Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TECNOLOGIA DE VÁCUO Por AUGUSTO M. c. MOUTINHO MARIA EUGÉNIA S. FRONTEIRA E SILVA MARIA ÁUREA C. M. ISIDORO DA CUNHA UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA TÍTULO TECNOLOGIA DE VÁCUO l.a Ediçãoem Portuguêse Junhode 1980 AUTORES AugustoM. C. Moutinho Maria EugéniaS. Fronteirae Silva Maria ÁureaC. M. Isidoroda Cunha EDIÇÃO Tiragem e 3000exemplares © UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA Faculdadede Ciênciase Tecnologia Quintado Cabeço- Olivais e 1899LisboaCodex COMPOSIÇÃO, IMPRESSÃO E DISTRIBUIÇÃO SERVIÇOS GRÁFICOS DA UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA Av. Miguel Bombarda,20-1.o e 1000Lisboa e Portugal Te!'767582 AGRADECIMENTOS PREFÁCIO LISTA DE SÍMBOLOS CAPÍTULO I - PROPRIEDADES DOS GASES TÁBUA DE MATÉRIAS Pág. 13 15 19 21 1.1. Estadogasoso 1.2. Temperatura 1.3. Pressão 1.4. Leis dosgases 1.5. Livre percursomédio 1.6. Vácuo 1.7. Significadode algunstermoscorrentementeusadosemvácuo 1.8. Aplicações 21 22 23 25 27 29 31 31 CAPÍTULO 11- ELEMENTOS PARA O CÁLCULO DE SISTEMAS DE VÁCUO 33 2.1. Velocidadede bombeamento 2.2. Condutância 2.3. Fluxo de gasesemtubos 2.4. Fluxo viscoso 2.5. Fluxo molecular 2.6. Fluxo intermédio(ou de Knudsen) 2.7. Variaçãono tempoda pressãonumsistemade vácuo 33 34 38 40 42 47 48 CAPÍTULO III - BOMBAS DE VÁCUO 3. I. Introdução 3.2. Bombas mecãnicas 3.2.1. Bombas rotatóriascom vedaçãoa óleo 3.2.2. Acessórios das bombas rotatórias 3.2.3. Bombas de anel de água 3.2.4. Bombas "roots» (ou "booster" mecânicas) 3.2.5. Bombas moleculares 3.3. Bombas de vapor 3.3.1. Ejectores de vapor 3.3.2. Bombas de difusão 3.3.3. Acessórios das bombas de difusão 3.3.4. Bombas "booster» (bombasde difusão com ejector) 3.4. Bombas de fixação 3.4.1. Bombasde absorção 3.4.2. Bombasde adsorção 3.4.3. Bombasiónicas e deadsorção 3.4.4. Bombascriogénicas 3.5. Medidas de velocidadesde bombeamentoe de condutâncias 3.5.1. Método da bureta invertida 3.5.2. Método das condutâncias 3.5.3. Método da constantede tempo CAPÍTULO IV - MEDIDAS DE PRESSÁO 4.1. Introdução 4.2. Tubo em U 4.3. Vacuómetros de McLeod (ou de compressão) 4.4. Descarga de alta frequência 4.5. Vacuómetros mecânicos 4.5.1. Vacuómetro de Bourdon 4.5.2. Vacuómetro de membrana Pág. 53 53 56 56 61 63 64 67 70 70 71 77 80 81 81 84 86 93 95 96 97 98 101 101 102 103 108 109 109 110 4.6. Vacuómetrosde condutibilidadetérmica 4.6.1. Pirani 4.6.2. Termopar 4.7. Vacuómetrode Knudsen 4.8. Vacuómetrosde ionização 4.8.1. Vacuómetrosde ionizaçãode cátodoquente 4.8.2. VacuómetrostipoPenning 4.8.3. Alfatrão 4.9. Escolhade vacuómetros 4.10. Calibraçãode vacuómetros CAPÍTULO V - ANALISADORES DE GASES RESIDUAIS 5.1. Introdução 5.2. Espectrómetrosde massacomoanalisadoresde gasesresiduais 5.2.1. Espectrómetrodemassade deflexãomagnética 5.2.2. Espectrómetrodemassatipocicloidal 5.2.3. Omegatrão 5.2.4. Espectrómetrodemassatipoquadrupoloou monopolo(filtros de massa) 5.2.5. Espectrómetrodemassadetempode voo 5.2.6. Espectrómetrodemassaderadiofrequência 5.3. Escolhade um analisadorde gasesresiduais 5.4. Análisede gasesresiduaiscoma ajudada desadsorção CAPÍTULO VI - DETECÇÃO DE FUGAS 6.1. Introdução 6.2. Métodosde detecçãoe localizaçãode fugas 6.2.1. Detecçãocomgasescomprimidos 6.2.2. Detecçãocomdescargade altafrequência(bobinade Tesla) 6.2.3. Detecçãocomvacuómetros(Pirani,termopare de ionização) 6.2.4. Detecçãocombombasiónicase de adsorção 6.2.5. Detecçãocomhalogéneos 6.2.6. Detecçãocomo espectrómetrode massa Pág. 111 111 113 114 115 115 119 122 122 124 131 131 131 136 137 139 140 141 143 144 144 147 147 149 149 150 151 152 153 154 8.4. Limpeza de sistemasde vácuo Apêndice 1 - Tabela de conversãode unidadesde pressão Apêndice 2 - Tabela de constantesuniversais Apêndice 3 - Dimensões das cavas para anéis de vedação BIBLIOGRAFIA ÍNDICE POR ASSUNTOS Pág. 203 207 207 208 211 213 CAPÍTULO VII - MATERIAIS 7.1. Introdução 7.2. Metais 7.2.1. Soldadurade metais 7.3. Plásticos 7.4. Borrachas 7.5. Cerâmicas 7.6. Vidro 7.7. Massaslubrificantes 7.7.1. Gorduras 7.7.2. Ceras 7.7.3. Lubrificantes Pág. 159 159 163 164 167 168 169 171 174 174 175 175 7.8. Óleosparabombasde vácuo 175 7.8.1. Óleosparabombasrotatórias 175 7.8.2. Óleosparabombasde difusão 176 7.9. Outrosmateriaisorgânicos 178 CAPÍTULO VIII - MONTAGEM E FUNCIONAMENTO DE SISTE- MAS DE VÁCUO 181 8.1. Introdução 181 8.2. Acessórios 182 8.2.1. Ligaçõesdesmontáveis 8.2.2. Sistemasparaintroduçãode movimentoemvácuo 8.2.3. Válvulas 8.2.4. Dispositivosde protecção 8.3. Escolhae funcionamentode sistemasde bombeamento 182 185 186 189 190 8.3.1. Sistemasde vácuocombombade difusãoe bombarotatória 190 8.3.2. Sistemade vácuocombombaiónicae de adsorçãoe bombas de absorção 199 8.3.3. Sistemacombomba«roots»e bombarotatória 200 AGRADECIMENTOS Ao Prof. Doutor Manuel FernandesLaranjeira, comquemos auto- res se iniciaram nestesestudos,agradecemosos ensinamentose incen- tivos que semprenos transmitiu. Ao InstitutoNacional de InvestigaçãoCientíficae à Junta Nacional de InvestigaçãoCientífica e Tecnológicaagradecemosos subsidiasque facilitaram a edição destaobra. Os trabalhos de desenhoforam efectuadospor M. Leal, 1. M. Lourenço, J. Morais, L. Piçarra e P. Silva a quemexpressamosaqui o nosso agradecimento. Agradecemostambémos trabalhosde dactilografiaefectuadospor Ilda Proença, M. Lourdes Martinho, Pilar Santose Isabel M. Solá. Aos Serviços Gráficos da U. N. L. expressamosa nossa gratidão pelo interessemanifestadopor este trabalho e o cuidado posto na execução. 13 PREFÁCIO Tanto quantonos é dado saber, estaé a primeiraediçãoemlíngua portuguesa de um livro sobre tecnologiade vácuo satisfatoriamente desenvolvido,tantopela diversidadede aspectosabordadoscomopela extensãoe fundamentaçãodos temastratados. O facto merecerefe- rência porquantose preencheuma lacunasignificativana escassezdas publicações de naturezacientíficae técnicana nossa língua, indo ao encontro, simultaneamente,de uma conveniênciae de um manifesto interessede variados sectoresda indústria e da investigaçãofunda- mental e aplicada. O aparecimentodestelivro tem,ainda, antecedentesquenos apraz aqui registar.Sempredefendemoso princípio de queumlaboratóriode investigação,para além dos objectivosprioritários de pesquisae for- mação de investigadorese docentes,pode e deve ser um centro de irradiação e difusão do conhecimentocientífico e uma escola das técnicas de ponta que utiliza, pratica ou desenvolve,das quais, por vezes,é o único ou mais qualificadodetentor. Nesta ordem de ideias, o entãoLaboratório de Espectrometriade Massa e o actual Centro de Física Molecular das Universidadesde Lisboa, do InstitutoNacional de InvestigaçãoCientífica,franquearam as portas e prestaramo apoio de queforam capazes,aos maisdiversos centros de investigação,instituiçõesuniversitáriase sectoresindus- triais. Em matériade tecnologiade vácuo,temosplena consciênciade I:; ter sido precursoresno País em muitosaspectose motivadosdifusores de conhecimentose técnicas,tanto quantonos permitiamos escassos meios humanose materiaisdisponíveis. Sob a directa orientaçãodos autoresdo presentelivro foram reali- zados, em 1968,1972e 1976,três cursosintensivossobretécnicasde vácuo, cuja aceitação,frequênciae diversidadedeformação e prove- niência dos assistentesexcederam,largamente,as expectativas.A expe- riência entãoadquirida e o apreciávelvolumede trabalhojá realizadona preparação de textospara aquelescursos incentivaramos autores para a publicação destelivro e marcaram,também,o sentidoprático com quefoi escrito, semprejuízo, no entanto,dumasuficientefunda- mentação científica básica que o assunto e o nível pretendido requeriam. Num volumede moderadaextensão,os autoresreuniramas maté- rias julgadas mais relevantespara o projecto,a construção,o controlo e a manutençãoda grandemaioriadossistemasde baixo,médio,alto e ultra-alto vácuo, de dimensõese utilizaçãomais correntes.Um abun- danteformulário prático, numerosasindicaçõessobrecaracterísticasde materiais e equipamento,tabelase diagramastornam'o livro pratica- menteauto-suficientepara o cálculo de sistemasmaisvulgarizadose de útil consulta, mesmoem domíniosjá de considerávelespecialização. Deste modo, julgamos que os autoresprestaramuma útil contri- buição para a comunidadecientíficae técnicado País. Assimo enten- deu, igualmente,a Comissãode Física do InstitutoNacionalde Investi- gação Científica ao dar o seu parecerfavorável à concessãode um subsídio para a publicação. Por outro lado, a UniversidadeNova de Lisboa, a sua Faculdade de Ciências e Tecnologiae o Departamentode Física vêemenriquecida a lista das suaspublicações,no correctosentidodos objectivosedito- riais de expansãoda culturae do conhecimentocientfficoe tecnológico. Para finalizar, seja-me lícito acrescentaralgumas palavras de cunhopessoal. Os autores,todoseles, iniciaramcomigoa sua carreira de investigador; dois deles continuarammeus parceiros de investi- gação; um delesé meucolegade docênciano Departamentode Física da UniversidadeNova de Lisboa. Na diversidadedos caminhosque cada um de nós seguiuna docência,permaneceua unidadeda relação 16 humanae científica e a identidadede conceitosqueformam e geram escola. Daí que mefosse pedido esteprefácio, para um livro que há longos anos estavana nossamentee que os autores,emboa hora, se abalançarama escrever. Lisboa, 7 de Janeiro de 1980. MANUEL FERNANDES LARANJEIRA 17 LISTA DE SÍMBOLOS a - dimensãode um lado da secçao de um tubo rectangular A - área b - dimensãode um lado da secçãode um tubo rectangular B - indução magnética B - 2.