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1 natureza jurídica, objeto, fonte, sistema, regime jurídico.docx
DIREITO ADMINISTRATIVO - MARCELO ALEXANDRINO E VICENTE PAULO
CAPÍTULO 1 DIREITO ADMINISTRATIVO
 
1 NATUREZA JURÍDICA E CONCEITO
O Direito Público tem por objeto principal a regulação dos interesses da sociedade como um todo, a disciplina das relações entre esta e o Estado, e das relações das entidades estatais entre si. Tutela ele o interesse público, só alcançando as condutas individuais de forma indireta ou reflexa.
É característica marcante do direito público a desigualdade nas relações jurídicas por ele regidas, tendo em conta a prevalência do interesse público sobre os interesses privados. Essa desigualdade se justifica pelo fato de que o interesse coletivo deve prevalecer sobre o interesse privado. Em razão disso o Estado na defesa do interesse público goza de certas prerrogativas que o situa em posição de superioridade ante o particular.
Direito público e ordem pública não são sinônimos. Ordem pública são regras inafastáveis pela vontade das partes. Não pode ser modificada, não pode ser afastada pela vontade das partes (exigência de pagamento de impostos, concurso público para provimento de cargos – são de ordem pública). No Código Civil há os impedimentos para o casamento que são inegociáveis. Mesmo estando no direito privado, são regras de ordem pública. Essas regras estão distribuídas por todo o ordenamento. 
Na verdade, toda regra de direito público é também de ordem pública, mas toda regra de ordem pública não é de direito público. Regra de ordem pública existe no direito público e também no direito privado
O direito privado tem como escopo principal a regulação dos interesses particulares, como forma de possibilitar o convívio das pessoas em sociedade e uma harmoniosa fruição de seus bens. O que o caracteriza é a igualdade jurídica entre os pólos das relações por ele regida.
Cabe observar que não há ramo do direito em que todas as relações jurídicas sejam integralmente regidas pelo direito privado, pois pode ter repercussão nos interesses da coletividade. Como também no âmbito dos ramos do direito público inúmeras relações jurídicas tem aplicação subsidiária do direito privado.
O que não é possível é alguma atuação do Estado, em qualquer campo, ser regida exclusivamente pelo direito privado, com total afastamento de normas de direito público.
Conceito de Direito Administrativo:
Critério legalista ou exegético – o direito administrativo é o conjunto de leis administrativas que regulam a Administração Pública de um determinado Estado. 
Crítica: Para essa teoria, o direito administrativo simplesmente estuda a lei seca. No entanto, o Direito Administrativo não se limita a um corpo de leis, desprezando os princípios jurídicos.
Critério do Serviço Público ou Escola do Serviço Público – O direito administrativo consiste na disciplina que regula a instituição, a organização e a prestação do serviço público.
Crítica: critério insuficiente, pois o direito administrativo também se ocupa da disciplina de outras atividades distintas do serviço público, como a atividade de polícia administrativa, de fomento e de intervenção.
Critério do Poder Executivo – o direito administrativo é o ramo do direito que regula os atos do Poder Executivo
Crítica: esse conceito não satisfaz na medida que o Poder Legislativo e Judiciário também editam atos administrativos disciplinados pelo direito administrativo.
Critério das Relações Jurídicas – o direito administrativo é um conjunto de normas que regula as relações entre a Administração e os administrados.
Crítica: esse critério não é útil para a definição de direito administrativo, porque as relações entre a Administração e os administrados também são reguladas por outros ramos do Direito, como constitucional, tributário, penal...
Critério Teleológico ou finalístico – O direito administrativo é um sistema formado por princípios jurídicos que disciplina a atividade do Estado para o cumprimento de seus fins.
Crítica: Esse critério diz que o direito administrativo nada mais é do que um conjunto harmônico de princípios. Esse critério é insuficiente, associa o direito administrativo aos fins do Estado.
Critério Residual ou Negativo – o direito administrativo compreende o estudo de toda a atividade do Estado que não seja legislativa ou jurisdicional. Análise por exclusão
Crítica: limita o direito administrativo ao exame tão somente da atividade empreendida.
Critério da Administração Pública – o direito administrativo consiste em um conjunto de normas que regulam a Administração pública
1. Celso Antônio Bandeira de Melo: “o ramo do Direito Público que disciplina a função administrativa e os órgãos que a exercem”
2. Hely Lopes Meirelles: “conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado.”[1: conceito a ser utilizado em provas de concurso]
Concreta = efeitos concretos.
Direta = independente de provocação.
Imediata = afasta a função social do Estado.
A função imediata do Estado se refere à função jurídica do Estado, que é diferente da função mediata. A função mediata traz a função social do Estado. A imediata é a jurídica, distinta da mediata que é a atividade social. Função social não é problema nosso. Escolher política pública não é função do direito administrativo, que não se preocupa com a questão social do Estado, mas com a questão jurídica
3. Maria Sylvia Zanella Di Pietro: “ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública”
4. Conceito do autor: “conjunto de regras e princípios aplicáveis à estruturação e ao funcionamento das pessoas e órgãos integrantes da administração pública, às relações entre esta e seus agentes, ao exercício da função administrativa, especialmente às relações com os administrados, e à gestão dos bens públicos, tendo em conta a finalidade geral de bem atender ao interesse público.”
2	 OBJETO E ABRANGÊNCIA
O objeto do direito administrativo abrange todas as relações internas à administração pública - entre os órgãos e entidades administrativas, uns com os outros, e entre a administração e seus agentes, estatutários e celetistas -, todas as relações entre a administração e os administrados, regidas predominantemente pelo direito público ou pelo direito privado, bem como atividades de administração pública em sentido material exercidas por particulares sob regime de direito público, a exemplo da prestação de serviços públicos mediante contratos de concessão ou de permissão.
Embora a atividade de administração pública seja típica do Poder Executivo, os demais Poderes também praticam atos que são objeto do direito administrativo, estando sujeito ao regramento do direito administrativo.
OBS: a função de governo (política - elaboração de políticas públicas, diretrizes) não constitui objeto do direito administrativo.
3	CODIFICAÇÃO E FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO
O Direito Administrativo não se encontra codificado, seus textos de lei não estão reunidos em um código.
Fontes:
Lei: fonte primordial do direito administrativo. Deve-se incluir, de forma secundária, além das leis propriamente ditas e da Constituição, os atos normativos infralegais expedidos pela administração pública, pois são de observância obrigatória pela própria Administração.
jurisprudência: reiteradas decisões em um mesmo sentido, é fonte secundária do Direito Administrativo.
Deve-se ressaltar que apesar de um modo geral as decisões judiciais só terem eficácia entre as partes do processo,
nas ações de controle abstrato de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e feito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta. Essas decisões e as súmulas vinculantes - efeito vinculante e eficácia contra todos - devem ser consideradas como fontes principais, e não secundárias, pois estabelecem condutas de observância obrigatória.
doutrina: conjunto de teses. Constitui fonte secundária
costumes: conjunto de regras não escritas observadas pela sociedade. Fonte secundária.
* Os costumes administrativos: prática reiteradamente observada pelos agentes administrativos. A praxe administrativa diante de lacunas normativas funcionam como fonte secundária do direito administrativo podendo gerar direitos aos administrados. Isto com base nos princípios da lealdade, boa-fé e moralidade administrativa. 
4	SISTEMAS ADMINISTRATIVOS: SISTEMA INGLÊS E SISTEMA FRANCÊS
Sistema administrativo vem a ser o regime adotado pelo Estado para o controle dos atos administrativos ilegais ou ilegítimos praticados pelo poder público nas diversas esferas e em todos os Poderes. São dois sistemas: inglês e francês
Sistema Inglês ou de Unicidade de Jurisdição: é aquele em que todos os litígios - administrativos ou que envolvam interesses exclusivamente privados - podem ser levados ao Poder Judiciário, único que dispõe de competência para dizer o direito de forma definitiva.
OBS: Deve-se observar que a adoção do sistema de jurisdição única não implica a vedação à existência de solução de litígios em âmbito administrativo. O que se assegura nesse sistema é que qualquer litígio, de qualquer natureza, ainda que já tenha sido iniciado (ou já esteja concluído) na esfera administrativa, pode sem restrições, ser levado à apreciação do Poder Judiciário.
Esse sistema não impede a realização do controle de legalidade dos atos administrativos pela própria administração pública que os tenha editado (autotutela administrativa).
Sistema Francês ou de Dualidade de Jurisdição ou Sistema do Contencioso Administrativo: é aquele em que se veda o conhecimento pelo Poder Judiciário de atos da administração pública, ficando estes sujeitos à chamada jurisdição especial do contencioso administrativo, formada por tribunais de índole administrativa. Nesse sistema há uma dualidade de jurisdição: a jurisdição administrativa e a jurisdição comum (Judiciário - competente para os demais litígios)
Sistema Misto – A doutrina brasileira não reconhece o sistema misto de controle. 
