízos generalizados e abstratos, fundados naquilo que costuma ocorrer, o que autoriza o juiz a concluir, por meio de um raciocínio intuitivo, que em identidade de circunstâncias, também assim ocorram no futuro (BM). Ler artigo 375, primeira parte.
II – Fatos confessados – já veremos todas as controvérsias a respeito da confissão. Aqui, basta saber que se um fato é confessado, ele está dispensado de ser objeto de (nova) prova (porque a confissão, veremos, é um meio de prova).
III – Fatos incontroversos – se a prova serve para convencer o juiz da veracidade de um fato, se as partes assumem (de forma expressa ou tácita) a ocorrência dele, não há o que se provar.
	Controverter é questionar. Há casos, porém, em que o fato é controvertido em razão da lei. Nesses casos, ainda que as partes não questionem o fato, por ficção jurídica, a lei impõe a necessidade de prova deles. 
IV – Fatos Presumidos como Existentes ou Verdadeiros – a presunção é o resultado de um raciocínio pelo qual um fato demonstrado como existente ocorrido permite a conclusão de existência ou ocorrência de outro fato, ainda que não provado. Há uma relação entre dois fatos, chamados de fato indiciário (provado) e o fato presumido (não provado). Essa relação parte do pressuposto de que se o fato indiciário ocorreu, o fato presumido provavelmente também terá ocorrido.
Espécies de Presunção
a) Relativa / iuris tantum – admite prova em sentido contrário. O fato presumido será considerado ocorrido pelo juiz desde que a parte contrária não produza prova que afaste tal presunção. Na verdade, não há uma exclusão do objeto da prova, mas apenas uma inversão do ônus da prova, cabendo à parte que não alegou o fato convencer o juiz da sua não existência ou ocorrência (Dinamarco). 
b) Absoluta / iuris et de iure – é aquela que, por força de lei, impede a produção de prova em sentido contrário. O fundamento da dispensa é a grande probabilidade de o fato presumido ter realmente ocorrido.
c) Legal / praesumtiones legis – ocorre quando a lei expressamente diz que “o fato é presumido”.
d) Judicial / praesumtiones hominis – é aquela realizada pelo juiz no caso concreto, com a utilização da máximas de experiência, permitindo a conclusão de existência de um fato não provado em razão da prova de um fato indiciário, fundado naquilo que logicamente costuma ocorrer.
9.2 – Prova do Direito - 376
	Em regra, o objeto da prova é o fato, todavia, em alguns casos especiais, a lei pode exigir que a parte prove o direito que alega ter. Ler 376.
	É o juiz quem examina, no caso concreto, se precisa da prova, e determina a sua produção. Nesse caso, o que a parte deve provar é a existência e vigência da norma municipal, estadual, estrangeira ou consuetudinária. Ver artigo 14, Lindb.
	Ainda, é importante saber que o juiz deve conhecer a lei municipal e estadual do local onde exerce o seu ofício, somente podendo exigir prova do local onde não esteja exercendo sua função jurisdicional (Câmara).
	Os meios de prova da vigência da norma pode ser qualquer um, desdeque idôneo (certidão diplomática, cópia de compêndio de legislação atualizada, doutrina atualizada, publicação em DO). 
Espécies de Prova – CONTEÚDO ULTRA
	As provas possuem diversas espécies, que são classificadas de forma didática pela doutrina (Amaral dos Santos e Ovídio Baptista) do seguinte modo:
1.1 – Quanto ao Fato
Provas Diretas – tem por objetivo comprovar a alegação de fato que se procura demonstrar como verdadeira.
Provas Indiretas ou Indícios – tem por objetivo comprovar a alegação de fatos secundários ou circunstanciais, das quais o juiz, por um raciocínio dedutivo (geral para o particular), presume como verdadeiro o fato principal. 
1.2 – Quanto ao Sujeito
Provas Pessoais – são as declarações feitas por uma pessoa.
Provas Reais – são aquelas constituídas por meio de coisas (objetos), que representam fatos.
1.3 – Quanto ao Objeto
Provas Testemunhais – são aquelas são produzidas de forma oral. Inclui-se aqui o depoimento pessoal, o interrogatório e o depoimento do perito na AIJ.
Provas Materiais – são todas as outras formas que não são testemunhais nem documentais, mas que comprovam fatos. 
1.4 – Quanto à Preparação
Provas Causais – são aquelas produzidas dentro do processo. 
Provas Pré-Constituídas – são aquelas produzidas fora do processo, antes da instauração da demanda.

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