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1 Lilian Soares Deterioração do Leite Aspecto: líquido homogêneo Cor: branco Sabor: Suave, entre salgado e adocicado Odor : característico Alta Aw; pH próximo ao neutro; rico em nutrientes Substâncias inibitórias para MOS: lactoperoxidase e aglutininas (leite cru- inativadas rapidamente) Contaminação: na ordenha (equipamentos de manipulação), transporte, processamento e armazenamento Deterioração do Leite Sabores e odores estranhos: contaminação pré ou pós processamento - Ácido: fermentação lática ou butiríca - Amargo: presença de peptídeos devidos à proteólise - Aroma de ranço: oxidação ou hidrólise da gordura de leite - Aroma de caramelo ou queimado: cepas de Lactobacillus lactis - Odor de estábulo: Enterobacter, Pseudomonas mucidolens (batata) e de peixe por Aeromonas hydrophila Cor: por reações químicas antes do processamento ou microrganismos produtores de pigmento Azul- Pseudomonas syncyanea; Amarela - Flavobacterium ou P.sincyanea (porção cremosa); Vermelha- Serratia marcescens e Micrococcus roseus QUALIDADE DOS DERIVADOS DO LEITE = QUALIDADE DA MATÉRIA-PRIMA 2 Deterioração do Leite Rancidez: odor e sabor alterados por Pseudomonas, Alcaligenes, Bacillus, Proteus, Clostridium além de bolores e leveduras Bactérias – enzimas lipolíticas – hidrólise/ oxidação de gorduras Oxidação= cetonas, aldeídos e ácidos Hidrólise= ácidos graxos e glicerol Viscosidade: ocorre em leite, creme ou soro de leite. Na superfície – Alcaligenes viscolatis Todo líquido- Enterobacter spp., Klebsiella oxytoca, Lactococcus lactis, Lactobacillus spp. Produção de gás: acompanhado pela acidificação do leite, formação de espuma na superfície. Leite cru- coliformes, leite pasteurizado- Bacillus e Clostridium Deterioração de Ovos Odor: Nenhum Casca: limpa e inteira A maioria é estéril na sua parte interna. As cascas podem se contaminar por material fecal da ave, gaiola, ninho, água de lavagem, manipulação ou pela embalagem. Microbiota normal = Gram + / ovo deteriorado= Gram - Proteção do ovo: casca/ cutícula de revestimento/ membranas internas barreiras mecânicas Envelhecimento do ovo = alteração da membrana, favorece a deterioração Deterioração de Ovos Barreiras químicas: ALBUMINA (pH 9 a 10; baixa disponibilidade de compostos nitrogenados) Deterioração dos ovos: aparência geral ou luz translúcida, e outros só quando quebrado Ovo fresco: rachaduras, vazamentos, perda do frescor ou brilho, manchas de sujeira e de sangue na casca Rachaduras/ fendas e ou sujidades = favorecem a deterioração no armazenamento Alterações em ovos com cascas intactas: - Microrganismo contamine a casca - Microrganismo atravesse os poros da casca atingindo a membrana - Ultrapasse as membranas atingindo a clara do ovo - Consiga se desenvolver na clara, apesar do ambiente adverso, alcançando a gema se multiplica rapidamente (algum ponto de união com a membrana interna) 3 Deterioração de Ovos Principal origem bacteriana Pseudomonas fluorescens – pontos verdes na clara Pseudomonas, Acinetobacter, Alcaligenes e bactérias do grupo dos coliformes - alterações de cor na gema com pontos coloridos Proteus spp. – pontos negros que evoluem até o escurecimento da gema e posterior desintegração. Pseudomonas e Aeromonas Podem provocar alterações de odor: ausência de odor característico; pouco detectável; frutado; pútrido com produção de H2S (com desenvolvimento de pressão) Deterioração de Carnes Cor: Vermelho vivo Odor: característico Textura: firme Excelente meio de cultura: alta Aa; rico em substâncias nitrogenadas, minerais; pH favorável Quantidade/ tipo MO = condições do abate Tipos de deterioração: atmosfera que envolve o produto, temperatura Deterioração de Carnes Alterações em aerobiose - Limosidade superficial