5	SISTEMA ADMINISTRATIVO BRASILEIRO
O Brasil adotou o chamado sistema inglês, sistema de jurisdição única ou sistema de controle judicial, em que todos os litígios podem ser resolvidos pelo Poder Judiciário, ao qual é atribuída a função de dizer, em caráter definitivo, o direito aplicável aos casos submetidos a sua apreciação. (Princípio da Inafastabilidade de Jurisdição)
		XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
Isso não significa retirar da administração pública o poder de controlar os seus próprios atos. No entanto, as decisões dos órgãos administrativos não são dotadas da força e da definitividade que caracterizam as decisões do Poder Judiciário, suas decisões não fazem coisa julgada, ficando sujeitas à revisão pelo Poder Judiciário.
Deve ficar claro que mesmo após o início do processo administrativo, por iniciativa do administrado, esse pode abandoná-lo em qualquer etapa e recorrer ao Poder Judiciário, a fim de ver decidida nessa esfera. 
O administrado pode, ainda, em qualquer hipótese, recorrer diretamente ao Poder Judiciário quando entender que se perpetrou alguma lesão ou ameaça a direito seu, independentemente de se ter esgotado as vias administrativas.
Exceções (deve-se esgotar a via administrativa):
Ações relativas à disciplina e as competições desportivas: justiça desportiva
O ato administrativo, ou a omissão da administração pública, que contrarie súmula vinculante só pode ser alvo de reclamação ao STF depois de esgotadas as vias administrativas
É indispensável para caracterizar o interesse de agir no habeas data a prova do anterior indeferimento do pedido de informação de dados pessoais, ou da omissão em atendê-lo.
Ainda há outros atos ou decisões, não enquadrados como atos administrativos em sentido próprio, que não se sujeitam a apreciação judicial. Ex: atos políticos, tais como a sanção ou veto a projeto de lei, políticas públicas. 
No julgamento do processo de impeachment do Presidente da República ao qual compete ao Senado Federal, não há possibilidade de revisão judicial.
6	REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO
É um regime de direito público, aplicável aos órgãos e entidades que compõem a administração pública e à atuação dos agentes administrativos em geral. Baseia-se na existência de poderes e restrições especiais que regem a atuação da Administração pública. Essas prerrogativas e limitações traduzem-se nos princípios da supremacia do interesse público e na indisponibilidade do interesse público. (Pedras de Toque)
Princípio da Supremacia do Interesse Público: O princípio da supremacia fundamenta a existência das prerrogativas ou dos poderes especiais da administração pública, dos quais decorre a verticalidade nas relações administração-particular. 
As prerrogativas que o ordenamento jurídico confere ao Estado justificam-se tão-somente na estrita medida em que são necessárias para que o Estado logre atingir os fins que lhe são impostos pela Constituição e pelas leis. A administração atua estritamente subordinada à lei e possui poderes especiais unicamente como meios, como instrumentos para atingir os objetivos que juridicamente é obrigada a perseguir.
Havendo conflito entre os interesses públicos e os interesses de particulares, aquele deve prevalecer, exigindo-se, entretanto, o respeito aos direitos e garantias fundamentais.
Ex: toda atuação administrativa em que exista imperatividade, em que sejam impostas, unilateralmente, obrigações para o administrado, ou em que seja restringido ou condicionado o exercício de atividades. Pode-se citar: poder de polícia (poder que limita a atuação do particular), cláusulas exorbitantes no contratos públicos, desapropriação, presunção de legitimidade dos atos administrativos, auto-executoriedade de atos administrativos, etc.
Princípio da indisponibilidade do interesse público: A administração sofre restrições em sua atuação que não existem para os particulares. Essas limitações decorrem do fato de que a administração não é proprietária da coisa pública/ do patrimônio público, mas sim o povo.
Em decorrência desse princípio a administração somente pode atuar quando houver lei que autorize ou determine sua atuação, e nos limites estipulados por essa lei. Não existe, a rigor, a idéia de vontade autônoma da administração, mas sim de vontade da lei, que é o instrumento que traz a vontade geral, do povo, manifestada por seus representantes.
Exemplos: necessidade de realizar concurso público, licitação, a exigência de motivação dos atos administrativos, restrições à alienação de bens público.
A Constituição não traz expressamente esses dois princípios, no entanto no art. 37, CF enumera os princípios que decorrem diretamente desses dois. Princípios mínimos do Direito Administrativo:
		Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
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10 Licitação.docx
CAPÍTULO 10 – LICITAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
A base constitucional é o art. 37, XXI.
XXI – ressalvados
os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações;
Conforme se constata, esse dispositivo admite a possibilidade de a legislação estabelecer hipóteses excepcionais de celebração de contratos administrativos sem realização de licitação prévia. Diferentemente, quando trata, em dispositivo específico, dos contratos de concessão e permissão de serviços públicos, a Constituição não abre qualquer possibilidade de ser afastada a licitação (art. 175, CF); que será sempre através de licitação.
A competência para legislar sobre normas gerais aplicáveis a licitações e contratos administrativos é privativa da União, prevista no inciso XXVII do art. 22 da CF.
É interessante notar que o citado inciso só atribui à União a edição de normas gerais. Por essa razão, não se aplica a essa hipótese de competência privativa o parágrafo único do mesmo art. 22.
Portanto, os estados, o Distrito Federal e os municípios têm competência para legislar sobre questões específicas acerca de licitações públicas e contratos administrativos, independentemente de autorização de quem quer que seja – desde que as leis que eles produzam não contrariem as normas gerais editadas pela União. A rigor, a própria União pode editar normas específicas sobre licitações públicas e contratos administrativos, caso em que tais normas obrigarão apenas a ela mesma.
A lei 8.666/93 é nossa lei de normas gerais sobre licitações e contratos administrativos, de observância obrigatória por parte de todos os entes federados (União, estados, DF e municípios, bem como autarquias, fundações, empresas públicas e sociedade de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, DF e municípios). Ver art. 1° e 2° da lei.
Devemos lembrar que, com a alteração trazida pela EC 19/98 ao §1° do art. 173 da CF, passou a ser prevista a edição de um “estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços”.
O estatuto de que trata o §1° do art. 173 da CF ainda não foi editado. Por esse motivo, e por força do expresso comando do art. 1° da lei 8.666/93, as normas gerais sobre licitações e contratos públicos constantes da lei 8.666/93 são de observância obrigatória, também, para todas as empresas públicas e sociedades de economia mista.
Existe, é verdade, jurisprudência segundo a qual as entidades estatais que explorem atividades econômicas em sentido estrito não se sujeitam a licitação quando o contrato que pretendam celebrar (de compra e venda, de prestação de serviços de natureza econômica, de crédito, etc.) tenha objeto relacionado às atividades-fim da entidade. Registramos, ainda, que, especificamente no caso das alienações de bens que sejam produzidos pelas entidades como sua atividade-fim, a própria Lei 8.666/93 dispensa a licitação (art. 17, II, “e”).
Não obstante a clareza do parágrafo único do art. 1° da lei 8.666/93, e a inexistência da lei (de caráter nacional) exigida pelo art. 173, §1°, da CF. A lei 9.478/97, em seu art. 67, estabelece que “os contratos celebrados pela PETROBRÁS, para aquisição de bens e serviços, serão precedidos de procedimento licitatório simplificado, a ser definido em decreto do Presidente da República”. O regulamento do referido “procedimento licitatório simplificado”, específico para a PETROBRÁS, foi aprovado pelo Decreto 2.745/98. Em nossa opinião, o art. 67 da lei 9.478/97 é flagrantemente inconstitucional, uma vez que delega a um decreto a regulação de matéria sujeita a expressa reserva legal pela Constituição (art. 173, §1°, III). Consideramos nulo, portanto, o Decreto 2.745/98 em decorrência da nulidade de seu pretenso suporte legal. Parece-nos, contudo, que o STF, inclina-se a considerar legítimo esse “procedimento licitatório simplificado”, sob o fundamento pragmático de que a atuação da PETROBRÁS em atividade econômica estrita, em regime de concorrência com empresas privadas, seria incompatível com a observância da Lei 8.666/93. (AC 1.193 QO-MC/RJ e RE 441.280/RS)
2 CONCEITO, FINALIDADE E OBJETO DA LICITAÇÃO
A doutrina conceitua licitação como um procedimento administrativo, de observância obrigatória pelas entidades governamentais, em que, observada a igualdade entre os participantes, deve ser selecionada a melhor proposta dentre as apresentadas pelos interessados em com elas travar determinadas relações de conteúdo patrimonial, uma vez preenchidos os requisitos mínimos necessários ao bom cumprimento das obrigações a que eles se propõem.
Tem em vista a celebração de um contrato administrativo.
É importante observar que a Lei 8.666/93 sofreu substancial mudança, especialmente no que respeita à noção de igualdade entre os participantes no procedimento licitatório, com a edição da lei 12.349/2010, resultante da conversão, com alterações, da Medida Provisória 495/2010.
