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RESUMO PROCESSO PENAL II

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RESUMO PROCESSO PENAL II – 
AULA 10/02/17
TEORIA GERAL DA PROVA
O professor Jacinto Nelson de Miranda Coutinho diz que prova é o assunto mais importante dentro do processo penal, ou seja, a prova é a essência de um processo. Isso porque eu preciso pensar o processo penal como uma atividade que se desenvolve diante de um juiz, que conforme Aury Lopes Jr.diz, é um ignorante. Ignorante no sentido de ignorar os fatos. Diante dessa consideração, o processo penal apresenta-se como uma atividade de reconstrução dos fatos.
Acerca do processo de conhecimento, também chamado de processo de cognição, Jacinto Nelson de Miranda Coutinho diz que na verdade o juiz não tem aí uma atividade de conhecimento, mas sim uma atividade de RECOGNIÇÃO, pois o juiz não tem nenhuma experiência direta com o crime, ou seja, tudo que chega sobre o crime para ele vem indiretamente, isto é, a atividade dele é recognitiva, ele conhece através de quem conheceu. Uma atividade recognitiva que permite a reconstrução histórica dos fatos. Essa atividade de reconstrução histórica dos fatos, vale dizer, incumbe as partes e não ao juiz. Este é o destinatário dos elementos.
Prova, portanto, são esses elementos que vão permitir reconstruir os fatos passados. De acordo com Aury Lopes Júnior, são esses elementos que promovem a CAPTURA PSÍQUICA DO JULGADOR. Isto é, traz o juiz para o meu lado, para a formação do convencimento dele.
**PRINCÍPIOS RELACIONADOS À PROVA**
- DEVIDO PROCESSO LEGAL: Ex.: levo cinco testemunhas para serem ouvidas na audiência; o juiz vira para o advogado e diz para escolher apenas 2 por conta do avançar do hora; fica aquele impasse e o juiz só aceitou as duas, mas a reclamação do advogado foi constada em ata; repare, a prova testemunhal foi tolhida e por isso não há devido processo legal. O Devido Processo Legal é aquele que respeita a atividade probatória.
- AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO: o contraditório está relacionado à prova na medida que o contraditório é o direito de confrontar e esse confronto, o qual vem através da CIÊNCIA E MANIFESTAÇÃO POSTERIOR, vem através da prova. Assim, o contraditório só se realiza na medida em que eu tenho o chamado direito à prova. Contraditório sem prova é contraditório vazio. Além do contraditório, a AMPLA DEFESA está relacionado à prova, porque este direito constitucional (art. 5º, LV) é o direito de eu me utilizar de TODOS os meios necessários à minha defesa e isso inclui me utilizar de todas as provas que eu necessitar. E isso é tão sério que com base na ampla defesa, a defesa pode usar até de PROVAS ILÍCITAS. No entanto, a prova para a acusaçãopossui o limite da licitude.
- VEDAÇÃO DA PROVA ILÍCITA: para a acusação a prova possui o limite da licitude.
- PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA: Qual a relação entre a prova e a presunção de inocência? (IMPORTANTE) A relação diz respeito ao ÔNUS PROBATÓRIO. Isso significa dizer que se o regime constitucional do processo olha para o réu como um inocente até a demonstração definitiva da culpa, então eu preciso entender que o ÔNUS DA PROVA CABE À ACUSAÇÃO, pois a presunção está com o réu. Daí chegamos ao ÔNUS DA PROVA SUBJETIVO, isto é, quem é o devedor do ônus é a acusação e depois ao ÔNUS DA PROVA OBJETIVO, que nada mais é do que a regra de julgamento “IN DUBIO PRO REO”. Então, se chegarmos ao final com dúvida a presumidamente inocente seguiu inocente.
- DIREITO A NÃO AUTOINCRIMINAÇÃO: está tão relacionada à prova que esse direito também é conhecido como DIREITO DE NÃO PRODUZIR PROVA CONTRA SI, ou seja, o acusado pode colaborar com a justiça se quiser por vários motivos (a pedido da família, por conta da colaboração premiada...). No entanto, vale lembrar que o direito aceita a AUTOINCRIMINAÇÃO VOLUNTÁRIA. Assim, estamos protegidos contra a produção de provas que de alguma maneira é forçada, coagida ou fraudada, pois se o réu não quiser colaborar, quem tem que produzir provas é a acusação.
**TERMINOLOGIA**
FONTE DA PROVA: é qualquer pessoa ou coisa da qual se possa extrair a prova, é de onde sai a prova. Ex.: senhora que mora ao lado da casa onde o crime aconteceu. Ela tem informações que eu posso extrair futuramente para convencimento; um telefone, por exemplo, também pode ser uma fonte de prova. Vale destacar que o inquérito serve para apurar fontes de prova, porque essa senhora, por exemplo, existe e foi identificada por conta da atividade de investigação. Não que o inquérito seja o momento para a produção da prova. A fonte de prova é anterior ao processo e externa a ele.
MEIO DE PROVA: é o instrumento que permite que eu pegue uma fonte e se torne uma informação produzida dentro do processo.Ex.: no exemplo acima da senhora que sabe dos fatos, o meio de prova que vai permitir que as informações dela seja levada ao juiz será a PROVA TESTEMUNHAL.
Ex.: eu tenho uma arma que foi apreendida (fonte de prova); para que eu obtenha informações que esta arma possa me fornecer eu preciso de um meio de prova, que será a PROVA PERICIAL; a perícia que vai fazer ingresso dessa prova nos autos. Outro exemplo de meio de prova é a PROVA TESTEMUNHAL.
MEIO DE OBTENÇÃO DA PROVA: existe diferença entre meio de prova e meio de obtenção da prova. Ex.: busca e apreensão é um meio de obtenção da prova, pois o que vai levar eventualmente informações ao processo é o que foi apreendido.Ex.: agente infiltrado (mecanismo excepcional de investigação previsto na Lei de Drogas e Lei de Crime Organizado)
Obs.:INTERROGATÓRIO: para alguns autores o interrogatório possui uma natureza controversa sobre o que ele seria. No entanto, vale lembrar que o interrogatório do acusado é na verdade MEIO DE DEFESA (autodefesa). Agora, há autores que defendem que na medida em que o acusado fala durante o interrogatório, ele ajuda a formar o convencimento do juiz e assim pode servir como elemento probatório. Ainda é importante ressaltar que o sistema que via o interrogatório como um exclusivo meio de prova era o SISTEMA INQUISITÓRIO, onde o acusado chega só para fornecer informações e não se defender, pois ele é considerado um mero objeto e não sujeito de direitos e deveres. Já no SISTEMA ACUSATÓRIO, nós temos o interrogatório como defesa e se for o caso, também como prova. Se considerarmos esta última hipóteses, o interrogatório seria meio de prova, pois a informação já está pronta e ele apenas está falando.
INDÍCIOS COMO PROVA INDIRETA: é claro que todo juiz a partir da prova pretende chegar a uma conclusão. Inicialmente é preciso falar da PROVA DIRETA. Esta é aquela capaz de oferecer ao juiz uma conclusão, sendo que para isso o juiz faz um exame simples e direto. Ex.: juiz diante de uma testemunha presencial e esta diz que estava na hora do crime. O Juiz tomando como base uma testemunha presencial não terá que induzir muitas coisas para se chegar a uma conclusão mais direta (prova testemunhal presencial)Ex.: outro exemplo de prova direta seria a gravação de um circuito de imagem mostrando o autor atirar na vítima.
Por outro lado, PROVA INDIRETA é aquela que não entrega para o juiz um elemento tão direto para conclusão, é a “pista”. Daí eu preciso que o juiz tenha elementos que, embora não sejam provas diretas, são elementos que conhecidos e provas autorizam por uma atividade de indução a acreditar na conclusão.
Ex.:imagem de circuito interno do hotel entrando minutos antes do óbito; três testemunhas que dizem que o casal estava em conflito e que o namorada era violento. Repare, ninguém viu o crime. Assim, quando eu tenho esses elementos eu tenho indícios, o que quer dizer PROVAS INDIRETAS.
CPP, ART. 239 - Indícios, portanto, é aquela circunstância que eu sei e que por sabê-la eu posso saber de outras circunstâncias, as quais eu não conheço diretamente, mas suponho por indução. Ex.: ele estava na hora dos disparos no hotel? Não sei, mas sei que entrou um pouco antes. Aí está um indício.
Ao falarmos de inquérito, falamos que o IP serve para apurar a materialidade e indícios de autoria. No entanto, a palavra indícios aqui não está nada relacionada com prova indireta, mas simcom PROVA SEMIPLENA.
INDÍCIOS COMO PROVA SEMIPLENA: agora, nós há estamos falando do GRAU DE CONVENCIMENTO que uma prova é capaz de formar (“nível de certeza”). Cada prova tem um valor persuasivo, ou seja, persuade mais ou menos. Desta forma, existem provas que podem tentar influenciar, mas não levam a pessoa para o plano da certeza.
No processo penal didaticamente podemos imaginar um termômetro com três graus (1- HIPÓTESES, 2 - INDÍCIOS (SEMI PLENA) e 3 - CERTEZA). No processo penal, por causa da PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA e IN DUBIO PRO REO, só se condena alguém quando se chega no grau máximo, que é a CERTEZA. Isso porque se o juiz tiver o mínimo de dúvida sobre a materialidade ou autoria, ele não pode condenar. Agora, o que vai formar essa certeza são as provas. Assim, há provas que fornecem uma certeza plena ao juiz.
CUIDADO: prova semiplena não é o mesmo que prova indireta. Eu posso ter certeza plena tendo só indícios como prova indireta.A prova indireta não está sendo olhada no grau de convencimento porque ela pode levar a um grau de convencimento de certeza como pode não levar. O que a faz indireta é que ela não diz diretamente sobre o fato, são elementos indicativos do fato que não dizem sobre ele diretamente. Já a prova semiplena sim, diz respeito ao grau de persuasão que essa prova terá na cabeça do julgador. Uma prova que pode levar ao juiz a certeza de um crime é uma PROVA PLENA. Por outro, se eu tenho elementos que não formam na cabeça do julgador um convencimento pleno, ou seja, ele ainda não tem certeza mas passa a ter indícios, essa é a PROVA SEMIPLENA.
CUIDADO: a prova indireta nem sempre vai levar a uma prova semiplena, pois eu posso ter certeza de um crime não tendo uma única prova direta. Como eu posso ter supostas provas diretas e estar completamente em dúvida. Ex.: 2 testemunhas que afirmam que estavam no local do crime e que fulano é autor, mas eu tenho outras duas que também estavam no local do crime e afirmam que o autor não é aquele. Veja, elas não foram persuasivas o suficiente para dar a certeza. Neste caso, se olhada isoladamente essa prova poderia ser considerada plena, mas elas não provocaram na cabeça do juiz o convencimento total.
