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fl~ : · O~ERAÇOES UNITÃRIAS . 1 . 3~volume: separações meçânicas REVNALDO GOMIDE operacõeS unitárias 3~volume Separações Mecânicas REYNALDO GOMIDE "Advanced Chemical Engineer" e "Master of Science in Chemical Engineering Practice" pelo Massachussetts Institute ofTechnology. Engeheiro Químico e Civil pela EPUSP. Engenheiro consultor industrial. Professor da Faculdade de Engenharia Industrial e da Faculdade de Engenharia da Fundação Armando Alvares Penteado de São Paulo. EDIÇÃO DO AUTOR 1980 Conteúdo / Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . VII CAPÍTULO I - Operações de Separação Mecânica . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 CAPÍTULO II - Separações Sólido-Sólido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 Peneirarnento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 Separação hidráulica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 Flotação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 Separação magnética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 Separação eletrostática. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 Questões propostas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 CAPÍTULO III - Separações Sólido-Líquido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 Separações por decantação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 Separações por flotação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 Separações centrífugas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 Questões propostas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 CAPÍTULO IV - Filtração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 Tipos de filtros Filtros de leito poroso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82 Filtros-prensa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 Filtros de lâminas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 Filtros contínuos rotativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95 Filtros especiais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100 VI CONTEÜDO Teoria da filtração. • . . • . . . . . • . . . • . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . . 105 Filtros de leitos granulares soltos ...•........ . . ·. • . . . . . . 105 Filtros convencionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109 Otimização das operações . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133 Questões propostas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139 CAPÍTULO V - Separações de Sólidos e Líquidos de Gases . . . . . . . . . . . . 151 Câmaras gravitacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152 Separadores inerciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 5 Separadores centrífugos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159 Filtros . • . . • . . • • . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 70 Precipitadores eletrostáticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 174 Separadores úmidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 175 Questões propostas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187 CAPÍTULO VI - Separação Mecânica de Líquidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191 Decantadores para líquidos . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192 Centrífugas . . . • . . . . • . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . 196 Índice. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 197 Prefácio Diversas tentativas de se escrever um livro-texto sobre Operações Unitárias perfeitamente adaptado às reais condições brasileiras foram feitas nesta última década. Vários grupos de professores e profissionais da engenharia química foram organizados e de todos tivemos a feliz oportunidade de participar, porém as dificuldades da tarefa sempre terminaram por frustrar a realização da obra. Foi precisamente este fato que nos encorajou a publicar o presente livro. Ele representa o começo de um trabalho que a mim e a outros caberá continuar e aprimorar. Este volume é o terceiro de uma série de cinco sobre o assunto central dos cursos profissionais de engenharia química - Operações Unitárias - que já publicamos em duas edições de apostilas para os cursos que lecionamos na Faculdade de Engenharia Industrial e na Faculdade de Engenharia da Fundação Armando Álvares Penteado. Ele cuida especificamente das Operações de Separação Mecânica. Nosso trabalho, além dos princípios básicos do assunto tratado, apresenta uma série de impressões que estamos recolhendo ao longo de muitos anos de magistério e trabalhos profissionais que realizamos no país. Mas estamos certos de que ele permanecerá incompleto sem a incorporação das correspondentes impressões e experiência, sem dúvida muito mais valiosas, dos colegas de outras faculdades de engenharia e estados do Brasil que, como nós, enfrentam a difícil tarefa de conciliar seus deveres universitários com as práticas industriais num país em desenvolvimento. Sugestões, comentários e críticas do leitor serão indispensáveis para o êxito e aprimoramento desta primeira publicação no assunto, ainda que isto venha apenas corroborar com o autor no sentido de uma revisão do seu próprio trabalho. VIII PREFÁCIO Não queremos deixar de registrar