° coeficiente virial C - conductância C - 3D coeficiente virial d - diâmetro de uma molécula O - diâmetro Ec - energia cinética E - intensidadedo campo eléctrico f - constantede desgaseificação r - frequência F - força g - constantede desgaseificação g - aceleraçãoda gravidade G - factor de calibração h - altura Ho - factor de Ho I - correnteeléctrica k - constantede Boltzmann K - factor de Clausing Kn - número de Knudsen 19 Kp - constantede permeabilidade I - distância L - comprimento m - massa de uma partícula M - massa n - número de partículaspor unidade de volume N - número total de moléculas no volume V p - pressão P - perímetro P - potência Q - fluxo Qd - fluxo devido à desgaseificação Qf - fluxo devido à entradacontínua de gás Qg - fluxo devido aos gasesexistentesinicialmenteno volume a bombear -raio R - constantedos gasesperfeitos R - resistênciaeléctrica Re - número de Reynolds - factor de sensibilidade S - velocidade de bombeamento t - tempo T - temperatura U - tensão eléctrica y-> - velocidade v - Velocidade média vr - Velocidade média quadrática v - volume molar V - volume V - potencial, tensãoeléctrica Y - factor para tubo rectangular z - número de cargaseléctricas Z - resistência 11 - coeficiente de viscosidade À - livre percurso médio p - densidade a - secção eficaz de colisão T - constantede tempo do sistema W - frequência angular 20 CAPÍTULO I PROPRIEDADES DOS GASES 1.1. ESTADO GASOSO Toda a matériaé formadapor átomos,pequenaspartículasconti- nuamenteemmovimentoqueseatraemquandoestãoa curtadistância umasdasoutrasmasqueserepelemquandoseaproximamdemasiado. ExistenaNaturezaumagrandevariedadedeátomose novasespé- cies continuama ser criadaspelo homem.Cadaespéciede átomos formaumelemento.Cadasubstânciaoucompostoé porsuavezcarac- terizadapeloarranjode átomosiguaisou diferentesquea constituem. É costumechamarmolécula ao menorconjuntode átomoscom as mesmaspropriedadesqueo composto. Tantoos átomoscomoasmoléculassãoelectricamenteneutrosmas podemperderou adquirircargaeléctricapassandoa iões. Os diferentesestadosde agregaçãoda matériacorrespondemao maiorou menorgraude liberdadedaspartículas.Assim,no estado sólido as partículasencontram-semuitopróximasumasdas outras e formamcom frequênciaestruturasordenadas- redes cristalinas. As forçasentreas partículassãonestecasode tal modointensasque elaspoucoseafastamdaposiçãodeequilíbrio.As oscilaçõesà voltada 21 poslçao de equilíbrio estãorelacionadascom a temperaturado sólido e serão tanto maioresquantomais alta for essatemperatura. Aumentandoa temperatura,isto é, comunicandomais energiaàs partículas estaspodem mesmo afastar-secompletamentedas posições fixas destruindo-seentãoa estruturasólida. Se, porém, se mantiverem forças de coesão entre elas, diz-se que a substânciase encontrano estado líquido. Elevando ainda mais a temperatura,as partículaspodem adquirir energiacinética suficientepara abandonara superfíciedo líquido pas- sando assim ao estado gasoso. As substânciasque à temperaturae pressãonormais estãono estadogasosochamam-segases. Nas substânciasno estadosólido ou líquido existemsemprealguns átomosou moléculascom energiasuficientepara se libertarempara o estadogasoso.Por outrolado, no seumovimentodesordenadono estado gasosoalgumasdestaspartículasvoltarãoa chocarcom a massasólida ou líquida sendo recapturadas.Os átomos ou moléculasno estado gasosoconstituemo vaporda substância.Aumentandoa temperatura,o número de partículasno estadogasosoaumentatambém.Portanto,a todasas substânciascorrespondeumatensãode vaporqueé tantomaior quanto mais alta for a temperatura. No estadogasoso as forças entre as partículassão mais fracas e tomam-se mais importantesas interacçõespor meio de colisões. O númerode colisõesdependedo númeromédiode partículaspresentes por unidadede volume, isto é, da densidadenuméricae da energiadas partículas. Esta energiaestá relacionadacom a temperaturado gás. A terceiracaracterísticado sistemagasosoa ter em contaé a pressão. 1.2. TEMPERATURA As moléculasque formam um gás têm velocidadesdiferentesnas mais variadasdirecçõese, emboraestasvelocidadessejamdesconhe- cidas, é possível estabelecera relaçãoentreuma velocidademédiado conjunto e a temperaturaabsoluta,T em grausKelvin, que é definida 22 por uma escala proporcionalà energiacinética média do centro de massada molécula, isto é 1 3-mv2 =-kT 2 r 2 [1.1.] em que m é a massadumapartícula,Vr = (v2) 1/2 é a sua velocidade média quadráticae k a constantede Boltzmann. Para gases monoatómicos,esta energiacinéticaé igual à energia total das moléculas.No caso das moléculaspoliatómicas,paraobtera energiatotal temde se adicionarà energiacinéticaos termoscorrespon- dentes aos movimentosinternos, isto é, às vibraçõese rotaçõesdos átomos. 1.3. PRESSÃO Para definir pressãoconsidera-seumacaixade volumeV, contendo um gás, e em que um dos lados é um êmbolo que se pode mover, conforme está representadona figura 1.1. O êmbolorecebeem cada colisão uma certa quantidadede movimentoou momentolinear, mv, igual à massavezesa velocidadeda partícula.Se nãohouvermoléculas v p Fig. I. 1 ~ Caixa de volumeV. constituidapor um cilindroe umêmbolo.contendoumgáscujasmoléculas se movememdirecçõesaleatórias 23 do lado de fora do êmboloé precisoaplicara esteumaforça, F, que em cada segundoequilibre a variaçãodo momentolinear transmitida pelos choques.Esta forçaé igual à pressãovezesa áreado êmbolo.Por outro lado, o módulo da força é igual à variaçãodo momentolineartransmitidaao êmbolopor segundoe, portanto,ao produtoda variação do momentolinear de uma moléculapelo númerode colisõescom o êmbolo que ocorrerãoem cada segundo. Imaginandoque o êmbolonão recebeenergiadasmoléculase actua apenascomo reflector,qualquerpartículachocandocom o êmbolocom uma certavelocidadeseráreflectidacom a mesmavelocidade,em valor absoluto, emboracom direcçãoe sentidodiferentes. Se v é a velocidadede uma moléculae vx a componentede -;;na direcçãox perpendicularao êmbolo, a componentedo momentolinear nestadirecçãoserá antesdo choquemvx e depoisdo choque-mvx' de modo que a variaçãodo momentolinear total comunicadaao êmbolo pela partículanuma colisão é 2 mvx. Nas direcçõesy e z não haverá variaçãodo momentolinear. As partículasqueduranteum certointervalode tempot chocamcom o êmbolo terão que estar a uma distânciaigualou inferior a vxt do êmbolo e destas,por uma questãode probabilidade,só metadeterão velocidadesna direcçãodo êmbolo. Como a áreado êmbolo é A, o volume ocupadopor estasmoléculasé vxtA, e o númerode moléculas que chocarãocom o êmboloé igual a estevolumevezesa densidadedo gás e corrigido pelo factor~, isto é, ~ nvxtA. Em cada segundo2 2 l.- nv A moléculaschocarãocom o êmbolo. A componentede F na 2 x direcção x será então igual a 1 F =- nv A X 2 mvx=nmv2xA x 2 x e a pressãoigual a p =nmv; 24 [1.2] Como todas as moléculastêm velocidadesdiferentesem direcções diferentesé necessárioconsiderara médiados valoresde v~. O valor da pressãoé entãodado por p =nmy~ Note-se agora,que no seio de um gás nadadistinguea direcçãox das duas direcções perpendicularesy e z e portanto~ = v~= y~ pelo que tambémse verifica a igualdade - I y2 =_ v2 x 3' sendov~a médiados quadradosdos valoresabsolutosdas velocidades das partículas. A pressãoé entãodadapela expressao [1.3] mv2 , onde o termo__ r e a fracção da energIacinéticacorrespondenteao 2 movimentode translaçãodaspartículase está,comose viu, relacionado com a temperaturado gás. IA. LEIS DOS GASES Como o número total de moléculasnum volume V é dado por N = nV, o produtoda pressãopelo volume será 25 Considerandoa definiçãodetemperaturaabsolutaT dad.aem[1.1] obtém-sea expressão pV =NkT [1.4] emquek é umaconstanteuniversal(constantedeBoltzmann)cujovalor é 1,381X 10-23J K-l comtodasasgrandezasexpressasemunidades do SistemaInternacional(S.!.). Estaequaçãoé a chamadaequaçãode estado dos gasesperfeitosou ideais. No casodeumamisturao númerototaldemoléculasN é composto por Nl moléculasdeumaespécie,N2 dumasegundaespécie,etc.,isto é, N = Nl + N2 + ; no volumeV, n = nl + n2 + A pres- sãototalp da misturaé igualà somadaspressõesparciaisexercidas pelosseuscomponentes,istoé p =Pl +P2 + [1.5] queé a chamadalei de Dalton. Paraumgásideala temperaturaconstanteo produtopV é constante, o quedá a expressãoda lei de Boyle-Mariotte, Pl V 1 = P2V2 = constante [1.6] onde os Índices1 e 2 representamdois estadosdiferentesdo gás. Mantendoconstantea pressão,o volumedogásvariaproporcional- menteà temperatura,portanto, V =constanteX T [1.7] de acordocoma lei de Gay-Lussactambémchamadalei de Charles. Se o volume,a pressãoe a temperaturadedoisgasesforemiguais é tambémigual o númerode moléculaspresente(lei de Avogadro). É costumefalardeamostrasdegasesreferindoo númerodemoles 26 ou moléculas-gramaque as constituem.O mole é a quantidadecuja massa em gramasé expressapelo mesmo númeroque a massada molécula em unidadesde massa atómica*. O volume ocupadopor uma molécula-gramaà pressãode 1 atmosferae à temperaturade ooe é igual a 22,4 litros; à temperaturade 200eé de 24 litros. O número de moléculas numa molécula-grama (número de Avogadro) é 6,023 X 1023. Tambémse usa frequentementeo númerode moléculas por centímetrocúbico de gás a 1 atmosferae a ooe. Esta cons- tante universal é conhecida por número de Loschmidt e é igual a 2,69 x 1019cm-3. O comportamentodos gasesreais desvia-seda equaçãodos gases perfeitosnos casosem que é insuficienteumarepresentaçãodas molé- culas por pontosmateriais,semcamposde forçapróprios.Várias equa- ções de estadotêm sido propostasparatraduziro comportamentoindi- vidualizado de um gás real nas diferenteszonas de temperaturae pressão.Uma das expressõesfrequentementeusadasdevidoà suaflexi- bilidade é a equaçãoviriaI de estadoque para 1 mole tem a forma pV =RT +Bp +Cp + . [1.8] em que V é o volumede 1 mole,B, C, sãoos coeficientesviriais, por sua vez tambémfunçõesda naturezado gáse da temperatura,e R é a constantedos gasesperfeitosque é igual a 8,314 J K-l mole-1• 1.5. LIVRE PERCURSO MÉDIO Excepto a pressõesmuito baixas, uma moléculade um gás choca muitas vezes com outrasmoléculasao deslocar-seno seu movimento permanente.A distânciamédiapercorridapor umamoléculaentreduas colisões sucessivaschama-selivre percurso médio. (*) Uma unidadede massaatómica(u.m.a.)