Obs.: com base em indícios pode-se receber uma denúncia, decretar uma prisão cautelar, mas NÃO PODE CONDENAR com base em PROVA SEMIPLENA.
Agora, hipóteses diz respeito apenas a suspeição. Não chega nem a ter indícios. Neste caso não pode nem receber uma denúncia.
Nenhum MEIO DE PROVA é por si só sempre direto ou indireto. Nem sempre uma testemunha é prova direta. Ex.: testemunha diz que não viu nada, mas que ficou sabendo. Agora, se ela diz que presenciou, isso é uma prova direta.
PROVA EMPRESTADA: a prova emprestada no Brasil não é proibida, em alguns casos permite-se que uma prova já produzida seja reproduzida num segundo, terceiro, quarto processo... até me processos diferentes (usar uma prova do processo administrativo no processo penal). No entanto, para que a prova emprestada seja admitida é preciso examinar dois requisitos: CONTRADITÓRIO e MESMO JUÍZO.
A – CONTRADITÓRIO: esse critério ninguém discorda, todo mundo exige.Ex.: processo 1 e 2; no processo 1 Roberto era processado e acusado por furto; no dia da audiência a testemunha diz que Frederico comprou o objeto furtado da mão de Roberto sabendo que era furtado; com isso Frederico praticou receptação; Frederico é acusado no processo 2 por receptação; o promotor do processo 2 quer a prova emprestada, ou seja, o depoimento testemunhal que apontou aquela receptação. Veja, na época que a testemunha falou de Frederico no processo 1, nem Frederico nem o advogado dele estava lá. Logo, não teve contraditório. Razão pela qual tal prova emprestada não pode ser admitida.
Ex2: no processo 1 Roberto era acusado do crime A; as provas começam a chegar e se descobre que Roberto praticou um segundo crime “B”; a testemunha foi ao processo 1 dizer do crime “A” e falou também do “B”; o promotor desse segundo processo pede a essa prova emprestada; veja, neste caso houve contraditório e por isso não há problemas em pegar essa prova emprestada.
B – MESMO JUÍZO: este requisito não é unânime. Alguns autores defendem que não basta ter tido contraditório para se usar uma prova emprestada, para poder usar prova emprestada é preciso que ela tenha sido produzida perante o mesmo juízo.Tais autores justificam isso com base no PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ, segundo o qual se exige que o mesmo juiz que comandando a fase de produção das provas seja o juiz que vai dar a sentença.De modo tal que a sentença dada por um juiz diferente daquele que presidiu a instrução criminal seria inválida por violação ao princípio da identidade física do juiz. Assim, se a prova foi produzida, por exemplo, pelo juiz da 2ª crime, não poderia ser usada perante o juiz da 3ª crime por violar o princípio da identidade física do juiz previsto no CPP, §2º art. 399.
Obs.: ciclo da produção da prova: 1ª fase é a postulação; segunda fase é admissão; 3ª produção e por fim, a 4ª fase é a de valoração da prova.
Obs.:Quando eu recebo a prova emprestada ela sempre é inserida por um meio que é o DOCUMENTAL, ou seja, o meio probatório da prova emprestada é o documental, embora o valor que a ela se dê seja o valor próprio de uma prova conforme ela fora praticada na origem. Ex.: juiz lendo um depoimento emprestado de outro processo, o meio probatório para que este depoimento entrasse nos autos é o documental, ou seja, a testemunha não veio a juízo. Porém, quando o juiz lê os documentos ele vai tratar como prova testemunhal, ou seja, ele dá valor de prova testemunhal embora a forma seja documental.
AULA 17/02/17
CLASSIFICAÇÃO DAS PROVAS
PROVAS NOMINADAS: são provas PREVISTAS NA LEGISLAÇÃO PROCESSUAL. Ex.: prova testemunhal e prova pericial. Todavia, a prova não precisa estar prevista em lei para que seja utilizada, basta que seja lícita.
PROVAS INOMINADAS: são provas que não estão previstas em lei. Ex.: inspeção judicial
CUIDADO:PROVAS TÍPICAS x NOMINADAS: a diferença é que a prova TÍPICA é aquela que está prevista em lei e o procedimento de produção dessa prova também está definido na lei, a exemplo da prova testemunhal (art. 203, 212...).
PROVAS ATÍPICAS: são aquelas que estão previstas em lei e por isso necessariamente SÃO NOMINADAS, porém, o seu procedimento não está definido em lei, ou seja, não explica como a prova tem que ser produzida.Ex.: CPP, art. 7º (reprodução simulada dos fatos)
Obs.: Como fazer quando a lei aponta a prova, mas não diz como ela tem que ser feita?
Ex.:GRAVAÇÃO AMBIENTAL – trata-se de uma prova nominada porque está prevista na Lei do Crime Organizado (12850/13) só que ela não está regulamentada do ponto de visto de seu procedimento (ATÍPICA). Neste caso, a jurisprudência sugere que seja utilizado o procedimento de outra prova previsto em lei. Assim, no caso da gravação ambiental são usadas as normas da interceptação telefônica (lei 9296/96). Ocorre que ainda assim, a GRAVAÇÃO AMBIENTAL continua sendo prova ATÍPICA, visto que seu procedimento não é regulado em lei, mas se pega emprestado o usado em outra lei.
PROVAS IRRITUAIS: inicialmente é preciso entender que prova irritual SÓ VAI ACONTECER EM SITUAÇÕES DE PROVAS TÍPICAS, pois a prova irritual é aquela produzida DESRESPEITANDO O PROCEDIMENTO previsto em lei.
Ex1: imagine que começou um depoimento sem o juiz dizer que a testemunha estava compromissada na forma da lei (CPP, art. 203).
Ex2 (ATENÇÃO): testemunha chega para depor e é compromissada pelo juiz; o juiz então começa a perguntar primeiro para a testemunha. Ocorre que na forma do CPP, art. 212 parágrafo único, o juiz se for o caso de fazer pergunta, pergunta por último. Quem primeiro faz perguntas a uma testemunha é quem a arrolou. Então se foi a acusação, esta irá perguntar primeiro. Logo, a prova que descumpre um procedimento previsto em lei nós chamamos de provas ILEGÍTIMAS (descumpre um norma processual).
PROVAS ANÔMALAS:trata-se de uma situação específica de PROVA IRRITUAL, ou seja,umak específica maneira de se descumprir a lei. Logo, TODA prova ANÔMALA é IRRITUAL.
Ex.: promotor quer apresentar ao juiz as declarações de uma pessoae chama a pessoa em seu gabinete para entrevista-la. O promotor pega esse depoimento e pede a juntada nos autos.
Tais provas são chamadas de ANÔMALA, porque o sujeito que a produz usa o procedimento de outra prova para produzir uma determinada prova, ou seja, no exemplo acima ele queria produzir uma prova testemunhal mas apresenta aquilo como se fosse uma documental. O problema disso está na maneira como a prova foi produzida, pois ela deve ser produzida diante das partes (ampla defesa e contraditório), ou seja, isso não é contraditório real. Existe um princípio chamado de COMUNHÃO DAS PROVAS, segundo o qual a prova é do processo.
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
Existe uma discussão no direito processual brasileiro de qual seria a natureza jurídica do processo. Dentro dessa discussão o entendimento majoritário é a ideia de que o PROCESSO É UMA RELAÇÃO JURÍDICA que une três personagens (autor, réu e juiz). Significa dizer que existem vários elos que vão estabelecendo relações entres essas partes.
PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA: para que esta relação jurídica exista, é preciso verificar a existência de certos pressupostos: partes, órgão jurisdicional e pedido.
A – PARTES: maioria dos autores defendem que precisa de dois sujeitos (autor e réu). No entanto, há quem diga como por exemplo, Eugênio Paccelli, que partes não são necessárias ao processo, ou seja, há processo sem partes. Um dos argumentos usados por Pacelli são os próprios artigos 363 e 395 do CPP.
Ex.: o procedimento comum ordinário começa com oferecimento de uma denúncia ou queixa e logo depois essa denúncia vai às mãos do juiz para que ele realize o juízo de admissibilidade da acusação; ele poderá rejeitar ou receber; repare que enquanto o juiz não examina a denúncia ainda não tem réu; portanto, o que traz o réu para a relação processual é o recebimento da denúncia, pois ao recebê-la aí sim é que o acusado será citado (chamado ao processo) e é justamente disso que fala o art. 363 ao dizer que a citação completa a formação do processo.
Assim, se ela completa, o momento de formação do processo já se iniciou antes da citação, ou seja, desde antes do comparecimento do acusado. Logo, temos processo desde antes do acusado, isto é, não preciso das partes para ter processo.
Ex.: vamos imaginar que o juiz tenha rejeitado a denúncia; se ele rejeitou não irá citar acusado; veja que essa decisão de rejeição se passa dentro do processo e extingue o processo; se extingue é porque já existia; e tal decisão é tomada antes mesmo de ter o acusado
Obs.: ninguém discute que precisa ter alguém provocando o juiz, até porque se tem que ter um pedido é preciso que haja alguém pedindo.
Professor Tiago também entende que não precisa de partes e cita como exemplo a própria ADI, a ADC, ADPF, onde se tem o autor, mas não há réu.
B – ÓRGÃO JURISDICIONAL: não há processo sem um órgão investido de jurisdição. Sempre haverá.
C – PEDIDO (DEMANDA):é preciso que haja uma acusação. Exigir um pedido para que tenha um processo tem a ver com o SISTEMA ACUSATÓRIO, onde o juiz é inerte. No entanto, o SISTEMA INQUISITÓRIO admite processo de ofício, pois o juiz que faz tudo.
Obs.: existem ações que não são condenatórias como por exemplo o HABEAS CORPUS (CPP, §2º do art. 654). Assim, nós exigimos pedido SEMPRE nas AÇÕES CONDENATÓRIAS, mas algumas ações não precisam como é o caso do HC, ou seja, o juiz pode concedê-lo de ofício.
Ex.:MP ofereceu denúncia contra uma pessoa e juiz rejeitou; promotor recorre e o caso vai para segunda instância; no TJ o processo vai para o relator; desembargador verifica que o réu está preso e percebe que a prisão é ilegal; desembargador então deverá relaxar a prisão de ofício.
PRESSUPOSTOS DE VALIDADE: não bastam os pressupostos de existência.O plano da validade nada mais é do que testar qualidades e atributos dos elementos do plano de existência, como por exemplo, não basta ter um juiz, é preciso que seja um juiz competente.
**PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS**: são os sujeitos processuais - juiz (competente e imparcial) e partes.
JUIZ: não basta que exista um órgão jurisdicional, para o reconhecimento da validade dos atos do processo esses atos precisam ser praticados por um juiz COMPETENTE e IMPARCIAL. Caso contrário o processo será anulado.