nossos agradecimentos à esposa e filhos que resignadamente aceitaram os inconvenientes financeiros e de ordem familiar que esta tarefa lhes impôs, sem mesmo conhecerem a sua finalidade . Agradecemos também ao José Julio Barbosa pelo seu elogiável devotamento e eficiente colabo- ração na preparação das figuras do texto. São Paulo, Janeiro de 1980 O AUTOR CAPÍTULO 1 Operações de separação mecânica O engenheiro quuruco defronta-se freqüentemente com o problema de separar materiais. Quando um reagente sólido deve ser classificado pelo tamanho de suas partículas um peneiramento pode ser a solução. Em outras ocasiões a tarefa é eliminar impurezas de um reagente ou isolar o produto das misturas obtidas. Há também separações especiais envolvendo sólidos com propriedades magnéticas diferentes, como no processamento de areias monazíticas ou na separação do ferro existente na borra de alumfuio. São importantes ainda a separação de névoas e poeiras que poluem o ar. Em correspondência ao número de problemas, há uma grande variedade de técnicas à disposição do engenheiro para cada situação, todas visando a separação considerada. Muitas vezes a grande dificuldade é saber a qual recorrer num caso específico. Uma separação satisfatória depende primordialmente da escolha do método mais apropriado. Nossa preferência deve recair num método no qual o comportamento do material a separar sofra influência marcante de uma de suas propriedades, sendo a separação realizada com base nessa propriedade. Três grupos de separações são identificados: separações mecânicas separações físico -químicas separações químicas As separações do primeiro grupo empregam métodos puramente mecânicos para isolar as fases de um sistema heterogêneo, sendo exemplos o peneiramento, a filtração e as decantações de sólidos e líquidos. Nas separações físico-químicas, que visam separar os componentes de uma fase, lança-se mão de propriedades físico-químicas, como a temperatura de ebulição ou a solubilidade. A destilação está neste grupo. Finalmente, as separações químicas são conseguidas através da reação de um ou mais componentes da mistura com um reagente apropriado que não consegue atacar osdemais. O reagente poderá volatilizar, precipitar ou coagular os componentes a separar. As separações químicas não são objeto das operações unitárias, sendo a absorção química a exceção importante. Neste- ponto cuidaremos apenas das separações mecânicas. As separações físico-químicas 'serão apresentadas entre as operações de transferência de massa. ' Classificação das separações mecânicas Três são os critérios básicos de classificação: tipo de sistema propriedade utilizada na separação mecanismo As classificações baseadas em qualquer um destes critérios isolados são insatis- fatórias. Uma vez que a natureza das fases a separar é a melhor orientação para selecionar o método de separação apropriado, adotaremos o tipo de sistema como base de classificação e os outros dois como critérios para definir sub-classes . Consideraremos quatro tipos de sistema constituídos respectivamente de: sólidos sólidos e líquidos sólidos ou líquidos e gases líquidos imiscíveis As propriedades utilizadas como critério secundário para definir os métodos de separação são quatro : tamanho densidade inércia propriedades eletromagnéticas Segundo o mecanismo, que deve ser entendido como a maior ou menor importância do movimento relativo das fases na separação, os métodos são de dois tipos: dinâmicos estáticos Um método é dinâmico quando a separação depende diretamente do movimento relativo das fases no seio de um fluido que já existe no sistema ou que é introduzido intencionalmente para promover a separação. A maior ou menor rapidez na movi- mentação relativa das fases constitui a base da separação. São exemplos a decan- tação diferencial, a classificação de sólidos em caixas de poeira e as operações de separação lúdráulica. Nos métodos estáticos, exemplificados pelo peneiramento e a filtração, uma das fases é retida numa peneira ou tecido através dos quais as outras conseguem passar. CAPÍTULO li Separações sólido-sólido A separação mecamca de sólidos pode visar um dos seguintes resultados : 19) subdividir a massa de um sólido granular de natureza relativamente homo- gênea, mas constituído de partículas de granulometria variada, em frações nas quais as partículas sejam mais ou menos uniformes; 29) obter frações de natureza relativamente homogênea a partir de misturas contendo sólidos diferentes. É muito raro atingir os dois objetivos simultaneamente em operações isoladas. Em geral o segundo objetivo é o mais importante e visa obter o produto mais valioso sob a forma de uma fração concentrada. O método mais antigo, hoje quase que total- mente fora de uso, é a seleção manual. Propriedades utilizadas nas separações As propriedades mais comumente utilizadas para separar sólidos são o tamanho das partículas, a densidade e as propriedades eletromagnéticas. O tamanho das partz'culas controla sua passagem através de crivos ou malhas. Em outras operações determina a velocidade de decantação num fluido que se utiliza para promover a separação. Convém lembrar que se as partículas forem muito pequenas haverá influência do movimento Browniano e da repulsão eletros- tática, que dificultam ou impedem a decantação. A densidade real permite separar partículas de mesmo tamanho pela simples imersão da mistura num fluido de densidade intermediária, mas influi também no movimento das partículas em meios fluidos. Em certas operações a densidade real de algumas partículas é diminuída transitoriamente por meios artificiais, o que 4 CAPfTULO II permite separá-las daquelas cuja densidade não se altera. É o que acontece na flotação. As propriedades eletromagn.