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PROCESSO CIVIL II RESPOSTAS DO RÉU

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AULA 03
RESPOSTAS DO RÉU
1 – Introdução 
	O réu é integrado à relação jurídica processual pela citação, momento a partir do qual tem a ciência da existência da demanda movida contra ele, sendo essa a sua primeira informação dentro do procedimento. Acompanhando o ato citatório, há também uma intimação ao réu para que compareça à audiência de conciliação ou de mediação. Não realizada a audiência ou frustrada a tentativa de conciliação, é aberto o prazo para que o réu apresente a sua resposta no prazo legal. 
	Essa conjugação de citação e intimação representa de maneira bastante clara o fenômeno do contraditório no processo civil: informação da existência da demanda judicial e abertura de possibilidade de reação.
	É tradicional a afirmação de que a resposta do réu constitui um ônus processual, considerando-se que o réu somente se manifestará se essa for a sua vontade, que determinará ainda a forma de reação. A inércia do réu é permitida, e gera, em regra, a sua revelia, que deve ser compreendida como a inexistência jurídica de contestação (artigo 345, CPC). A revelia será estudada na próxima aula. 
2 – Quantas são as espécies de Respostas do Réu?
	Nesta aula, aprenderemos sobre as respostas positivas que o réu poderá manejar após a sua citação e frustrada a fase consensual. As espécies de respostas são variadas, ainda que o NCPC preveja apenas a contestação e a reconvenção. Merecem destaque o chamamento ao processo, a denunciação da lide, o reconhecimento jurídico do pedido e a alegação de litisconsórcio multitudinário. 
	Com a mudança na forma de alegação da incompetência relativa, que passa a ser feita na própria contestação, e com o reconhecimento de que a suspeição e o impedimento são matérias que podem ser alegadas por ambas as partes, o NCPC não mais prevê as chamadas exceções rituais como espécies de resposta do réu.
3 – Contestação
3.1 – Conceito
	A contestação é uma espécie de resposta do réu, representando a forma/peça processual pela qual o réu se insurge contra a pretensão do autor. 
3.2 – Prazo – artigo 335, CPC
	O prazo da contestação é de 15 dias, sendo o termo inicial da contagem desse prazo definido pelo artigo 335, CPC. Ler. Inciso II: c/c § 1º.
	O § 2º prevê o termo inicial para a contagem do prazo para a resposta do réu num caso específico: quando a demanda não admitir autocomposição. Nesse caso, não há a audiência de conciliação ou de mediação. Se houver litisconsórcio passivo numa demanda desse tipo e o autor desistir da ação em relação a um dos réus ainda não citado, o prazo para o outro réu contestar só começa a ser contado a partir da decisão que homologa a desistência do autor.
	Tirando esse caso especial, em regra, a contestação é apresentada, quando necessário, depois da audiência de conciliação ou de mediação. O artigo 340 cria uma hipótese na qual a contestação deve ser apresentada antes da audiência de conciliação ou de mediação. Ler caput e § 1º. 
	O artigo tem por objetivo evitar que o réu seja obrigado a comparecer à audiência de conciliação ou de mediação em juízo incompetente, sendo de segunda importância o foro onde essa contestação é protocolada. Ler § 3º, 2º e 4º. 
3.3 – Matérias de Defesa
	A contestação é a única resposta do réu com natureza de defesa contra a pretensão do autor. Nela o réu deverá elencar suas matérias de defesa. A doutrina costuma dividir as matérias de defesa passíveis de alegação em sede de contestação em dois grandes grupos, cada qual com as suas subdivisões:
a) Defesas Processuais – divididas em dilatórias, peremptórias e dilatórias potencialmente peremptórias;
b) Defesas de Mérito – divididas em defesas de mérito diretas e indiretas
3.3.1 – Defesas Processuais / Defesas Indiretas / Defesas Preliminares – artigo 337, CPC
	As defesas processuais são também chamadas de defesas indiretas, por não terem como objeto a essência do litígio, estão previstas no artigo 337, CPC.
