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Paracelso e a Iatroquímica

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EDIOGE AGRÍCIO DOS SANTOS JUNIOR 
 
 
 
 
 
 
PARACELSO E A IATROQUIMICA: 
A Visão de um Homem e Suas Contribuições para a Sociedade Contemporânea 
 
 
 
 
Resenha apresentada à disciplina 
“Temas de Química III: Eixo Tecnologia 
e Sociedade”, como requisito de 
avaliação, orientado pelo Prof. Esp. 
Luiz Roberto Morais. 
 
 
 
 
 
 
São Miguel do Guamá – Pará 
Setembro/2009 
 
I- Introdução 
 Paracelso foi o maior expoente da iatroquimica, uma junção entre 
Química e Medicina. Com uma vida de bebedeiras, ofensas às autoridades, 
banimentos e loucuras e genialidade, este grande cientista trouxe revoluções 
para Química do Século XVI que refletem até hoje em nossas práticas 
médicas. 
 
II- Iatroquímica 
 A Iatroquímica é uma corrente da Alquimia surgida no final do Séc. 
XV e início do XVI, que visava o tratamento de doenças a partir da 
administração de substâncias químicas para que o corpo atingisse o “equilíbrio” 
dos elementos que o formam. Ou seja, nada mais é que Alquimia aplicada à 
medicina. 
 Nessa época, imaginava-se que todas as coisas eram formadas por 
três princípios: O sal, que determinava a característica da solidez; o mercúrio 
determinava a volatilidade; e o enxofre determinava a capacidade de 
combustão. As características eram determinadas segundo as quantidades 
desses três princípios e cada material, inclusive o homem, possuía uma 
quantidade específica dos princípios. 
 Para a Iatroquimica, as moléstias existentes eram resultado do 
desequilíbrio desses princípios, e para sanar o problema eram administradas 
doses certas de substancias como o mercúrio, o iodo, o enxofre, o arsênio, etc. 
III- A vida do Homem 
 Theophrastus Bombast von Hohenhein1, nasceu em Einsiedeln –
Suíça – no final de 1943. Era filho ilegítimo e sua mãe era uma serva, 
pertencente ao seu empregador. Theophrastus era uma criança raquítica e 
vivia doente. 
 
1 Prefere-se, neste momento, chamá-lo pelo nome de batismo. Paracelso foi adotado depois, e só 
será usado, a partir do momento histórico em que ele foi adotado por Theophrastus. 
 
 
 Sua mãe morreu quando ainda ele era criança, e junto com seu pai 
mudou-se para Villach na Áustria, onde seu pai ensinava Alquimia Prática e 
Teórica (que, na prática hoje, seria Metalurgia Teórica e Prática) na faculdade 
de mineração local. Seguramente, “Paracelso pai” fazia incursões na alquimia 
clássica das transmutações, e seu filho lhe auxiliava. 
 A experiência precoce fez de Theophrastus um grande conhecedor 
das características, propriedades e técnicas de manipulação de minerais. 
Quando começou a trabalhar nas minhas e oficinas pertencentes aos Fugger 
(família rica e de grande prestígio no norte da Europa) como aprendiz de 
capataz, seu conhecimento foi expandido. Esse emprego durou até que ele 
completasse 14 anos, quando saiu em busca de conhecimento nas 
universidades européias. Mesmo não sendo incomum, a inusitada juventude 
com que o fez, demonstra seu intelecto prodigioso, além de seu temperamento 
difícil. 
 Estudou em Alquimia em Württenberg, Medicina em Paris, sob o 
comando de Ambroise Paré, e na Itália segundo afirmava ele próprio. Quando 
completou 20 anos, passou a pregar suas idéias pouco ortodoxas. Enquanto 
isso as universidades pela Europa permaneciam no passado, resolvendo 
incógnitas a partir da outorgação de autoridade a Aristóteles e outros clássicos, 
proferindo aulas em latim, ou seja, tornando o conhecimento estrangulado. 
Theophrastus, não aceitava isso, e passou a rejeitar o conhecimento 
acadêmico. 
 Acreditava que só poderia aprender medicina se saísse em busca de 
práticas populares para adquirir experiência. Paracelso2 se irritava com a visão 
clássica da medicina de sua época, que podia ser ilustrada nas obras de Celso. 
 Pelos próximos sete anos, Paracelso andou por estradas vicinais da 
Europa, sustentando-se como médico, tanto como cirurgião militar, quanto 
como médico itinerante. Vez ou outra era chamado para atender um nobre, 
ocasião na qual recebia uma considerável quantia. Em 1521, esteve na Dieta 
de Worms. No ano seguinte, em Constantinopla. 
 