éticas permitem separar o ferro do alumínio nas funcJiçi:íes que empregam retalhos como matéria prima, ou do ferro das areias de fun-dição~Qs materiais magnéticos contidos nas areias monazíticas são separados dos não-ma~éticos graças a este tipo de propriedade. O separador eletrostático separa os sólidos arrastados numa corrente gasosa. As partículas são eletrizadas e logo depois atraídas para um dos eletrodos do equipamento. Operações As principais operações mecânicas de separação de sólidos consideradas a seguir são: 1. Peneiramento 2. Separação hidráulica 3. Flotação 4 . Separação magnética 5. Separação eletrostática 1. PENEIRAMENTO Esta operação já foi estudada quando tratamos dos sistemas sólidos. Visa separar um sólido granular em frações uniformes. A fração que passa pela peneira constitui o material fino e a que fica retida constitui o material grosso. A abertura da peneira chama-se diâmetro de corte. Uma peneira dá origem a duas frações não classificadas, mas um conjunto de peneiras pode fornecer o número desejado de frações classificadas, isto é, que satisfaçam a especificações de tamanho máximo e mínimo das partículas. Emprega-se geralmente para separar material particulado grosso. Partículas muito finas exigiriam peneiras de malhas pequenas, o que toma pouco viável a operação em escala industrial. Um desenvolvimento recente é a peneira de superfície curva DSM da Dorr-Oliver, que opera com material entre 8 mesh e 50 / 22) em suspensão líquida. 2. SEPARAÇÃO HIDRÁULICA Este tipo de separação requer a movimentação das partículas através de um fluido no qual os sólidos são postos em suspensão. A separação é conseguida graças à diferença de velocidade das diversas partículas causada pela diferença de tamanho ou densidade. Os princípios da dinâmica de partículas são o fundamento deste tipo de separação. SEPARAÇÕES SÓLIDO-SÓLIDO 5 Equação do movimento unidimensional de uma partícula num fluido Seja m a massa da partícula de diâmetro D e densidade p que se movimenta no fluido de densidade p'. Três forças agem sobre a partícula em movimento (fig. 11-1): Fp = força propulsora (peso ou força centrífuga) FE = força de empuxo F A = força de atrito fluido Fig. 11-1 A resultante é Fp - FE - FA = FR. A aceleração provocada é :: , onde u é a velocidade da partícula relativa ao fluido. As expressões destas forças são as seguintes: a F m , a Fp = m&, . E= p • p & , a = aceleração externa C = coeficiente de atrito superficial ou· de arrasto(!) A = área da secção transversal da partícula perpendicular â direção do movi- mento Substituindo na expressão do balanço de forças e simplificando resulta: p - p' a--- P Cu2 p' A _ du 2m - dÕ (1) No movimento gravitacional a aceleração externa é a da gravidade, g. No movimento centrífugo é w2r, onde w é a velocidade angular (rad/s) e ré o raio de giração da trajetória da partícula. 6 CAPÍTULO II Velocidade terminal Na equação (1) o segWldo termo, que é a resistência de atrito do meio sobre - ---a--p~rtícula, aumenta com a velocidade, ao passo que o primeiro é constante. Entã°\ uma velocidade terminal constante Ut será finalmente atingida quando a aceleração for igual a zero. A partir desse instante as forças resistentes contrabalan- çam a força externa causadora do movimento. Em resumo, partindo do repouso há dois períodos na decantação da partícula: um de aceleração, bastante curto (geral- mente inferior a um décimo de segW1do), seguido do período de velocidade terminal Ut que pode ser obtida diretamente da expressão (1) fazendo ~~ = O: J 2ma(p - p') u - t - Capp' (2) Esta expressão não se aplica ao movimento de partículas coloidais pelas razões já expostas . O valor de C pode ser obtido através de correlações empíricas em fWlção de um número de Reynolds modificado que envolve o diâmetro da partícula e as propriedades do fluido: R Dup' e =~~ u A fiôura Il-2a é a correlação para partículas esféricas, discos, cilindros e tetrae- dros 2 ) ( 3). Para partículas de forma geométrica não definida pode-se utilizar a figura I1-2b<12>, na qual i/1 é a esfericidade definida anteriormente pela expressão ' b2/3 i/1 = 4,83- , a s~ndo a e b os parâmetros de forma das partículas. Partículas esféricas Neste caso particular muito freqüente a equação anterior se simplifica ea curva experimental pode ser representada por equações apropriadas, o que facilita o seu emprego em cálculos realizados com computadores. A massa, a área da secção transversal e a velocidade terminal são respectivamente 1TD3 1rD2 m = - 6-p' A = - 4 U t = j~ • aD(p - p') (3) Cp' SEPARAÇÕES SÓLIDO-SÓLIDO 7 e O/ "-'-'---'-'--'-~........_~ 0,0001 O/XI, Re Fig. II-2a - Coeficiente de arrasto para discos, esferas e cilindros. e Fig. Il-2b - Coeficiente de arrasto em função da esfericidade. A curva experimental para o cálculo de C encontra-se na figura III-3. Pode ser representada com aproximação suficiente para cálculos técnicos por três equações que correspondem às retas pontilhadas, uma para cada regime de decantação. 