	Na prática, chamamos tais defesas de defesas preliminares em razão do local ideal dentro da contestação para serem alegadas (antes das defesas de mérito). Cabe ao juiz analisar as defesas processuais antes das defesas de mérito. O que todas essas espécies de defesa têm em comum é o fato de não dizerem respeito ao direito material alegado pelo autor, mas tão somente à regularidade formal do processo, ou seja, ao instrumento utilizado pelo autor para obter a proteção ao direito material.
	Essas defesas processuais são dividas conforme a consequência do seu acolhimento no caso concreto. Tradicionalmente, as defesas processuais são subdivididas em defesas dilatórias, cujo acolhimento não põe fim ao processo, tão somente aumentando o tempo de duração do procedimento, e em defesas peremptórias, cujo acolhimento fazem com que o processo seja extinto sem a resolução do mérito. 
	Há doutrina que enxerga uma terceira espécie de defesas processuais: as defesas dilatórias potencialmente peremptórias (Assumpção), que são aquelas que, acolhidas, permitem ao autor o saneamento do vício ou irregularidade, caso contrário, ou seja, se o autor for omisso, a defesa se torna peremptória, gerando a extinção do processo sem a resolução do mérito. Nesse caso, não é somente o acolhimento da defesa que leva o processo à sua extinção, mas sim tal acolhimento somado à inércia do autor.
3.3.1.1 – Defesas Dilatórias
a) Inexistência ou nulidade de citação – artigo 337, I, CPC
	A inexistência ou nulidade de citação é matéria ordem pública, alegável a qualquer momento do processo, o que leva a crer que tal alegação, descrita como espécie de preliminar a ser apresentada na contestação, somente se dará no caso de o réu, por alguma outra forma que não a citação válida, ficar sabendo da existência do processo ainda dentro do prazo de resposta, ingressando com a contestação tempestivamente e alegando todas as matérias de defesa que o possam beneficiar.
	Ocorrendo tal situação, o réu poderá se comportar de duas formas: 1 – somente alegar a existência da nulidade de citação; 2 – alegar a nulidade da citação e apresentar outras defesas processuais ou de mérito, com fundamento no princípio da eventualidade. Se a alegação de nulidade for acolhida, o prazo de resposta será devolvido ao réu, permitindo-lhe apresentar nova contestação, que substituirá a anteriormente apresentada. Se a alegação de nulidade não for acolhida, o prazo para resposta não é devolvido. Assim, ou o réu já apresentou a resposta ou será considerado revel. 
	O acolhimento dessa defesa não extingue o processo, apenas dilatando seu tempo de duração, em decorrência da devolução do prazo de resposta ao réu (artigo 239, § 1º, CPC).
b) Incompetência do Juízo – artigo 337, II, CPC
	A incompetência é matéria de ordem pública, podendo ser alegada a qualquer momento do processo. Quando, porém, o réu for alegá-la, deve fazê-lo no prazo de resposta como um tópico da contestação. Ler artigo 64, caput. 
	A alegação de incompetência não é voltada contra a pretensão do autor, mas apenas ao juízo por ele escolhido. Por tal razão, o acolhimento dessa defesa não extingue o processo, apenas dilatando seu tempo de duração, porque, em regra, uma vez acolhida a alegação de incompetência, o processo será remetido para o juízo competente. Ler 64, § 3º.
	É necessário que o juiz, antes de decidir sobre a alegação de incompetência, realize a intimação do autor para se manifestar, mesmo em se tratando de matéria de ordem pública, em razão do artigo 10, CPC e do artigo 64, § 2º.
	A incompetência relativa gera uma nulidade relativa e, não sendo arguido o vício pelo réu em sua contestação, este se convalidará, não sendo mais possível ser levantado pelo réu e muito menos reconhecido de ofício.