2
 A partir desse momento, Theophrastus assume o nome Paracelso, que faz alusão a Celso, médico 
romano do Séc. I E.C. Paracelso significa “maior que Celso”. 
 
 Em 1524, num momento onde sua fama já era bem conhecida 
devido à autopromoção, voltou à Villach onde foi bem recebido por seu pai. Em 
1525 teve sorte ao escapar com vida de Salzburg depois de ter apoiado 
publicamente a Guerra dos Camponeses. 
 Paracelso esteve em Basiléia, no ano de 1527, onde curou a perna 
inválida de Johan Frobenius quando os demais médicos eram a favor da 
amputação. Isso lhe rendeu uma nova e importante amizade. Por indicação de 
seu amigo, foi oferecido a ele o cargo de superintendente médico da cidade e 
professor na Universidade de Basiléia. A calma e discrição nunca foram o forte 
de Paracelso. Oporinus, seu assistente relatou: “Ele passava seu tempo na 
bebedeira e na glutonaria, dia e noite. Não podia ser encontrado sóbrio por 
uma ou duas horas seguidas...” 
 Ainda em Basiléia, Paracelso foi chamado, para tratar de uma 
doença, por um cônego que lhe prometera 100 florins caso pudesse curá-lo. 
Rapidamente ele o fez, e o cônego lhe pagou somente 6 florins alegando que 
era suficiente de acordo com o tempo e esforço empreendido. Paracelso levou 
o caso a julgamento. Mas o resultado não lhe foi favorável, e por isso acusou 
publicamente os magistrados, o que era um grave crime, devido o qual foi 
expedido um mandato de prisão jamais cumprido graças ao fato de ter fugido 
antes que lhe pudessem capturar. 
 Em 1528, Paracelso viajou à Nuremberg, onde sua fama de impostor 
chegara antes. Dois anos mais tarde, de volta à Nuremberg, Paracelso irritou 
as autoridades médicas locais ao zombar dos ensinamentos clássicos.Em 
1532, ele estava usando a técnica da inoculação3 em vítimas da peste em 
Stertzing. 
 No ano de 1538, pela terceira vez Paracelso estava em Villach, e 
acabou descobrindo que seu havia morrido quatro anos antes. Os cidadãos de 
Villach respeitavam o pai de Paracelso, mas não gostam do filho, que foi 
expulso da cidade, sem nem sequer tomar posse da casa que havia pertencido 
a seu pai. Sem casa, vagou pela Suíça, Holanda e Alemanha, de cidade em 
cidade, ainda com sua vida de beberrão. 
 
3
 Consistia em administrar agentes patogênicos de uma doença em pessoas acometidas por esta mesma 
doença. 
 
 Em 1540, foi contratado no serviço do príncipe-arcebispo Ernest da 
Baviera em Salzburg. Na noite de 21 de setembro de 1541, quando voltava 
para a Estalagem do Cavalo Branco, onde estava hospedado, sofreu uma 
grave queda que levou-lhe à morte no dia 24 de setembro daquele ano, dois 
anos antes de Copérnico instalar o sol como centro do sistema planetário, 
quando foi declarada a revolução científica. 
 