Muito embora o inciso XXI do art. 37 da CF – que não foi modificado – exija literalmente, que nas licitações seja assegurada “igualdade de condições a todos os concorrentes”, nosso legislador ordinário, por meio da Lei 12.349/2010, conferiu uma interpretação bastante elástica a essa noção de “igualdade”, possibilitando que sejam concedidas grandes vantagens competitivas a empresas produtoras de bens manufaturados nacionais ou prestadoras de serviços nacionais, que atendam a normas técnicas brasileiras.
As referidas vantagens competitivas – que a lei chama de “margem de preferência” – alteraram de tal modo a noção de “igualdade” aplicável ao procedimento licitatório que o legislador entendeu necessário modificar o caput do art. 3° da lei 8.666/93, dispositivo principiológico fundamental acerca das licitações. Na redação original do art. 3° da lei 8.666/93, esse artigo enunciava, simplesmente, que “a licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a administração”. Pois bem, com o objetivo de estabelecer, conceitualmente, uma espécie de contraponto à primazia absoluta do princípio da igualdade, que era evidente na redação original do caput do art. 3°, e de “harmonizar” com a isonomia a concessão de grandes vantagens e empresas produtoras de bens e serviços nacionais, a Lei 12.349/2010 modificou a redação do dispositivo em comento, de sorte que, ele assevera que “a licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável”.
Além de conter regras destinadas a favorecer o mercado local de bens e serviços, a Lei 12.349/2010 trouxe diversas normas cujo escopo é fortalecer os setores de pesquisa e inovação tecnológica nacionais, possibilitando até mesmo a realização de licitações restritas a bens e serviços com tecnologia desenvolvida no País. Uma das idéias por trás dessa reserva é que o direcionamento, ao mercado nacional, das compras públicas, dado o seu vulto, poderá contribuir para viabilizar cadeias industriais que necessitam de escala, o que é freqüente em setores de tecnologia avançada.
Em suma, seguindo políticas que já são adotadas em alguns países, o Brasil passa a utilizar o enorme peso econômico das compras governamentais como um instrumento teoricamente apto a promover o desenvolvimento nacional, sobretudo fortalecendo empresas que deverão gerar emprego e aumento de renda no âmbito doméstico e empresas voltadas para os setores de pesquisa e de criação de tecnologias nacionais.
Trata-se de orientação impregnada de forte matiz ideológico, de eficácia bastante discutível, não só do ponto de vista da teoria econômica, mas, sobretudo, quanto ao seu funcionamento na prática (aumentam muito as “brechas” para desvios e favorecimentos espúrios). De toda sorte, aqueles que a defendem – e propugnam a sua validade constitucional – asseveram estar contribuindo para tornar efetivo o objetivo fundamental da República Federativa do Brasil insculpidos no inciso II do art. 3° da Carta Política de 1988: “garantir o desenvolvimento nacional”.
Anota-se que as disposições da Lei 12.349/2010, por expressa determinação de seu art. 2°, aplicam-se à modalidade pregão de licitação, disciplinada pela Lei 10.520/2002.
Não sabemos se as alterações perpretadas pela lei 12.349/2010 serão futuramente consideradas inconstitucionais. Enquanto elas estiverem vigendo, nossa opinião é que não mais se pode afirmar que o princípio da isonomia seja a diretriz maior dos procedimentos de licitação. Atualmente, tão importante quanto a necessidade de observar o princípio da isonomia é o desiderato de promover o “desenvolvimento nacional sustentável”, o que se traduz, consoante a lei, na possibilidade de concessão de grandes vantagens a empresas que almejam fornecer à administração pública produtos manufaturados nacionais e serviços nacionais, bem como a empresas voltadas ao desenvolvimento de tecnologias brasileiras.
3 PRINCÍPIOS DA LICITAÇÃO
O art. 3° da lei 8.666/93 enumera os princípios básicos que regem o procedimento administrativo de licitação, especialmente o julgamento das propostas: legalidade; impessoalidade; moralidade; igualdade; publicidade; probidade administrativa; vinculação ao instrumento convocatório; julgamento objetivo.
A maior parte dos princípios citados no texto legal são princípios que interessam a toda atividade administrativa. 
A doutrina comumente menciona, ainda, como princípios implícitos específicos o da competitividade, o do procedimento forma, o do sigilo das propostas e o da adjudicação compulsória.
3.1 FORMALISMO
O procedimento administrativo da licitação é sempre um procedimento formal, especialmente em razão de preceder contratações que implicarão dispêndio de recursos públicos.
O princípio do formalismo está enunciado no art. 4°, § único da lei 8.666/93, segundo o qual “o procedimento licitatório previsto nesta Lei caracteriza ato administrativo formal, seja ele praticado em qualquer esfera da Administração Pública”.
3.2 PUBLICIDADE DOS ATOS
Art. 3°, §3°, da lei 8.666/93
O objetivo é permitir o acompanhamento e controle do procedimento não só pelos participantes como também, quiçá principalmente, pelos administrados em geral. Estes podem sustar ou impugnar quaisquer atos lesivos à moralidade administrativa ou ao patrimônio público, representar contra ilegalidades ou desvios de poder etc. 
O art. 4° da lei expressamente assegura a qualquer cidadão o direito de acompanhar o desenvolvimento do certame, direito esse que, evidentemente, inclui a fiscalização de sua lisura. Instrumentos: ação popular; direito de petição; mandado de segurança; habeas data.
3.3 IGUALDADE ENTRE OS LICITANTES
Com base na redação original da Lei 8.666/93, não seria exagero afirmar que, a respeito das licitações públicas, o legislador erigiu o princípio da isonomia, na escala de importância, ao mais elevado patamar.
Deveras, em sua redação original, o caput do art. 3° da lei 8.666/93 – dispositivo em que estão explicitados os mais importantes princípios pertinentes às licitações públicas – mencionava em destaque a exigência de observância da isonomia e, logo em seguida, afirmava categoricamente que a licitação deve ser processada e julgada em estrita conformidade, dentre outros, com o princípio da igualdade. Trata-se de repetição intencional – isonomia e igualdade dão vocábulos sinônimos, no contexto da lei em apreço -, em que o evidente intuito é reforçar a vedação a discriminações injustificadas entre os concorrentes.
Pois bem, um pequeno acréscimo, porém sobremaneira significativo, foi trazido à redação do caput do art. 3° da lei 8.666/93 pela Lei 12.349/2010, resultante da conversão, com alterações da Medida Provisória 495/2010. Simplesmente, o dispositivo, agora, enuncia, como objetivo das licitações, ao lado da garantia de observância do princípio da isonomia, a “promoção do desenvolvimento nacional sustentável”. Permanece no texto a menção intencionalmente redundante ao princípio da igualdade, mas, conforme se verá, o fato de o objetivo de promover o “desenvolvimento nacional sustentável” ter sido posto lado a lado com o de garantir a observância do princípio constitucional da isonomia teve o intuito de tornar coerentes com o arcabouço principiológico vazado no caput do art. 3° da lei 8.666/93 diversas regras de preferência endereçadas a empresas produtoras de bens e serviços nacionais e a empresas ligadas aos setores de pesquisa e inovação tecnológica nacionais.
Pode-se dizer que, atualmente, embora não tenha sido literalmente modificada, no caput do art. 3° da lei 8.666/93, a asserção de que a licitação visa a selecionar a “proposta mais vantajosa para a administração”, o conteúdo dessa expressão deve ser entendido de modo diverso daquele verificado antes da Lei 12.349/2010. De fato, até então, a “proposta mais vantajosa” para a administração numa licitação, sem dúvida deveria ser determinada precipuamente sob o prisma econômico. Mesmo que a licitação não fosse do tipo menor preço, sempre se considerava “mais vantajosa” a proposta em que a relação custo-benefício se mostrasse mais favorável para a administração, levando em conta especificamente aspectos econômicos concernentes àquele contrato que resultaria da licitação. Agora, a leitura sistemática da lei 8.666/93 permite afirmar que, dependendo da licitação, “será mais vantajosa” a proposta que apresente, sim, a melhor relação custo- benefício, porém, levando em conta não somente aquele contrato específico que será celebrado, mas também os benefícios indiretos, mediatos e de longo prazo que a proposta considerada vencedora proporcionará ao Brasil, ao desenvolvimento nacional.
A nosso ver, é possível que venha a ser considerado um problema para a legitimação dessa verdadeira mudança no perfil das licitações públicas o fato de nenhuma alteração haver sido feita no texto constitucional. E não nos parece nada óbvio que se possa defender – invocando o objetivo altamente indefinido de “garantir o desenvolvimento nacional” (CF, art. 3°, II) – que a redação imperativa do inciso XXI do art. 37 da CF comporte esse grau de elasticidade que o legislador ordinário pretendeu lhe conferir. Afinal, está dito com todas as letras neste dispositivo constitucional que a licitação deve assegurar “igualdade de condições a todos os concorrentes” e que somente são permitidas “exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações”.