é iguala 1/12damassado átomodo isótopomaislevedo carbono,12C. 27 Considerandoa moléculaA, na figura1.2,quesedeslocacoma velocidadev e supondoquesó ela semoveenquantotodasas outras ficamfixas,a moléculaA chocaránumsegundocomtodasasmoléculas cujoscentrosestejamdentrodo cilindroindicadona figura. Se as moléculasforemde duasespéciesterãodiâmetrosdife- rentes. Nesse caso haverá colisão quandoos seus centros se encontremà distânciad = d1 + d2 . A áreaa definidapora =n d22 correspondeà secçãoeficaz de colisão parao pardemoléculasconSI- derado. A Fig. 1.2 - Percursoda moléculaA. por unidadede tempo,num gás constituídopor umaúnicaespéciede moléculas Voltandoà figura1.2,o volumedo cilindro,cujoraioé igualao diâmetrodasmoléculas,é nd2v.O númerodemoléculasnocilindroe, portanto,o númerode colisõespor segundoé n d2nv sendon a densidadedo gás. Paracalcularo livre percursomédio,divide-seo comprimentodocilindropelonúmerodecolisõesqueocorremenquanto a moléculapercorreestecomprimento. O livre percursomédio(1.p.m.)À é dadopor [1.9] Esteresultado,noentanto,nãotememconsideraçãoqueascolisões podemserdeváriostipos,desdecolisõestangenciaisacolisõesfrontais. 28 Um cálculo mais rigoroso,tomandoem consideraçãoos diferentestipos de colisão, conduz ao valor correctodo 1.p.m. cuja expressãoé [1.10] Em função da pressaoe temperaturaobtem-se [1.11] Para o ar à temperaturaambiente(20°C) considerandoo diâmetro médio das moléculas tem-se aproximadamentea seguinterelação: 7 X 10-3 À =----cm Pmbar [1.12] o que à pressãonormaldá À =7 X 10-6cm, enquantoque, parauma pressãoda ordem de 10-6mbar, dá À =7000cm =70 m. 1.6. VÁCUO Um determinadovolume diz-se em vácuo quandoa densidadede partículas nele existenteé inferior à que se encontrana atmosferaa pressõese temperaturasnormais. Para medir o grau de vácuousa-sea pressãoe não a densidadede partículas. No SistemaInternacionalde Unidades(S.I.) a unidadede pressãoé o Pascal (Pa), isto é, o Newtonpor metroquadrado.De entre os seus múltiplosé actualmentemuito usadoo milibar (l02pa) por ser de ordemde grandezapróximado torr ou Torricelli queeratradicional- menteusadoem vácuo. O torr ou Torricelli é a pressãocorrespondente a uma coluna de mercúriocom 1 mm de altura, sendoo mercúriode 29 densidade13,595g cm-3e aaceleraçãodagravidadeg =980,665cmS-2. Em apêndiceaotextoapresenta-seumatabeladeconversãoentreas diferentesunidades.Parafacilitare vistoambasasunidadesaparecerem no textodão-sedesdejá as equivalênciasentreo torr e o milibar: 1torr= 1,33mbare 1mbar=0,75torro À medidaquea pressãodiminui,o vácuoatingidoé classificadode primário,alto,muitoaltoe ultra-alto.As relaçõesdestesgrausdevácuo coma pressãoe outrasgrandezasfísicasde interesseemvácuoestão indicadasna tabela1.1. TABELA l.1 Comparaçãodaspressõescomváriasgrandezasfísicas (valores aproximados) Pressões (mbar) Zonas de pressãoLivre percurso médio (ar à temperatura ambiente) À (em) N.O de molé- culas por cm3 N,O de colisões por sego com 1 em2 de parede I _ - n li 4 Altitudes em rela- ção à Terra com condiçôes equivalentes (Km) 7xJ012 20 (200anos-luz) 90 45 450 160 1000 nível do mar 3 X 105 3 X 108 3 X 1020 3 X 1011 2 X 1010 2 X 104 2 X 1016 2 X 1013 Pressão 7 x 10-6 atmosférica Vácuo 7 x 10-3 Vácuo primário 7Alto Vácuo 7 x 103Vácuo muitoalto 7 x 106 Ultra- -altovácuo 7 x 109 102 10 I 10-1 10-2 10-3 10-4 10-5 10-6 10-7 10-8 10-9 10-10 10-11 10-12 10-13 10-14 10-15 30 1.7.SIGNIFICADO DE ALGUNS TERMOS CORRENTE- MENTE USADOS EM VÁCUO Absorpção - Retençãode gasesou vaporesdentrode um mate- rial (sólido, líquido ou gasoso). Adsorpção - Retençãode gasesou vaporesna superfíciede um sólido ou líquido. Bombeamento .- Extracçãode gasesou vaporescontidosnum sis- temaincluindo os absorvidosou adsorvidosnele. Condutância - Quantidadede gás que passa da zona de alta pressãopara a de baixa pressão,atravésda linha de vácuo,por unidadede tempoe por unidadede diferençade pressão. Desgaseificação - Libertação dos gases e vapores resultantesde absorpção,adsorpçãoe contaminações,geralmente tornadamais rápidapelo aquecimentosimultâneo das superfíciesda câmaraem vácuo. Fuga - Entrada de gás ou vapor no sistemade vácuo, fortuitaou propositada. Pressão parcial - Pressãode um componentedeterminadoda mis- tura gás-vaporna câmarade vácuo. Sistemadinâmico- Sistema bombeado continuamentede modo a manteruma determinadapressão. Sistemaestático - Sistemaqueé bombeadoe em seguidafechadode modo a manter o vácuo. Estes sistemasnao devemter fugas nem desgaseificarmuito. 1.8.APLICAÇÕES o vácuo tem muitasaplicaçõestantona indústriacomo na investi- gação. Destacam-sealgumasdas mais importantes. O vácuo primário ou pré-vácuoé utilizado na desgaseificaçãode óleos, na amostragemde gasescom uma relativapureza,na filtragem 31 em vácuo, na destilaçãoem vácuo, na desidrataçãode alimentos,-nas lâmpadasde luz eléctricae de luz fluorescente,no transportede líquidos (leite por exemplo)ou atéde pequenosobjectosem sistemasde comu- nicação internosem grandesempresas.Noutras aplicações,como por exemplono casodas garrafas«termus»,faz-seuso da baixacondutibi- !idadetérmicaem gasesmuito rarefeitos(vácuo).Tambémse aplicana esterilização,no caso da embalagemde alimentose de experiências biológicas em que se pretendeevitar oxidaçõese contaminaçõespor bactériasou outros organismosaeróbios. O alto vácuo e o vácuo muito alto são usadosna indústria,em metalurgia,em fomos para fusão, têmperade aços, tratamentotérmico de ligas de níquel, titânio e zircónio e em soldaduras;na fusão de resinas sintéticase impregnaçãode componenteselectrónicos,cabos e transformadorescom materiaisisoladores;na deposiçãode camadas metálicasfinas (thinfilms) parauso em óptica,electrónicaou atépara fins decorativos;em microscópioselectrónicos,osciloscópios,aparelhos de TV, aparelhosde Raios X e em simuladoresespaciais.São também utilizados correntementeem experiênciasde Física e Química sempre que se pretendeestudarum fenómenotão isoladoquantopossível,quer para que não haja interferênciadas moléculasdiferentesdas que se pretendemestudar,quer para que esse fenómenoparticularnão seja mascaradopor outros,devidosà densidadede moléculaspresentes.São exemplosdesteúltimo caso a aparelhagemusadaem espectrometriade massa, feixes molecularese aceleradoresde partículas. O ultra-alto vácuo é usado, em determinadaszonas de conjuntos experimentais,em casosespeciaisde simulaçãode condiçõesdo espaço interplanetário,em estudosde superfícieslimpas,no fabricodeprodutos de grandepurezae em soldadurasespeciais. 32 CAPÍTULO II ELEMENTOS PARA O CÁLCULO DE SISTEMAS DE VÁCUO 2.1. VELOCIDADE DE BOMBEAMENTO Considere-seum reservatóriocom uma única aberturapor onde se faz o bombeamentodo gás que se encontraà pressãop (figura 2.1). Define-se a velocidadede bombeamento,S, como o volume de gás dV retirado por segundo, S =--. A quantidadede gás bombeadana dt unidadede tempo,ou sejao fluxo Q, é proporcionalà pressãode gásna câmarae é dado por Q =Sp [2.1] Supõe-seque a temperaturase mantémconstante. Para medir a velocidadede bombeamentousa-sefrequentementeo litro por segundo(1 S-1) e para medir fluxos o torr litro por segundo (torr I ç1), o lusec (l1J S-1=10-3torr I S-1) ou o milibar litro por segundo(mbar I ç1 =0,75 torr I S-1). O fluxo Q é, em geral, um somatóriode fluxos de váriasorigens, dado pela expressão [2.2] 33 v p Fig. 2.1- Reservatóriocomumasaida em que Qg é a partecorrespondenteaosgasesexistentesinicialmentenovolume a bombear; Qd correspondeà desgaseificaçãodosmateriais; Qf é a contribuiçãodevidaà entradacontínuade gásno sistema,isto é, a fugase permeabilidadedosmateriais. 