	Da decisão interlocutória que acolhe ou rejeita a alegação de incompetência do réu (absoluta ou relativa), não cabe AI, por não estar tal decisão prevista no rol taxativo do artigo 1.015, CPC. Assim, a impugnação somente poderá ser feita na apelação ou nas contrarrazões da apelação,nos termos do artigo 1.009, §1º, CPC. Ainda, é importante relembrar a regra do artigo 64, § 4º, CPC. 
c) Conexão e Continência – artigo 337, VIII, CPC
	A conexão e a continência são conceituadas pelos artigos 55 e 56, CPC. Seu principal efeito é a reunião dos processos perante o juízo prevento. Por tal razão, o acolhimento dessa defesa não extingue o processo, apenas dilatando seu tempo de duração, porque, em regra, uma vez acolhida a alegação de conexão ou de continência, os processos apenas serão reunidos para julgamento conjunto, com exceção do disposto no artigo 57 (ação continente tiver sido proposta anteriormente faz com que a ação contida seja extinta sem resolução do mérito).
d) Incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização – artigo 337, IX, CPC
	Nos três casos distintos, se o autor não sanar o vício, o processo é extinto sem a resolução do mérito (defesa dilatória potencialmente peremptória).
	A incapacidade da parte diz respeito à capacidade para estar em juízo para a prática de atos jurídicos válidos, chamada de capacidade de exercício ou de fato. 
	O defeito de representação diz respeito à capacidade postulatória, que é a exigência legal de que as partes estejam devidamente representadas por advogado regularmente inscrito na OAB.
	A falta de autorização ocorre em situações excepcionais nas quais a lei exige a algum sujeito a autorização de outro sujeito para que possa litigar. 
e) Falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar – artigo 337, XII, CPC
	O OJ, em situações excepcionais, condiciona o exercício legítimo da demanda à prestação de uma caução ou outra prestação. Nesses casos, cabe ao autor provar que caucionou. Se não provar, o juiz deve determinar a emenda da PI. Se o juiz não perceber a falta da caução, o réu pode alegar, caso em que o juiz deve conceder prazo ao autor para sanar a irregularidade. Caso o autor se mantenha omisso, o processo deverá ser extinto sem resolução do mérito.
	A caução pode ser exigida nos casos dos artigos 83; 486, § 2º e 968, II, CPC.
f) Incorreção do valor da causa – artigo 337, III, CPC
	Ler artigo 293. É uma defesa processual dilatória potencialmente peremptória porque o processo só é extinto sem resolução do mérito se, aberto o prazo para correção do valor, o autor quedar-se inerte.
	Independentemente do conteúdo da decisão, acolhendo ou rejeitando a alegação do réu, a decisão interlocutória não é recorrível por agravo de instrumento, cabendo ao sucumbente alegar em apelação ou contrarrazões.
	O artigo 292, § 3º permite que o magistrado reconheça de ofício a incorreção do valor da causa. Ler.
g) Carência de ação por ilegitimidade da parte –artigo 337, XI, CPC
	A extromissão da parte não se confunde com a sucessão processual tradicional. Na extromissão, o sujeito que participava do processo antes da alteração nunca deveria ter figurado na relação jurídica processual em razão da sua ilegitimidade. Na sucessão processual ocorre um fato superveniente que cria a legitimidade do terceiro que assumirá o lugar do sujeito que, antes desse fato, era o sujeito legitimado a participar do processo.
	Ler artigo 338. Não importa a razão do erro do autor em colocar na demanda um réu que nunca deveria ter composto o polo passivo em razão de sua ilegitimidade de parte. Qualquer alegação de ilegitimidade passiva feita pelo réu será suficiente para uma possível correção do polo passivo. Se o autor erro porque realmente a situação o levou a equivocada conclusão ou erro porque era um jumento, não importa.