Não nos passa despercebido que atender a isonomia não significa apenas tratar igualmente os semelhantes, mas também diferenciar o tratamento conferido aos desiguais. A dificuldade sempre é determinar quais critérios de desigualamento são e quais não são legítimos, razoáveis.
Tem-se falado que a diferenciação de tratamento consistente em considerar vencedoras propostas de fornecimento de produtos ou serviços nacionais mais caros do que os estrangeiros não violaria a igualdade, porque simplesmente compensaria a diferença de tributação – incidência de pesados tributos sobre os produtos e serviços internos e, regra geral, isenções ou imunidades concedidas pelos países estrangeiros aos produtos de suas empresas exportados para o Brasil.
Ocorre que esse argumento colide frontalmente com o art. 42, §4°, da lei 8.666/93, o qual determina que, nas concorrências de âmbito internacional, “para fins de julgamento da licitação, as propostas apresentadas por licitantes estrangeiros
serão acrescidas dos gravames conseqüentes dos mesmos tributos que oneram exclusivamente os licitantes brasileiros quanto à operação final de venda”. Como essa regra encontra-se em pleno vigor (não foi revogada pela lei 12.349/2010), o argumento puramente econômico tributário não justifica, de modo algum, à luz do princípio da isonomia, a atribuição de “margem de preferência” aos preços de produtos e serviços nacionais constantes das propostas em uma licitação.
Aliás, se esse “desigualamento” de condições configurasse, realmente, simples compensação de diferenças entre as tributações interna e externa, nenhuma necessidade de alteração da lei 8.666/93 haveria. Bastaria aplicar o citado §4° de seu art. 42 – ainda vigente. Mister é reconhecer que nenhum argumento puramente econômico, voltado específica e diretamente para o contrato que se tencione celebrar por meio de uma licitação logrará justificar, como mero corolário da isonomia, as vantagens trazidas pela Lei 12.349/2010 às empresas fornecedoras de produtos e serviços nacionais. A verdade é que o legislador criou uma necessidade de ponderação entre o objetivo de atender à isonomia e o de promover o desenvolvimento nacional por meio das licitações. A diferenciação entre os licitantes que a lei passou a autorizar não se restringe a proporcionar compensações decorrentes de desigualdades de natureza econômica imediata entre eles; agora podem ser levados em conta aspectos mediatos, de longo prazo, estratégicos, relacionados à economia do País no plano macro, desvinculados da realidade econômica específica respeitante a um determinado contrato que se pretenda celebrar.
Quanto a esse ponto, é claro o seguinte excerto da exposição de motivos que acompanhou a publicação da Medida Provisória 495/2010, de cuja conversão, com alterações, resultou a Lei 12.349/2010:
“A modificação do caput do art. 3° visa agregar às finalidades das licitações públicas o desenvolvimento econômico nacional. Com efeito, a medida consigna em lei a relevância do poder de compra governamental como instrumento de promoção do mercado interno, considerando-se o potencial de demanda de bens e serviços domésticos do setor público, o correlato efeito multiplicador sobre o nível de atividade, a geração de emprego e renda e, por conseguinte, o desenvolvimento do país.”
Cumpre frisar que as disposições da lei 12.349/2010 por expressa determinação de seu art. 2°, aplicam-se à modalidade pregão de licitação, disciplinada pela lei 10.520/2002.
No tópico seguinte detalharemos as regras autorizadoras de concessão de vantagens e distinções entre os licitantes trazidas pela Lei 12.349/2010. Antes disso, entretanto, é necessário estudar as normas a lei 8.666/93, ainda vigentes, que têm como fundamento o princípio da igualdade entre os licitantes. Vale lembrar que esse princípio não foi revogado – nem poderia ser, porque tem assento constitucional -, mas, sim, talvez se possa dizer, “reformulado” em seu conteúdo pela Lei 12.349/2010.
A observância da igualdade entre os particulares no procedimento licitatório possui uma dupla vertente: devem ser tratados isonomicamente todos os que participam da disputa, o que significa vedação a discriminações injustificadas no julgamento das propostas, e deve ser dada oportunidade de participação nas licitações em geral a quaisquer interessados que tenham condições de assegurar o futuro cumprimento do contrato a ser celebrado.
Não configura, por essa razão, violação ao princípio da isonomia o estabelecimento de requisitos mínimos de habilitação dos licitantes cuja finalidade seja exclusivamente garantir a adequada execução do futuro contrato.
O §1° do art. 3° da lei 8.666/93 proíbe que os agentes públicos estabeleçam ou admitam, nos atos de convocação (edital ou carta-convite), cláusulas ou condições que comprometam o caráter competitivo da licitação, ou que estabeleçam preferências ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes, inclusive nos casos de sociedades cooperativas, ou de qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato. Ressalva, entretanto, o disposto nos §§5° a 12 do próprio art. 3° e o disposto no art. 3° da Lei 8.248/1991.
O §1° do art. 3° da lei 8.6666/93 veda também que os agentes públicos estabeleçam tratamento diferenciado de natureza comercial, legal, trabalhista, previdenciária ou qualquer outra, entre empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no que se refere a moeda, modalidade e local de pagamentos, mesmo quando envolvidos financiamentos de agências internacionais. Ressalva, entretanto, o disposto no §2° do próprio art. 3° e o disposto no art. 3° da lei 8.248/1991.
3.3.1 FAVORECIMENTO A RPODUTOS NACIONAIS: CRITÉRIOS DE DESEMPATE, “MARGENS DE PREFERÊNCIA”, LICITAÇÕES COM PARTICIPAÇÃO RESTRITA.
Conforme foi afirmado anteriormente, com a edição da lei 12.349/2010, resultante da conversão, com alterações, da Medida Provisória 495/2010, a lei 8.666/93 passou a conter algumas regras que estabelecem, ou autorizam que sejam estabelecidas, importantes diferenças de tratamento entre licitantes, em determinados certames, visando, em linhas gerais, a favorecer aqueles que forneçam produtos e serviços nacionais, bem como a fortalecer empresas atuantes em áreas relacionadas à pesquisa científica e à criação de tecnologias nacionais.
A primeira dessas regras a merecer menção está no §2° do art. 3° da lei 8.666/93, segundo a qual, em igualdade de condições, como critério de desempate, será assegurada a preferência, sucessivamente, aos bens e serviços:
1°) produzido no País;
2°) produzidos ou prestados por empresas brasileiras;
3°) produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País.
Essa regra de desempate, na verdade, já constava no texto originário da lei 8.666/93 e foi, depois, alterada pela 11.196/2005. A única modificação a ela feita pela Lei 12.349/2010 foi a revogação de um dispositivo que se referia a “empresas brasileiras de capital nacional”, expressão incompatível com o texto constitucional desde a publicação da EC 6/1995.
Outra regra de preferência a que expressamente alude o §1° do art. 3° da lei 8.666/93 está na lei 8.248/1991, cujo art. 3° determina:
Art. 3° Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal, direta ou indireta, as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público e as demais organizações sob o controle direto e indireto da União darão preferência, nas aquisições de bens e serviços de informática e automação, observada a seguinte ordem, a:
I – bens e serviços com tecnologia desenvolvida no País;
II - bens e serviços produzidos de acordo com processo produtivo básico, na forma a ser definida pelo Poder Executivo.
Para o exercício dessa preferência prevista no art. 3° da lei 8248/1991 devem ser levadas em conta condições equivalentes de prazo de entrega, suporte de serviços, qualidade, padronização, compatibilidade e especificação de desempenho e preço.
Ainda tratando do art. 3° da lei 8.248/1991, é relevante apontar que o seu §3° autoriza a utilização da modalidade pregão de licitação para a aquisição de bens e serviços de informática e automação que, nos termos do §único do art. 1° da lei 10.520/2002, se enquadrem como bens e serviços comuns. A participação nessas licitações poderá ser restrita às empresas que cumpram o processo produtivo básico (exigências destinadas a assegurar que no processo produtivo do bem ou nas operações relacionadas à prestação do serviço uma parcela irrisória seja efetivamente no Brasil).
Outra possibilidade de restringir a determinadas empresas a participação nas licitações está prevista no §12 do art. 3° da lei 8.666/93, incluído pela lei 12.349/2010. Conforme prescreve esse dispositivo, nas contratações destinadas à implantação, manutenção e ao aperfeiçoamento dos sistemas de tecnologia de informação e comunicação, considerados
estratégicos em ato do Poder Executivo Federal, a licitação poderá se restrita a bens e serviços com tecnologia desenvolvida no País e produzidos de acordo com o processo produtivo básico.
O inciso XIX do art. 6° da Lei 8.666/93, igualmente acrescentado pela Lei 12.349/2010, define sistemas de tecnologia de informação e comunicação estratégicos como “bens e serviços de tecnologia da informação e comunicação cuja descontinuidade provoque dano significativo à administração pública e que envolvam pelo menos um dos seguintes requisitos relacionados às informações críticas: disponibilidade, confiabilidade, segurança e confidencialidade”.