2.2. CONDUT ÂNCIA Em geral,numsistemade vácuo,entrea câmaraa bombeare as bombasde vácuo,encontram-seválvulas,tubosde ligaçãoe outros componentesquedificultama passagemdogásdiminuindoavelocidade de bombeamentodo sistema. Considere-seumabomba,ligadaaoreservatórioa bombearporum tubo(figura2.2).O tuborepresentaumaresistênciaZ aodeslocamento do gásestabelecendo-seumadiferençadepressãoentreo reservatórioe a entradadabomba.A condutânciaC, igualao inversodaresistência (C = ~), é a quantidadede gásquepassapelo tubopor unidade de tempoe por unidadede diferençade pressãoe portanto [2.3] 34 • Pl Fig. 2.2~ Reservatório e tuhoatravésdoqualse faz o homheamento Pode-seestabeleceruma analogiaentreum circuitode vácuoe um circuito eléctricoconformese indica na tabela2.1. TABELA 2.1 Vácuo p ~ pressão Q ~ fluxo Z ~ resistência p =~=QZ C Electricidade v~ potencialeléctrico I ~ correnteeléctrica R ~ resistência v =RI (Lei de Ohm) Ainda duma maneirasemelhantea um circuito eléctricose houver vários tubos em série (figura 2.3), as resistênciassomam-se,isto é Usando condutânciastem-se [2.4] [2.5] 35 z Fig. 2.3 - Circuito de vácuo de tubosemsérie Fig. 2.4 - Circuito de vácuo de tubosemparalelo 1~_Z1~1 1~_Z2~1 l~~-~~Z-'~I Para um conjunto de tubos em paralelo (figura 2.4), e tambémpor analogiacom os circuitos eléctricosvem [2.6] ou [2.7] Considerandoo casode umaresistênciaassociadaa um reservatório, e uma bomba com uma velocidadeSb no extremoda resistência(fi- gura 2.5), de acordo com [2.1] o inversoda velocidadede bombea- mento, S, do volume do reservatório,é dado por 1 P--- S Q A pressãop dentrodo reservatórioestárelacionadacom a pressãoPb à entradada bombapela equação 36 donde vem p Q- +Pb C Substituindona expressãodo inversoda velocidadede bombeamento obtem-sea equaçao I I Pb I I I-=-+-=-+-=Z+- S C Q C Sb Sb [2.8] que relacionaa velocidadede bombeamentoefectivaS, com a veloci- dade da bomba Sb e a condutânciaC do sistemade vácuo. É portantonecessáriocalculara condutânciada tubagemou outros elementosexistentesentrea bombae o volume a bombear. No casoem que C é muitomenorqueSb' a velocidadede bombea- mentoS é aproximadamenteigual a C, isto é, a velocidadede bombea- mentofica limitadapelacondutânciado tubo;no casocontrárioem que C é muitomaiorqueSb' S é aproximadamenteiguala Sbe a velocidade é determinadapelas característicasda bomba. c 5 p=p 1 Fig. 2.5- Reservatóriocomumaresistênciaassociadae umabomba comumavelocidadeSb no extremoda resistência 37 2.3. FLUXO DE GASES EM TUBOS A condutânciade um tubodependedassuasdimensõese tambémdo tipo de fluxo que se estabelece.O tipo de fluxo ou regimevariacom a pressãoe velocidadede bombeamento.Podem-sedistinguiros seguintesregImes: a) Fluxo turbulento- Ocorre quandoa pressãoe a velocidade dos gases são muito elevadas.O fluxo tem remoinhose oscilaçõese a velocidadevaria irregularmentecom o tempo em cadaponto,e numdadoinstantede pontoparaponto.É o caso de um sistemaque começaa ser bombeadoa partir da atmosfera. b) Fluxo viscosoou laminar- No fluxo VISCOSOou laminaro gás desloca-seem camadasfinas sobrepostasumasàs outras, sendo maior a velocidadedas camadasna partecentraldo tubo e praticamentenulajunto àsparedes.A forçanecessária para mover uma camadarelativamentea outra é dadapela I - F Av A" d d 're açao: = '1 -- em que e a area as camaas, v e a 11 diferençade velocidadeentreas duascamadas,I a distância entreelas e '1, o factorde proporcionalidade,é o coeficiente de viscosidade. c) Fluxo molecular- O fluxo molecularocorrea baixaspres- sões quandoo livre percursomédiodas moléculasexcedeo diâmetrodo tubo. Neste regime as moléculaspassampelo tubo sem chocaremumas com as outrase as colisões são somentecom as paredesdo tubo. d) Fluxo intermédioou de Knudsen- Este regimecorresponde à transiçãoentreo fluxo viscosoe o fluxo molecular;difere do fluxo viscosona medidaem quea velocidadedo gásjunto à parededo tubo não pode ser consideradanula. 38 o critério usadopara a determinaçãoda zona de transIçaoentreo fluxo turbulentoe o fluxo viscoso é obtido a partir do númerode Reynolds, Re = Dvp , em que D é o diâmetrodo tubo, v a veloci- 11 dade média de fluxo do gás atravésde uma secçãodo tubo, p a densidadee 11o coeficientede viscosidadedo gás. Para o ar a 200e o número de Reynolds é obtido a partir de Re =8,3 x D-'Q em quê Q (fluxo) é expressoem milibar litro por segundoe D em centímetros. O fluxo de ar será turbulentose Q >2,5 X 102 D e VISCOSOse Q <1,2 x 102D conformeestá indicadona figura 2.6. Fluxo viscoso 1000 Fluxo viscoso ou Fluxo turbulento 2000 ---- •.-Re Fluxo turbulento Fig. 2.6- Regimes emfunção do número de Reynolds No projectode um sistemade vácuoo regimeturbulentonão é em geral muito importante,visto que, paraas quantidadesde gásbombea- das continuamente(em geral Q <40 mbar 1ç') haveráum regime viscoso desdeque D> Q 1,2 X 102 40----= 0,3cm 1,2X 102 Os tubosnormalmenteusadostêm,em geral,diâmetrosmuitosupe- flores. Para determinara transiçãoentre os fluxos viscoso e molecular utiliza-seo númerode Knudsen,Kn =~ queé umarelaçãoentreÀ, D livre percurso médio das moléculasdo gás e o diâmetrodo tubo. 39 o fluxo é viscosoparaKn <10-2 e molecularparaKn >loque num tubocom umapressãomédiaPm e parao ar a 200e(À =7 X 10-3cm) p (mbar) se traduz no seguintecritério aproximado: fluxo viscoso se Pm D >7 X 10-1mbar cm fluxo molecularse Pm Q. <7 x 10-3mbar cm Estas regras são válidas para tubos cilíndricos dando origem no cálculo das condutânciasa erros inferioresa 10%. Para tubos com outrasgeometriasnão há resultadosgeraismasos critériosacimaesta- belecidos podem ser usadoscomo primeiraaproximaçãoconsiderando que D é a menor dimensãolinear da secçãodo tubo. 2.4. FLUXO VISCOSO Em regimeviscosoo fluxo de um gásatravésde um tubocilíndrico comprido, como o da figura 2.7, é dado pela fórmula de Poiseuille Q (mbar 1 S-1) =2,46 x 10-2 D4 Pm(P1 - P2) 11L em que L é o comprimentodo tubo, P1 e P2 sãoas pressõesrespectiva- menteà entradae saídado tubo, Pm= (P1 +P2) /2 e as outrasletras têm o significado habitual. Esta expressãodá o valor do fluxo em mbar 1 S-1 quandoD e L sãoexpressosem centímetros,Pm, P1 e P2 em milibares e 11 em poises (l poise= 10-1 Kg m-1 ç1). A condutânciade um tubo cilíndrico compridoobtém-seatravés da expressão e(l S-1) = 2,46 x 10-2 D4 Pm 11L e para o ar a 200e(11 = 1,829X 10-4 poise) D4e(l s-1) = 134 - PmL 40 [2.9] [2.9a] l>10D Fig. 2.7 - Tubo cilíndrico comprido Fig. 2.8 - Tubo de secção rectangular A condutânciade um tubode secçaorectangular(figura 2.8) é dada por 2b2e(I s-')=3,57 x 10-2 _a_ PmY llL [2.10] em que a e b sao as dimensõesem centímetrosdos lados da sec- ção rectangular,L é o comprimentodo tuboem centímetrose Y é um factor que dependeda razãoa/b e se podeobtera partirdo gráficoda figura 2.9. Para o ar a 200e 2b2 196_a_ Y L Pm [2.11] No caso de um orifício pequenoem relaçãoao volumea bombear (figura 2.10), a condutânciaé umafunçãocomplicadada razãoentreas pressõesp, e P2 com p, >P2 e parao ar a 200eé dadapelaexpressão e (l s-') =20 _A__ para P2,,:;0,52 l-P2/p, P, [2.11a] em que A é a área do orifício em centímetrosquadrados.O valor de P2 =O 52 é um valor crítico correspondenteao máximodo fluxo. p, , 41 1,0 Y I 0,5 Fig. 2.9 - Factor para o cálculo da condutância (fluxo viscoso) de um tubo rectangular com uma sec- ção axb 0,1 0,5 -~+ Para valores de P2 ::::;O I a condutânciaé aproximadamenteconstante P1 ' e igual a c (l ç1)=20A. 2.5. FLUXO MOLECULAR [2.llb] Em regimemoleculara condutânciade um tubocompridode secção uniforme qualqueré dadapor C(lÇ1)=19,4K(:J2:~ [2.12] em que A é a áreada secção,P o perímetro,L o comprimentodo tubo, K o factor de Clausing, uma constantesemdimensõesque dependeda forma da secçãoe M o peso moleculardo gás expressoem gramas. No caso de um tubo cilíndrico comprido, K é igual a 1 e a expressãoobtida para a condutânciaé a calculadapor Knudsen: [2.13] 42 Fig. 2.10 - Bombeamento atravésde um pequenoorifí- cio numa parede 1.5 accL Fig. 2.1 I - Factorparao cálculodacondutáncia(fluxo molecular)de umtuborectangularde secçãoaxb ~ ----A-cm2 1,0 -P2-r 0,5 __ l,O__ b_, e para o ar a 200efazendoM =28,98g 12 1 D3 , L [2.13a] Para um tubo compridode secçaorectangular(figura 2.8) e (l S-1) =9,7(~ )112 a2 b2 KM (a+b)L e para o ar a 200e 2 b2e (l S-1) =30,9 a K (a +b)L [2.14] [2.14a] em que a<€:::L. O valor de K pode-seobterdo gráficoda figura 2.11. Se a secçãorectangularfor uma fendafina, isto é a~b as expres- sões anteriorestomamas formas ( )112 2e (1ç1) =9,7: a~ K' e para o ar a 200e [2.15] 309 a b2 K' , L [2.15a] 43 [2.16] e K' pode-seobter a partir do gráfico da figura 2.12. A condutânciade um tubo comprido cuja secção é uma coroa circular (figura 2.13) é obtidaa partir da fórmulageralcom umaárea A = ~ (D1-D~) e um perímetro P = n (D, +D2) e portanto 4 e (I s-')=3,8 (: r (D, - D2)~(D, +D2) K" e para o ar a 200eteremos [2.16a] 1.0 K 1 0.5 Fig. 2.12.:....-Factor para o cálculo da condutân- cia (fluxo molecular) de umafenda rectangular o 1 10 l----b- Fig. 2.13- Esquema para O cálculo da condutânciade um tubo comprido cuja sec- ção é uma coroa circular o factor K /I pode ser calculadoa partir do gráfico da figura 2.14. A condutânciade um pequeno orifício, numa parede fina (fi- gura 2.15), no caso do regime molecular, em que o livre percurso médio das partículasdo gás é maior que as dimensõesdo orifício, é dada por ( )1103,64 ~ - A [2.17] 44 1,5 1,0 0,5 ) 0, -------.,,--- Fig, 2,14 - Factorparao cálculodacon- dutânciado tubodafig, 2.13 e para o ar a 20°C Fig.2.15-0rificio emparedefina [2,17a] A condutânciade umaaberturanumaparedefina ligadaa umtubo (figura 2.16) é obtidaconsiderandoque a resistênciaefectivada aber- turaé igual à resistênciade um orifício de secçãoA menosa resistência de uma aberturade secçãoigual à do tubo Ao' Logo Como a resistênciaé o inversoda condutânciateremos Obtém-seentão e C [2.18] 45 A condutâncianos casosreaisresulta,em geral,da combinaçãodas fórmulasjá mencionadas.Assim, a condutânciade um tubocurto, isto é, de um tubo em que L <20D é obtida associandoa fórmula da condutânciade um tubo comprido com a respectivacondutânciada abertura 1 C 1+--- C'ubo Cabertura [2.19]Um exemplode cálculo de uma condutâncianum casoreal é dado no parágrafo8.3 a propósitoda escolhade um sistemade bombea- mento. No caso de tubos com curvas utilizam-seas fórmulascorrespon- dentes dos tubos sem curvas substituindoo comprimentoL por um comprimento efectivo, Lef, que está dentro dos seguinteslimites: Laxial <Lcf <Laxial + 1,33D A condutânciaem regimemolecularé, como se VIU, independente da pressão,dependendoporémdo peso moleculardo gás e da tempe- ratura. De acordo com [2.12] a condutânciaserámaior para gasesde baixo peso moleculare a altastemperaturas.No gráficoda figura 2.17 indicam-se as condutânciaspara vários gasesrelativamenteà condu- tância para o ar. I _f Fig. 2.16- Aberturaemparede fina masligadaa umtubo 46 <.