8 CAPÍTULO II Fig. 11-3 - Coeficiente de arrasto para partículas esféricas. a) Regime viscoso: 10-4 < Re..; l,9C*) Os dados são muito bem correlacionados pela expressão e = 24 Re Substituindo na equação (3) tira-se diretamente a expressão da Lei de Stokes: _ aD2 (p - p') Ut - 18µ (4) Até Re = 0,05 o erro é de 1%. Para Re = 1,0 ele passa a 13%. Porisso, alguns admitem válida a Lei de Stokes só até Re = 0,1, dando para C o valor ~! (4). Outros só a utilizam até Re = 1 (s). (*)Para Re < 10- 4 a decantação sofre a influência do movimento Browniano e da repulsão eletrostática. SEPARAÇÕES SÓLIDO-SÓLIDO b) Regime intermediário: 1,9 ..;; Re ..;; 500 O coeficiente de arrasto é dado pela expressão de Allen: A velocidade terminal resulta: e= 18,5 Re0•6 U _ 0,55 ª0,114 0 1,142(p _ p')o,114 t - p ' 0,286 µ0,428 Segundo Allen, entre Re 30 e 300 a expressão aproximada de C é e =-1_0_ ~ Uma relação mais complexa foi proposta por Klyachk.0<14) C = Re + 4Re- 1/3 24 Dá um erro inferior a 2% para 3 < Re < 400. 9 (5) Outra relação que dá erro menor do que 2% para Re entre 0,1 e 3500 é a de Sisk (is). Valores mais precisos poderão ser obtidos pelas seguintes equações de Schiller e Naumann<16) para 0,5 < Re < 800: C = 24 (1 + O 150Re0 •687 ) Re ' e de Langmuir e Blodgett<11>, para 1 < .Re < 100: C = 24 (1 + 0,197 Reº•63 + 0,0026 Re1•38) Re c) Regime hidráulico: 500 ..;; Re ..;; 200 000 O coeficiente C é constante e aproximadamente igual a 0,44. A velocidade terminal vem dada pela Lei de Newton: u = 1 741 jaD(p - p') t ' p' (6) d) Para Re > 200 000 resulta C ~ 0,20 e u = 2 582 jaD(p - p') t ' p' (7) 10 CAPÍTULO II e) Equações generalizadas São úteis para efetuar cálculos com computadores as seguintes equações generalizadas: 1 _ 4 [ aDn+I (p - p')] 2 -n Ut - - 3 Bµn(p')1-n Valores de B e n encontram-se na Tabela 11-1: TABELA 11·1 Regime B Viscoso 24 Intermediário 18,5 Hidráulico 0,44 Re > 200000 0,20 f) Critério para identificar o regime de decantação (B) n 1 0,6 o o Quando a velocidade de decantação é desconhecida, torna-se difícil reco- nhecer o regime de decantação, pois o número de Reynolds não pode ser calculado diretamente. Pode-se proceder por tentativas, mas também é possível calcular um número K que permite identificar o regime. Seu valor é obtido pela expressão K = D 3 / a p' (P - p') v µ2 Os regimes são identificados como segue: 3,3 a 44 : { <3,3 : K 44 a 2 360: > 2 360 : NOTA: regime viscoso regime intermediário regime hidráulico Re > 200 000 (9) Todas as expressões apresentadas requerem unidades consistentes. Por exemplo, usando o sistema C.G.S.: D em cm, u em cm/s, µ em poise, g em cm/s2 e p em g/cm3. SEPARAÇÕES SÓLIDO.SÓLIDO 11 Aplicação 1 Calcular a velocidade terminal de decantação de esferas de quartzo em água a 20°C, em função do diâmetro, para o intervalo compreendido entre 0,01 e 10 mm. A densidade do quartzo é igual a 2,65 g/cm3 • Solução a) Regime viscoso. Lei de Stokes para movimento gravitacional {a = g): Ut = gD2(p - p') 18µ Dutp' Re = -- < 1,9 µ A 20°C, µ = 1 cP = 0,01 P, p = 2,65 e p' = 1,0. A velocidade resulta Ut = 981 D 2 {2,65 - 1,0) = 9 OOO D2 18 {0,01) Sendo Re ~ 1,9, vem 9 000 D 3 {1,0) = 9 X 105 D3 ~ l,9 0,01 Portanto, D ~ 0,0128 cm e a Lei de Stokes deverá ser aplicada no intervalo de granulometria compreendido entre 0,01 mm e 0,128 mm. Em papel log-log, a curva u1 vs D é wna reta de coeficiente angular 2 e então apenas um ponto será suficiente para definí-la. Contudo, será mais preciso defmí-la por meio de dois pontos: D (cm) 0,005 0,01 b) Regime hidráulico. Lei de Newton: Ut (cm/s) 0,225 0,900 = 1 741 /981 D (2,65 - 1) = 70 _ 'I> Ut ' 1 00 V u ' Re = Dutp· = 70 01,s {1,00) = 7 000 01,s ;:,;;,, 500 µ 0,01 Portanto D ;:,;;,, 0,172 cm. O valor de D correspondente a Re = 200 000 excede o limite superior mencionado no problema (9 ,38 cm). 12 CAPÍTULO II Nwn gráfico log-log a curva Ut vs D é wna reta de coeficiente angular 0,5. Dois pontos para traçar a reta: c) Regime intermediário D (cm) 1,0 0,3 Ut (cm /s) 70 38,4 o,I 53 {981)°•71 0 1,14 (1,65)º·71 Ut = = 211,6 • D1•14 (0,01)º•43 Três pontos para traçar o gráfico: D(cm) u1(cm/s) 0,02 2,43 0,05 6,97 0,1 15 ,42 O gráfico completo encontra-se na figura 11-4. Observa-se que há boa concor- dância entre o fim da curva que corresponde ao regime laminar e o começo da correspondente ao regime intermediário (mesmo com escalas bem mais- ampliadas) . O mesmo ocorre no cruzamento das outras duas retas. Há também wna boa concordância entre a curva calculada e a obtida experimentalmente (curva ponti- lhada)<6) Tipos de sedimentação Há dois tipos de sedimentação: livre retardada ou com interferência. Nwna sedimentação livre as partículas encontram-se bem afastadas das paredes do recipiente e, além disso, as distâncias entre elas são suficientemente grandes para wna não interferir com a outra. Essa distância é da ordem de 10 a 20 diâmetros. Taggart generaliza esta definição que, como foi apresentada, leva à conclusão de que só há sedimentação livre em suspensões diluídas. Segundo Taggart a suspensão pode ser concentrada. Para que a sedimentação seja livre será suficiente que não haja interferência mútua entre as partículas, isto é, que o número de colisões entre as partículas não seja exagerado . Quando durante a sedimentação as colisões são muito freqüentes porque as partículas estão muito próximas wnas das outras ou porque a operação é conduzida com esse intuito, a sedimentação é dita retardada ou com interferência . As expres- 400 100 u, (ç,nh) 10 ,,o o, I ~ ' À li o.a C\001 rei t,e ,. ). 