Obs.: Quando se reconhece a incompetência de um juiz e anula o processo, na verdade, diz o código, o que são anulados são os atos decisórios apenas. De modo tal que outros atos, como os atos instrutórios por exemplo, mesmo que praticados por um juiz incompetente poderiam ser aproveitados. Ex.: processo crime que tramitou na justiça estadual e mais tarde o próprio TJ constatou que o crime é competência da justiça federal.
Além de competente é preciso que o juiz seja IMPARCIAL. Vale lembrar que COMPETÊNCIA e IMPARCIALIDADE está dentro do princípio do JUIZ NATURAL. Assim sendo, os mecanismos adequados para garantir e fiscalizar a imparcialidade do juiz são a SUSPEIÇÃO e o IMPEDIMENTO. (Fazer leitura do art. 252 a 254 e 448 e 449)
Obs.: quando você EXIGE um pressuposto ele será considerado PRESSUPOSTO PROCESSUAL POSITIVO (ex.: COMPETÊNCIA). Agora, quando determinado elemento é VEDADO, trata-se de um PRESSUPOSTO NEGATIVO (ex.: SUSPEIÇÃO)
PARTES: a lei estabelece determinados critérios para que validamente a parte participe, havendo descumprimento desses critérios eu posso levar até a anulação desse processo. Do juiz pedimos competência e imparcialidade e da parte CAPACIDADE. Esta capacidade precisa ser examinada através de dois ângulos diferentes: CAPACIDADE PROCESSUAL e CAPACIDADE POSTULATÓRIA.
- A CAPACIDADE PROCESSUALé a capacidade de fazer parte de um processo, podendo agir validamente por si mesma. Essa capacidade processual, em regra, é atingida aos 18 anos, pois se confunde com a capacidade plena.
Ex.: jovem de 17 anos foi ofendida nas redes sociais; advogado elabora uma procuração com poderes especiais e ingressa com a queixa crime; essa queixa deve ser rejeitada, pois a jovem não tem ainda a capacidade processual, embora possua LEGITIMIDADE para figurar no polo ativo. De modo que seu representante é quem deveria constituir advogado.
CUIDADO: no polo passivo também precisa ter capacidade, pois se for menor de 18 anos não seria nem processo penal e sim Estatuto da Criança e Adolescente, ou seja, não é um juiz criminal e nem vara criminal. Na verdade em se tratando de menor de 18 anos no polo passivo o que falta não é capacidade e sim legitimidade. Em se tratando de portador de deficiência mental ou intelectual, nomeia-se um curador especial, pois aquele não possui capacidade processual sozinho.
- Já a CAPACIDADE POSTULATÓRIA é a capacidade para postular, ou seja, alguém que tenha habilitação técnica e legal. Logo, alguém com regular inscrição na OAB (advogado/defensor).
Ocorre que quanto a capacidade postulatória há EXCEÇÕES: HABEAS CORPUS (pode ser impetrado pelo próprio acusado); REVISÃO CRIMINAL (permite reabrir um caso já transitado em julgado). Só o réu tem ação rescisória e no processo penal não tem prazo. O MP poderá propor ação rescisória só se for em favor do réu.
Obs.: no processo penal o JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL precisa de advogado, diferente do processo civil.
Outro exemplo que não precisa de advogado são as MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA, mas se a medida protetiva for o início de uma futura ação penal, precisará de advogado.
Obs.: emancipação NÃO TRAZ efeitos para a esfera penal; o emancipado terá que esperar fazer 18 anos para representar ou nomeia um curador especial só com o objetivo de representar.
Por fim, mais um exemplo são os casos de RECURSOS, nos quais o réu, em regra (não são em todos os recursos), possui CAPACIDADE POSTULATÓRIA PRÓPRIA para recorrer. Desta forma, proferida uma sentença no processo penal não só o advogado deverá ser intimado, mas também o acusado (ele só interpõe recurso, mas as razões do recurso devem ser feitaspelo advogado). 
**PRESSUPOSTOS OBJETIVOS**:agora vamos examinar pedido e causa de pedir (denúncia ou queixa). A denúncia ou queixa para darem validamente início a um processo penal precisam ser APTAS, regulares, ou seja, elas NÃO PODEM SER INEPTAS. A inépcia é uma verdadeira ausência de pressupostos processual e uma denúncia ou queixa inepta deve ser rejeitada de pronto uma vez que INVIABILIZA A AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO.Outro pressuposto processual de validade objetivo é a ORIGINALIDADE. O processo penal precisa ser original, ou seja, se eu acuso alguém na esfera penal tenho que estar fazendo isso pela primeira e única vez. Isso por conta do “BIS IN DEM” processual, isto é, não posso ser acusado pelo mesmo crime mais de uma vez.O que Aury Lopes Júnior chama de proibição da dupla acusação.
ATENÇÃO: quando se diz que não pode haver mais de uma acusação contra alguém pelo MESMO FATO, isso NÃO implica dizer que sobre o mesmo fato não pode haver mais de um processo penal, pois processos diferentes podem ser abertos sobre o mesmo fato. Ex.: deputado federal praticou crime com um empresário. Empresário responde na Justiça Federal e deputado junto ao STF por exemplo. O que não pode haver são processos criminais sobre o mesmo fato e contra a mesma pessoa.
Portanto, uma questão ser original é NÃO HAVER LITISPENDÊNCIA (já tem um processo com as mesmas partes, pedido e causa de pedir). Além disso, causa original significa também que NÃO PODE HAVER COISA JULGADA.
Obs.: para parte da doutrina, como Aury Lopes Júnior e Afrânio Silva Jardim, ORIGINALIDADE NÃO É UM PRESSUPOSTO PROCESSUAL por ser uma questão anterior e exterior ao processo, mas sim uma CONDIÇÃO DA AÇÃO. Logo, a proibição da dupla acusação é algo que está antes ao processo e exterior a ele.
UNIDADE II - FASES DO PROCEDIMENTO (fases do processo de conhecimento)
1 – POSTULATÓRIA:aqui está a PETIÇÃO INICIAL (DENÚNCIA OU QUEIXA), mas também nesta fase postulatória nós temos A PRIMEIRA DEFESA DO ACUSADO (não se chama contestação), que poderá ser RESPOSTA A ACUSAÇÃO e DEFESA PRELIMINAR, a depender do momento em que é realizada. Para tanto deverá ser observado:
1ª situação:Denúncia/queixa-----------juízo de admissibilidade (recebe a denúncia)----------------citação para defesa (todos os procedimentos são assim, do júri ao sumaríssimo). O que vai mudar de procedimento para procedimento é a ordem desses atos, com exceção da petição inicial que sempre é o primeiro ato. Assim, se a ordem for essa acima, esta defesa será chamada de RESPOSTA À ACUSAÇÃO.O que faz dela ser resposta à acusação é o fato da defesa ter sido chamada depois do recebimento da denúncia, ou seja, ele já é réu. O procedimento ordinário, sumário e júri são assim.
2ª situação: fulano está sendo processado por tráfico de drogas e neste caso temo um procedimento especial previsto na lei de drogas (11.343/06). Neste caso o caminho é o seguinte:
Denúncia------------defesa(notificada para em 10 dias apresentar defesa)-------------juízo de admissibilidade(juiz decide se rejeita ou recebe). Neste caso a defesa recebe o nome de DEFESA PRELIMINAR, pois vem antes do recebimento. No juizado especial e procedimento especial dos crimes funcionais também são assim.
Trata-se de uma enorme diferença para quem está defendendo, pois no primeiro caso quando a defesa é chamada você já é réu. Já no segundo caso você tem a possibilidade de influenciar o juiz a sequer receber a denúncia.
AULA 24/02/17
2 – INSTRUTÓRIA: Começa após o oferecimento da defesa, isto é, a inicial foi oferecida, a primeira defesa já foi apresentada, então chegamos a fase de produção de provas.
Obs.: existe a possibilidade de já começar o processo, na própria fase postulatória, a produção de provas? Existe possibilidade de desde a fase postulatória o processo já estar na verdade admitindo provas.
Ex.: art. 396-A, CPP–com a resposta (defesa) o réu poderá juntar documentos (provas documentais), pois no processo penal a prova documental pode ser produzida a qualquer momento.
Em geral, o ato que delimita o fim da instrução é o INTERROGATÓRIO DO ACUSADO.
Obs.: no processo penal nós não temos a fase de saneamento igual no processo civil. No júri é que existe o despacho saneador.
3 – DECISÓRIA:
CUIDADO: as ALEGAÇÕES FINAIS não fazem parte da fase instrutória, elas já fazem parte da fase decisória. Portanto, na fase decisória nós temos as ALEGAÇÕES FINAIS + SENTENÇA.
ATENÇÃO: excepcionalmente pode sim acontecer a produção de provas nas alegações finais (depois da fase instrutória e durante a fase decisória) é o que chamamos de CONVERSÃO DO JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA. Ex.: alegações finais foram apresentadas; vem a acusação pedindo condenação e defesa pedindo absolvição; vamos imaginar que o juiz necessite de uma última prova para sanar uma dúvida; neste caso, excepcionalmente, o juiz determina a produção de provas em se de alegações finais. Repare, esta não é feita para a produção de provas, mas excepcionalmente poderá produzir haver sim a conversão do julgamento em diligência.
4 – RECURSAL: quando não se concorda com a decisão
Obs.: essa 4 fases são as fases do que nós chamamos de processo de conhecimento. A partir do trânsito e julgado inicia o processo de execução. Ressalta-se que a recente decisão do STF autorizou a execução provisória da pena após a condenação em 2ª instância.
ELEMENTOS DE DEFINIÇÃO DO PROCEDIMENTO: são elementos que nos ajudam a definir um procedimento.
I – GRAVIDADE DO CRIME (PENA):e para isso se olha para a pena cominada ao crime. Ex.: os nossos procedimentos comuns são definidos pela pena (ORDINÁRIO, SUMÁRIO e SUMARÍSSIMO).
II – NATUREZA DO CRIME: adota-se o procedimento do Júri, por exemplo, não por causa da pena, mas sim pela natureza do crime. Outro exemplo seria o procedimento dos crimes previstos na Lei de Drogas.
III –PESSOA DO ACUSADO: um exemplo seria “foro privilegiado”/o correto é foro por prerrogativa de função. Ex.: deputado federal causa lesões corporais de natureza grave em um sujeito. Neste caso, o que será determinante para se achar o rito é ser ele um agente detentor de foro por prerrogativa de função. Neste exemplo, o rito adotado é o da lei 8038/90.
Obs:DEPUTADO FEDERAL praticou homicídio. Ele não vai a júri e sim será julgado pelo STF (súmula vinculante nr. 45).
*ATENÇÃO/DICA*: quando o procedimento for definido pela NATUREZA DO CRIME ou pela QUALIDADE DO ACUSADO, O PROCEDIMENTO SERÁ O ESPECIAL. Os únicos procedimentos definidos pela gravidade do crime (pena) são os comuns (ordinário, sumário e sumaríssimo).
CLASSIFICAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS E PREVISÃO NORMATIVA – **CPP, ART. 394**
PROCEDIMENTO COMUM: ordinário (previsto no próprio CPP – art. 395 a 405), sumário (art. 531 a 538) e sumaríssimo (mencionado no §1º, inciso III do 394, mas regulamentado pela Lei 9099/95 em seu art. 60 e ss.
PROCEDIMENTO ESPECIAL: existem os especiais previstos no próprio CPP. Ex.: Júri, crimes contra a honra, crimes praticados por funcionários públicos contra a administração em geral; crimes contra a propriedade imaterial (violação de direito autoral). Mas também existem vários procedimentos especiais previstos em leis especiais. Ex.: Lei de drogas 11.343/06
*ATENÇÃO/DICA*: nem todo crime previsto em lei especial terá procedimento especial, ou seja, não é porque um crime está previsto em lei especial que ele necessariamente terá procedimento especial.
Ex.: crimes de trânsito. Se você tem que capitular alguém por homicídio praticado na condução de veículo automotor você vai no CTB (art. 302) e não no Código Penal. E quando for processá-lo pelo homicídio de trânsito NÃO usaremos procedimento especial, pois o CTB não tem procedimento especial; ECA (crimes que a criança/adolescente são vítimas) também é assim; Lei 9455/97 (tortura); CDC também; Estatuto do Idoso também não tem procedimento especial.
Obs.: código eleitoral é lei especial e também tem procedimento especial; assim como a lei 4898/65 (abuso de autoridade)
CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO DO PROCEDIMENTO
- Inicialmente, para se achar um procedimentopara determinado crime, NECESSARIAMENTE eu tenho que me perguntar se o crime que estou analisando tem procedimento especial. Isso porque os procedimentos comuns tem aplicação subsidiária, ou seja, só aplica o comum se não tiver o especial.
Ex.:ABORTO. Procedimento especial do tribunal do JÚRI (definido pela sua natureza do crime)
- em segundo lugar, não havendo procedimento especial, deve ser observado o seguinte (art. 394):
ORDINÁRIO: pena máxima MAIOR ou IGUAL A 4 (quatro) ANOS;Ex.: Latrocínio; furto simples
SUMARÍSSIMO: será adotado nas INFRAÇÕES PENAIS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO, ou seja, todo crime cuja pena máxima for MENOR ou IGUAL a 2 (dois) anos + todas as contravenções penais, INDEPENDENTEMENTE DA PENA.Art. 61 da lei 9099/95. (Obs.: existe uma contravenção penal de extração irregular de loteria cuja pena máxima é 4 anos. Mesmo assim o procedimento será o sumaríssimo porque é contravenção penal)
SUMÁRIO: adotado nos crimes cuja pena máxima for MAIOR que 2 (dois) anos e MENOR que 4 (quatro) anos.
***PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO (QUESTÕES DE DESTAQUE)***
ESTATUTO DO IDOSO(Lei 10.741/03)
“Art. 94.Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, e, subsidiariamente, no que couber, as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal. (Vide ADI 3.096-5 - STF)”
Com base no art. 94, para os crimes previsto no Estatuto, aplica-se o procedimento SUMARÍSSIMO desde que a pena cominada ao crime seja até 4 (quatro) ANOS.
Tal norma causou estranheza quando da sua edição, pois ser julgado no juizado especial seria, em tese, melhor para o acusado devido aos benefícios (institutos despenalizadores) que não tem na justiça. Fato que trouxe discussão na doutrina.
A questão então foi parar no STF na ADI 3096-5 na qual o STF NÃO DECLAROU o art. 94 como inconstitucional dando a seguinte interpretação ao artigo: segundo o STF a interpretação deveria ser conforme a CF/88.
Obs.: o sumaríssimo tem duas fases, na primeira tem uma audiência preliminar (aqui tem uma audiência de conciliação) e uma fase processual (AIJ). Os benefícios da lei dos juizados foram criados para serem aplicados na primeira fase.
Assim, segundo o STF, a interpretação do art. 94 de acordo com a CF/88 é que tal artigo está se referindo apenas a fase processual. Desse modo, se alguém praticar crime contra idoso você não aplica o art. 94 do Estatuto, aplica-se a regra geral, ou seja, só tenho transação penal se este crime tiver pena até 2 anos.
CUIDADO:É PERMITIDO a aplicação da transação penal em crime contra o idoso, a única coisa é que não pode dar transação para quem praticou crime com pena máxima superior a 2 anos.
A partir dessa análise, o art. 94 passa a ter sentido, pois o sumaríssimo é o procedimento mais rápido e a ideia é que o idoso não ficasse esperando.
Ex.: sujeito praticou crime com pena máxima até 3 anos; para benefício não vai se aplicar neste caso o Estatuto do Idoso, valerá a regra geral (sumário). Agora vamos supor que não deu transação penal por algum motivo e chegamos ao processo; agora sim a regra a ser aplicada é o rito do sumaríssimo para o processo terminar rápido. Isso para os crimes cuja pena máxima for até 4 anos.
ATENÇÃO: essa discussão é para os crimes contra o idoso que estão no estatuto. Ex.: furto contra o idoso, por exemplo, não precisa fazer essa discussão visto que não está previsto no estatuto.
CRIMES ELEITORAIS (Lei 4737/65)
Quando falamos de crime de menor potencial ofensivo isso me leva a uma determinada competência (juizados) e um determinado procedimento (sumaríssimo). E é justamente aqui que nasce o problema dos crimes eleitorais, os quais estão na lei especial. Ocorre que a grande maioria destes crimes são penas pequenas.
Ex.: candidato a prefeito pratica crime eleitoral e pena é menor que 2 anos. Ele terá direito a transação penal?
Veja, a competência para julgamento de crime eleitoral NÃO É dos juizados, pois o foro competente para julgamento desses crimes é da JUSTIÇA ELEITORAL e não existe juizado especial eleitoral. Então, seja qual for o tamanho da pena a competência é da justiça eleitoral. Logo, uma coisa é certa: para os juizados não vai!!! Mas quanto a aplicação dos benefícios da lei 9099?
A jurisprudência aceita a aplicação dos benefícios do juizados especiais à esfera eleitoral desde que o crime praticado tenha pena máxima MENOR ou IGUAL a 2 (dois) anos e ESTE CRIME ELEITORAL NÃO TENHA UMA PENA ESPECÍFICA DA ESFERA ELEITORAL.
Ex.:334 do Código Eleitoral – detenção de 6 meses a 1 ano + cassação do registro da candidatura. Este é um caso que não se aplica os benefícios dos juizados especiais. Aqui também é permitido a transação penal, está proibido em alguns casos, como no exemplo acima.
LEI 11.340/06 (LEI DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – MARIA DA PENHA)
“Art. 41.  Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995”.
Então, aqui há vedação à aplicação da lei 9099/95 INDEPENDENTE DO TAMANHO DA PENA.
TAL PROIBIÇÃO TRAZ ALGUMAS CONSEQUÊNCIAS:
*LESÕES CORPORAIS: a lesão corporal de natureza leve, não sendo violência doméstica, aplica-se o SUMARÍSSIMO. Sendo violência não se aplica a lei 9099/95.
CUIDADO: agora, lesão leve em contexto de violência doméstica não se aplica a lei 9099/95 POR CONTA DA PENA MÁXIMA DE 3 (TRÊS) ANOS PREVISTA NO ART. 129, §9º DO CP e NÃO por causa da vedação do art. 41 da lei 11.340/06.
*INSTITUTOS DESPENALIZADORES DA LEI 9099/95: Transação penal, suspensão condicional do processo (SUSPRO) e a composição civil dos danos. Assim, a vedação do art. 41 da lei Maria da Penha se aplica aos três institutos?
A transação penal só pode mesmo ser aplicada a crime de menor potencial ofensivo e como a lei Maria Penha diz que não se aplica realmente não há transação. A composição civil dos danos é a mesma coisa. No entanto, para a concessão do SUSPRO o critério é que A PENA MÍNIMA DO CRIME seja MENOR ou IGUAL A 1 ANO.
Ex.: marido praticou um crime de violência doméstica cuja pena seja 6 meses a 3 anos. Repare que mesmo se não fosse crime de violência doméstica não se aplicaria os benefícios da lei 9099/95 pelo fato da pena máxima ser maior que 2 anos. Neste mesmo exemplo percebemos que um crime que não é de menor potencial ofensivo admite SUSPRO porque a PENA MÍNIMA é menor que 1 ano.
Aí veio uma corrente dizendo que não há proibição do SUSPRO, pois embora este esteja na lei 9099/95, tal benefício não está necessariamente relacionado com crime de menor potencial ofensivo. Para tal corrente, o que a lei quis foi que nos crimes de violência doméstica não houvesse transação penal e composição civil dos danos apenas. Ocorre que tal situação foi parar no STJ e este editou a súmula 536, vedando a aplicação do SUSPRO em casos da Lei Maria da Penha. Corrente esta que prevalece (majoritária).
Súmula 536-STJ: “A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha”.
CRIMES MILITARES
O Art. 90-A da lei 9099/95 estabelece que as disposições desta lei NÃO SE APLICAM aos crimes perante a justiça militar, ainda que a pena seja MENOR ou IGUAL A 2 (dois) ANOS.
Além disso, a Justiça Militar Estadual (JME) não julga civil, mas a Justiça Militar da União (JMU) sim. A justiça militar dos estados julga policiais militares e bombeiros militares. Já a da União julga membros das Forças Armadas.
ATENÇÃO: Ainda a respeito do art. 90-A, o STF entende que tal artigo só vale para quando o acusado for militar, pois se for civil julgado na justiça militar poderá ser aplicado os benefícios da lei 9099/95. A razão de não se aplicar aos militares são os princípios da hierarquia e da disciplina.
AULA 03/03/17
INFRAÇÕESPENAIS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO (IPMPO) SUJEITAS A PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
Art. 61 da Lei 9099/95.  “Consideram-se infrações penais de menor potencialofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006)”
Ex.: Robson é acusado de um crime de 1 ano de pena máxima, porém, este crime que Robson está sendo acusado tem previsão em lei de procedimento especial (crime contra a honra).
Com a mudança trazida ao art. 61 pela lei 11.313/06, TODO crime cuja pena máxima for até 2 anos, aplica-se o SUMARÍSSIMO mesmo que este crime tenha procedimento especial. Logo, crimes contra honra, em regra, vão para o juizado especial. Vale frisar que essa modificação não acabou com o procedimento especial dos crimes contra honra, o que a lei fez foi ampliar o alcance da lei 9099/95. Veja, nem todos os crimes contra honra tem pena até dois anos, a INJÚRIA RACIAL, por exemplo, tem pena da 3 anos.