< I, Fig. 2.17- Condutânciaspara vários gases relativamenteà condutânciapara o ar 2.6. FLUXO INTERMÉDIO (ou de Knudsen) Para um fluxo intermédiopode-secalculara condutânciaconside- rando a somade duasparcelas,umadevidaao fluxo viscosoe outraao fluxo molecular [2.20] Assim, para um tubo cilíndrico a condutânciaparao ar a 20°C é dada aproximadamentepor [2.21] com Pm expressoem mbar e D e L em cm. Fig. 2.18 - Condutância de um tubo emfunção da pressão 3 10 2 10 .- -~cvisc 7 " 'I. I: I I I / cint / I c \ / , moi-----1-------- : I A passagemdo fluxo viscoso a molecularpode-seobservarno diagramada figura 2.18 referentea um tubode 30 cm de comprimento e 5 cm de diâmetro.Os limitesparaos fluxosviscosoe molecularficam praticamentea 1,3 x 10-1e 1,3 x 10-3mbaro queestáde acordocom o critério estabelecidono parágrafo2.3. 47 2.7. VARIAÇÃO NO TEMPO DA PRESSÃO NUM SISTEMA DE VÁCUO Como foi referido no parágrafo2.1 a pressãonum volumeV está relacionadacom o fluxo de gás, pela expressão onde S representaa velocidadede bombeamentoefectivaà pressãop. Admite-sea hipótesede que a velocidadede bombeamentoefectivanão varia de ponto para ponto do volume a bombeare que se mantém constanteno intervalode pressõesconsiderado. Analisam-seem seguida,separadamente,váriassituaçõesmuitofre- quentesno funcionamentode sistemasde vácuo. Caso A. Quando um sistemaé bombeadoa partir da atmosfera, numa primeira fase, a parcelaQg, devido aos gasesexistentesnesse volume, predominasobreas outrasduas(Qg~Qd+Qr), que se podem desprezar.Tem-se então Devido à acçao de bombeamentoa pressaodiminui no tempo à razãodp e a quantidadede gás bombeadaé dadapor dt Q =- V dp = pS g dt A resoluçãodestaequaçãodiferencialconduzà expressãoda varia- ção da pressãocom o tempo 48 p = Pi exp (-t S!V)= Pi exp (-t/T) [2.22] Fig. 2.19 ~ Variaçãoda pressãocomo lempode acordo com a equação2.22 o 4 8 12 16 --tlminutos) e, d' . O V ,em que Pi a pressao o sIstemano Instantet = e T =- e a S constantede tempo do sistema.Na figura 2.19 apresenta-sea curva correspondentea esta equação. O tempoque umabombalevaparapassarda pressãoinicial Pi para p é dado por t =T ln Pi p V p. 23 - log-'- , S P [2.23] [2.24] sendoindicadas,respectivamente,a formada expressãoutilizandologa- ritmos naturaise logaritmosdecimais. Uma pressãoigual a metadeda pressãoinicial seráatingidaao fim de um tempo tl/2 =O 69 ~ , S e num tempo t =ntl/2 a pressãodiminui de Pi para pJ2n. Até aqui tem-seconsideradoque S não variaapreciavelmenteentre Pi e p. Se isto não se verificar o intervaloentrePi e P terá que ser 49 decompostoem pequenosintervalosdentrodos quaisS é constante,de modo a que a fórmula possaser aplicadaem cadaum. O tempototal será então dado por 1 Pi t = L ti = 2,3V L -- log -- i I Si,i+ I Pi+ I [2.25] em que Si.i+ I é a velocidadede bombeamentono intervaloPi' Pi + \. Caso B. Quando as contribuiçõesde Qd e Qr são importantesem comparaçãocom Qg, o que acontecepassadaa primeirafase de bom- beamento(pré-vácuo),a evoluçãoda pressãono sistemapassaa ser traduzidapela equaçao pS dp - V - + Qd + Qr dt Pode-se admitir que as contribuiçõesQd+Qr =Qo variam muito lentamentecom o tempoe considerarnumaprimeiraaproximaçãoQo constante pS [2.26] Se Pofor a pressãofinal devidaao fluxo de gásQo' entãoQo=PoS. Integrandoa equaçãoentreo tempoinicial t1a quecorrespondea pressão P1 e o tempofinal t2 em que o sistemaatingeP2 obtém-se ln P2 - Po P1 - Po [2.27] A observaçãoda variaçãoda pressãocom o tempopermite, de acordocom estaexpressão,determinara velocidadede bombeamentoS 50 S =2,3-V--log P1- Po t2- t1 P2- Po [2.28] Exemplo: Se o volume de 100 litros é bombeadodesde a pressão atmosféricaaté 1 mbarem 4 minutos,a velocidadede bombeamentoé S = 2 3~ lo 1013= 2 88 I ç1 , 4x60 g 1 ' 173I m-1 Caso C. A pressõesbastantebaixas(p <10-5mbar)e numsistema sem fugas (Qf =O), a parcelapredominanteé Qd devidoà desgaseifi- cação das paredes.Qd diminui no tempoaproximadamentede acordo com a relação onde f e g sao constantescomo se poderáverificar no capítulo VII (figura 7.1). A variaçãoda pressãoseráentãodadapor pS =-f t +g donde f gp=--t+-S S isto é, a pressaodiminuirá linearmentecom o tempo. [2.29] Caso D. Se o fluxo de gás Qf devido a fugas ou introdução contínua de gás prevalecersobre as outrascontribuiçõester-se-áuma pressãolimite Caso E. Se se isolaro volumeV já em vácuo,dasbombas,ter-se-á S = O e Qg = O e a variaçãoda pressãoserá devida só a Qd e Qf 51 (caso B); admitindotambémque Qo =Qd +Qf é praticamentecons- tanteno tempo, ter-se-á 0= - V dp +Q dt o Resolvendo esta equaçaoobtém-se p =Pi +~o t [2.30] em que Pi representaa pressãodo sistemano momentot =O em que se deixa de bombear.Verifica-se assimque nas condiçõesexpostasa pressãoaumentarálinearmentecom o tempo. Caso F. Se a desgaseificaçãofor muito importantedepois de se isolar o volume(condiçõesdo casoC), a pressãovariaráde acordocom a equaçao O =- V dp - f t + g dt donde se obtém p f t2+ ~ t +p. 2V V ' [2.31] Verifica-se nestecaso que a pressãoaumentarácom o temposegundo uma lei quadrática.O estudo do aumentoda pressãocom o tempo permitiriaem princípio distinguirentreuma desgaseificaçãoimportante (variação com t2) e uma fuga (variaçãocom t). Em muitos casos, porém, o valor de Qf mesmona ausênciade fugas acidentaisé tão importanteque o termolinear pode encobriro termoquadrático.Para fazer a distinçãoseráentãonecessáriofazera análisedosgasesresiduais e verificar se se trata de componentesnormaisdo ar ou vaporesde qualqueróleo ou outra substânciaexistenteno sistema. 52 CAPÍTULO III BOMBAS DE VÁCUO 3.1. INTRODUÇÃO As bombasde vacuo podem-seclassificarde um modo geral em bombas com deslocamentode gás que retiram os gasesdo sistema expelindo-osparaa atmosferae bombasdefixação queretêmos gases dentroda própriabomba.As primeirassubdividem-seaindaembombas que trabalhama partir da atmosfera(bombasrotatórias)e bombasque trabalhama pressõessubatmosféricase que requerema ligaçãoa uma bomba de vácuo primário para remover os gases para a atmosfera (bombas «roots»e bombasde vapor). Para atingirpressõesmuitobaixasassociam-seduasou maisbombas de vácuo. Constituem-seassim sistemasou gruposde bombeamento. O uso de uma só bombaparacobrir um grandeintervalode pressõesé sempreantieconómico.As zonas de pressãocorrespondentesàs várias bombassão comparadasna figura 3.1. A variaçãodo custoda bomba sobre a velocidade de bombeamentorepresentadana figura 3.2 dá tambémuma ideia das zonas economicamentemais favoráveisparaas bombascom deslocamentode gás. Nas bombasmecânicashá umapassagemde gásda entradaparaa saída sendoestemovimentoprovocadopela transferênciade momento linear entre um meio motor e o gás. São exemplosdeste tipo de 53 1000 pressãoImbarJ 10-2 102 103 bombasrotatórias bombas de absorçãobombas raots ejactores de vapor bombas booster bombas de di fusão bombas iónicBs e de adsorção bombas criogenicB.s oombas moleculares Fig. 3.1- Zonasde pressâocorrespondentesàs bombasindicadas 10' 1000 Bomba rotatória 100 ,, \ \, Bomba iónica { I Bomba turhomolecular I I I I I ____ J_"' ....",,, 10-2 102 __ punban 100 10 Fig. 3.2 - Estimativado custo mínimode aquisiçâopor unidade de velocidadede bombeamento para vários tipos de bombaem funçâoda pressâo bombas,as rotatóriasna zonade vacuoprimano,as «roots»e as bombasmolecularesna zonade altovácuo. Nasbombasdevaporé o vapordeágua,demercúriooudeumóleo de baixatensãode vaporquearrastaas moléculasde gásda entrada 54 para a saída da bomlJa. Estes tipos de bombasnecessitamsemprede bombasde pré-vácuoassociadasde modoqueo vaporsejaorientadono sentido mais convenienteà extracçãodos gases. As bombasde vapor podem-seclassificarem: a) Ejectoresde vapor- zonadeoperação:1013a 4x 10-2mbar; b) Bombas de difusão- zona de operação:<10-3mbar; c) Bombas «booster»- zona de operação:10-2 a 10-4 mbar. Quer nas bombasmecamcasquer nas bombasde vaporé possível definir a razãode compressãopelo quocienteentrea pressãoà saídada bombae a pressãoà entrada.Ao contrário,nasbombasde fixaçãoo gás é retirado do volume a bombearpor fixação em paredesque têm a propriedadede «bombear»gases.Não há portantocompressãodo gáse este tambémnão é expulsopara a atmosfera.Como consequência,as bombasde fixação atingirãouma saturaçãoao fim de um períodode trabalhomais ou menoslongo. Por vezesa bombapodeserregenerada, emborapossamaparecer«efeitosde memória»,porqueas condiçõesde fixação dependemdo estadoda paredee, portanto,tambémda sua história. Os processosde fixaçãodependem,em últimaanálise,das ligações que se estabelecementreas moléculasda paredee do gása bombear,o que faz com queo bombeamentosejaselectivo.A fixaçãopodeserfeita pelos seguintesprocessos: I. Absorção- quandoas moléculaspenetramno interiorda parede e ficam inclusas no material (exemplo: zeolite, alumina ou carvão activado), este processoé em geral reversível. 