'I J, ~ ,, II ~eia i SEPARAÇÕES SÓLIDO-SÓLIDO ·. . , -": .• .. n .· . " ,Ó . · .. -,....J nv, ·-- g "" • ..;,! tf ,t - -, r ~· . .n .H ... J ~V .. rur. ~s:· ~ 0,01 ' [. ·.· .·. .. '-C I•,.- (::. " º·' D ( CM J ··. . • ' . , ... '; ~ ·, "· .. .·•·• .. ~ ~ ... ij 111 ~ ... J:" . .. . fi. ·. .. . - _·:. , .. - . } ,o - , ~ ... ._. .. '·· .. ·, .. " -- (. 1, '·.,· , .. . 1·. .•· g ~ ;; ' 1,0 ~ ,.= (2 ~ ... •.... '""' n . Ili . ·- ,. ' 1-• 10 Fi~ 11-4 - Comparação da curva calculada com a experimental. 13 sões apresentadas valem apenas para sedimentação livre . Na sedimentação com interferência a velocidade real é menor do que a prevista pelas expressões por diversas razões: 1~) havendo maior restrição ao escoamento das partículas a resis- tência é maior; 21!) a densidade do meio e a viscosidade são maiores neste caso; 3l!) havendo grande concentração de sólidos decantando na suspensão, haverá escoamento de fluido em sentido contrário ao das partículas durante a decan- tação. Vários métodos empíricos, a maioria aplicável a partículas esféricas, têm sido propostos(7H3H9). Os métodos de Steinour são os mais práticos(9 ). O primeiro método de Steinour consiste em multiplicar a velocidade u{ o calculada pela expressão (8) mas com a densidade P:n da suspensão em lugar da densidade p' do líquido, peloproduto da porosidade e: da suspensão por t/1 (e:)0 12 -n, onde a função t/1 (e:) é dada pela figura Vl-2 do MOU(*>: •) Manual de Operações Unitárias, ref. 23. 14 CAPITULO II n , ,.. , 1, (,..)2 -n Ut = Uto • e. • Y' e. E: = volume da suspensão - volume do sólido volume da suspensão 1 4 [ªºn+1 (p - P:n)J2-n ui = - º 3 Bµ"(P:n )1-n (10) (8') n depende do regime de decantação, conforme discutido anteriormente. Em lugar da densidade p' do fluido usa-se a densidade p:n da suspensão. O critério para verificar o regime é agora o seguinte: j a (p - p:n) p:n t/J (E) K = D µ2 (11) O segundo método de Steinour consiste em corrigir a velocidade terminal Ut 0 obtida diretamente com a expressão (8) para sedimentação livre multipli- cando-a por um fator cp(E): Ut = Uto • cp (E) cp (E) = E:2 , 10-1,82 ( 1 - E:) (12) A velocidade Ut 0 é calculada pela expressão (8) com a densidade do fluido. · O método de Robinson< 1o) consiste em usar a própria lei de Stokes, porém com a densidade e a viscosidade da suspensão, P:n e µm , em lugar de p' e µ do fluido: Ut = (13) A viscosidade µm é obtida pela fórmula de Einstein ( u): (14) k = constante que depende da forma da partícula ( para esferas, k = ~) C,, = concentração das partículas em volume = 1 - E: Esta expressão é válida para C,, ~ 0,02. Para C,, maior do que 0,02 emprega-se a equação de Vand: (15) SEPARAÇÕES SÓLIDO-SÓLIDO 15 onde k e Cv têm os mesmos significados anteriores. O parâmetro q depende a 39 forma. Para esferas, q = 64 . HawksleyC12) também utiliza a viscosidade da suspensão µm numa equação de Stokes modificada, porém multiplica o resultado por E: U t = E aD2 (p - Pin) (1 6) Aplicação 2 Esferas de vidro de 0,155 mm de diâmetro são postas em suspensão em água a 20°C. A suspensão encerra 1 206 g de sólido num volume total de 1,14 Q. A densidade de sólido é 2,4 7 g/cm3 • Calcular a velocidade terminal de decantação. Solução Trata-se de sedimentação retardada. Portanto a equação (11) servirá para determinar o regime de decantação: D = 1,55 X 10-2 cm µ = 10-2 p p = 2,47 g/cm3 p' = 1 g/cm3 Cálculo de p:n (Base de cálculo 1 140 cm3 de solução) . 1 206 volume do sólido = 2 , 47 = 488 cm3 volume da água = 1 140 - 488 = 652 cm3 Pm' 1 206 + 652 = l 63 / 3 1 140 ' g cm 652 1140 = o,572 Da figura VI-2 tira-se 1/1 (E) = 0,176 Equação (11) o 652 g K' = 1,55 X rn- 2 3 981 (2,47 - 1,63) 1,63 (0,176) 2 = l 16 < 3 3 (10-2)2 ' , O regime é viscoso e a lei de Stokes pode ser aplicada com a correção de Steinour: 'n = 1 na equação 10) 16 CAPÍTULO II U't __ 981 (1,55 X 10 - 2) 2 (2,47 - 1,63) o -~~ -------'-----'-~ - ---'-----"- = 1,10 cm/s 18(10 - 2) Ut = (I ,10)(0,572)(0,176) = 0,111 cm/s O valor determinado experimentalmente por Lewis, Gilliland e Bauer é 0,119 cm/s. Observa-se que a concordância é muito boa. Aplicação 3 Repetir o cálculo anterior utilizando o segundo método de Steinour. Solução Portanto = 981 (1,55 X 10- 2)2 (2,47 - 1,00) = 1 92 cm/s 18 00-2 ) . ' IP(E:) = (0,572)2 X 10-1,s2(0,429) = 0,054 Ut = 0,054 (1,92) = 0,104 cm/s. A concordância com o valor experimental também é muito boa neste caso. Operações de separação hidráulica Para que se possa fazer uso do movimento das partículas visando separar sólidos, deve haver uma diferença de tamanho ou de densidade entre as partículas, o que permite definir dois grupos de métodos: Separações hidráulicas por diferença de tamanho Separações por diferença de densidade real Separações hidráulicas por diferença de tamanho Quando a densidade de todas as partículas da mistura é a mesma, a separação por diferença de tamanho estará baseada na