Obs.: antes da mudança de 2006, imagine dois sujeitos, João e Pedro, os dois praticaram crime com pena de até 1 ano; ocorre que João praticou um crime de procedimento comum e Pedro praticou um crime de igual gravidade de procedimento especial;logo, quem recebia transação penal era somente João. Veja, não havia igualdade de tratamento e por isso veio a modificação. Lembrando que isso não se aplica a lei Maria da Penha porque a própria lei proibiu, assim como não se aplica aos casos dos militares (civil, mesmo na justiça militar pode receber o benefício de acordo com STF).
DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA DO JECRIM PARA JUSTIÇA COMUM
Existem duas situações do crime de menor potencial ofensivo sair dos juizados e alterar o procedimento sem mudar o crime:
1 – CITAÇÃO POR EDITAL (art. 66 parágrafo único 9099/95): “não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei”.
No juizado especial não se faz citação por edital, o juiz vai remeter para justiça comum e lá o acusado será citado. Ao sair dos juizados para a justiça comum, NÃO HÁ VOLTA, ou seja, desloca a competência. 
Obs.: os benefícios da lei 9099/95 podem ser aplicados fora dos juizados.Ex.: juiz da 3ª vara criminal recebe processo vindo do juizado especial; o réu é citado por edital; quando este réu aparecer o juiz da justiça comum terá que oferecer os benefícios que ele teria se o processo tivesse lá nos juizados.
Obs2: no momento que sai dos juizado especial e vai para justiça comum passa-se a adotar o RITO SUMÁRIO, ou seja, muda-se a competência e o rito.
2 – CAUSAS COMPLEXAS (art. 77, §2º da lei 9099/95): “Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação da denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças existentes, na forma do parágrafo único do art. 66 desta Lei”.
Neste caso, o MP PODERÁ (não é deverá como no caso de citação por edital) pedir ao juiz que remeta os autos para a justiça comum. Remetendo, o rito será o SUMÁRIO de acordo com o CPP, art. 538.Se o promotor não pedir, a causa permanece no JECRIM.
Obs.: há quem entenda que pelo fato de ainda não ter tido nem a denúncia, a jurisdição ainda não foi provocada. De modo tal que neste caso o juiz seria um mero homologador, ou seja, pediu ele deve mandar, pois se o juiz disser não (negar) estará ocorrendo o que se chama de INVERSÃO TUMULTUÁRIA, o juiz está tumultuando o processo. Neste caso, caberá o recurso chamado CORREIÇÃO PARCIAL.
CRITÉRIOS DE ADOÇÃO DO RITO: CIRCUNSTÂNCIAS
Inicialmente é preciso relembrar como diferenciar uma qualificadora (1ª fase) e uma causa de aumento (3ª fase). A primeira o legislador modifica os limites mínimos e máximos da pena (ex.: homicídio 6 a 20; homicídio qualificado 12 a 30). Agora, quando o legislador diz: aumenta-se de 1/3, por exemplo, utilizando-se de frações, estamos diante de uma causa de aumento de pena; se ele diz diminui-se de 1/6, por exemplo, é causa de diminuição de pena. Agora as agravantes e atenuantes (2ª fase) vêm previstas sem ter uma quantidade específica. Ex.: reincidência agrava (juiz é que estabelece).
QUALIFICADORAS: para se achar o procedimento basta olhar para a pena máxima do crime qualificado. 
Ex.: ABANDONO DE INCAPAZ (CP, art. 133 – pena máxima 3 anos). Casal deixa a criança sozinha no carro; ao retornarem ela ainda está com vida. Neste caso, como não tem procedimento especial, ao olhar para a máxima o procedimento será SUMÁRIO. Agora, imagine que quando o casal voltou a criança estava morta (§2º do art. 133 – pena de 4 a 12 anos). Ao olhar para a pena máxima (12 anos) o procedimento será o ordinário.
Obs.:o que fazer se o juiz se confundir e adotar o rito sumário, sendo que o crime era qualificado e deveria ser ordinário? Repare que este erro ofendeu gravemente direito fundamental do acusado, pois no ordinário ele teria, por exemplo, direito de arrolar até 8 testemunhas e por causa do erro só pode arrolar até 5. Há, portanto, cerceamento de defesa. Neste caso o advogado pode arguir nulidade junto ao juiz. Agora, se fosse para ser o sumário e o juiz deu ordinário, não há que se falar em nulidade por ser mais benéfico.
CAUSAS DE AUMENTO: aproveitando o exemplo acima, vamos imaginar que a criança foi abandonada em lugar ermo (art. 133, §3º - pena aumenta-se de 1/3 se o abandono aconteceu em lugar ermo). Repare, se fossem acusados por abandono de incapaz na forma simples (6 meses a 3 anos) o rito seria o SUMÁRIO, mas como aqui neste caso foi um abandono de incapaz majorado e esta causa de aumento é de +1/3, basta pegar a pena máxima e incidir o aumento de 1/3, ou seja, dá um total de 4 (quatro) anos. Logo, o rito será o ORDINÁRIO.
Obs.: nos casos em que a causa de aumento não for fixa (variável), como por exemplo, 1/6 a 1/2, você terá como base o MAIOR aumento, ou seja, 1/2. 
CAUSAS DE DIMINUIÇÃO DE PENA:neste caso realiza a mesma operação para o caso de aumento. Ex.: crime de 3 anos com causa de diminuição de 1/3 = 2 anos. Logo, diminui-se de 2 anos.
Obs.: nos casos em que a causa de diminuição não for fixa, como por exemplo, diminui-se de 1/6 a 1/2, você terá como base a MENOR diminuição.
AGRAVANTES/ATENUANTES:não farão diferença porque não elevam a pena além do máximo e nem aquém do mínimo. Logo, podem ser ignoradas visto que não modificam o procedimento. Além disso, não são determinadas com valor expresso em lei.
ADOÇÃO DO RITO HAVENDO CONCURSO DE CRIMES
Eu posso ter concurso de crimes em que todos os crimes olhados separadamente são de procedimentos comuns. Ex.: crime A, B e C (furto, desacato e dano por exemplo) e os três são de procedimento comum.
- CONCURSO DE CRIMES DE PROCEDIMENTOS COMUNS: 
ART. 69, CP (CONCURSO MATERIAL): ocorre quando o agente mediante MAIS DE UMA ação ou omissão pratica mais de um resultado Ex.: lesão + dano. No concurso material, o juiz calcula as penas separadamente e depois soma. Para se achar o procedimento eu deverei somar as penas máximas de cada um dos crimes praticados.Ex.: Francisco é acusado de três crimes em concurso material (3, 3 e 4 anos). Logo, somando-se as penas será 10 anos e o procedimento será então o ORDINÁRIO. Isso se esse concurso era só de crimes de procedimentos comuns (se fosse furto, furto e tráfico não era dessa forma).
ART. 70, CP (CONCURSO FORMAL): ocorre quando o agente mediante UMA SÓ ação ou omissão pratica dois ou mais crimes. Ex.: sujeito conduzindo veículo em alta velocidade e atinge quatro pessoas, lesionando três e matando uma (art. 303 e 302 do CTB).Em caso de concurso formal a aplicação da pena se dá pegando o crime mais grave, aumentando-se de 1/6 até 1/2. Para se achar o procedimento eu pego a pena máxima do crime mais grave e aumentar do maior aumento (1/2). Isso no caso do CONCURSO FORMAL PRÓPRIO.
- Em se tratando de CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO (ação ou omissão dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos). Ex.: sujeito tem vários desafetos e num determinado dia ele vai ao estádio e vê seus 3 (três) desafetos juntos. Esse sujeito então pega uma cadeira e dolosamente tampa com a intenção de lesionar os três,acertando-os. Neste caso, soma-se as penas, ou seja, no concurso formal impróprio usa o mesmo critério do concurso material. Assim, se for concurso formal impróprio eu somo as penas máximas para se achar o procedimento.
ART. 71, CP(CRIME CONTINUADO): é um crime fracionado. Ex.: gerente do banco querendo obter vantagem ilícita, começa a furtar um pouco de dinheiro da conta de um cliente todos os dias. Neste caso, o juiz pega a pena de um crime (se idênticas) ou a mais grave (se diversas) e em qualquer caso aumenta de 1/6 a 2/3. Para se achar o procedimento, como nós temos um aumento variável, eu pego a pena máxima do crime e aumento do maior aumento (2/3).
- CONCURO HAVENDO PROCEDIMENTOS COMUNS + PROCEDIMENTOS ESPECIAIS e ESPECIAIS + ESPECIAIS
Ex.: roubo + tráfico. Ex.: homicídio + tráfico
1º passo: examinar se tem no meio crime doloso contra a vida. Ex.: sujeito praticou homicídio (júri) e dois outros crimes de procedimento comum (estupro e roubo). Se no meio do concurso houver um único crime doloso contra a vida (seja ele infanticídio, auxílio a suicídio, aborto...) o procedimento a ser adotado será O ESPECIAL DO TRIBUNAL DO JÚRI. O júri vai julgar todos os crimes que estiverem juntos.
2º passo: se não há crime doloso contra a vida aí teremos três orientações:
1ª corrente (não é majoritária): orienta resolver sobre o princípio da especialidade. Ex.: roubo + tráfico
Roubo olhado sozinho é procedimento comum e tráfico olhado sozinho é procedimento especial. De acordo com a especialidade, neste caso adotaremos o PROCEDIMENTO ESPECIAL DA LEI DE DROGAS.
Obs.: tal corrente tem o problema de quando se insere um outro crime com procedimento especial. Qual aplicar?
2ª corrente: propõe uma ANALOGIA ao art. 78, inciso II do CPP, de onde se conclui que se adota o procedimento do crime mais grave, ou seja, olha-se para a pena máxima dos crimes e adota o procedimento para o crime mais grave.
3ª corrente (majoritária e também é a adotada pelo professor) Analisa a amplitude do procedimento: Ex.: roubo + tráfico
--------------------------------------------- procedimento especial da lei de drogas tráfico Ex.: pode usar até 5 testemunhas 
----------------------------------------------------------------------------- procedimento comum Ex.: pode usar até 8 testemunhas
Veja, se sou acusado só de roubo eu teria mais defesa. Agora, se sou acusado de dois crimes (roubo + tráfico) terei menos defesa. Isso com base no princípio da especialidade.
No mesmo sentido, se fizer com base na analogia o resultado seria o mesmo, ou seja, usaria o procedimento da lei de drogas (procedimento que dá menos amplitude de defesa)
Portanto, para a segunda corrente, não interessa o tamanho da pena, o que interessa é a amplitude de defesa que o procedimento tem, ou seja, aquele que me oferece maiores e melhores condições de defesa é que será usado. Isso tanto para comum + especial quanto para especial + especial.