	O vício da ilegitimidade passiva passa a ser sempre sanável, mas para isso dependerá de aceitação do autor da alegação do réu, até porque quem diz a última palavra sobre quem deva se o réu é sempre o autor. Ler artigo 339. Caso o autor não concorde com a alegação do réu e o réu seja realmente parte ilegítima, o processo será extinto por carência de ação. O vício é sanável, mas depende da postura adotada pelo autor, o que faz dessa defesa processual uma defesa dilatória potencialmente peremptória.
	Enunciados do FPPC sobre o tema:
42. (art. 339) O dispositivo aplica-se mesmo a procedimentos especiais que não admitem intervenção de terceiros, bem como aos juizados especiais cíveis, pois se trata de mecanismo saneador, que excepciona a estabilização do processo. (Grupo: Litisconsórcio, Intervenção de Terceiros e Resposta do Réu)
44. (art. 339) A responsabilidade a que se refere o art. 339 é subjetiva. (Grupo: Litisconsórcio, Intervenção de Terceiros e Resposta do Réu)
152. (art. 339, §§ 1º e 2º) Nas hipóteses dos §§ 1º e 2º do art. 339, a aceitação do autor deve ser feita no prazo de quinze dias destinado à sua manifestação sobre a contestação ou sobre essa alegação de ilegitimidade do réu. (Grupo: Litisconsórcio e Intervenção de Terceiros)
296. (arts. 338 e 339) Quando conhecer liminarmente e de ofício a ilegitimidade passiva, o juiz facultará ao autor a alteração da petição inicial, para substituição do réu, nos termos dos arts. 339 e 340, sem ônus sucumbenciais. (Grupo: Petição inicial, resposta do réu e saneamento)
h) Indevida concessão do benefício da gratuidade de justiça – artigo 337, XIII, CPC
	Sendo acolhida a defesa processual referida, o autor será intimado para recolher as custas processuais em aberto. Caso o faça, o processo seguirá normalmente, e caso deixe de recolher as custas, será caso de extinção terminativa do processo (defesa processual dilatória potencialmente peremptória).
3.3.1.2 – Defesas Peremptórias
a) Inépcia da Petição Inicial – artigo 337, IV, CPC
	A inépcia da PI é prevista no artigo 330, § 1º, CPC. Essa matéria somente é alegável porque o juiz não percebeu que a PI era inepta; se tivesse percebido, ou mandaria o autor emendar ou indeferiria a PI, o que eliminaria a possibilidade de tal alegação pelo réu. 
b) Perempção – artigo 337, V, CPC
	É bastante raro na prática. A perempção é um fenômeno jurídico que ocorre com o autor de uma ação, quando ele dá causa, por 3 vezes distintas, à extinção do processo por abandono. Ler artigo 486, § 3º. O inciso III é o abandono do processo pelo autor. A única exigência para que se verifique a perempção é o abandono do processo por 3 vezes, não importando o motivo de tal abandono. Motivos diferentes levam à extinção pelo mesmo fundamento, gerando o fenômeno da perempção (Pontes de Miranda).
	O direito material objeto das três demandas extintas por abandono da causa pelo autor não é afetado pelo fenômeno da perempção, podendo ser alegado na contestação, como matéria de defesa. O réu não pode fazer reconvenção, pedindo o pagamento da dívida, porque a reconvenção tem NJ de ação do réu contra o autor.
c) Litispendência – artigo 337, VI, e §§ 1º a 3º do CPC
	Ler §§. A litispendência é uma defesa processual peremptória, considerando que a necessidade de manutenção de apenas um processo é baseada nos princípios da economia processual e harmonização dos julgados. 
d) Coisa Julgada – artigo 337, VII, CPC
	A coisa julgada é uma defesa processual peremptória porque, além da harmonização dos julgados, deve haver o respeito à imutabilidade e indiscutibilidade da decisão de mérito transitada em julgado, essencial à segurança jurídica do sistema.
e) Convenção de arbitragem – artigo 337, X, CPC
	A arbitragem é regulada pela Lei 9.307/96. A convenção de arbitragem é um gênero do qual são espécies a cláusula compromissória (realizada antes do conflito de interesses, quando ainda não existia litígio entre as partes – artigo 4º) e o compromisso arbitral (realizada após o conflito de interesses, quando as partes entendem mais adequado buscar a arbitragem – artigo 9º). 
