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PROCESSO CIVIL II REVELIA

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AULA 04
REVELIA
1 – Conceito 
	A revelia é um estado de fato gerado pela ausência jurídica de contestação. 
	Ler artigo 344. O artigo confunde o conceito da revelia com os seus efeitos, mas expõe com clareza que a existência desse fenômeno processual depende da ausência de contestação. 
	Falamos em ausência jurídica porque é possível existir nos autos uma contestação intempestiva, por exemplo, fazendo com que a contestação exista de forma fática, mas inexista de forma jurídica. 
	REsp 847.893 – uma contestação endereçada e protocolizada em juízo diverso e distante daquele no qual tramita o feito não evita a revelia.
	Há revelia se o réu apresenta outras formas de defesa (reconvenção, exceção de incompetência)?
1ª Corrente – Não há revelia, que deve ser compreendida como a ausência jurídica de resposta do réu. Assim, apresentada qualquer espécie de resposta, o réu não seria revel (Dinamarco e Scarpinella).
2ª Corrente – Há revelia, não devendo ser confundido o conceito de revelia com os efeitos que a revelia produz. Assim, é possível um réu revel apresentar outras espécies de resposta que não a contestação, evitando, assim, a geração dos efeitos da revelia, mas não o seu estado de revel (Marinoni e Assumpção e STJ REsp 1.335994).
	Sendo possível a existência da revelia sem que sejam gerados os seus efeitos programados pela lei, vamos estudar quais são os efeitos da revelia.
2 – Efeitos da Revelia
2.1 – Os fatos alegados pelo autor são reputados verdadeiros
	Esse é o principal efeito da revelia. Trata-se da permissão legal dada ao juiz para considerar verdadeiros os fatos alegados pelo autor.
	Não devemos confundir a presunção de veracidade (ato praticado pelo juiz) com a confissão ficta (concordância tácita do réu). No direito brasileiro não aplicamos o provérbio “quem cala consente”. Os fatos só podem ser considerados verdadeiros porque a LEI expressamente prevê essa consequência, sendo irrelevantes as razões da omissão do réu revel.
	Em segundo lugar, apenas os fatos são presumidos verdadeiros. A matéria jurídica está fora do alcance desse efeito da revelia. Aplica-se aqui o princípio iura novit curia (o juiz conhece o direito), razão pela qual o juiz não está vinculado à fundamentação jurídica trazida pelo autor na PI só porque o réu não contesta a demanda.
	Assim, embora seja comum os magistrados mais antigos fazerem isso, não é necessário determinar o desentranhamento de uma contestação intempestiva dos autos. O juiz pode, ao contrário, ler a peça e aproveitar os fundamentos jurídicos trazidos pelo réu em sua contestação viciada (Dinamarco e Scarpinella).
	A exclusão da matéria de direito da presunção gerada pela revelia é o que explica o julgamento de improcedência do pedido do autor mesmo sendo o réu revel e ocorrendo a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor. 
	A presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor, porém, não é absoluta. Ela é relativa, o que quer dizer que pode ser afastada no caso concreto, em especial quando ocorre alguma das situações descritas no artigo 345, CPC. Vejamos cada uma delas.
2.1.1 – Exceções à presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor – artigo 345, CPC
	Cuidam-se de hipóteses nas quais a ocorrência da revelia não gerará a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor.
Inciso I – c/c 117, CPC – No litisconsórcio unitário, no qual a decisão obrigatoriamente será a mesma para todos os litisconsortes, a contestação apresentada por um deles aproveitará aos demais. No litisconsórcio simples, como a decisão pode ser diferente para cada um dos litisconsortes, o afastamento do efeito mencionado no artigo 344 só ocorrerá se não houver identidade defensiva, ou seja, se o litisconsorte que apresentou a contestação trouxe matérias de defesa que apenas a ele aproveita. 
Inciso II – os direitos indisponíveis não permitem ao juiz dispensar o autor de provar a sua existência. 
Inciso III – os documentos indispensáveis à prova do ato não devem ser confundidos com os documentos indispensáveis à propositura da demanda, previstos no artigo 320, já estudado. Estes geram o indeferimento da PI caso não sanada a omissão. 
Inciso IV – Se o juiz considerar que os fatos alegados pelo autor na PI não são verdadeiros, ele não deve partir direto para o julgamento de improcedência. Nesse caso, o autor continua com o ônus de provar os fatos constitutivos do seu direito, devendo o juiz conceder ao autor o prazo de 15 dias para a especificação de provas, conforme prevê o artigo 348, CPC. 
2.2 – Desnecessidade de Intimação do Réu Revel sem Patrono – artigo 346, CPC
	A partir do momento em que o réu constituir um patrono, este deverá ser intimado dos atos subsequentes praticados no processo.
	Nos casos em que o ato processual deve ser praticado somente pelo réu revel, este deverá ser intimado pessoalmente. 
		