A respeito do objetivo perseguido com o acréscimo do §12 ao art. 3° da lei 8.666/93, ora em foco, é oportuno reproduzir o excerto pertinente da exposição de motivos que acompanhou a publicação da Medida Provisória 495/2010, da qual resultou a Lei 12.349/2010:
“A inclusão do §12 do art. 3° da Lei 8.666/93 objetiva possibilitar que contratações de sistemas de tecnologia da informação e comunicações – TIC considerados estratégicos sejam, por questões de segurança, restritas a bens e serviços com tecnologia desenvolvida no País e produzidos de acordo com o processo produtivo básico. A proposta busca salvaguardar sistemas importantes do Estado brasileiro e mitigar a dependência de bens e serviços sobre os quais se tenha baixa gestão do conhecimento. Esses sistemas se materializam por meio de serviços continuados, necessários à Administração para o desempenho de suas atribuições constitucionais e cuja interrupção pode comprometer seriamente a continuidade de suas atividades. Dessa forma, o domínio pelo País dessas tecnologias é fundamental para garantir a soberania e a segurança nacionais. Adicionalmente, a iniciativa ajuda no adensamento da cadeia produtiva de TICs, com impacto relevante e positivo para a geração de empregos e fortalecimento desse importante setor da economia, fato que está alinhado com o interesse estratégico do Governo em desenvolver os segmentos de tais tecnologias no Brasil.”
Passemos, agora, àquelas que, a nosso ver, podem ser consideradas as mais “agressivas” dentre todas as regras instituidoras de distinções entre os licitantes existentes atualmente em nosso ordenamento jurídico: a autorização para o estabelecimento, nos processos licitatórios, de “margens de preferência” para produtos e serviços nacionais, introduzida pela Lei 12.349/2010, por meio do acréscimo dos §§5° a 10 ao art. 3° da Lei 8.666/1993.
Salvo engano de nossa parte, até a edição da Lei 12.349 (a rigor, da Medida Provisória 495/2010) não existia, no Brasil, a possibilidade de que, por exemplo, em uma licitação do tipo menor preço, a proposta vencedora não fosse aquela que, dentre as classificadas, efetivamente apresentasse o menor preço. Mesmo no caso das regras favorecidas aplicáveis às microempresas e às empresas de pequeno porte, trazidas pela Lei Complementar 123/2010 – estudada no tópico seguinte -, não existe a possibilidade de o contrato ser celebrado, ao fim e ao cabo, por um valor superior ao da proposta de menor preço dentre as classificadas (considerando uma licitação do tipo menor preço).
Pois bem, essa possibilidade passou a existir, como decorrência da autorização para o estabelecimento das “margens de preferência” acima aludidas. Simplificadamente, hoje é possível, por exemplo, em uma licitação do tipo menor preço para aquisição de determinados produtos industrializados, que seja prevista “margem de preferência”, digamos, de 20%, para o produto nacional. Nesse caso, poderá ocorrer de uma proposta de fornecimento de produto estrangeiro apresente o preço unitário de 10 mil reais, e a outra proposta, em que o produto seja nacional, tenha o preço unitário de 11.900,00 reais. Nessa licitação hipotética, a proposta vencedora seria a do produto oferecido por 11.900 reais.
É necessário detalhar as regras vazadas nos §§5° a 10 do art. 3°, ora em foco.
O primeiro ponto relevante a observar é que estão previstas duas espécies de “margens de preferência”. Chamaremos a primeira delas, referida no §5°, de “margem básica’ e a segunda, tratada no §7°, de “margem adicional”.
A “margem básica” pode beneficiar produtos manufaturados nacionais em geral, desde que atendam normas técnicas brasileiras. A lei 12.349/2010 preocupou-se em definir esses produtos e serviços, incluindo os incisos XVII e XVIII no art. 6° da Lei 8.666/93, com a seguinte dicção:
XVII – produtos manufaturados nacionais – produtos manufaturados, produzidos no território nacional de acordo com o processo produtivo básico ou com as regras de origem estabelecidas pelo Poder Executivo Federal;
XVIII – serviços nacionais – serviços prestados no País, nas condições estabelecidas pelo Poder Executivo Federal.
As margens de preferência “básica” podem ser entendidas, total ou parcialmente, aos bens e serviços originários dos Estados Partes do Mercosul (art. 3°, §10).
A “margem adicional”, quando houver, só pode beneficiar produtos manufaturados e serviços nacionais resultantes de desenvolvimento e inovação tecnológica realizados no País.
As margens de preferência, “básica” e “adicional”, serão definidas pelo Poder Executivo Federal por produto, serviço, grupo de produtos ou grupo de serviços (art. 3°, §8°). Trata-se de determinação que intencionalmente reduz bastante a discricionariedade dos diferentes órgãos e entidades que pretendam promover licitações, uma vez que não caberá a cada um deles, caso a caso, fixar as “margens de preferência” aplicáveis. O “Poder Executivo Federal” deverá definir as margens, não para uma licitação específica, mas “por produto, serviço, grupo de produtos ou grupo de serviços” – embora a lei não seja clara, pensamos que a fixação dos percentuais deverá ser estabelecida mediante ato do Presidente da República, ou pelo menos, de Ministro de Estado.
Extremamente importante é a limitação imposta na parte final do mesmo §8°, segundo a qual a soma das margens de preferência, “básica” e “adicional”, por produto, serviço, grupo de produtos ou grupo de serviços, não pode ultrapassar o montante de 25% sobre o preço dos produtos manufaturados e serviços estrangeiros.
Dessa forma, imagine-se que o Poder Executivo federal estabeleça em 15 %, sobre o preço do produto estrangeiro, a margem de preferência “básica” para p produto nacional “X”. Nessa hipótese, se pretender fixar, também a margem “adicional” para os caos em que o produto nacional “X” seja resultante de desenvolvimento e inovação tecnológica realizados no País, essa margem “adicional” não poderá ser superior a 10%, sobre o preço do produto estrangeiro, de sorte que a soma das margens “básica” e “adicional” fique dentro do limite máximo de 25%.
Abrimos um parênteses para observar que os §§8 e 12 do art. 3° da lei 8.666/1993, acrescentados pela Lei 12.349/2010, vistos acima, neste tópico, prevêem que as disposições deles constantes sejam regulamentadas pelo “Poder Executivo Federal”. Como a lei 8.666/93 contém normas gerais aplicáveis a todos os entes federados, é estranha essa previsão de regulamentação de alguns de seus dispositivos, que não estão expressamente restritos à União – pelo Poder Executivo federal.
Voltando à análise a Lei 12.349/2010, vale notar que o legislador procurou criar alguns mecanismos tendente a evitar abusos, desvios, favorecimentos arbitrários, excesso de subjetividade e outros graves problemas que já podem ser antevistos. As regras com esse objetivo, entretanto, são quase sempre muito vagas e indefinidas, tornando pouco crível que venham a ter efetiivdade.
Com efeito, uma dessas regras pouco objetivas encontra-se no §6° do art. 3° da lei 8.666/93, segundo a qual a margem de preferência “básica” será estabelecida com fundamento em estudos revistos periodicamente, em prazo não superior a 5 anos, que levem em consideração:
Geração de emprego e renda;
Efeito na arrecadação de tributos federais, estaduais
e municipais;
Desenvolvimento e inovação tecnológica realizados no País;
Custo adicional dos produtos e serviços; e
Em suas revisões, análise retrospectiva de resultados.
Mais bem definido é o conteúdo do §9° do art. 3°, segundo o qual não podem ser utilizadas margens de preferência, nem “básica” nem “adicional”, quanto aos bens e aos serviços cuja capacidade de produção ou prestação no País seja inferior:
I – à quantidade a ser adquirida ou contratada; ou
II – ao quantitativo fixado com fundamento no §7° do art. 23 desta Lei, quando for o caso.
Deve ser divulgada na internet, a cada exercício financeiro, a relação de empresas favorecidas pela aplicação das regras de tratamento diferenciado inseridas pela elei 12.349/2010 no art. 3° da lei 8.66/93 com indicação do volume de recursos destinado a cada uma dessas empresas (art. 3°, §13).
Por fim, não é demasiado repetir que o art. 2° da Lei 12.349/2010 expressamente estatui que as normas dela constantes aplicam-se à modalidade pregão de licitação.
3.3.2 PREFERÊNCIAS DE CONTRATAÇÃO PARA AS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE
A LC 123/06 estabeleceu regras que implicam preferência de contratação para as microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP).
O art. 44 da LC 123/06 dispõe que “nas licitações será assegurada, como critério de desempate, preferência de contratação para as microempresas e empresas de pequeno porte”. Embora o texto legal fale, literalmente, em “critério de desempate”, a regra que a lei estabelece não se aplica somente a casos em que efetivamente haja um empate. Com efeito, o §1° do art. 44 estatui que se entendem por empate “aquelas situações em que as propostas apresentadas pelas microempresas e empresas de pequeno porte sejam iguais ou até 10% superiores à proposta mais bem classificada”. Por outras palavras, o dispositivo legal criou uma “equiparação a empate”.