- CONCURSO DE CRIMES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
A - Ex.: sujeito responde em concurso material pela prática de 3 crimes e cada um deles tem pena de 1 ano. Usando o que aprendemos até agora será o PROCEDIMENTO SUMÁRIO, pois soma-se as penas (3 anos). Assim, se for caso de soma e der mais de 2 anos sairá do juizado. O acúmulo de crimes traz a perda dos benefícios do juizado. Para esta concorrente, se houve concurso material ou concurso formal ou aumento de pena e foi para além de dois anos, sai dos juizados. Esta é a posição por exemplo do STF (e é também a majoritária), ou seja, pelo acúmulo de crimes você se despede dos juizados, isto é, perde o direito a transação.
B–para a segunda corrente, se nós tivermos crime de menor potencial ofensivo em concurso, deve-se analisá-los isoladamente. Ex.: usando o mesmo exemplo: crime A (sumaríssimo); crime B (sumaríssimo) e crime C (sumaríssimo). Se olhando individualmente eu tenho só sumaríssimo, o procedimento será ele.Esta é uma posição forte não só na doutrina, mas também muito aplicada pelos juizados. Isto porque o Enunciado 120 do FONAJE traz essa previsão.
Enunciado 120: “O concurso de infrações de menor potencial ofensivo não afasta a competência do Juizado Especial Criminal, ainda que o somatório das penas, em abstrato, ultrapasse dois anos”
Agora, se no mesmo exemplo eu digo que o crime “C” a pena é de 3 anos, todos de procedimento comum, sairá do Juizado Especial. Neste caso soma-se as penas (1+1+3= 5 anos) será na justiça comum. Agora, repare que ele estará sendo acusado de dois crimes de menor potencial ofensivo. Em relação a esses dois, poderá ser aplicados os benefícios da lei 9099/95 (transação penal e composição dos danos civis). Isso mesmo que for Júri, ou seja, deve-se oferecer os benefícios em relação aos crimes de menor potencial ofensivo apenas. Tal raciocínio encontra-se no art. 60, § único da lei 9099/95.
UNIDADE III – PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
1 – PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO
IP-------denúncia/queixa-------juízo de admissibilidade-------citação------resposta--------absolvição sumária-------AIJ
O procedimento começa quando a inicial (denúncia ou queixa) é apresentada; depois terá o juízo de admissibilidade para saber se recebe ou rejeita a inicial (rejeitando, não há processo); se recebe haverá a citação do acusado para se defender, ou seja, venha apresentar uma RESPOSTA À ACUSAÇÃO; apresentada essa resposta abre-se ao juiz a possibilidade de se fazer a uma absolvição sumária (se chama sumária porque sequer entramos direito na fase instrutória); não havendo absolvição será marcada a AIJ; dentro da AIJ haverá vários atos, dentre esses depoimentos, alegações finais e a sentença. (Art. 403, CPP)
Pergunta-se: quando tem início o processo?Para a CORRENTE MAJORITÁRIA o processo só nasce com o RECEBIMENTO DA DENÚNCIA e é bem verdade que o CPP não fala isso, mas o art. 35 do CPPM estabelece que só tem processo quando a denúncia for recebida. Agora, grande parte da doutrina já defende que o processo nasce quando a DENÚNCIA FOI OFERECIDA.
Ex.: imagine que o promotor ofereceu denúncia contra um camarada por crime de furto; passamos então para o juízo de admissibilidade; imagine que o juiz rejeitou a denúncia, ou seja, houve oferecimento e não houve recebimento; neste caso o promotor poderá recorrer (RECURSO EM SENTIDO ESTRITO). Na hora que o promotor recorre ele recorre para quem? Para a 2ª instância (TJ)! Primeiro deverá chamar o réu para apresentar contrarrazões porque tem que ter contraditório. Logo, estamos na fase processual. Portanto, o processo nasce com o OFERECIMENTO DA DENÚNCIA (posição do professor também).
AULA 10/03/17
I – INICIAL ACUSATÓRIA:
Temos duas espécies: Em ações públicas temos a DENÚNCIA e nas ações penais privadas temos a QUEIXA-CRIME, sendo que nas ações penais privadas subsidiárias temos a queixa-crime subsidiária ou substitutiva.
**REQUISITOS**: art. 41, CPP.
EXPOSIÇÃO DOS FATOS: com todas as suas circunstâncias; QUALIFICAÇÃO DO ACUSADO: indicar as pessoas a serem acusadas; CLASSIFICAÇÃO DO CRIME: indicar os dispositivos da lei penal que correspondem aos crimes praticados pelo acusado; ROL DE TESTEMUNHAS: se necessário.
Obs.:A regra do código de processo penal é que a forma da denúncia ou queixa seja escrita. Todavia no JECRIM temos a possibilidade do oferecimento de DENÚNCIA ou QUEIXA na forma oral.
Obs2: PRAZO PARA OFERECIMENTO DE UMA DENÚNCIA OU QUEIXA: vai depender se a pessoa estiver presa ou solta.
PRAZO DENÚNCIA – REGRA GERAL: 5 (cinco) dias se o denunciado está PRESO e 15 (quinze) dias se ele está SOLTO.
*trata-se de um prazo impróprio, pois o promotor pode denunciar depois desses 15 dias. A única coisa que muda é que durante esses 15 dias iniciais ele tinha o direito exclusivo de oferecer a denúncia. Depois dos 15 dias vai ocorrer o que chamamos de AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA, ou seja, a perda do prazo vai dar a vítima o direito de oferecer uma queixa no lugar do promotor (queixa substitutiva)
* esses prazos (5 e 15) começam a contar do MOMENTO EM QUE O PROMOTOR TEM VISTA DOS AUTOS DO IP. 
PRAZO QUEIXA – REGRAGERAL: 5 (cinco) dias se o querelado estiver PRESO e 6 (seis) meses se estiver SOLTO.
PRAZOS - CASOS ESPECIAIS:
	CASOS ESPECIAIS
	PRESO
	SOLTO
	LEI DE DROGAS
	10 DIAS
	10 DIAS
	CÓDIGO ELEITORAL
	10 DIAS
	10 DIAS
	LEI ECONOMIA POPULAR (1521/51)
	2 DIAS
	2 DIAS
	CPPM
	5 DIAS (pode ser duplicado-10 dias)
	15 DIAS (pode ser triplicado-45 dias)
DETALHAMENTO DOS REQUISITOS DO ART. 41, CPP
A – EXPOSIÇÃO DOS FATOS: neste caso os fatos devem ser narrados com TODAS AS SUAS CIRCUNSTÂNCIAS. Isso porque a ampla defesa adequada depende de uma boa acusação.Adequada quer dizer qual é o fato em termos de tipo penal, o que, como, quando, onde, de que modo, contra quem, qual motivo, com quem...
CUIDADO: se estamos falando de concursos de agentes, necessariamente deve haver a INDIVIDUALIZAÇÃO DAS CONDUTAS (doutrina e jurisprudência exigem). Caso não haja essa individualização a denúncia é chamada de DENÚNCIA GENÉRICA e consequentemente será INEPTA.
**DENÚNCIA ALTERNATIVA OU IMPUTAÇÃO ALTERNATIVA**
Ex.: promotor está com IP em que um sujeito foi pego na posse de um celular furtado; promotor está na dúvida se ele furtou o celular ou se ele é o receptador; promotor então denuncia o sujeito narrando o fato e pede a condenação ou por furto ou por receptação.
OBJETIVA: está dando uma escolha sobre o crime (ou furto ou receptação)
SUBJETIVA: escolha sobre a pessoa. Ex.: ou Ulisses ou João praticou o crime.
Afrânio Silva Jardim defende que a imputação alternativa não está proibida, desde que os fatos estejam bem narrados. Tal postura é minoritária. A majoritária entende que a DENÚNCIA ALTERNATIVA ou IMPUTAÇÃO ALTERNATIVA é proibida, pois é imprecisa, ou seja, é preciso saber do que estou me defendendo. Além disso, o professo Gustavo Badaró diz que para se denunciar eu preciso de JUSTA CAUSA (prova de um crime e indícios de autoria). Logo, quando o promotor denúncia ele já tem que saber o crime, pois se está em dúvida ele está em dúvida de um crime e indícios de um autor.
Assim, tanto a GENÉRITA quanto a ALTERNATIVA são denúncias vedadas e consequentemente ineptas.
ATENÇÃO: AGRAVANTES e ATENUANTES precisam estar na denúncia?
O Art. 385, CPP dá a entender que agravantes e atenuantes não precisam ser narradas na denúncia ou queixa. Isso porque este artigo 385 diz que o juiz poderá reconhecer de ofício agravantes e atenuantes (aqui não entra qualificadores e causas de aumento), ou seja, ao sentenciar poderá conhecê-las de ofício.
Tal artigo é aplicado em sua literalidade pelo STJ e STF. Logo, o juiz não tem que esperar a denúncia dizer sobre uma agravante ou atenuantes. Esta é a corrente majoritária.
Porém, para outra corrente, um juiz só pode decidir sobre aquilo que está na petição inicial, chamado de PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO ENTRE ACUSAÇÃO E SENTENÇA (no processo civil é chamado de princípio da congruência).Isso porque se colocar na sentença elemento que eu não me defendi dele, ou seja, FERE A AMPLA DEFESA. Há aqui uma flagrante violação ao sistema acusatório. Portanto, para esta corrente agravantes e atenuantes precisam estar na denúncia.
B – QUALIFICAÇÃO DO ACUSADO: art. 41, CPPtrazer os dados capazes de individualizar a pessoa. Hoje, apenas esclarecimentos pelos quais se possa identificar a pessoa tornou-se inviável. Isso para evitar acusar a pessoa errada.
Art. 259, CPP–Ex.: abordou em flagrante uma pessoa, mas apresentou documentos do irmão e se passou por Ronaldo (irmão dele); quem será denunciado enquanto não se descobrir a verdade será Ronaldo; repare, meu erro é sobre a qualificação e não sobre a identidade física da pessoa (acusando o cara certo com nome errado); depois se descobre que ele é Roberto; neste caso, não precisa anular nada, basta corrigir a qualificação.
ATENÇÃO: tanto os fatos quanto a qualificação do acusado não tem dúvidas, são REQUISITOS ESSENCIAIS DA DENÚNCIA ou QUEIXA.Logo, se há uma falha na narração dos fatos ou na qualificação do acusado a consequência será a INÉPCIA DA PETIÇÃO e consequentemente gera a REJEIÇÃO DA DENÚNCIA.
C – CLASSIFICAÇÃO DO CRIME:classificar é tipificar o crime (ex.: CP, art. 157 caput)
Na hipótese de classificar o crime errado ou deixar de classificar há duas posições: CORRENTE MAJORITÁRIAdiz que a classificação do crime NÃO É requisito essencial. Esse é o entendimento da jurisprudência e doutrina majoritária. Assim, a denúncia não é rejeitada, pois se tratade mera irregularidade. Tal entendimento se baseia no fato de que no processo penal o réu se defende dos fatos e não da classificação jurídica. Além disso, o juiz é conhecedor do direito e por isso basta dar o fato que ele conhece o direito. Por fim, essa corrente diz que tanto não é essencial que o art. 383, CPP traz o instituto da EMENDATIO LIBELLI.