IV- Produção Científica 
 A produção científica de Theophrastus começou somente quando se 
tornou „Paracelso‟, quando rompeu com o dogmatismo acadêmico da época, 
quando percebeu que o atrelamento da ciência com o pensamento clássico de 
Aristóteles estava mais atrapalhando que ajudando no avanço da humanidade. 
 Foi exatamente nesse período, por volta dos 20 anos, que 
Theophrastus – ou melhor, Paracelso – resolveu sair em busca de 
conhecimento. No começo, ele viajou por sete longos anos. Pôde em 
Constantinopla redescobrir alguns segredos da alquimia bizantina e a partir deobservações de camponesas (que faziam um corte na veia e inseriam nele 
uma agulha contaminada para prevenir algumas doenças), fez uma de suas 
primeiras e mais importantes declarações: “o que adoece um homem também 
o cura”. 
 Paracelso, por mais que não tenha sido o “criador” ou “inventor” da 
Iatroquímica, por muitas vezes tem sido lembrado como tal, por ser a figura 
mais conhecida dessa vertente. Ele pregava que a alquimia não poderia ficar 
fadada a tentativas frustradas de produzir ouro, ao contrário, deveria ter suas 
técnicas postas a serviço da medicina, produzindo remédios específicos, para 
doenças específicas. Assim a prática médica seria uma ciência e não mais uma 
“arte vagamente duvidosa que parecia até então” (STRATHERN, 2002). 
 As práticas médicas passariam a ser descritas de forma 
sistematizadas e padronizadas, para que pudessem ser lidas por qualquer um 
que assim quisesse, e de agora em diante os remédios seriam preparados 
segundo uma lógica científica, não através de superstições e remédios feitos 
de ervas. Paracelso propôs que os minerais deveriam ser investigados de 
 
maneira abrangente, para que fossem descobertas suas propriedades, antes 
de serem usados na confecção de medicamentos, e esses estudos 
desenvolvidos por ele, nos deram compostos utilizados hoje pela farmácia 
moderna. 
 Paracelso acreditava que o corpo nada mais era que um grande 
laboratório de Química e que a vida era uma cadeia de processos químicos. 
Dessa forma, ele via que as doenças eram desequilíbrios nesses processos e 
que o tratamento consistia na administração de doses de substâncias que 
reequilibrassem esses processos. Práticas como a dissecação eram vistas por 
Paracelso como inúteis, sob a alegação de ser o que ele chamava de 
“anatomia morta”. 
 A “milagrosa” cura de Johan Frobenius lhe proporcionou o cargo de 
professor de medicina na Universidade de Basiléia. Como o temperamento de 
Paracelso não era o que podia ser chamado de calmo, e como anos antes ele 
havia rompido com a estrutura acadêmica [atrasada] de sua época, as aulas só 
poderiam ser em nada convencionais. Ele contrariou as tradições ministrando 
suas aulas em alemão e apresentando-se em trajes de laboratório; tornou 
pública e acessível suas aulas, tanto quanto eram bizarras. Chegou a ser 
comparado com Lutero, pela audácia e revolucionarismo, mas seu caráter era 
apenas científico. 
 Rejeitou a teoria da Saúde Corporal, que pregava o equilíbrio ou 
desequilíbrio dos quatro “humores” como sendo responsáveis pela saúde ou o 
seu inverso. O motivo da rejeição, é que essa teoria é clássica, desenvolvida 
por Hipócrates. Para Paracelso, a explicação estava na Iatroquímica, na 
administração de remédios certos, preparados a partir de fontes minerais. Os 
fatos constatáveis da Iatroquímica iriam substituir os “humores” de Hipócrates. 
 Paracelso criou a “Doutrina das Assinaturas”, que proferia que a 
natureza, com sua sabedoria superior, deixava assinaturas para que os 
homens pudessem ler e tirar proveito dos itens “assinados”. Por exemplo, uma 
planta que parecesse um testículo serviria como remédio para doenças 
venéreas. 
 A primeira descrição verdadeiramente completa e clínica da sífilis foi 
desenvolvida por Paracelso, depois de muitos sifilíticos serem tratados por ele, 
 