Na modalidade pregão de licitação, só serão consideradas “empatadas” as propostas de ME e EPP que sejam até 5% superiores ao melhor preço (a modalidade pregão é sempre licitação do tipo menor preço).
Ocorrendo tal empate (real ou equiparado), o art. 45 da LC 123/06 determina que sejam adotados os seguintes procedimentos:
A ME ou EPP mais bem classificada poderá apresentar proposta de preço inferior àquela considerada vencedora do certame, situação em que será adjudicado em seu favor o objeto licitado;
Se a ME ou EPP mais bem classificada não oferecer proposta de preço inferior àquela considerada vencedora do certame, serão convocadas as remanescentes, na ordem classificatória, para o exercício do mesmo direito (desde que os valores originais das propostas dessas ME e EPP remanescente enquadram-se nos critérios de “equiparação a empate” com a proposta vencedora do certame, vistos acima);
No caso de serem idênticos os valores das proposta originais apresentadas pelas ME e EPP (e desde que sejam propostas que se enquadrem nos critérios de “equipração a empate” com a proposta vencedora do certame, vistos acima”, será realizado sorteio entre elas para que se identifique aquela que primeiro poderá apresentar melhor oferta.
Se não for possível, mediante a adoção dos procedimentos acima explicados nos itens 1,2 e 3, obter uma proposta de ME ou EPP que tenha preço inferior àquela considerada vencedora do certame, o objeto licitado será adjudicado em favor da proposta originalmente vencedora do certame (art. 45, §1°).
Como se constata, as regras instituídas pela LC 123/06 para favorecer as ME e EPP nas licitações, efetivamente criam para elas uma situação privilegiada relativamente às outras empresas, mas não chegaram ao ponto (absurdo) de prever a contratação pela Administração por preço superior ao da proposta de preço mais baixo.
3.4 SIGILO NA APRESENTAÇÃO DAS PROPOSTAS
Art. 3°, §3°, da lei 8.666/93.
A observância do sigilo das propostas até sua abertura é de tal importância que constitui crime sua violação, como consta do art. 94 da lei.
 
A violação do sigilo das propostas deixa em posição vantajosa o concorrente que disponha da informação relativa a seu conteúdo.
3.5 VINCULAÇÃO AO ISNTRUMENTO CONVOCATÓRIO
A vinculação da Administração aos estritos termos do instrumento convocatório da licitação (edital ou carta-convite) deflui do caput do art. 41 da lei 8.666/93.
Hely Lopes Meirelles afirma que o edital (ou a carta-convite) é “a lei interna da licitação” enfatizando que ele, como tal, vincula aos seus termos tanto os licitantes como a Administração que o expediu.
3.6 JULGAMENTO OBJETIVO
Julgamento objetivo é o que se baseia no critério indicado no edital e nos termos específicos das propostas. Em tese, não pode haver qualquer discricionariedade na apreciação das propostas pela Administração.
É de todo evidente que só se pode cogitar absoluta objetividade quando o critério da licitação é o de “menor preço” ou, nas alienações, o de “maior lance ou oferta”. Diferentemente, os critérios “melhor técnica” ou “técnica e preço” inexoravelmente implicarão certa dose de valoração subjetiva na escolha da proposta vencedora.
Não obstante essa constatação o art. 44 da lei 8.666/93 estatui que no julgamento das propostas, a comissão levará em consideração os critérios objetivos definidos no edital ou convite. O art. 45 da lei 8.666/93 reforça essa disposição.
3.7 PROBIDADE E MORALIDADE ADMINISTRATIVA
É princípio informativo de toda atuação da Administração. Traduz-se na exigência de atuação ética dos agentes da Administração em todas as etapas do procedimento.
Cumpre lembrar o art. 37, §4°, CF, aplicável a toda a Administração Pública, estatui que os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
Por último, registramos que autores como Celso Antônio Bandeira de Mello afirmam a aplicabilidade do princípio da moralidade não só à atuação dos agentes administrativos, mas também ao comportamento dos administrados participantes do procedimento licitatório.
3.8 ADJUDICAÇÃO OBRIGATÓRIA AO VENCEDOR
Em matéria de licitações públicas, adjudicar significa, simplesmente, atribuir o objeto do certame ao licitante vencedor. O princípio da adjudicação compulsória impede que a Administração, concluído o procedimento licitatório, atribua seu objeto a outrem que não o legítimo vencedor. Esse princípio também veda que se abra nova licitação enquanto válida a adjudicação anterior.
Não se deve confundir adjudicação com a celebração do contrato. A adjudicação é um ato declaratório, que apenas garante ao vencedor que, quando a Administração for celebrar o contrato relativo ao objeto da licitação, ela o fará com o vencedor. É, todavia, possível que ocorra de o contrato não chegar a ser celebrado, em face de motivos como a anulação do procedimento, se houve ilegalidade, ou a revogação da licitação em decorrência de supervenientes razões de interesse público.
A adjudicação é o ato final do procedimento de licitação.
O art. 50 da lei 8.666/93 veda à Administração a celebração do contrato com preterição de ordem de classificação das propostas (...).
A Administração deverá convocar regularmente o interessado para assinar o termo de contrato dentro do prazo e condições estabelecidos. O prazo de convocação poderá ser prorrogado uma vez, por igual período, quando solicitado pela parte durante o seu transcurso e desde que ocorra motivo justificado aceito pela Administração. Caso o adjudicatário deixe de celebrar o contrato no prazo estabelecido, decairá de seu direito à contratação e ficará caracterizado o descumprimento total da obrigação assumida, sujeitando-o às penalidades legalmente estabelecidas (art. 64 e art. 81).
Quando o convocado não assinar o termo de contrato no prazo e condições estabelecidos,
a Administração poderá convocar os licitantes remanescentes, na ordem de classificação, para fazê-lo em igual prazo e nas mesmas condições propostas pelo primeiro classificado, inclusive quanto aos preços atualizados em conformidade com ato convocatório. É facultado à Administração, alternativamente, revogar a licitação.
Por outro lado, a não convocação para a contratação, pela Administração, decorridos 60 dias da data da entrega das propostas, libera os licitantes dos compromissos assumidos.
3.9 COMPETITIVIDADE
Somente o procedimento em que haja efetiva competição entre os participantes, evitando manipulações de preços, será capaz de assegurar à Administração a obtenção da proposta mais vantajosa para a consecução de seus fins.
A lei veda, por isso, a realização de licitação cujo objeto inclua bens e serviços sem similaridade ou de marcas, características e especificações exclusivas, salvo nos casos em que for tecnicamente justificável (art. 7°, §5°)
Ver art. 90 da lei 8.666/93 – crime por frustrar ou fraudar o caráter competitivo.
4 OBRIGATORIEDADE DE LICITAÇÃO E EXCEÇÕES
A regra geral é a necessidade de a Administração Pública como um todo, previamente à celebração de contratos administrativos, realizar licitação, em decorrência do princípio da indisponibilidade do interesse público.
As situações em que não haverá ou poderá não haver licitação prévia às contratações em geral, exceto as de concessões e permissões de serviços públicos, dividem-se em dois grupos: situações de inexigibilidade e situações de dispensa.
Há inexigibilidade quando a licitação é juridicamente impossível. A impossibilidade jurídica de licitar decorre da impossibilidade de competição, em razão da inexistência de pluralidade de potenciais proponentes.
Há dispensa de licitação quando esta é possível, ou seja, há possibilidade de competição, mas a lei dispensa ou permite que seja dispensada a licitação.
Na licitação dispensada, não haverá licitação, porque a própria lei dispensou. As hipóteses de licitação dispensada dizem respeito a alienações de bens, ou de direitos sobre bens, pela Administração, e estão nas alíneas dos incisos I e II, e no §2°, do art. 17 da lei 8.666/93.
Quando a lei autoriza a Administração a, discricionariamente, deixar de realizar a licitação, temos a denominada licitação dispensável. Portanto, na licitação dispensável, a competição é possível, mas a Administração poderá, ou não, realizar a licitação, conforme seus critérios de conveniência e oportunidade.
Em qualquer caso, é obrigatória a motivação do ato administrativo que decida sobre a dispensa ou a inexigibilidade de licitação
4.1 INEXIGIBILIDADE
A inexigibilidade de licitação se verifica sempre que houver impossibilidade jurídica de competição.
Como afirma Celso Antônio Bandeira de Mello, é pressuposto lógico da licitação a existência de uma pluralidade de objetos e de uma pluralidade de ofertantes.
Sempre que inexistir viabilidade de competição, poderá efetivar-se a contratação direta, ainda que não se configurem situações expressamente constantes do elenco do art. 25.
Art. 25 da lei 8.666/93. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial:
I – para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
II – para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;
III – para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.
É fundamental atentar que não é o simples fato de um serviço enquadrar-se como serviço técnico profissional especializado que acarreta a inexigibilidade. É necessário que o serviço tenha natureza singular (não pode ser algo ordinário, usual, corriqueiro) e, por essa razão justifique, a fim de garantir a sua satisfatória prestação, a contratação de um profissional ou de uma empresa de notória especialização.