2. Adsorção- se uma camadade gás se depositanumasuperfície estabelecendo-seligações entre as suas moléculase a superfície;as ligaçõespodemser químicas(fortes)ou físicas(fracas)sendoasúltimas susceptíveisde se quebraremenquantoas primeirasnemsempreo são. 3. Ionização das moléculasseguidade penetraçãodos iões com grandeenergianos materiaisda parede. 55 4. Condensaçãodas moléculasgasosasnumasuperfíciearrefecida. As bombas de fixação mais utilizadassão: bombasde absorção. bombas de adsorção,bombasiónicas e de adsorção,e bombascrio- génicas. 3.2. BOMBAS MECÂNICAS 3.2.1. BOMBAS ROTATÓRIAS COM VEDAÇÃO A ÓLEO As bombas que asseguramo vácuo primano sao conhecidaspor bombasrotatórias.Fundamentalmente,são compressoresque extraiem os gasesdo sistemalançando-osna atmosferaconformeestárepresen- tado na figura 3.3. A vedaçãoé feita por meio de óleo que também servecomo lubrificantedos componentesmóveis.Os óleosusadostêm uma tensãode vapor bastantebaixa. B B B Fig. 3.3- Ciclo de tra- balhode urnabombaro- tatóriade duaspalhetas. B - balastro De acordo com a forma de construção,as bombasrotatóriasdivi- dem-seem: 1. Bombas de plstao rotatório(figura 3.4); 2. Bombas de palhetas: a) duas palhetas(figura 3.3); b) palhetasimples(figura 3.5). 56 Válvula de descarga Percurso de gás Fig. 3.4- Bombarotatória de pistãorotatório Fig. 3.5- Bombarotatória de palhetasimples As bombasrotatóriaspodem ainda ter um ou dois estágios.Nas bombasde dois estágios(figura3.6), estesestãoem sériee, portanto,o rotor do primeiro estágiotrabalhacontrauma pressãobastantebaixa, enquantoque o do segundotrabalhacontraa atmosfera. As característicasdas bombas são representadaspelas curvas de velocidade de bombeamentoem função da pressão. A figura 3.7a refere-sea uma bombade um só estágioe a figura 3.7b a umabomba de dois estágios.É vulgar exprimira velocidadede bombeamentodas bombasrotatóriasem litros por minuto,podendoter valoresentre10e 90 000 litros por minuto.Em geralas bombasde um estágiopermitem alcançara pressãolimite de 10-2mbare as de dois estágios10-4mbar (figuras 3.7a e 3.7b). Fig. 3.6- Bombarotatória de dois estágios 57 1000 o <:~Eo~ 100..a Eo..a c~ ·e"'tl -~"'tl 10D "'tluo~> 1000 2 c~ED 100~ ..aEo c ..a ~ ·e "'tl ":::- ~"'tl 10D ~uoGi> 1.0 ----pressão (mbar) a) 1.0 ---_ pressão (mborl b) 10 10 58 Fig. 3.7- Características de bombas rotatórias: a) com um estágio: b) com dois estágios ---- Sem balastro Com balastro Pelo menos na primeira fase de bombeamento,os sistemastêm, além de gases, vaporesde líquidos de tensãode vapor elevadaem relação à pressãoque se pretendeatingir no sistema.Durantea com- pressãoos vaporescondensam-se,sendoumapartearrastadapelo óleo, contaminando-oe obrigando, a longo prazo, à sua substituição,en- quantooutra partevolta a evaporar-see entrano ciclo seguinte,dimi- nuindo destemodo a eficiência da bomba. Para melhoraro bombea- mento quandoexistemvapores,as bombasestãogeralmenteequipadas com um balastro, uma pequenaválvula de entradade ar, regulável, situadanumaposiçãoquecorrespondequaseao fim do ciclo, portantoà fase de compressão. Tome-se como exemploo vaporde águacuja tensãoà temperatura do óleo da bombaem funcionamento(cercade 60°C)é de 200mbar.Se a tensãode vaporde águano sistemafor 10mbar,estevapornãopode ser comprimido mais de vinte vezes, senãocondensa-se.É portanto necessárioque, pelo balastro,se introduzaar em quantidadesuficiente paraque a pressãodo gásà saídanão se tomemaiorquevintevezesa pressãototal de gás dentroda bombano início do ciclo. O balastropodeserusadoparadescontaminaro óleodeumabomba, devendo nesse caso bombear-secom balastro durantepelo menos 20 minutos de modo a que a bomba possa aquecercompletamente. O funcionamentocom balastrotem a desvantagemde diminuir a pressãofinal porquehá um aumentoinevitávelda fuga de gás, paraa zona de baixa pressãoda bomba. Em geral os fabricantesindicamo efeito do balastro nas característicasda bomba e tambéma tensão máxima de vapor de água com que as bombaspodemtrabalhar. Para bombeamentocontínuode vaporesutilizam-seoutrastécnicas. Pode-se, por exemplo, mantera instalaçãoa uma temperaturaalta e fazer com que o óleo da bombacircule por um sistemapurificadorou colocar condensadoresde modoqueos vaporescondensáveisdo sistema não cheguemà bomba. As bombasrotatóriasnão necessitamde cuidadosespeciaisquando em funcionamento.No arranquedeve-seter em atençãoque a bomba 59 tem um período inicial de aquecimentoem que o vácuo pode ser inferior ao que se esperava,devido à desgaseificaçãodo óleo por aquecimento. Quando se usam bombasrotatóriascom vedaçãopor óleo deve-se ligar sempreuma condutapara escapedos gasesbombeadospara o exteriorda sala de trabalhoporque,associadacom os gases,há sempre uma percentagemde vapor de óleo que não deve ser respirado.Se a quantidadede óleo libertada for muito grande deve-secolocar um condensadorna linha de escape. Quando se pára uma bombadestetipo faz-se entrarar na bomba depois de a isolar do sistemaem vácuo; caso contrário,o óleo vai migrando lentamentepara a parte que continuaem vácuo podendo encher o sistema. Para evitar estes acidentesalgumasbombasvêm equipadascom dispositivosde segurança.Se não existirem,o processo mais eficaz é colocar logo acima da entradada bombauma válvula electromagnéticaque, se faltar a correnteeléctrica, isola a bomba rotatória do sistemade vácuo e, em seguida,introduzar na bomba. Pode-se tambémevitar a entradado óleo no sistema,colocandoacima da bomba um reservatóriocujovolume seja superiorao do óleo da bomba, o que tem a desvantagemde diminuir muito a velocidadede bombeamentodo sistema. Se tiver havido migraçãodo óleo não é convenienteligar a bomba semprimeiro verificarmanualmentese o eixo do rotorrodalivremente. Se todo o óleo tiver saídoda bombaestafica com granderesistênciae não roda quandose liga o motor.Nas bombasem quea transmissãodo movimentose faz por correias,em geralo motorpatina;porém,se ficar paradoe com alimentação,pode queimar,enquanto,por outro lado, o eixo da bomba pode ficar seriamentedanificado. Para evitar estes acidentes,logo que se suspeitede uma migraçãode óleo, faz-serodar a "poulie» da bomba manualmente.Se se verificar que o eixo roda livremente, pode-se ligar a bomba e corrige-seo nível do óleo se necessário. 60 A manutençãorequeridapelas bombasrotatóriasé muito pequena. Deve-se porém ter em atençãoos seguintespontos: - mantero óleo ao nível indicadona bomba; - verificar se há fugas de óleo pelasjuntas; - se a transmissãodo motor à bombafor feita por correIa, verificar a folga desta. As avariasmaisfrequentessãoa falhadasmolasdaspalhetascom a consequentefalta de vedação,a falha da válvulade escapedos gasese avaria no balastro. A contaminaçãodo óleo toma necessáriousaro balastropor perío- dos longos e provocaum aumentoda pressãofinal da bomba.A neces- sidadede mudaro óleo podetambémserverificadapelo seuaspectono indicador de nível. 3.2.2. ACESSÓRIOS DAS BOMBAS ROTATÓRIAS Acima da bombarotatóriacolocam-semuitasvezesfiltros depoeira ou condensadoresde acordocom as condiçõesde trabalhodo sistema. Os condensadores,alémde protegerema bombaquandohouverquanti- dadesimportantesde vapora bombearou gasescorrosivos,diminuema migraçãodo óleo da bombapara as zonas de baixa pressão. Os condensadoresparavaporde água,quedevemserusadossempre que a quantidadede vapora bombearexcedaos limitesde tolerânciada bomba,têm umasuperfíciede condensaçãoformadapor tubosde cobre onde circula águapara arrefecimento.Podemem geralser isoladosdo sistema continuandoo bombeamentoenquantoa parte condensadaé retirada. Actualmenteutilizam-semuitoos crivosmolecularesque são trapas de zeolites(*), ou aluminaactivada(figura 3.8), que devidoao poder (*) Zeolites- aluminosilicatosde metais alcalinos. 61 ~Entrada plocas de transmissão de calor ~ Zeolite !Saída Fig. 3.8~ Trapade zeolítes Campo magnético axial 0 Fig. 3.9~ Esquemade um condensadoriónico de absorçãodestassubstânciaspermitemgrandesvelocidadesno bom- beamentodo vapor de água e dos vaporesde óleo provenientesda bomba rotatória. Um sistema formado exclusivamentepor bomba rotatona e trapa de zeolites permite alcançarpressõesda ordem de 4X 10-5mbar. A zeolite pode ser regeneradaaquecendoo recipiente em que se encontra.Quando se fazem bombeamentosconsecutivosa partir da atmosferaé convenienteutilizar inicialmenteum "by pass», isto é, uma passagempor fora da trapade zeolitesparanão a saturar rapidamentecom vaporde água.A desvantagemprincipaldestastrapas consiste na possibilidadede eventualmentealgum materialdo crivo molecular, que é abrasivo,entrarna bombarotatória. Outra forma de eliminaros vaporesquemigramda bombarotatória para o sistemaé a utilizaçãode um condensadoriónico ("ion baffle»). Nestescondensadores(figura 3.9), as moléculasde hidrocarbonetosque migramda bombarotatóriaparaa câmarade vácuosãoionizadasnuma descargaeléctricade cátodofrio do tipo magnetrãoinvertido(ver pará- grafo 4.8.2). O condensadortem um ânodocentralenvolvidopor um cátodocilíndrico com um campomagnéticoaxial. Devido à configura- ção do campo eléctricoe magnéticoos electrõesdescrevemespiraise portanto o seu percurso é muito grande. A eficiência de ionização 62 desses electrõesé por isso muito elevada.Os iões positivos assIm formadosdirigem-separa o cátodoonde formamuma camadade CH polimerizadoresultantedasdissociações.Formam-setambémmoléculas mais leves que são bombeadas. O efeitodo condensadorna eliminaçãodos óleosda bombarotatória pode-seobservaratravésdos espectrosde massa(ver parágrafo5.2) da