x T de armazenamento/ Quantidade de água disponível. Ex: Pseudomonas - Alcaligenes T refrigeração Embutidos: micrococos e leveduras Alimentos com menor atividade de água: bolores - Cor (hemepigmentos): • hemoglobina (pigmento do sangue) e mioglobina (pigmento do músculo) • Fe ferroso reage com O2 originando cor vermelha: mioglobina (vermelho púrpura) x oxigênio = oximioglobina (vermelho vivo) • Oximioglobina x oxigênio x metamioglobina (marrom) • Produção de H2S, peróxidos por bactérias = tons verde, marrom ou cinza. Em carnes processadas embaladas à vácuo, a cor aparecerá após a exposição ao ar. 4 Deterioração de Carnes -Rancificação Maioria não é origem microbiana. MOs lipolíticos podem causar lipólise. Ex: Pseudomonas, Bacillus, leveduras e bolores. A população microbiana tende a diminuir à medida que a rancificação se desenvolve (inibidos pelos ácidos graxos livres e peróxidos) - Fosforescência Defeito raro, bactérias que crescem na superfície da carne. Ex. Photobacterium - Cor Bactérias produtoras de pigmentos: Serratia marcescens pontos vermelhos; P. syncyanea cor azul Leveduras: branco, creme, rosa ou marrom Bolores: pontos brancos Sporotrichum carnis e pontos verdes Penicillium spp. - Odores e sabores estranhos Primeiro sinal de deterioração da carne. Causador por ácidos voláteis como: fórmico, acético, butírico e propiônico Bolores na superfície deixam a carne viscosa e pegajosa. Ex: Thamnidium, Mucor e Rhizopus Deterioração de Carnes Anaerobiose (bactérias aeróbias facultativas e anaeróbias no interior da carne) -Acidificação: acúmulo de ácidos orgânicos (fórmico, acético, propiônico). Ex.: Clostridium - Putrefação: decomposição anaeróbia de proteínas com produção de compostos de aroma desagradável como H2S, indol, escatol, putrescina, cadaverina. Ex.: Clostridium Carnes curadas Sucesso da cura depende de sua carga microbiana e de apresentar ou não deterioração inicial, manipulação inadequada e armazenamento prolongado Defeitos: formação de limo superficial (bactérias láticas, Micrococcus e leveduras) e emboloramento Nitrito usado na cura: -inibe microrganismos anaeróbios - Favorece o crescimento de bactérias Gram+,leveduras e bolores em relação às Gram -, que são as principais deterioradoras das carnes - Reduzem o processamento térmico Deterioração dos Frangos Odor: Característico Textura: firme Cor: amarelo rosado Cresce da superfície para o interior da carne Odores= >2,5 x 105 UFC/ cm2 T< 10º C: Pseudomonas e leveduras T> 10º C: Alcaligenes spp. e Flavobacterium spp. Bactérias são as principais deterioradoras, e o conteúdo intestinal a fonte primária destes MOs 5 Deterioração de Peixes Aa elevada, composição química, teor de gorduras insaturadas facilmente oxidáveis, pH próximo da neutralidade Pode ocorrer: - Autólise 1. ação dos sucos digestivos com muitas enzimas proteolíticas, atravessam a parede intestinal rompendo-a disseminando MOs 2. ação das enzimas dos tecidos: presentes nos tecidos e pele levam ao amolecimento e desintegração da carne - Oxidação: das gorduras insaturadas no armazenamento alterações no aroma ou coloração - Desenvolvimento microbiano no armazenamento: microbiota natural Pseudomonas, Moraxella, Shewanella, Flavobacterium, Vibrio e Micrococcus Combinação dos 3 processos Deterioração de Peixes Processo deteriorativo de origem bacteriana: 1. Aminoácidos e outras substâncias nitrogenadas não proteícas são utilizadas pelas bactérias logo após o rigor mortis 2. Pseudomonas e Shewanella desenvolvem-se originando produtos com aroma desagradável e alterando o substrato 3. Inicia o processo proteolítico, aumentando ou repondo aa 4. Produção de bases e compostos voláteis é aumentada (H2S), acelerando a decomposição do pescado Aumento do amolecimento dos tecidos e aumentona