maior ou menor rapidez de decan- tação. As expressões vistas anteriormente revelam que a velocidade terminal depende do diâmetro da partícula: n+1 Ut = KD2 - n n = 1 na sedimentação viscosa: Ut = K1 D2 n = O na sedimentação hidráulica: Ut = K2 D0•5 n = 0,6 no regime intermediário : Ut = K3 D1•14 (17) (18) (1 9) SEPARAÇÕES SÓLIDO-SÓLIDO 17 Sete tipos de equipamento encontram uso corrente para realizar estas ope- rações: Câmara de decantação Elutriador Decantador de duplo cone Spitzkasten Classificador Dorrco Classificador de rastelos Classificador helicoidal O primeiro é a câmara de decantação (fig. II-5). A suspensão dos sólidos no fluido é alimentada através de um duto razo numa caixa relativamente profunda comparada com a altura do duto. Na câmara as partículas grosseiras decantam rapidamente e ficam no primeiro compartimento, enquanto que as partículas menores serão carregadas cada vez mais longe, sendo recolhidas em outros compar- timentos. As partículas mais finas serão carregadas pela borda de saída da caixa antes de terem tempo de decantar. Para que a separação seja nítida a profundidade b da câmara deve ser grande comparada com a altura a do duto de alimentação, pois de outro modo as partículas da parte superior do duto irão cair num compartimento mais distante do que o correspondente. Além disso, a alimentação precisa ser lenta e uniforme para que a velocidade na câmara seja constante. Um outro meio de realizar a separação consiste em comunicar ã suspensão um movimento ascendente num tubo vertical com velocidade superior ã velocidade terminal de decantação das partículas finas. Assim estas partículas serão arrastadas pelo fluido, saindo pela parte superior, enquanto as partículas maiores sedimentarão lentamente. O equipamento é conhecido como elutriador. O decantador de duplo-cone (fig. II-6) consta de um cone fixo externo e outro ajustável interno . A suspensão é alimentada pelo topo do cone interno onde o nível é mantido um pouco acima do nível do vertedor de saída. As partículas grosseiras decantam e as finas são arrastadas por uma corrente de' água introduzida ~ ..... ~.· o o o .. . . . . . . grossos Fig. 11-5 - Câmara de decantação. 18 CAPÍTULO II 01,menraçõo grossos Fig. ll-6 - Decantador de duplo-cone. próximo à saída do material grosso. A velocidade da água tem influência sobre a granulometria da menor partícula recolhida pelo fundo , de modo que este equipa· mento combina os princípios da câmara de decantação e do elutriador. Várias unidades análogas podem ser instaladas em série, permitindo que pelo fundo de cada uma saiam partículas cuja granulometria vai diminuindo à medida que se passa de uma unidade para a seguinte. O Spitzkasten (fig. 11-7) consta de uma série de recipientes cônicos montados com o vértice para baixo. A alimentação é feita pelo topo do primeiro . Os grossos sedimentam e os finos são arrastados por uma corrente ascendente de água, saindo pela borda do primeiro cone diretamente para o segundo, que tem diâmetro maior. Os demais cones têm diâmetros cada vez maiores para atender ao aumento de vazão devido à água introduzida em cada estágio e em parte também porque se deseja reduzir a velocidade superficial do fluido entre um estágio e o seguinte. A granulometria do material recolhido no fundo de cada estágio é determinada pela vazão da suspensão, pela velocidade de subida do líquido e pelo diâmetro do recipiente. Assim, o Spitzkasten combina os princípios de funcionamento da câmara de decantação e do elutriador. O classificador Dorrco utiliza o mesmo princípio do Spitzkasten, mas os compartimentos são incorporados numa unidade compacta. Opera com suspensões SEPARAÇÕES SÓLIDO.SÓLIDO 19 olimentoçdo agua f inos Fig. II-7 - Spitzkasten. concentradas para haver decantação com interferência. Funciona bem com materiais mais finos do que 4 mesh Tyler. Há dois tipos de classificadores mecânicos que se aplicam para separar sólidos granulares grosseiros (8 a 20 mesh): o classificador de rastelos (tipo Dorr) e o helicoidal ou de escoamento cruzado (tipo Hardinge). Em qualquer um a suspensão dos sólidos a separar é alimentada continuamente num ponto intermediário do classificador.O ajuste da vazão e da concentração é feito de modo a impedir a decantação dos finos, que são carregados pelo efluente . As partículas grosseiras decantam e chegam ao fundo de uma calha inclinada onde são arrastadas mecanica- mente até a abertura de saída. No classificador de rastelos uma série de rastelos operados mecanicamente arrasta os ·grossos depositados no fundo da calha por uns 30 cm na direção da parte superior. Depois os rastelos são levantados e retornam à posição inicial a fim de repetir o movimento de arraste . Além de raspar os grossos para cima, os rastelos também agitam o líquido provocando o retorno à suspensão das partículas finas que possam ter decantado. O classificador de escoa- mento cruzado emprega um transportador helicoidal para arrastar os sólidos grosseiros até a abertura superior da calha (fig. 11-8). / 20 CAPÍTULO II fig. 11-8 - Classificador helicoidal. Separações por diferença de densidade real Afunda-flutuaC *) Decantação diferencial -(livre ou retardada) Jig hidráulico Mesa separadora Correia vibratória a) Método "sink-and-float" A tradução direta do nome deste