2.3 – Julgamento Antecipado do Mérito – 355, II, CPC 
3 – Ingresso do Réu Revel no Processo – artigo 346, PÚ, CPC
	Ficou no passado a ideia de que a revelia é um ato de ofensa ao PJ, por demonstrar o seu pouco caso com a Justiça. Houve um tempo em que a repulsa era tão forte que o réu era conduzido à força ao processo, fruto do entendimento pelo qual era inconcebível que o réu não atendesse ao comando do juiz. Isso acabou. Faz tempo. 
	O réu revel não é um delinquente; é mero ausente. Todas as diversas razões pelas quais ele não apresentou sua contestação são irrelevantes, não podendo ser punido para além dos efeitos estudados acima. 
	Assim, constatamos que o réu revel é bem-vindo ao processo, podendo dele participar a qualquer momento. Ler PÚ.
	O artigo nos diz que, embora bem-vindo, o réu não pode pegar o bonde andando e escolher o lugar na janela. A intervenção tardia no processo só permite que o réu participe dos atos praticados a partir do momento do seu ingresso, sendo vedado o retrocesso procedimental. Os atos já praticados estão preclusos, não podendo ser repetidos.
4 – Produção de Provas pelo Revel – artigo 349, CPC
	E quanto a produção de provas? A regra do PÚ continua a ser aplicada, mas pode gerar complicações no processo. A Súmula 231, STF permite a produção de provas pelo réu revel, mas há limitações nessa permissão, e elas estão diretamente ligadas ao momento em que o réu revel ingressou no processo. Ler artigo 349.
	A Súmula e o artigo 349 precisam ser desossados. Vamos?
4.1 – Provas Causais – são aquelas produzidas dentro do processo, durante o seu procedimento. 
	A propositura deve ser feita no 1º momento em que as partes falam nos autos (autor = PI; réu = contestação). Se o réu revel é aquele que não contesta, ele não propôs prova alguma. 
	Após a propositura da prova, o juiz analisa a sua admissibilidade, tarefa em regra realizada no saneamento do processo, que pode ocorrer em decisão escrita ou em audiência preliminar. Caso o réu revel ingresse antes do juízo de admissibilidade da prova, poderá impugnar as provas requeridas pelo autor e influenciar no convencimento do juiz sobre a sua admissibilidade.
	A fase de produção da prova se subdivide em preparação e realização. Numa prova testemunhal, os atos de arrolar a testemunha e de intimação são atos preparatórios, enquanto a audiência é a realização. Numa prova pericial, a indicação dos quesitos e de assistente do perito são atos preparatórios, enquanto que as respostas aos quesitos são atos de realização. Desde o momento de preparação a prova já está sendo produzida.
	Assim, caso o réu revel ingresse antes do momento de preparação da prova, poderá livremente dela participar. Ele não pode pedir a produção da prova (porque perdeu esse momento processual), mas se o autor pediu, ele pode produzir também.
	Caso o réu revel ingresse depois do momento de preparação da prova, mas antes da realização, somente poderá participar deste segundo ato de produção. Exemplos: poderá comparecer à audiência, contraditar e fazer perguntas à testemunha, impugnar o laudo pericial,requerer a presença do perito em audiência para esclarecer dúvidas, etc.
	A fase de valoração da prova é realizada pelo juiz, na sentença. Se o réu revel ingressa após a produção da prova, só restará a ele impugnar a prova produzida, na tentativa de influenciar o juiz na formação do seu convencimento. 
4.2 – Provas pré-constituídas – são aquelas produzidas fora do processo. Exemplo: prova documental. Para essas provas, o procedimento probatório é dividido em 3 fases: propositura e produção, admissibilidade e valoração.
	Se a prova já existe fora do processo, cabe ao autor na PI e ao réu na contestação tanto requerer a prova quanto juntá-la. Se o réu revel é aquele que não contesta, ele nunca iria produzir uma prova pré-constituída. Ocorre, porém, que o artigo 435, CPC prevê uma série de hipóteses nas quais se admite a juntada de documentos após a PI e a contestação, exigindo que a juntada extemporânea seja analisada à luz do princípio da boa-fé (5º, CPC). Ler. Q2.

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