	O réu pode alegar a existência de convenção de arbitragem, defesa processual peremptória porque impede a continuação do processo, forçando a parte autora a procurar a solução arbitral.
	Todas as defesas preliminares são defesas que podem ser conhecidas de ofício pelo juiz, EXCETO a incompetênciarelativa e a convenção de arbitragem, nos termos do § 5º do artigo 337, que só podem ser conhecidas quando alegadas pelo réu. Ler §§ 5º e 6º.
f) Carência de ação por falta de interesse de agir e ilegitimidade – artigo 337, XI, CPC
	Para quem leu o trabalho, viu que há corrente doutrinária no sentido de que as condições da ação continuam presentes no nosso sistema, tendo sido excluída do sistema a possibilidade jurídica do pedido. Restam, portanto, a legitimidade da parte e o interesse de agir. 
3.3.2 – Defesas de Mérito
	As defesas de mérito são inconfundíveis com as defesas processuais. Enquanto as defesas processuais têm como objeto a regularidade do processo, as defesas materiais dizem respeito ao direito material alegado pelo autor. O objetivo do autor ao na defesa de mérito é convencer o juiz de que o direito material que o autor alega possuir na PI não existe. É o conteúdo da pretensão do autor o objeto de impugnação por meio da defesa de mérito.
	As defesas de mérito se subdividem em defesas diretas e defesas indiretas.
3.3.2.1 – Defesas de Mérito Diretas
	Na defesa de mérito direta o réu enfrenta frontalmente os fatos e os fundamentos jurídicos narrados pelo autor na PI, buscando demonstrar que os fatos não ocorreram conforme narrado ou ainda que as consequências jurídicas pretendidas pelo autor não são as mais adequadas ao caso concreto. 
	Sem os fatos não há o direito. Assim, se o réu demonstra a inveracidade das alegações de fato, o direito material alegado pelo autor ficará sem o seu essencial substrato fático, fazendo com que o pedido seja rejeitado. Da mesma forma ocorrerá se, mantida a narração fática do autor, o réu demonstrar que não decorre dela o direito material alegado pelo autor. Nesse sentido: BM.
	A defesa de mérito direta se desenvolve dentro dos fatos e da fundamentação jurídica que compõe a causa de pedir exposta pelo autor em sua petição inicial, podendo, todavia, trazer ao processo fatos novos e outras fundamentações jurídicas com o propósito exclusivo de demonstrar a inveracidade das alegações de fato e/ou a impropriedade das consequências jurídicas pretendidas pelo autor.
3.3.2.2 – Defesas de Mérito Indiretas
	Na defesa de mérito indireta, o réu não nega as afirmações feitas pelo autor na PI, mas alega um fato novo, que tem natureza impeditiva, extintiva ou modificativa do direito do autor. Essa espécie de defesa amplia o objeto de cognição do juiz, que passará a analisar fatos que não compõem originalmente a causa de pedir narrada na PI. Não ocorre, entretanto, uma ampliação do objeto do processo, pois o juiz sempre está adstrito a conceder ou negar o que o autor pediu (Dinamarco).
Fatos Impeditivos – são aqueles que, anteriores ou simultâneos ao fato constitutivo do direito, impedem que este gere seus regulares efeitos. 
Fatos Extintivos – são aqueles que ocorrem necessariamente após o surgimento da relação jurídica de direito material e que colocam fim a um direito. 
Fatos Modificativos – são aqueles que ocorrem necessariamente após o surgimento da relação jurídica de direito material, e atuam sobre essa relação, gerando sobre ela uma modificação objetiva ou subjetiva. 