método é afunda-flutua. Consiste na imersão da mistura de sólidos a separar num líquido cuja densidade é intermediária entre as das frações a separar. Este método permite separar misturas multicompo- nentes, desde que vários líquidos sejam empregados. A grande vantagem do método reside no fato de que a separação depende apenas da densidade, ficando o grau de separação na dependência direta do grau de finura do material em suspensão. Geralmente as partículas são maiores do que 10 mesh. Diversos tipos de líquidos podem ser utilizados, distinguindo-se líquidos verdadeiros e pseudo-líquidos. Os líquidos verdadeiros utilizados têm densidades que varia'll entre 1,0 e 3 ,5. São hidrocarbonetos halogenados ou soluções de sais corno o cloreto de cálcio. Os pseudo-líquidos são suspensões de partículas finas de um mineral pesado em água, como a magnetita ( densidade 5 ,17), o ferro-silício (7 ,O) e a galena (7 ,5). A densidade da suspensão pode variar à vontade, desde que se altere a relação água : mineral. Geralmente situa-se entre 1.2 e 3,4. O inconve: niente do uso de pseudo-líquidos é a necessidade de separar o mineral da suspensão antes do seu reaproveitamento. ( *) Sink-and-float. SEPARAÇÕES SÓLIDO-SÓLIDO 21 As principais aplicações deste tipo de separação são a limpeza do carvão e a concentração de minérios de ferro, cobre e manganês. Operando em condições apropriadas é possível conseguir a separação de sólidos cujas densidades diferem de apenas 0,1 uma da outra. Os finos interferem com a separação nítida e porisso devem ser separados previamente por peneiramento. O equipamento utilizado é o cone separatório (fig. 11-9). Os leves saem pela superfície através de um vertedor e os pesados são retirados por meio de um "air -lift". Há também equipamentos que operam por ação centrífuga, com a vantagem do tamanho reduzido, além de propiciarem a separação de sólidos muito finos . Ciclones de diâmetros que variam desde 10 cm até 1,20 m são empregados. As partículas pesadas saem pelo fundo do ciclone, enquanto as leves saem pelo topo. b) Decantação diferencial Nesta operação, tanto as partículas leves como as pesadas decantam através do mesmo fluido, porém a separação ocorre graças à diferente velocidade de decan- tação de cada uma. Três são as dificuldades: 19) As dimensões das partículas dos diversos materiais devem ser bem uniformes para que um equipamento como a câmara de sedimentação dê frações de mesma natureza. Do contrário haverá decantação conjunta de partículas leves grandes e pesadas pequenas. Geralmente a operação de uma instalação que permite uniformizar a granulometria da alimen- tação é dispendioso; 29) algumas partículas mal moídas podem encerrar os diversos agitador ct• t>ofxa roto,ao nível do liquido ·º • ·o t • o· • Fig. 11-9 - Cone separatório. + posodos 22 CAPÍTULO II materiais que devem ser separados, resultando uma densidade intermediária entre as dos constituintes; 39) por diversas razões, certas partículas deixam de seguir as leis da sedimentação e quando isto acontece a separação não é nítida. Os equipamentos utilizados na indústria operam em condições de decantação livre ou com interferência. Consideraremos o caso de misturas de dois sólidos de densidades p 1 e p 2 respectivamente. Decantação livre. Uma vez que a granulometria da alimentação é variada, existe sempre o problema da obtenção de uma terceira fração, além dos dois materiais puros, que é mistura dos componentes. Isto decorre da decantação conjunta de partículas grandes leves e pequenas pesadas. De fato, duas partículas de diâmetros e densidades diferentes podem sedimentar com a mesma velocidade num dado meio de densidade p' desde que seus diâmetros satisfaçam à relação (20) O valor de n, conforme vimos, depende do regime de decantação. Quando a lei de Stokes se aplica tem-se n = 1 e D2 = /Pi - P: D1 P2 - P No regime turbulento n = O e a lei de Newton é aplicável, resultando No regime intermediário, n = 0,6 e Pi - p' P2 - p' D2 = ( P1 - p' )o,62s. Di P2 - p' (21) (22) (23) Estas expressões fornecem os tamanhos limites das partículas que ainda possibi- litam a separação completa dos materiais. Se a relação for menor, então as menores partículas do material pesado conseguirão atingir uma velocidade de decantação maior do que as maiores partículas do material leve. Para evitar este problema será suficiente conseguir por peneiramento um material cujas partículas estejam entre os diâmetros D1 e D2 • Nestas condições a separação hidráulica poderá ser total. Em caso contrário haverá formação da terceira fração. A figura 11-10 esclarece melhor este ponto. Se o fluido no qual a separação é feita for a água e o regime for turbulento, pode-se escrever: SEPARAÇÕES SÓLIDO-SÓLIDO material p~ so' material pesado ! 1. intervalo de oranulometria º1 D Fig. U-10 - Frações obtidas por decantação diferencial. Se o fluido for o ar, então p' será muito menor do que p 1 e p2 , resultando D2 = .EJ.. D1 P2 23 É fácil concluir que a nitidez da separação aumenta com a densidade do meio. Na sedimentação com interferência a densidade do meio p~ é maior do que a do fluido e, por esta razão, a sedimentação com interferência é muito mais utilizada nas aplicações práticas. Decantação retardada. Neste tipo de operação as condições são intencionalmente ajustadas de modo a aproximar as partículas umas das outras, provocando, na medida do possível, interferências mútuas que vêm beneficiar duplamente a sepa- ração: 1 Q) Pelo aumento substancial da capacidade do sistema empregado para realizar a operação. 