figura 3.10 em que se comparamos iões presentescom e semconden- sador de ionização. A pressãoparcial do óleo é reduzidaa 1 %. Fig. 3.10- Iõespresentesnumsistemade vácuo O - semcondensadorde ionização: 11III -com condensadordeionização: I+ t 6 5 4 3 2 1 12131415161718 26272829 32 36394143 57 69 85 95 --lo- Mjz 3.2.3. BOMBAS DE ANEL DE ÁGUA As bombas de anel de água são bombas rotatórias.em que a vedação é feita por água, sendo constituídasessencialmentepor um estatore um rotor, excêntrico,de palhetasmúltiplas. Estasbombassãousadas,de um modogeral,parafazero pré-vácuo de ejectoresde vapore bombas«roots»em sistemasde vácuo,normal- mente industriais, cuja principal função é a evaporaçãode grandes quantidadesde água (por exemplopara a desidrataçãode alimentos). A água actua não só como agentede vedação,mas tambémde 63 arrefecimento,existindoumaalimentaçãocontínuade águafria, quevai permitir melhorara pressãofinal da bomba. A pressãomínimaatingidanestasbombasé, portanto,limitadapela tensãode vaporde águaà temperaturade funcionamentoda bomba.Na tabela3. I encontram-seas tensõescorrespondentesa diferentestempe- raturasde água. TABELA 3.1 Tensãode vaporde água Temperaturacoe) Pressão(mbar) o 5 10 15 20 40 100 6,1 8,7 12,3 17,1 23,3 73,7 1013 Estas bombassão simples, robustase com poucasdimensõescrí- ticas. Tal como no caso das bombasrotatóriasde óleo usam-se,geral- mente,com válvulade segurança,paraevitarque, casofaltea corrente eléctrica, o sistemaseja inundadode água. Podem ter I ou 2 está- gios, atingindo-seem cada caso vácuosda ordem de 40 e 20 mbar, respectivamente.As velocidadesde bombeamentovariam desde50 a 270 000 I min-1. 3.2.4. BOMBAS «ROOTS» (OU «BOOSTER» MECÂNICAS) Uma bombado tipo «roots»é formadapor dois rotoresemformade oito que rodamem eixos paralelose em sentidoscontrários.Duranteo ciclo da bomba os rotores entramum no outro ajustando-sesem se tocaremcomo indica a figura 3.11. Nestasbombasnãoexisteóleo de vedaçãoo quepermiteaosrotores velocidades muito elevadas,da ordem de 500 a 3000 rotaçõespor minuto, conformeo tamanhoda bomba.A velocidadede bombeamento e o vácuo final vão dependerda condutânciada zona de alta pressão para a de baixa pressão,correspondenteao espaçoentreos rotorese entre os rotorese o estator,sendodesprezávela condutânciaentreas basesdos rotorese a parede.Em geral a folga entreos rotoresvaria entre5 x 10-2e 3 x 10-1mm. A velocidadede bombeamentotambém 64 2 3 4 Fig. 3.11- Bombaqoots" é influenciadapela pressãoestabelecidapela bombarotatóriaque está associada à bomba «roots». Fazendo um vácuo primário inferior a 1 mbar o fluxo entre os rotorespassaa ser molecular.Nesse caso a condutânciaserá constantee só dependerádas dimensõesdas folgas. O produto do volume deslocadoV pela frequênciade rotaçãof é conhecido por velocidadede deslocamentoSd e relaciona-secom a velocidadeda bombapela seguinteexpressão: [3.1] em que Sh é a velocidadeda bombae Si a perdade velocidadedevidoà fuga internapara o lado de baixa pressão. As bombas«roots»podemapresentarvelocidadesde bombeamento entre50 e 25 0001S-1 (3 X 103a l,5 x 1061min-1), e emborasejam usadasnormalmentena zona de pressõesentre 15mbar e 10-3 mbar podem atingir 10-5mbar. A figura 3.12 mostracaracterísticastípicas das bombas «roots». Como estas bombas nao usam óleo, a maior parte da potência desenvolvidapara comprimiro gás vai aqueceros rotores.A potência de aquecimentoP é dadapor P =Cr S1 (P2 - P1) [3.2] em que Cr é um factor de proporcionalidade,S1 a velocidadede bombeamentoda «roots»e P1 e P2 as pressõesà entradae à saídada 65"roots». Se S2 for a velocidadeda bombarotatóriaassociadatemos S2 P2S1P1Q 30 Velocidade d. bombeamento (m3Jh) 20 1 10 O [3.3] __ o - pressão (mbarl Fig. 3.12- Características de uma bomba «Toots» ---- Bomba de pré-vácuo sem balastro - - - - Bomba de pré-vácuo com balastro Substituindona expressão[3.2] obtém-se p [3.4] A potência desenvolvida,e portantoo aquecimento,só diminui se a pressãoà entradada «roots»diminuir, ou se a velocidadeda bomba rotatóriaS2 aumentar. Conclui-se tambémque o maioraquecimentose dá a altaspressões, portantono começo do bombeamento.Se a bombafuncionardurante bastantetempo acima de uma pressãocrítica que está compreendida entre 3 e 40 mbar, os rotoresdilatar-se-ãodevidoao aquecimentoe a bomba pode gripar. Têm sido utilizadosvários sistemasde protecção que, ou por circulaçãode óleo no eixo, nestecasooco, ou por arrefeci- mento do gás à saída, diminuema temperaturados rotores.O mais simplesé, porém, utilizar um interruptorsensívelà pressão,que acima 66 da pressãocríticadesligaa «roots»e abreumaválvulaqueliga a bomba rotatóriadirectamenteao sistemaa evacuar. Para o cálculo da associaçãoda bombarotatória,bastaconsiderar que a quantidadede gásque sai da bomba«roots»Q = S1 P1 é igual à que é bombeadapela bombarotatóriaQ = S2 P2 isto é, S1 P1 = S2 P2' - - d b b ,P2 S1A razao de compressao a om a «roots»e -- =-- e portantose P1 S2 a razão de compressãofor grandeseránecessáriauma bombarotatória com uma velocidaderelativamentepequena. 3.2.5. BOMBAS MOLECULARES As bombas moleeularesbaseiam-sena transferênciade momento linear de um rotor a grande velocidadepara as moléculasde gás situadasentre o rotor e o estator.Às moléculasé comunicadomovi- mento de modo que saiamdo sistemaa evacuar. As bombasmolecularespodem-sedividir em: a) Bombas de arrastamentomolecular; b) Bombas turbomoleculares. O princípio de funcionamentode umabombade arrastamentomole- eular está indicado na figura 3.13, em que as moléculasse deslocam Fig. 3.13 - Princípio dejuncíonamento de umabombade arrastamentomolecular 67 do reservatórioà pressãoP1 parao reservatórioà pressãoP2 emvirtude do movimentodo rotor. Na partesuperiordo estatorexisteuma saliênciaemquesereduzaomínimoa folgaentreo rotore o estator, evitandoportantoa passagemde gásde 2 para1. Cálculosteóricosdemonstramque,paraseterumarazãode com- pressãoP2/P1 grande,é necessárioqueP2 nãosejamuitomaiorquea diferençaP2 - P1' Na práticaa bombamolecularvai,portanto,neces- sitarde umabombade pré-vácuo. Desdequeseatinjao regimedefluxomolecular,istoé, desdequeo livrepercursomédiodasmoléculassejadeordemdegrandezaigualou superiorà distânciarotar-estator,a razãode compressãoconseguida, semadmissãode gásna entradada bo'mba,é tãograndequenuma bombarealo vácuofinalvaiserlimitadoapenasporfugasentrea saída e a entrada,fugasentreasbasesdorotore asbasesdocilindroe pela tensãodo vapordo óleoquelubrificao eixo. Emborao vácuoatingidopossaser da ordemde 10-9mbaras velocidadesdebombeamentosãobaixas(2601S--l) mesmoquandoestas bombassãoextremamentebemprojectadas. Umamaiorvelocidadedebombeamentoé obtidanasbombasturbo- molecularesbaseadasno mesmoprincípiodasbombasde arrastamento molecular,masemqueexistemváriosestágiosassociados.Osprimeiros estágios(do lado do volumea evacuar)sãoprojectadosde modoa obterem-sealtasvelocidadesdebombeamentoe poucacompressãoe os últimosparaseobteraltacompressãoemboracommenorvelocidadede bombeamento.O aumentode pressãonos últimosestágiospermite bombeara mesmaquantidadedegás(Q =S p) emboraa velocidadede bombeamentosejamenor. A figura3.14representaumabombaturbomolecular.A construção destasbombaspodeserhorizontalouvertical,e o espaçoentreo rotore o estataré superior(cercade 1mm)ao dasbombasde arrastamento molecular.O rotoré formadopor um grandenúmerode discoscom fendasoblíquas.Esterotortrabalhadentrode um estatorcomdiscos semelhantes.São o tamanho,a inclinaçãoe a distânciadestesdiscos 68 Entrada de gas Rotor com discos Saída de gás bl Fig. 3.14 - a) Bomba turbomolecularhori~ontal b) Pormenor de discos do estator e rotor quedeterminama razaodecompressãoe a velocidadedebombeamento de cadaestágio. As velocidadesde bombeamentovao até valoresda ordemde 4000I S-1 estandorepresentadasna figura3.15curvascaracterísticas. Porém,paraos gasesleves,comoo hidrogénio,a razãodecompressão é relativamentepequena(100a 1000)eporissoapressãofinaldepende da suapressãoparcialno sistemaa bombear.Paramoléculaspesadas, comoas do óleode lubrificação,a razãodecompressãoé tãoelevada que praticamentetoma impossívela suapassagemparaa zonade ultra-altovácuo.Dadaa pequenarazãode compressãoparao hidro- ~::~:i::::.::1f~~~~~"§ 1 10-9 101-7 101-5 10~3 10-1~- pressào (mban a' Pré - vácuo (mban Hidrogénio Freon 12 ~- pressão rmban bl Fig. 3.15 - a) Curvas caracteristicasde uma bomba turbomolecular b) Influência do pré-vácuo nas pressõesfinais 69 génio, associa-senormalmenteuma bombade difusão com uma boa pressãofinal paraessegás, sendofácil atingirentãopressõesda ordem de 10-10mbar. Para todasas bombasmoleculares,emregimede fluxo molecular,a razão de compressãoé proporcionalà velocidadede rotaçãopelo que são necessáriasvelocidadesde rotaçãomuito altas. Embora estasbombasmolecularespermitamobtersistemaslivresde contaminaçãocom vaporesde hidrocarbonetos,o que as toma muito adequadaspara determinadostrabalhos,o custo,por litro de gás bom- beadopor segundo,é muito alto comparadocom o que se obtémcom outras formas de bombeamento. 