inclusive os 14 de Nuremberg, dos quais 9 foram completamente curados. Foi 
um dos pioneiros na administração de mercúrio no tratamento dessa doença, 
tendo obtido bons resultados. Escreveu, 1536, o Die Grosse Wundartzney4, um 
registro de seus vastos conhecimentos médicos. Essa obra foi muito 
requisitado, dando certa prosperidade à seu autor. 
 Descreveu as “doenças do Tártaro” – designação dada à gota, 
artrite, cálculos. Segundo Hipócrates, a gota era causada pela “defluxão”, que 
impedia o fluxo dos humores para os pés, motivada pelo envelhecimento, e, 
portanto, incuráveis. Paracelso discordava e mostrou que poderia curar a partir 
da Iatroquímica. Desenvolveu o Láudano, que era uma concocção de ópio cru, 
que ajudava no tratamento de dores. 
 Entre as substâncias usadas por ele, estão o mercúrio, o antimônio e 
o arsênio, produtos conhecidamente tóxicos. Possivelmente foi o primeiro a 
descrever o bismuto e o cobalto, mesmo que não tenha sido o descobridor. 
 Embora Paracelso tenha feito um grande trabalho para a Química, 
não podemos esquecer que ele foi um alquimista. Ao longo de sua vida, 
procurou a pedra filosofal, que cria ser o elixir da vida. Contudo, mesmo em 
sua alquimia, ele fora capaz de manter uma atitude científica. 
 De fato, alquimista ou médico, Paracelso nos deixou tesouros e 
trunfos de conhecimento. Trunfos dos quais nos valemos hoje para tratarmos 
algumas doenças, para evitá-las, procedimentos médicos, químicos, 
farmacêuticos. 
 
V- Análise e Considerações 
 Afora seus protestos, Paracelso desejava transmitir ao mundo a 
descoberta – ou em alguns casos a redescoberta – de novos métodos 
científicos. Redescoberta no sentido de mostrar ao mundo práticas esquecidas. 
E ele fez o que desejava. Certamente que o fez não somente pelo prazer em 
ajudar as pessoas, ou pela evolução da ciência, mas também em benefício 
 
4
 “O Grande Livro da Cirurgia” 
 
próprio, no que concerne a ganhos financeiros e ao reconhecimento por seus 
feitos. 
 Alguém com o temperamento de Paracelso certamente gostaria de 
ser reconhecido por feito grandiosos, e uma prova disso é que sempre tentava 
fazer as coisas de modo diferente dos demais, sempre quis chamar a atenção 
das pessoas para aquilo que acreditava e pregava. 
 Quando Paracelso disse que a alquimia estava perdendo tempo em 
busca de ouro, certamente se contradisse, pois, mesmo com suas idéias de 
Iatroquímica ele também buscou a produção de ouro e a pedra filosofal. 
 De certa forma, ele deu um passo contra uma ordem científica que 
não conseguia progredir devido o pensamento clássico. E mesmo criticando 
muitos pontos deste pensamento, vez ou outra, acabava admitindo idéias 
semelhantes às clássicas, ou idéias bem parecidas com as superstições que 
tanto repudiava. Prova disto é a “Doutrina das Assinaturas”, que se baseava 
simplesmente na aparência de itens da natureza. 
 Paracelso mostrava-se demais interesseiro e com fortes sentimentos 
de rivalidade. Repudiava o uso de ervas no tratamento de doenças, mas 
somente se quem estivesse receitando fosse outro médico. Essas práticas só 
eram admitidas se fosse ele quem descrevesse e aplicasse. Isso ocorre 
também com os estudos sobre o funcionamento do corpo, quando ele diz que a 
dissecação é o estudo da “anatomia morta”. 
 Paracelso era beberrão, baderneiro, indiscreto e radical. Mas isso 
não o impediu de ser uma das mentes mais brilhantes da Europa no Século 
XVI. Indiscutivelmente, não era um exemplo de vida, de homem e de caráter, 
mas suas contribuições vêm marcando a humanidade por cinco Séculos. 
 
 
 
 
 
 
VI- Referências Bibliográficas 
 
STRATHERN, Paul. O Sonho de Mendeleiev: A Verdadeira História da 
Química. Jorge Zahar Editor. Rio de Janeiro, 2006. 
VANIN, José Atílio. Alquimistas e Químicos: O passado, o presente e o 
futuro. Moderna. Rio de janeiro, 1994.

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