3.4 – Princípio da Impugnação Específica dos Fatos – artigo 341
	Ler 341. 
	A impugnação específica é um ônus do réu de rebater pontualmente todos os fatos narrados pelo autor com os quais não concorda, tornando-os controvertidos e fazendo com que componham o objeto da prova. O momento para a impugnação é a contestação, operando-se a preclusão consumativa se a defesa deixar de impugnar algum dos fatos alegados pelo autor.
	Ler 341, PÚ. O advogado dativo, o curador especial e o defensor público podem elaborar a contestação com fundamento em negativa geral, instituto que permite ao réu uma impugnação genérica de todos os fatos narrados pelo autor, sendo tal forma de reação suficiente para tornar todos os fatos controvertidos. 
	Mesmo que o réu não possa se valer da negativa geral, o artigo 341 prevê em seus incisos exceções ao princípio os incisos I a III.
3.5 – Princípio da Eventualidade / Concentração da Defesa – artigos 336 e 342
	Ler artigos. Eles consagram o princípio da eventualidade para o réu, ao exigir a exposição de todas as matérias de defesa de forma cumulada e alternativa na contestação. A regra tem fundamento na preclusão consumativa, exigindo que, de uma vez só, na contestação, o réu apresente todas as matérias que tem em sua defesa, sob pena de não poder alegá-las posteriormente. A cumulação é eventual porque o réu alegará as matérias de defesa indicando que a posterior só deve ser enfrentada na eventualidade de a matéria defensiva anterior ter sido rejeitada pelo juiz.
	A exigência de cumulação de todas as matérias de defesa faz com que o réu se veja obrigado a cumular defesas logicamente incompatíveis. 
	O princípio em tela é excepcionado pelos incisos do artigo 342, casos em que o réu poderá alegar a matéria defensiva mesmo após ter apresentado a contestação.
4 – Reconvenção
4.1 – Conceito
	A reconvenção é o exercício do direito de ação do réu dentro do processo ajuizado o autor. Nela, o réu se afasta da posição passiva, própria da contestação, para assumir uma posição ativa, pleiteando um bem da vida em pedido dirigido contra o autor da ação originária. 
4.2 – Natureza Jurídica
	A reconvenção tem NJ de ação, razão pela qual é chamada de “contra-ataque” do réu. Ocorre uma inversão dos polos da demanda: o réu se torna autor (reconvinte) e o autor se torna réu (reconvindo).
4.3 – Ampliação Objetiva Ulterior do Processo
	Com a reconvenção, haverá uma ampliação objetiva ulterior do processo, que passará a contar com duas ações: a ação originária, chamada de ação principal; e a ação reconvencional. Não há pluralidade de processos, que continua sendo um só, mas, com o pedido feito pelo réu, o processo passa a contar com mais uma ação, de natureza reconvencional, o que leva à sua ampliação objetiva (BM).
	Enquanto a contestação é um ônus do réu, que se deixar de contestar será considerado revel; a reconvenção é uma faculdade processual, não ocorrendo qualquer desvantagem caso deixe de reconvir, pois poderá utilizar uma ação autônoma para realizar o seu pedido.
4.4 – Legitimidade da Parte
	A LA da reconvenção é do réu e a LP é do autor da ação originária. 
	A doutrina é pacífica em admitir a diminuição subjetiva na reconvenção (Dinamarco). Assim, se existe um litisconsórcio na ação originária, o mesmo litisconsórcio não será necessariamente formado na reconvenção, admitindo-se que somente um dos autores da ação originária figure como réu na reconvenção, ou ainda que apenas um dos réus reconvenha, solitariamente, contra o autor ou autores da ação originária. Essa faculdade, claro, só existe nos casos em que o litisconsórcio é facultativo. Se o litisconsórcio é necessário, os autores e réus devem se repetir também na reconvenção.