Ex.: promotor denuncia Oswaldo por furto; na hora de sentenciar o juiz descobre que na realidade Oswaldo praticou estelionato. O juiz poderá condenar já trocando o crime, é o que se chamada de EMENDATIO LIBELLI. No entanto, vale destacar que o art. 383, CPPpermite ao juiz dar classificação diferente partindo dos mesmos fatos narrados na denúncia.
CORRENTE MINORITÁRIA(professor defende) entende que É SIM ELEMENTO ESSENCIAL e por isso gera inépcia da denúncia.Ex.: erro de tipo (agente erra por uma falsa percepção de um elemento contido no tipo penal – sujeito que está caçando e acaba atirando contra uma pessoa). Veja, essa é uma defesa que não se discute dos fatos, mas sim o tipo.Em segundo lugar, quando o juiz na sentença disser que os fatos foram esses, mas o crime não é esse, ele não poderia simplesmente mudar o tipo e proferir a sentença, pois estaria cerceando a ampla defesa, ou seja, para me defender de algo eu preciso ser acusado.Assim, justamente pelo princípio da CORRELAÇÃO ENTRE ACUSAÇÃO E A SENTENÇA, a classificação do crime é essencial e não havendo na denúncia ou estiver errado, gera inépcia. 
D – ROL DE TESTEMUNHAS:este sim NÃO É um elemento essencial, pois por ser um pedido de produção de provas será pedido se for necessário. Se quiser, o promotor terá que usar a denúncia ou queixa para arrolar essas testemunhas porque senão PRECLUI.
Quanto a quantidade máxima de testemunhas, vai depender do procedimento: ORDINÁRIO (até 8 testemunhas); SUMÁRIO (até 5 testemunhas) e SUMARÍSSIMO a lei 9099/95 não diz. Portanto, alguns entendem que são até 3 e outros até 5 testemunhas. No Tribunal do Júri o procedimento é bifásico: 1ª fase são até 8 testemunhas e 2ª fase até 5 testemunhas.
Para se utilizar de testemunhas que não foram arroladas na denúncia o promotor utilizará do Art. 209, CPP. Tal artigo permite que o juiz ouça testemunhas não arroladas pelas partes e não há uma quantidade (testemunha extranumerária). A testemunha chamada pelo juiz receberá o nome de TESTEMUNHA DO JUÍZO.
Obs.: testemunhas NUMERÁRIAS são aquelas que estão dentro do limite que a lei estabelece (ex.: até 8, até 5...). Já a testemunha REFERIDA é aquela que só descobrimos porque foi mencionada por outra pessoa. Neste caso, o promotor poderá pedir para arrolar esta testemunha pedindo ao juiz que a chame como testemunha do juízo.
Obs.: essa contagem de testemunhas é feita para cada fato (ex.: se eu narro mais de um fato no ORDINÁRIO, eu posso arrolar até 16 testemunhas, 8 para cada fato). Ex.: sujeito subiu no ônibus e fez vários assaltos (um fato do ônibus, mas pode ter vários crimes. Neste caso serão apenas 8 testemunhas (um fato). Agora, imagine que a denúncia diga que ele saiu do ônibus e ainda assaltou a banca de jornal (segundo fato). Neste caso eu passo a ter direito a mais 8 testemunhas.
E – OUTROS ELEMENTOS QUE NÃO ESTÃO NO CPP, ART. 41
- PEDIDO: pedido de condenação. Doutrina majoritária vem entendendo que o pedido não é essencial, pois se eu narro um fato criminoso o que se pede é a condenação, ou seja, estaria implícito. Portanto, a falta do pedido de condenação seria mera irregularidade.
- ENDEREÇAMENTO:dizer qual é o juiz ou tribunal ao qual se está dirigindo;
- ASSINATURA:embora alguns digam que seria mera irregularidade e o promotorpoderia suprir depois.
**REQUISITOS ESPECÍFICOS DA QUEIXA CRIME** ART. 44, CPP (MUITO COBRADO EM PROVA)
- PROCURAÇÃO COM PODERES ESPEICIAIS: na queixa crime na ação penal privada, o ofendido constitui um advogado para que este ingresse com a acusação. Assim, com base no art. 44, CPP, esse advogado precisará de PROCURAÇÃO COM PODERES ESPECIAIS (ex.: fulano constitui Tiago para fins de oferecimento de Ação Penal Privada em face de fulano de tal, ou seja, nome do querelado). Além disso, deve conter na procuração a menção do fato criminoso. Todavia, há entendimento na jurisprudência (STJ) que o fato não seria necessário se você fizer referência ao artigo de lei (classificação) ex.: art. 138.
Obs.: em geral defensor público tem poderes para atuar sem procuração em razão da posse, salvo quando a lei exija poderes especiais. Portanto, também precisará de PROCURAÇÃO COM PODERRES ESPECIAIS para ingressar com a queixa crime.
- VALOR DA CAUSA: na ação privada é preciso colocar valor da causa porque na ação privada o ofendido precisa recolher custas. Logo, se não quiser recolher custas precisa pedir assistência judiciária. Então tem custas, tem honorários e tem que colocar valor da causa.
Obs.: é possível haver no processo penal DUAS PETIÇÕES INICIAIS no mesmo processo, embora seja raro. Ex.:sujeito ofende na rede social moralmente duas pessoas, sendo que contra uma delas ele usa ainda elementos raciais (injúria simples e uma qualificada). Para a ofensa simples crime de ação penal privada e para a injúria racial crime de ação penal pública, sendo que o fato é o mesmo. No primeiro caso (privada) quem pode acusar é o ofendido contratando advogado e no segundo caso será o promotor. Apurou-se no IP a prática das duas injúrias; Neste caso o promotor pega o IP e denuncia; o ofendido então contrata um advogado para elaborar uma queixa crime que entrará no mesmo processo. Isso é chamado de AÇÃO PENAL ADESIVA, pois o ofendido adere. Ofendido e promotor no polo ativo (litisconsórcio ativo no processo penal). Em caso de ofendidos diferentes de um mesmo crime de ação privada isso também pode ocorrer.
AULA 17/03/17
II -JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
A partir do momento que a denúncia ou queixa foi oferecida vai ser examinada pelo juiz (juízo de admissibilidade). Trata-se na verdade de um filtro. 
Art. 395, CPP traz os casos em que o juiz deverá rejeitar a denúncia ou queixa (rejeição da peça acusatória).
**HIPÓTESES DE REJEIÇÃO DA DENÚNCIA OU QUEIXA**:
INÉPCIA (formal) – for manifestamente inepta pela ausência dos requisitos do 41, CPP
FALTAR CONDIÇÃO DA AÇÃO – não há interesse de agir, não há legitimidade para agir e justa causa*. Ex.:sujeito é ofendido nas redes sociais; sujeito conversa com um amigo promotor e este oferece denúncia; neste caso o MP não tem legitimidade para ação penal privada. Neste caso a decisão do juiz será a rejeição por se tratar de um caso que a petição é inepta por faltar legitimidade para agir.
FALTAR PRESSUPOSTO PROCESSUAL –ausência de pressuposto de existência e validade.
ATENÇÃO: Toda vez que um juiz rejeitar a denúncia ele vai extinguir o processo? Não necessariamente. Ex.: se ele rejeitar porque a petição é inepta ele vai extinguir o processo. Por outro lado imagine um caso de competência (pressuposto processual subjetivo). Ex.: juiz verifica na inicial que ele é incompetente para o fato. Ele não vai extinguir, vai encaminhar para o juízo competente.
FALTAR JUSTA CAUSA (inépcia material):* - a falta de justa causa leva à rejeição da denúncia.
Cuidado: não confundir a INÉPCIA FORMAL que é a ausência dos requisitos do art. 41 com a INÉPCIA MATERIAL, que é a ausência de JUSTA CAUSA (prova de existência do crime + indícios suficientes de autoria), ou seja, não tem a ver com a petição inicial, mas sim com suporte probatório mínimo.
CUIDADO: imagine uma situação que o juiz deveria ter rejeitado a denúncia ou queixa, mas não o fez. Até que momento a defesa tem para alegar o vício de inépcia (seja forma ou material)? Inicialmente é preciso relembrar que a denúncia inepta é um problema da AMPLA DEFESA. Então, um processo que se desenvolve com a denúncia inepta é um processo que viola a Constituição, pois impede a defesa. Isso para doutrina seria nulidade absoluta e por isso poderia ser alegada a qualquer tempo. Isto do ponto de vista doutrinário. No entanto, a jurisprudência não diz isto. STF e STJ entendem que a inépcia só PODE SER ALEGADA ATÉ A SENTENÇA. A justificativa da jurisprudência para isso é que se a defesa não reclamou da inépcia até a sentença, significa que conseguiu fazer a defesa e se conseguiu, não houve violação a ampla defesa. Assim, a partir da sentença o que se pode combater é a sentença e não a inépcia Professor não concorda visto que nulidades absolutas não se convalidam. Além disso, no processo penal a nulidade absoluta pode ser arguida até mesmo após o trânsito e julgado.
- HÁ RECURSO QUANDO UMA DENÚNCIA É REJEITADA?
Ex.:promotor ofereceu denúncia contra um sujeito por roubo; quando o promotor é intimado da decisão fica sabendo que o juiz considerou a denúncia inepta e, portanto, rejeitou a denúncia.
Trata-se de uma decisão recorrível com base no CPP, art. 581 (RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - RESE). A lei estabelece 5 (cinco) DIAS para este recurso. Vale destacar que no processo penal, diferente do processo civil, alguns recursos possuem dois prazos diferentes, ou seja, um prazo para interposição (dizer que vai recorrer) e outro para apresentar as RAZÕES RECURSAIS. Desta forma, esse prazo de 5 DIAS no RESE é para INTERPOSIÇÃO DO RECURSO (constar ao juiz que não concordou e vai recorrer), pois o CPP depois dá mais 2 (dois) DIAS para apresentar as RAZÕES RECURSAIS. Logo, o prazo será 5+2.
**REJEIÇÃO PARCIAL DA DENÚNCIA OU QUEIXA**: A rejeição parcial existe e é admitida no processo penal. Ex.: MP denunciou três autores pelo crime de roubo. Juiz vem e diz que recebe em relação ao autor “A” e “B” e rejeita em relação ao “C”. Outro exemplo seria o caso do MP denunciar um sujeito em três crimes e o juiz receber somente com relação a um deles.