A regra geral é que a contratação de serviços técnicos profissionais especializados seja precedida de licitação na modalidade concurso (art. 13, §1°). Só quando for um serviço singular, prestado por profissional ou empresa de notória especialização, é que a licitação será inexigível.
A lei define como “de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato” (art. 25, §1°)
Art. 13 da lei 8.666/93 – traz lista taxativa dos serviços técnicos profissionais especializados.
Art. 13, §3° - quando a empresa prestadora do serviço técnico apresenta os integrantes do seu corpo técnico como elemento de justificação de dispensa ou de inexigibilidade. Trata-se de situação em que o contrato administrativo que venha a ser celebrado revestirá caráter personalíssimo, isto é, será absolutamente vedada a subcontratação (os contratos administrativos de um modo geral são caracterizados pela pessoalidade, mas a lei prevê a possibilidade de subcontratação parcial do respectivo objeto, desde que atendidas as condições nela estipuladas).
É relevante mencionar o disposto no art. 111 da lei 8.666/93, nos termos do qual só pode a administração pública contratar, pagar, premiar ou receber projeto ou serviço técnico especializado se o autor ceder os direitos patrimoniais a ele relativos e a administração puder utilizá-lo de acordo com o previsto no regulamento do concurso ou no ajuste para a sua elaboração.Exige-se que, na hipótese de o projeto se referir a obra imaterial de caráter tecnológico, insuscetível de privilégio, a cessão dos direitos inclua o fornecimento de todos os dados, documentos e elementos de informação pertinentes à tecnologia de concepção, desenvolvimento, fixação em suporte físico de qualquer natureza e aplicação da obra.
A inexigibilidade de licitação deve ser expressamente motivada, com apontamento das causas que levaram a Administração a concluir pela impossibilidade jurídica de competição (art. 26).
Aspecto que merece destaque é a preocupação do legislador com a sujeição dos contratos de publicidade e divulgação à exigência de licitação. Essa preocupação, também manifesta nos arts. 1° e 2° da lei 8.666/93, culminou com a vedação expressa, e absoluta, de que haja inexigibilidade para a contratação de serviços de publicidade e divulgação.
4.2 DISPENSA DE LICITAÇÃO
Podemos falar genericamente em dispensa de licitação para abranger todas as hipóteses em que, embora exista viabilidade jurídica de competição, a lei autoriza a celebração direta do contrato ou mesmo determina a não realização do procedimento licitatório.
Nos casos em que a lei autoriza a não realização da licitação diz-se ser ela dispensável.
Outras hipóteses há em que a própria lei, diretamente, dispensa a realização da licitação, caracterizando a denominada licitação dispensada.
Dispensa de licitação – 
Licitação dispensável
Licitação dispensada
4.2.1 LICITAÇÃO DISPENÁVEL
As hipóteses de licitação dispensável encontram-se no art. 24 da lei 8.666/93. Trata-se de lista taxativa. (ver artigo)
Temos licitação deserta
quando a licitação é convocada e não aparece nenhum interessado. Nesse caso, torna-se dispensável a licitação, contanto que motivadamente demonstre existir prejuízo na realização de uma nova licitação, e desde que sejam mantidas as condições constantes do instrumento convocatório. Não existe limite de valor do contrato para que se decida pela contratação direta em razão de licitação deserta.
Diferença entre licitação deserta e licitação fracassada: temos licitação fracassada quando aparecem interessados, mas nenhum é selecionado, em decorrência de inabilitação ou de desclassificação das propostas. A licitação fracassada, de regra, não é hipótese de licitação dispensável. Ver art. 48, §3°, lei 8.666/93.
No entanto, há uma situação na qual a licitação fracassada pode resultar em licitação dispensável: quando todos os licitantes forem desclassificados porque suas propostas continham preços manifestamente superiores aos praticados no mercado nacional, ou incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competentes. Acontecendo esse específico problema, se for dado pela Administração o prazo de oito dias úteis (podendo ser de três dias úteis na modalidade convite) para os licitantes reformularem os preços, e as novas propostas desses licitantes continuarem com preços inadequados, resultará configurada a hipótese de licitação dispensável.
Ver as hipótese de licitação dispensável no art. 24 da lei 8.666/93. (Só vou colocar as que alteraram).
Para aquisição de bens e insumos destinados exclusivamente à pesquisa científica e tecnológica com recursos concedidos pela Capes, pela Finep, pelo CNPq ou por outras instituições de fomento a pesquisa credenciadas pelo CNPq para esse fim específico
Nas contratações visando ao cumprimento do disposto nos arts. 3°, 4°, 5° e 20 da Lei 10.973/2004, observados os princípios gerais de contratação dela constantes.
O último item corresponde ao inciso XXXI do art. 24 da Lei 8.666/93, foi acrescentado pela Lei 12.349/2010, resultante da conversão, com alterações, da Medida Provisória 495/2010. A fim de auxiliar a compreensão de seu conteúdo e de sua finalidade, faz-se oportuno transcrever os parágrafos concernentes a tal acréscimo, extraídos da exposição de motivos que acompanhou a publicação da Medida Provisória 495/2010:
“20. Com referência às alterações postuladas no artigo 24 da lei 8.666/93 cumpre ressaltar que a inserção do inciso XXXi vista a agregar o rol de eventos que ensejam a dispensa de licitação ações de estímulo de apoio à construção de ambientes especializados e cooperativos de inovação, na forma prevista nos artigos 3°, 4°, 5° e 20 da lei 10.973, de 2 de dezembro de 2004, devendo contemplar: (i) a constituição de alianças estratégicas e o desenvolvimento de projetos de cooperação envolvendo empresas nacionais, Instituições Científicas e Tecnológicas – ICT e organizações de direito privado sem fins lucrativos voltadas para atividade de pesquisa e desenvolvimento; (ii) o compartilhamento e utilização de laboratórios de ICTs, segundo termos definidos em contrato ou convênio; (iii) a participação minoritária da União e suas entidades autorizadas no capital de empresa privada de propósito específico, que vise ao desenvolvimento de projetos científicos ou tecnológicos para obtenção e produto ou processo inovadores; e (iv) a contratação por órgãos e entidades da administração pública de empresa, consórcio de empresas e entidades nacionais de direito privado sem fins lucrativos, visando à realização de atividades de pesquisa e desenvolvimento que envolvam risco tecnológico, para a solução de problema técnico específico ou obtenção de produto ou processo inovador.
21. As medidas consubstanciadas no inciso XXXI do art. 24 da lei 8.555/93 demonstram o claro intuito de potencializar as ações autorizadas pela Lei 10.973/2003, a denominada Lei de inovação. Desta forma, a proposição reúne elementos para fortalecer setores industriais e serviços nacionais voltados à inovação e para alavancar o desenvolvimento tecnológico, por meio de empresas estimuladas e apoiadas para atingir tais objetivos. Registre-se, ademais, que o referido mecanismo de estímulo, na forma proposta, não se contrapõe às normas da Organização Mundial do Comércio – OMC. Especificadamente no que tange às encomendas tecnológicas, referenciadas no art. 20 da lei 10.973/2003 é importante frisar que a possibilidade de dispensa de licitação para aquisição dos produtos contemplados sob esta modalidade reúne condições para viabilizar o surgimento, o fortalecimento e a multiplicação de empresas inovadoras brasileiras, notadamente de empreendimentos atuantes em setores com amplo impacto na economia e que podem, com esse estímulo, promover efetiva autonomia tecnologia do País. 
Além das hipótese de licitação dispensável, previstas na lei 8.666/93, uma outra deve ser mencionada. A lei 9.074/95, em seu art. 32, estabelece que “a empresa estatal que participe, na qualidade de licitante, de concorrência para concessão e permissão de serviço público, poderá, para compor sua proposta, colher preços de bens ou serviços fornecidos por terceiros e assinar pré-contratos com dispensa de licitação”.
A dispensa autorizada aplica-se à celebração desses pré-contratos com terceiros, pelas empresas públicas e sociedades de economia mista, visando à futura prestação do serviço público, caso elas venham a ser vencedoras na licitação para concessão ou permissão em que são licitantes. O objeto desses pré-contratos não será, evidentemente, a prestação do serviço concedido ou permitido, mas sim a realização de atividades-meio, compras e fornecimentos ou serviços necessários à execução dos contratos de concessão ou permissão.
Evidentemente, se a estatal não for vencedora na concorrência relativa à concessão ou permissão, os pré-contratos serão desfeitos automaticamente (resolução de pleno direito), sem qualquer ônus para a estatal (sem penalidades ou indenizações ao pré-contratado). – art. 32, §1°, da lei 9.074/95.