	Os §§ 3º e 4º do artigo 343 preveem a ampliação subjetiva da demanda pela reconvenção. Ler. 
	O § 5º do artigo 343 prevê que se o autor for substituto processual, o réu reconvinte deverá afirmar ser titular de direito em face do substituído e a reconvenção deverá ser proposta em face do autor, também na qualidade de substituto processual.
	O curador do réu pode realizar a reconvenção? Ler artigo 72, CPC. A doutrina entende que o curador assume o processo na posição de representante dos sujeitos descritos no artigo 72. Isso demonstra que o curador não possui legitimidade para reconvir, porque não é considerado parte no processo e sua eventual legitimidade para reconvir conflita com a regra geral de legitimidade para ajuizar ação. O curador tem a tarefa apenas de reagir à pretensão do autor, jamais de ingressar com ação contra ele.
4.3 – Interesse de Agir
	A reconvenção só tem utilidade prática se o réu reconvinte puder obter com ela uma tutela que não conseguiria com o simples acolhimento de suas alegações defensivas da contestação (Resp 1.076.571).Outra hipótese de inutilidade da reconvenção se verifica nos casos em que a própria improcedência já será apta a entregar ao réu o bem da vida em disputa. Isso ocorre nas ações de natureza dúplice, nas quais a relação de direito material gera essa peculiar situação em que a contestação já basta para entregar ao réu o bem da vida debatido. 
	A afirmação de inutilidade da reconvenção nas ações dúplices não conflita com a Súmula 258, STF, que diz que é possível a reconvenção nas ações meramente declaratórias, porque é possível ao réu reconvinte fazer outros pedidos, distintos do objeto original do processo, como, por exemplo, a condenação do autor reconvindo ao cumprimento de determinada OB.
4.4 – Pressupostos Processuais
	Como a reconvenção possui NJ de ação, ela deve preencher os pressupostos processuais específicos:
a) Litispendência – é indispensável para haver a reconvenção a existência de uma demanda originária;
b) Identidade Procedimental;
c) Competência – o juízo da ação originária deve ser absolutamente competente para o exame da reconvenção;
d) Conexão com a ação originária ou com os fundamentos da defesa.
4.5 – Procedimento
	A reconvenção deve ser apresentada no bojo da contestação. A formalização deve seguir o Enunciado 45, FPPC:
Para que se considere proposta a reconvenção, não há necessidade de uso desse nomen iuris, ou dedução de um capítulo próprio. Contudo, o réu deve manifestar inequivocamente o pedido de tutela jurisdicional qualitativa ou quantitativamente maior que a simples improcedência da demanda inicial. (Grupo: Litisconsórcio, Intervenção de Terceiros e Resposta do Réu)
	O § 2º informa a autonomia da reconvenção. Ler. A apresentação da reconvenção independe da apresentação da contestação. Ler § 6º. Assim, ou a reconvenção é apresentada como tópico da contestação ou é apresentada de forma autônoma quando o réu decidir não contestar. Apresentada a reconvenção em qualquer modalidade, ela passa a ser autônoma em relação à ação originária. Ler § 2º.
	Não sendo caso de indeferimento liminar da reconvenção, o autor reconvindo será intimado, na pessoa do seu advogado, para responder no prazo de 15 dias. Ler § 1º.
	A reconvenção da reconvenção, apesar de rara, também é admitida, embora parte da doutrina entenda que o seu cabimento esteja condicionado às hipóteses de reconvenção com fundamento na conexão com os fundamentos da defesa (Dinamarco e Marinoni). Reconvenções sucessivas podem ser rejeitadas pelo juiz com fundamento no princípio da economia processual, sempre que ele entender que mais uma reconvenção prejudicará significativamente o andamento procedimental.
	Após o momento da resposta do autor reconvindo, o procedimento da ação reconvencional será o mesmo da ação originária, sendo ambas as ações julgadas por uma mesma sentença.

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