Ex.: (PROVA) – Eduardo (18 anos), Carlos (19 anos) e Alessandro (17 anos) foram denunciados por roubo; oferecida a denúncia o juiz deverá receber em relação aos maiores porque presentes os requisitos e rejeitar em relação ao menor de 18 anos porque em relação ao menor este não é o juízo competente. Logo, os autos devem ser encaminhados para a Vara de Infância e da Juventude. Trata-se de uma rejeição parcial relacionada a pessoas.
Ex.:em setembro de 2015 um sujeito ameaçou a vítima e além de ameaçá-la praticou um outro crime de ação pública incondicionada. Em fevereiro de 2017 MP oferece denúncia contra esse sujeito por esses dois crimes sem ele ter representado. Em relação ao crime de ação pública incondicionada o juiz deverá receber, já em relação ao crime de ação penal pública condicionada a representação deverá ser rejeitada, pois não houve representação. Trata-se de uma rejeição parcial relacionada a crime específico.
SÚMULA 709 DO STF: 
- imagine que num caso determinado o juiz rejeitou a denúncia e o MP interpôs RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. O caso vai ser julgado pelo TJMG. Vamos dizer que o tribunal dê provimento ao recurso (concorda com o promotor). Desta forma, com base na súmula 709, tal decisão do tribunal EQUIVALE AO RECEBIMENTO. Assim, quando os autos voltarem do tribunal, o juiz não precisará fazer outro juízo de admissibilidade.
- Ainda na súmula 709: agora, imagine o caso que o MP denunciou, juiz rejeitou e MP ingressou com RESE no TJMG. Só que agora o TJMG diz que a DECISÃO DO JUIZ É NULA por ter um vício, como por exemplo,não ter havido fundamentação. Neste caso, a decisão do tribunal não vale como um recebimento, mas sim ela invalida a decisão. Portanto, VOLTA PARA O JUIZ DE 1º GRAU REFAZER A DECISÃO.
Obs.: só o recebimento válido da denúncia interrompe a prescrição.
SÚMULA 707 DO STF:mesmo exemplo: denúncia do MP, rejeição do juiz e RESE interposto. Ao receber as razões de recurso o juiz deverá darprazo para o denunciado apresentar as contrarrazões. Neste caso, o julgamento do tribunal será nulo ser o juiz de primeiro grau não deu oportunidade para apresentar contrarrazões. Desta forma, se o tribunal perceber que isso ocorreu (não abertura de contrarrazões) deverá devolver para o juiz de 1º grau, ou seja, nem chega a julgar o recurso.
EFICÁCIA PRECLUSIVA: quando falamos de rejeição de denúncia estamos falando de uma decisão. Qual seria a força desta decisão, ou seja, essa decisão faz coisa julgada formal ou formal e material? Se eu digo que faz COISA JULGADA FORMAL, significa que rejeitada a denúncia pode haver novo oferecimento de denúncia. Por outro lado, se eu digo que faz COISA JULGADA FORMAL E MATERIAL estou querendo dizer que esta decisão é final. Em geral, a decisão que rejeita a denúncia FAZ COISA JULGADA FORMAL, ou seja, tal decisão não impede que nova denúncia seja oferecida.
Obs.: perceba, ao invés de recorrer de uma renúncia inepta o mais prático é oferecer nova denúncia.
Obs2:No entanto, não é toda decisão de rejeição de denúncia que faz coisa julgada formal. Exemplo disso são casos de PRESCRIÇÃO. Esta faz coisa julgada material.
**RECEBIMENTO** - CPP, ART. 396
- MOMENTO: conflito entre o art. 396 e art. 399(antes de audiência e depois da resposta à acusação). Segundo a doutrina majoritária o verdadeiro recebimento é o do art. 396, CPP, ou seja, antes da resposta à acusação. Isso porque não tem como absolver alguém antes do recebimento da denúncia.
**SUSPRO**: o juiz ao receber uma denúncia, deverá citar o acusado somente se não couber a SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO, pois se couber, o juiz recebe a denúncia, mas não cita o acusado para apresentar resposta e sim intima para oferecer o SUSPRO.
- A DECISÃO QUE RECEBE A DENÚNCIA TEM QUE TER FUNDAMENTAÇÃO? Inicialmente é preciso esclarecer que tal decisão não se trata de um despacho, mas sim de uma decisão. Nesse sentido, a decisão que recebe a denúncia deveria ser fundamentada, assim como ele faz quando a rejeita. No entanto, para a jurisprudência (STF e STJ) a DECISÃO que recebe a denúncia ou queixa não exige a exposição dos fundamentos. As alegações para isso são as seguintes:
a)não precisa fundamentar, porque se o juiz tivesse que fundamentar ele seria levado a fazer um juízo de valor antecipado, ou seja, estaria incorrendo em um pré-julgamento da matéria; No entanto isso não faz sentido porque para decretar uma prisão cautelar o juiz precisa fundamentar e nem por isso faz pré-julgamento. Basta falar dos pressupostos, petição inicial... b)a segunda justificativa é que quando o juiz recebe a denúncia, isto é, a defesa ainda não se manifestou e por esse motivo não precisa ter fundamento. No entanto, isso também não faz sentido, porque se o juiz só for obrigado a fundamentar uma decisão quando houver palavra anterior da defesa, isso implica dizer que nada que o juiz decidir durante o inquérito ele precisa explicar, pois no IP a defesa não tem direito a manifestação.
No entanto, para a rejeição a jurisprudência defende que é preciso fundamentar. No mínimo, isso é quebra da isonomia.
ATENÇÃO: em alguns casos o STF entende que tem que ter fundamentação. Segundo o STF os procedimentos que o recebimento da denúncia precisa ser fundamentado são aqueles em que a DEFESA SE MANIFESTAR ANTES DO RECEBIMENTO (chamada de DEFESA PRELIMINAR). Porque nesses casos a defesa se manifestou antes e precisa ter uma satisfação.Ex.:Processar um agente com foro por prerrogativa por função (Lei 8038/90); Procedimento especial de crimes praticados por funcionários públicos.
IMPUGNAÇÃO DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA OU QUEIXA
NÃO CABE RECURSO da decisão que recebe a denúncia. PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE, CPP, art. 581 (só pode recorrer quando a lei diz que pode). No entanto, HÁ MEIOS DE IMPUGNAÇÃO (instrumentos que a lei dá para questionar uma decisão) da decisão diferentes do recurso: são as AÇÕES IMPUGNATIVAS (Habeas Corpus, Mandado de Segurança). Logo, caberá neste caso a ação impugnativa denominada HABEAS CORPUS.
III - A CITAÇÃO DO ACUSADO
A Citação, intimação e notificação está dentro daquilo que chamamos de atos de comunicação processual.A citação é o ato inaugural do processo, ou seja, é ela que dá ciência da existência de um processo e chama o acusado para se defender. Razão pela qual a citação incorpora o PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA e CONTRADITÓRIO. Alguns autores defendem que o vício de citação no processo é causa de ato inexistente, ou seja, é processo inexistente. Embora a opinião que vigora é que o vício de citação gera NULIDADE ABSOLUTA.
FORMAS DE CITAÇÃO: citação real (pessoal) e citação ficta (por edital e por hora certa)
Sempre em primeiro o acusado será citado por CITAÇÃO PESSOAL, ou seja, através de mandado cumprido por oficial de justiça. Ela é a única citação real e por isso possibilita o acusado o pleno conhecimento do que está sendo acusado.
CITAÇÃO PESSOAL: é uma forma de citação real. CPP, art. 351. Esta é a regra.
Em regra, será feita através de mandado de citação a ser cumprido por um oficial de justiça; No JECRIM existe a citação feita em audiência.
Obs.: No processo penal NÃO TEM AS RESTRIÇÕES de citação como no processo civil (culto religioso, luto...), com exceção das garantias constitucionais, as quais devem ser respeitadas.
Obs.: com base no art. 360, CPP o PRESO também será CITADO PESSOALMENTE.
CUIDADO – **SÚMULA 351 DO STF**: de acordo com a súmula, se o sujeito está preso em MG e o processo é em MG, ele sendo citado por edital a citação é nula. Então, se o cara está sendo processado em MG e está preso no RJ, a citação sendo feita por edital NÃO SERÁ NULA, isso com base na súmula 360. Perceba, é uma súmula que viola o art. 360, CPP e além disso viola o CONTRADITÓRIO E A AMPLA DEFESA. Portanto, a doutrina rechaça esta súmula justamente por relativizar garantias constitucionais, pois permite que pessoas presas sejam citadas por edital.
AULA 24/03/17
OBSERVAÇÕES ACERCA DA CITAÇÃO
CITAÇÃO PESSOAL DO MILITAR: art. 358, CPPM estabelece que acitação do militar se dáatravés do SUPERIOR HIERÁRQUICO do militar.
CITAÇÃO DO FUNCIONÁRIO PÚBLICO: de acordo com art. 359, CPPa hora e localdo comparecimento do funcionário em juízo deverá ser notificado ao CHEFE DESTE FUNCIONÁRIO. Alguns autores sustentam que tal artigo não teria mais utilidade porque a ideia aqui é a de continuidade do serviço público e se ele irá se ausentar o chefe terá que saber para suprir essa ausência para o serviço não ser interrompido. Ocorre que de 2008 (modificação do procedimento comum) em diante o funcionário público é citado para constituir advogado e apresentar DEFESA ESCRITA.
CITAÇÃO DO INIMPUTÁVEL: a citação vai ser direcionada ao CURADOR, pois muitas vezes o laudo de insanidade é feito na fase do inquérito.
CITAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA: a pessoa jurídica pode ser acusada na esfera penal como pelo cometimento de crimes ambientais. Assim, é preciso saber se essa pessoa jurídica possui um pessoa física (gerente, diretor, sócio, administrador) que a represente para fins judiciais, e para isto é preciso olhar o Ato Constitutivo da Empresa (Contrato Social ou Estatuto) desta PJ. Desta forma, tal pessoa é que deverá ser pessoalmente citado, sob pena de temos uma citação inválida. Agora, nem sempre o ato constitutivo aponta esta pessoa. Neste caso, qualquer um dos seus sócios-gerentes.
TIPOS DE CARTAS: carta precatória (art. 353 e ss do CPP), carta rogatória e carta de ordem.
- CARTA PRECATÓRIA: Inicialmente é preciso esclarecer que CARTA PRECATÓRIA NÃO É FORMA DE CITAÇÃO. Carta precatória é um mecanismo que permite que um juiz realize atos fora de sua jurisdição, desde que em território nacional. Precatória não serve só para citação, serve para intimar, ouvir uma testemunha, determinar um busca... Então, tal instrumento permite dentre outras coisas, que façamos uma CITAÇÃO PESSOAL.Ex.: Eduardo mora em Mato Grosso, mas está sendo processado em Juiz de Fora. Ele deverá ser citado pessoalmente através do uso da carta precatória porque ele reside

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