concentração de compostos com odor nauseante Pescado salgado – deteriorado por bactérias halotolerantes como Micrococcus ou halofílicas como Halococcus e Halobacterium causando alterações de cor, mais comum vermelho Deterioração de Crustáceos e Moluscos Tem maior quantidade de CHO (em forma de glicogênio) Deterioração similar à do peixe. Microbiota reflete a qualidade da água em que estavam, da água de lavagem, condições higiênicas de manipulação. Principais MOs deteriorativos: Pseudomonas, Acinetobacter- Moraxella e leveduras Moluscos: maior quantidade de carboidratos, deterioração essencialmente fermentativa e a determinação da qualidade microbiológica das ostras, está ligada ao pH: - pH de 6,2 a 5,9= boa - pH 5,8 a 5,5 = inadequado - pH de 5,2 e abaixo= deteriorado (azedo ou pútrido) 6 Deterioração de Alimentos Envasados ou Enlatados Principais causas: - Deterioração pré-processamento ou incipiente - Contaminação do alimento enlatado devido à falhas nas costuras (vazamento) - Resfriamento inadequado - Subprocessamento Classificam-se em: - Alimentos de baixa acidez (pH acima de 4,5) - Alimentos ácidos (pH de 4,0 a 4,5) - Alimentos muito ácidos (pH inferior a 4,0) Parâmetro pH 4,5 para classificar os alimentos = C. botulinum (pH próximo 4,6) Deterioração de Alimentos Envasados ou Enlatados Alimentos de baixa acidez: - bactérias termófilas não produtoras de gás, aparência normal mas o sabor é ácido, alteração do aroma, líquido turvo. B. stearothermophilus, B. coagulans; - bactérias anaeróbias termófilas (não produtoras de H2S), causam estufamento da lata, podendo explodir devido a produção de CO2 e H2; aroma butírico ou de queijo. Bactérias do gênero Clostridium - deteriorante sulfídricos, não causam alterações visíveis mas o H2S é produzido e absorvido causando o escurecimento e odor de “ovo podre”, indicando um subprocessamento grosseiro. Desulfotomaculum nigrificans - bactérias mesófilas formadoras de esporos (incluindo deteriorantes anaeróbias não produtoras de toxinas), produtoras de gás, provocando estufamento da lata, pH levemente acima do normal e odor podre. Inclui-se o C. botulinum e o gênero Bacillus (não crescem em embalagens à vácuo) Deterioração de Alimentos Envasados ou Enlatados Produtos ácidos (pH 4,0 a 4,5) - Bactérias termófilas. Ex. Bacillus coagulans principalmente na deterioração dos tomates. Lata normal, alterações no vácuo é pouca. Alteração no pH e aroma - Anaeróbios butíricos: deterioração em tomate, suco de tomate, abacaxi e pera. A lata pode estourar, produto fica fermentado com odor butírico. Ex. C. pasteurianum - Bactérias não formadoras de esporos: principalmente láticas, a lata estufa e pode estourar, odor ácido Produtos de alta acidez (pH < 4,0): geralmente são deteriorados por bolores e leveduras e/ou bactérias láticas, mais importantes Lactobacillus e Leuconostoc Bolores pouca ação, exceção é Byssochlamys fulva deterioram frutas envasadas podendo causar completa desintegração devido à hidrólise da pectina pode causar também o estufamento da embalagem por produção de CO 7 Deterioração de Produtos de Origem Vegetal Perdas correspondem a 20% (doenças de mercado) Causas: origem microbiológica, manipulação ou acondicionamento inadequados, sazonalidade e rede de armazenamento insuficiente Composição química, pH baixa acidez, potencial oxi-redução alto, Aw alta favorecem o crescimento microbiano Erwinia mais frequentemente envolvido – causa podridão mole bacteriana (Pseudomonas e algumas espécies de Clostridium e Bacillus). Hidrólise da pectina pelos mos = amolecimento do vegetal, odor desagradável e aparência úmida. Principais alimentos: aspargos, cebola, alho, cenoura, alface, salsão, batata, espinafre, repolho, melancia, pepino, brócolis, couve-flor Deterioração de