3.3.BOMBAS DE VAPOR 3.3.1. EJECTORES DE VAPOR Nos ejectoresde vapor (figura 3.16), o gás a bombearé arrastado por um jacto de vapor, em geralvaporde água,dando-seumatransfe- rênciade momentolinearentrea correntede vapore o gás. O vaporde Entrada Fig. 3.16-Esquema de um ejectorde vapor 70 Vapor Tubo de descarga Misturador Difusor água, à pressãoe temperaturaadequadas,expande-seno ejectordiver- gente, produzindo uma diminuição de pressão,à entradada câmara de vácuo. Grande parte da energiatérmicade agitaçãomolecularé convertidaem energiacinéticade translação.O jacto de vapor, a alta velocidade, arrastaos gases que estejamna câmarade misturapara a parte convergentedo difusor, por efeito de uma transferênciade momentolinear. Como as moléculasdo jacto têmumapequenaenergia térmica, a temperaturaé baixa, e a pressãodevida aos vaporesé a correspondenteà tensão do vapor de água a esta temperaturae é portantoinferior à tensãoà temperaturaambiente.A misturavapor-gás entra no difusor convergente-divergente,ondediminui de velocidadee se expandeaté à pressãode descarga.Esta pressão,que dependeda pressãoinicial do vapore do desenhodo ejector,temde ser suficiente para equilibrara pressãoatmosférica.Caso contrário,não se manteráo jacto no difusor e o gás reentrano sistema. A razão de compressãode um ejectoré da ordem de 7 para 1. Utilizando vários andaresde ejectores(quatro é vulgar), podem-se atingirpressõesda ordemde 10-2 mbar,e velocidadesde bombeamento muito elevadaspodendoir até cercade 45 000 1ç1. Os ejectoresde vapor são muito usadosem instalaçõesindustriais sempreque haja que bombearsistemasmuito sujosou grandesquanti- dadesde vapor. Trabalhamna mesmazona de pressãoque as bombas rotatóriasde um andar. 3.3.2. BOMBAS DE DIFUSÃO Uma bombade difusão, como estárepresentadana figura 3.17, é constituídapor um envólucro cilíndrico, dentro do qual existemum vaporizadorpara o líquido da bombae sobre esteuma chaminéque conduz o vaporaos váriosandaresde ejectores.As moléculasdo vapor do fluido ao saíremdos ejectoresarrastamas moléculasdo gás exis- tentesdentroda bombaparabaixo e de encontroàs paredesda bomba. Como estassão arrefecidas,por circulaçãode águaou ar, dá-seuma 71 Fig.3.17 - Bomba de difusão com repre- sentação das linhas de fluxo e densidade condensaçãodo fluido que voltaao vaporizador.O gásarrastadoé comprimidona parteinferior,de ondeé retiradopelabombarotatória associadaa bombadedifusão.A pressãofinaldosgasespermanentesé tãobaixaqueo vácuoatingidasó é determinadopelatensãodevapor do fluido da bomba. Os líquidosutilizadosnasbombasde difusãosãoo mercúrioou óleosespeciaisdemuitobaixatensãodevapor.As bombasdeóleosão sempremetálicase as de mercúriopodemsermetálicasou de vidro, emboraemgeralsó seutilizeo vidroparapequenasbombasde labo- ratório. Semprequeseusamercúrioé necessáriocolocarumatrapadeazoto líquidoentrea bombae o volumeabombearparacondensaro vaporde mercúrio,vistoquea suatensãodevaporà temperaturaambienteé da ordemde 10-3mbar,comose poderáverpelatabela3.2. 72 TABELA 3.2 Tensãode vaporde mercúrio Temperatura(0 C) 30 20 10 O -10 -20 -30 -40 -60 -78 -196 Pressão (mbar) 3,7 X 10-3 1,6X 10-3 6,5 X 10-4 2,5 X 10-4 8,1 X 10-5 2,4 X 10-5 6,4 X 10-6 1,5X 10-6 4,0 X 10-8 8,4 X 10-10 4,0 X 10-32 De acordocom as tensõesde vaporde mercúrioparaas diferentes temperaturas,o grau de vácuo alcançadodependerádo refrigerante empregado.Assim, para eliminar vaporesde mercúrio,bastariarefri- gerar a trapacom nevecarbónica(-780C) misturadacom acetonaou álcool. No entanto,existemoutrosvaporesmaisdifíceisde eliminardos sistemasde vácuo, tais como o vaporde água,cuja tensãode vaporé da ordemde 7,4x 10-4mbarà temperaturade -780 C. Usandocomo refrigeranteazoto líquido, resolvem-setodosestesproblemas,pois que, à temperaturadeste(- 1960C), a tensãode vaporda águaé da ordem de 10-20mbar e a tensão de vapor do mercúrio é da ordem de 4 x 10-32mbar. Por isso podem-seatingir pressõesmuito baixaspela associaçãodas bombasde difusão de mercúriocom trapasde azoto líquido. Estas bombas,em geral, são muitorápidas,pelo que sãopreferidas às de óleo quandohajaquefazerbombeamentode sistemascom admis- são frequentede gases. É de notarqueos vaporesde mercúriosãovenenosose quea tensão 73 de vapor de mercúrioà temperaturaambienteé superiorao valor consideradotóxiconoslimitesestabelecidosnamaioriadospaíses,pelo quesedeveráprovidenciarparaqueo escapedosgasesbombeadosseja feitoparao exteriordo edifício. Nas bombasde difusãode óleo,usandoóleosde baixatensãode vapornãoé absolutamentenecessárioempregartrapasparaobterpres- sõesatécercade 10-9mbar,vistoexistiremno mercadoóleoscom tensãode vapordestaordema 25°C (parágrafo7.8.2).No entanto usam-sesempre,pelomenos,condensadoresrefrigeradosporcirculação de água.Utilizandotrapasdeazotolíquidoe comsistemasdesenhados convenientementeatingem-sepressõesdaordemde10-10a 10-11mbar. Nas chamadasbombasde fraccionação(figura3.18),o óleo no vaporizadorpercorreum longopercursoem espiralem direcçãoao centro,de modoquea partequeprimeirosevaporiza,e portantotem maiortensãode vapor,saipelosprimeirosandaresdeejectorese pelo andarsuperiorsai apenasa fracçãocommenortensãodevapor.Para diminuiraindamaisa quantidadedevapordeóleoqueconsegueatingir a zona de alto vácuo,correntede retorno,o chapéuquecobrea chaminéformandoo últimoandardeejectoresé arrefecidoporcircula- ção de água. Chopéu veloddadeàentrada dalrapa velocidadea ",ntradadabomba 10-7 10-6 Kf5 10-4 10-3 10-2 10-1 _ pressão(mbar) CondensodorTubosd. fraccionação Óleo ----------- a) b) Fig. 3.18 - a) Bomba de difusão de fraccionação b) Caracteristica de uma bomba de difusão 74 Na escolhade um óleo parabombade difusãoé necessárioter em contaa tensãode vapordo óleo, o seupontode igniçãoe condiçõesde trabalhocomo bombeamentode ácidos,grandesquantidadesde oxigénio ou presençade radiações.Se o óleo tiver um pontode igniçãobastante baixo, umaentradade ar repentinano sistemade vácuopodeprovocara combustãodo óleo. Em princípio a combustãodo óleo fica confinadaà bomba;no entantoestateráde ser completamentedesmontadae limpa. Em geral a velocidadedas bombasde difusãoé expressaem litros por segundo,podendoir até100000I S-1, dependendoem grandeparte das dimensõesdas bombas. A velocidade de bombeamentoé proporcionalà condutânciada entradada bombae como estaé constituídapor umaaberturacilíndrica é dada por S = Ho X C = Ho X 11,6 n r2 I S-1 [3.5] em que r é o raio expressoem centímetros,e Ho é o factorde Ho. Este factor de proporcionalidadeé sempreinferioraI, sendofrequentemente da ordem de 0,2 a 0,3. Na prática verifica-seque geralmentecada polegada (2,5 cm) no diâmetro da bomba correspondea cerca de 100I ç1 na velocidadede bombeamento.Por exemplo uma bomba de 6 polegadasde diâmetro terá uma velocidadede bombeamento próxima de 600 I S-1. Então S = Ho X C = Ho x 1l,6n(3 x 2,5)2=Ho x 2000= 6001s-1 e o factor de Ho terá um valor aproximadamenteigual a 0,3. Um outro tipo de bombas,bojudascomo a representadana figura 3.19, devido à sua forma têm um factor de Ho que é praticamenteo dobro do obtidoparaasbombasde difusãonormais.Assim, e parauma bomba de 7 1/2" de diâmetro,a velocidadede bombeamentosobe a 2400I S-1, o que dá para o factor de Ho um valor igual a 0,74. 75 Fig. 3.19 - Bomba bojuda ou grávida As característicasdas bombasde difusão mostramque a veloci- dade de bombeamentoé praticamenteconstantea pressõesinferiores a 10-3mbar. A pressõesmais altas a velocidadede bombeamento diminui, emborao fluxo (Q =pS) possater um máximonestaregião. A associaçãoda bombade pré-vácuoà bombade difusão é, cal- culada para um débito constante, Q = P1 S1 = P2 S2 (ver pará- grafo 8.3.1).É necessário,porém,teremcontaquea bombade difusão nuncadeveser ligadasemqueseestabeleçaantesum vácuoprimárioda ordem de 10-1mbar; caso contrário, o óleo ou mercúriooxidam-se devido ao aquecimentona presençado ar. No cálculo da velocidadede bombeamentode um sistemade vácuo com bomba de difusão é necessárionão esquecera trapaou conden- sador colocado acima desta e que introduz uma redução,por vezes considerável,na velocidadede bombeamento. A limpeza das bombas de difusão, quer o fluido seja óleo quer mercúrio, pode-sefazer com vaporesde tricloroetileno(*). Para ISSO, montam-sebombae trapassem anéisde vedaçãoe semóleo ou mer- cúrio, deita-seuma quantidadede tricloroetilenoequivalenteao fluido (*) DEVE-SE TRABALHAR EM AMBIENTE BEM VENTILADO E NÃO FUMAR. 76 da bombae aquece-seestacontrolandocom um «Variac»(*). No cimo da bombacoloca-seum vidro de relógio de modo a cobrir a entradae quando se observara condensaçãodo tricloroetilenointerrompe-seo aquecimento.A partir daí os cuidadosde limpezadevemser rigorosos, por exemplonão se devetocarno interiorda bombasenãocom luvas. Ao desligaruma bombade difusão deve-seisolar a parteem alto vácuo e deixar bombearcom a bombarotatóriadurantealgumtempo, para que as linhas de fluxo se mantenhame todoo óleo se conservena parte inferior da bomba. As bombasde difusão devemser protegidascontrafaltas de água e do fluido de bombeamento.Estão normalmenteequipadascom um interruptorbimetal montadona parededa bombae que em caso de sobreaquecimentodesliga o circuito de aquecimentoda bomba. 3.3.3. ACESSÓRIOS DAS BOMBAS DE DIFUSÃO Para melhorara pressãofinal das bombasde difusãoassociam-se- -lhes frequentementecondensadorese trapas.Estesacessóriosreduzem a correntede retornodos vaporesde óleo ou mercúrio. Os condensadores«<baffles»)colocadossobreas bombasde difusão podem ser constituídospor um simplespratocentradocom a abertura da bombae colocadoalgunscentímetrosacimadela. Na figura 3.20a estárepresentadoum condensadordestetipo queé simultaneamenteuma válvula, servindona posiçãode fechadaparaisolaro sistemaemvácuo. Os condensadoressãodesenhadosde formaa quesejamopacos,isto é, a que não hajanenhumatrajectóriarectilÍneaquepermitaa passagem das
Compartilhar