Por fim, cabe registrar que a Lei 11.908/09 autorizou o Banco do Brasil S.A. e a Caixa Econômica Federal, diretamente ou por intermédio de suas subsidiárias, a adquirir participação em instituições financeiras, públicas ou privadas sediadas no Brasil (art. 2°). Para a realização dessas aquisições de participação, a mesma lei determinou que o Banco do Brasil S.A e a Caixa Econômica Federal contratem empresas avaliadoras especializadas, cujos dirigentes não possuam interesses nas empresas sujeitas à avaliação. Em regra, a contratação das mencionadas empresas avaliadoras deverá ser precedida de licitação, mas a lei prevê a possibilidade de dispensa do procedimento licitatório, em casos de justificada urgência (art. 2°, §1°). Conforme se constata, a referida contratação de empresas avaliadoras especializadas, em casos de justificada urgência, configura mais uma hipótese de licitação dispensável.
4.2.2 LICITAÇÃO DISPENSADA
Enquanto nas hipóteses de licitação dispensável o procedimento licitatório poderá, ou não, ocorrer, a critério do administrador, em face do caso concreto, nas situações descritas como de licitação dispensada não poderá a Administração realizar a licitação, uma vez que a lei afasta a possibilidade de realização do procedimento.
Como regra, as situações de licitação dispensada referem-se à alienação de bens e direitos pela Administração. Ver art. 17 da lei 8.666/93.
A investidura é uma das hipóteses de licitação dispensada. A lei define investidura como (a) a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros (fronteiriços) de área remanescente ou resultante de obra pública, área esta que se tornar inaproveitável isoladamente, por preço nunca inferior ao da avaliação e desde que esse não ultrapasse a R$40.000,00; ou (b) a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, na falta destes, ao Poder Público, de imóveis para fins residenciais construídos em núcleos urbanos anexos a usinas hidrelétricas, desde que considerados
dispensáveis na fase de operação dessas unidades e não integrem a categoria de bens reversíveis ao final da concessão.
É oportuno registrar, ainda, que a Lei 11.952/09, em seu art. 38, autoriza a União e as entidades da administração indireta federal a efetuarem a venda direta (isto é, sem licitação) de imóveis residenciais localizados na Amazônia Legal aos respectivos ocupantes que possam comprovar o período de ocupação igual ou superior a 5 anos, excluídos os imóveis residenciais administrados pelas Forças Armadas, destinados à ocupação por militares; e imóveis considerados indispensáveis ao serviço público.
Trata-se de hipótese de licitação dispensada. Isso porque a faculdade conferida pelo dispositivo legal à administração pública consiste na possibilidade de alienar, ou não, o bem imóvel que se enquadre nas condições ali especificadas. Caso a administração pública decida exercer tal faculdade, a própria lei, desde logo, dispensada a licitação.
Cabe mencionar também a hipótese de dispensa estabelecida no art. 2°, §1°, III, da lei 11.107/05. Esse dispositivo estatui que o consórcio público celebrado entre União, estados, DF e municípios para a realização de objetivos de interesse comum poderá, para o cumprimento desses objetivos, “ser contratado pela administração direta ou indireta dos entes da Federação consorciados, dispensada a licitação”.
Outra hipótese de licitação dispensada existente fora da lei 8.666/93 está no art. 5° da Lei 11.908/09, por força do qual estão dispensadas de procedimento licitatório as vendas para o Banco do Brasil S.A. ou para a Caixa Econômica Federal de participação acionária em instituições financeiras públicas.
Relevante a ser assinalada é a disposição constante do art. 1° da lei 12.276/2010, que autorizou a União a celebrar contrato com a Petrobrás, dispensada a licitação, cujo objeto fosse a cessão onerosa do exercício, pela referida empresa, das atividades de pesquisa e lavra de petróleo, de gás natural e de outros hidrocarbonetos fluidos, em áreas não concedidas localizadas no pré-sal. A referida cessão, que tinha um prazo de doze meses para ocorrer, contados da data da publicação da lei 12.276/2010 (30.06.2010), já foi efetivamente realizada. Ela é intransferível e dá a Petrobras a titularidade do petróleo, do gás natural e dos outros hidrocarbonetos fluidos que forem produzidos nos termos do contrato de cessão.
Ainda sobre petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos, merecem registro as seguintes disposições:
O petróleo, o gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos destinados à União serão comercializados de acordo com as normas do direito privado, dispensada a licitação (Lei 12.351/2010, art. 45);
A lei 12.351/2010 determina que a exploração e a produção de petróleo, de gás natural e de outros hidrocarbonetos fluidos na área do pré-sal e em áreas estratégicas sejam contratadas pela União sob o regime de partilha de produção (e não mediante contrato de concessão); a União, por intermédio do Ministério de Minas e Energia, celebrará os contratos de partilha de produção mediante licitação na modalidade leilão, ou diretamente com a Petrobrás, dispensada a Licitação (Lei 12.351, art. 8°);
A lei 12.304/2010 autorizou o Poder Executivo a criar a empresa pública denominada Pré-Sal Petróleo S.A (PPSA), tendo por objeto a gestão dos contratos de partilha de produção celebrados pelo Ministério de Minas e Energia e a gestão dos contratos para a comercialização de petróleo, de gás natural e de outros hidrocarbonetos fluidos da União; estabelece o art. 5° da lei 12.304 que é dispensada a licitação para a contratação da PPSA pela administração pública para realizar atividades relacionadas ao seu objeto;
A PPSA, representando a União, poderá contratar diretamente a Petrobrás, dispensada a licitação, como agente comercializador do petróleo, do gás natural e de outros hidrocarbonetos fluidos destinados à União, os quais devem ser comercializados de acordo com as normas do direito privado (Lei 12.351/2010, art. 45, § único).
Por fim, vale anotar que a Medida Provisória 520/2010 autorizou o Poder Executivo a criar a empresa pública denominada Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares S.A. (EBSERH), com a finalidade de prestar serviços gratuito de assistência médico-hospitalar e laboratorial à comunidade, e de prestar, às instituições federais de ensino ou instituições congêneres, serviços de apoio ao ensino e à pesquisa, ao ensino-aprendizagem e à formação de pessoas no campo da saúde pública. Pois bem, estatui o art. 6° da Medida Provisória 520/2010 que é dispensada a licitação para a contratação da EBSERH pela administração pública, para realizar atividades relacionadas ao seu objeto social.
4.2.3 MOTIVAÇÃO E RATIFICAÇÃO DOS ATOS DE DISPENSA OU INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO
A Lei 8.666/93 não explicita a necessidade de motivação de todas as situações em que se decida pela inexigibilidade ou dispensa de licitação. Essa exigência, entretanto, encontra-se expressa no art. 50, IV, da Lei 9.784/99, aplicável no âmbito da Administração federal.
A nosso ver, por força dos princípios que regem a licitação, dentre os quais os da publicidade (especialmente na acepção de transparência), probidade e moralidade, e atendendo à exigência de ampla sujeição do procedimento a controles de variada ordem, a motivação dos atos administrativos que decidam pela dispensa ou inexigibilidade de licitação é obrigatória para todos os órgãos e entidades da Administração Pública, em todas as esferas, independentemente de previsão explícita em lei.
Sem embargo do acima dito, conquanto não seja expressa para todos os casos, a Lei 8.666/93, em seu art. 26, exige fundamentação pormenorizada para a maioria dos casos de dispensa, e em todos os de inexigibilidade, além de estabelecer como condição obrigatória para a eficácia do ato de dispensa ou inexigibilidade que ele seja comunicado, dentro de três dais, a autoridade superior, para ratificação e publicação na imprensa oficial, no prazo de cinco dias.
O processo de dispensa ou de inexigibilidade será instruído, no que couber, com os seguintes elementos: (a) caracterização da situação emergencial ou calamitosa que justifique a dispensa, quando for o caso; (b) razão da escolha do fornecedor ou executante; (c) justificativa do preço; (d) documento de aprovação dos projetos de pesquisa aos quais os bens serão alocados.
As hipóteses em que o ato deve ser submetido à ratificação pela autoridade superior, previstas no art. 26 da Lei 8.666/93, são todas as de declaração de inexigibilidade e, quanto às dispensas, as previstas no art. 17, §2°, I e II; art. 17, §4°. 
Quanto à licitação dispensável, a Lei 8.666/93 exige a citada ratificação pela autoridade superior para todas as hipóteses enumeradas no seu art. 24, exceto aquelas decorrentes de contratos de pequeno valor, a saber:
Licitação dispensável para obras e serviços de engenharia de valor até R$15.000,00 (para consórcios públicos, sociedade de economia mista e empresa pública, bem como por autarquia ou fundação qualificadas como agências executivas, R$30.000,00), desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços de mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente.
Licitação dispensável para outros serviços e compras de valor até R$8.000,00 (para consórcios públicos, sociedade de economia mista e empresa pública, bem como por autarquia ou fundação qualificadas como agências executivas, R$16.000,00) e para alienações, nos casos previstos em lei, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada de uma só vez
5 LICITAÇÕES DIFERENCIADAS PARA MICROEMPRESAS DE PEQUENO PORTE
A LC 123/06 (Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte) prevê, em seu art. 47, a possibilidade de a União, os estados e os municípios (o artigo

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