Produtos de Origem Vegetal Deterioração fúngica é mais importante que a bacteriana Pode ser pré ou pós colheita Resulta em áreas de amolecimento e em frutas secas (maçãs e pêssegos) mostram áreas marrons ou cor creme Botrytis é o fungo mais importante = 26 tipos de vegetais Bolores mais comuns em frutas e vegetais ácidos, deficientes em vitamina B e com superfície moderadamente seca Via de entrada é importante pois determinará qual MO crescerá e probabilidade de sua ocorrência Ex. Raizes, tubérculos e bulbos e vegetais rasteiros = MO presentes no solo Folhas, flores e maioria dos frutos como alface, aspargos, repolho, brócolis = fitopatógenos, danos por pássaros ou insetos, Deterioração de Sucos de frutas e Vegetais pH do suco depende do produto, variando de 2,4 para o suco de limão até 4,2 para o suco de tomate, açúcares variando entre 2 e 17% Aw favorece o crescimento bacteriano e de leveduras, mas bolores também podem crescer na superfície, quando em contato com o ar Desenvolvimento de leveduras T armazenamento (15 a 35º C) Deficiência de vitamina B desfavorece o crescimento bacteriano 8 Deterioração de Sucos de frutas e Vegetais As alterações são decorrentes no armazenamento à temperatura ambiente que favorece fermentação alcoólica, por leveduras formadoras de película ou por bolores que crescem na superfície, ou da oxidação do ácido acético quando as bactérias acéticas estão presentes À 15 – 35ºC – leveduras crescerão com a produção de sabores e odores desagradáveis > 32 a 35ºC – Lactobacilos – produzirão ácido lático e compostos voláteis < 15ºC – crescimentos de bolores e leveduras Deterioração dos Alimentos Sucos de frutas e Vegetais Além da fermentação alcoólica, os sucos de frutas podem sofrer as seguintes alteração provocadas por MOs - Fermentação lática de açúcares por bactérias láticas como Lactobacillus e Leuconostoc - Fermentação de ácidos orgânicos do suco por bactérias láticas: transformam ácido málico em ácido acético e succínico e ácido cítrico em lático e acético - Produção de limosidade por Leuconostoc mesenteroides, Lactobacillus brevis e Lactobacillus plantarum em suco de maçãs Sucos de vegetais tem menor quantidade de açúcares que os das frutas, mas são menos ácidos (pH entre 5,0 e 5,8), favorecendo o crescimento de leveduras e espécies de Leuconostoc e Lactobacillus Deterioração de Cereais e Farinhas Microbiota trigo, centeio e milho relacionada ao solo, ambiente no qual são armazenados e adquirida durante o processamento Aw baixa, alto teor proteíco e de carboidratos = insuficiente para o crescimento microbiano Quando há condições de crescimento, bactérias do gênero Bacillus e bolores (Rhizopus spp.- esporos de cor preta) são os primeiros a se desenvolverem Os Bacillus são produtores de amilase, que permite a utilização da farinha como fonte de energia, desde que a umidade do ambiente seja suficiente. Bactérias láticas principais deteriorantes de produtos de massa, inclusive massa para pizzas 9 Deterioração de Produtos de Panificação Bolos dificilmente ocorre deterioração bacteriana devido à altas concentrações de açúcar, o que diminui Aw - emboloramento é a forma mais comum de deterioração. A adição de glacês pode trazer nova carga microbiana Quando manipulados de forma correta, raramente são afetados por microrganismos, quando ocorre é devido ao armazenamento em umidade elevada ou produto quente embalado Deterioração dos Alimentos Açúcares e Doces Deterioração é rara quando preparados, processados e armazenados com os devidos cuidados (falta de umidade) Mais importantes dos açúcares de cana e beterraba- Bacillus e Clostridium Referências: FRANCO, B.D.G.M.; LANDGRAF, M. Microbiologia de alimentos. São Paulo: Atheneu, 2002.
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