29) Pela maior nitidez conseguida na separação de materiais de densidades e tamanhos diferentes. De fato, a relação entre os diâmetros das partículas leves e pesadas que decantam com a mesma velocidade é praticamente o dobro da relação obtida por decantação livre. Isto é razoável, pois a interferência con- tínua e a agitação comunicada às partículas impossibilitam a formação de aglomerados de partículas pequenas, evitando que elas sejam classificadas entre as maiores. Por outro lado, as próprias expressões anteriormente apre- sentadas deixam claro que o aumento da densidade do meio onde está 24 CAPÍTULO II ocorrendo a decantação acarreta um aumento da relação entre os diâmetros das partículas leves e pesadas que decantam simultaneamente. De fato, partindo das expressões (10) e (8') e englobando numa constante K tudo que independe do diâmetro e da densidade, resulta: 1 Ut = K[ (p -Pin)l/l(E)nDn+1 J 2-n Para que uma partícula do material leve (2) decante em conjunto com uma do material pesado (1) deve-se ter Ut 1 = Ut 2 , isto é Se o regime for viscoso (n = 1) resulta: D, D1 No regime hidráulico (n = O): D2 = Pi - Piu D1 P2 - Pin (20') (2 1 ') (22') Estasexpressões foram obtidas adotando a primeira correção de Steinour. Se o tratamento proposto por Hawksley fosse adotado resultariam expressões análogas ' . ' f t 1/1 (E:)i El 1 1 - D2 as antenores, porem, sem o a or ~( ) . as reve am que a re açao - cresce 'I' E 2 D1 à medida que a densidade do meio Pin aumenta. Muito embora o número de tipos de equipamentos utilizados neste caso seja grande, as diferenças estão mais nos detalhes do que propriamente no princípio de funcionamento. Os mais importantes são o Jig hidráulico, a mesa separadora, a correia vibratória e a espiral de Humphreys. t 1. fig hidráulico Embora antigo, é o separador hidráulico mais utilizado por causa de sua simplicidade. É geralmente construído de modo a formar um conjunto de várias unidades. Cada uma consiste de uma câmara com fundo inclinado separada em dois compartimentos que se comunicam pela parte inferior (fig. II-11). Numa das câmaras há um pistão retangular acionado por um excêntrico que opera com uma freqüência de 120 a 300 ciclos por minuto e amplitude de 0,5 a 5 cm. Na outra câmara há uma peneira colocada horizontalmente abaixo do nível das canaletas de entrada e saída. O Jig só permite a decantação durante períodos curtos, de ~ i i SEPARAÇÕES SÓLIDO-SÓLIDO CORT( A-A concentrado fino /produtoooJlg 1 Fig. 11-11 - Jig hidráulico. 25 CORT( B· B concentrado fino modo que a velocidade terminal não chega a ser atingida. Por este motivo opera satisfatoriamente com materiais de granulometria heterogênea. O material pode ser alimentado seco, mas em geral chega em suspensão diretamente sobre a peneira. Em virtude do movimento descendente do pistão as partículas que se encontram sobre a peneira entram em suspensão e podem decantar quando o pistão sobe. É durante a subida do pistão que a corrente líquida é alimentada no Jig. O material pesado tende a se localizar sobre a peneira, enquanto o leve se afasta. Na realidade quatro frações são retiradas do Jig: a) Concentrado f ino , que sai pelo fundo, e que é constituído de partículas pesadas e suficientemente pequenas para passar pela peneira. É este o produto principal do Jig. b) Concentrado grosso, constituído de partículas pesadas grandes que não puderam passar pela peneira. Esta fração pode ser removida automaticamente por uma abertura lateral ou raspada com rastelo, logo depois que a camada superior (médios) for removida. Algumas partículas permanecem sobre a peneira para formar o próximo leito se a operação for intermitente. e) Médios, constituídos das partículas pesadas médias juntamente com as leves grandes. Estas partículas formam a camada superior de sólidos sobre a peneira e que deve ser raspada periodicamente e redclada para o britador ou moinho. d) Cauda, que é formada de partículas finas e médias do material leve,juntamente com partículas muito finas do material pesado. Esta fração é o efluente do Jig, sendo carregada pela corrente líquida para a unidade seguinte. 26 CAPÍTULO II 2. Mesa separadora(*) O modelo típico é apresentado na fig. 11-12. O material é alimentado com uma granulometria de mais ou menos 6 a 300 mesh, no canto de uma mesa plana inclinada de mais ou menos 3° em relação à horizontal. Há uma série de cristas de meio centímetro de altura paralela à borda elevada da mesa. Um mecanismo de vai-vem comunica à mesa um movimento lento de ida e bastante rápido de retorno. Ao mesmo tempo, uma corrente de água é alimentada na borda elevada da mesa. Conseqüentemente, o material a ser separado tende a se movimentar no sentido do deslocamento lento do mecanismo e ao mesmo tempo descer pela mesa em decorrência das ações combinadas da corrente líquida, do atrito fluido e da gravidade. As partículas grandes e as mais leves descem pela mesa, enquanto as demais não conseguem passar pelas cristas, sendo carregadas paralelamente a elas. Para que este dispositivo funcione bem, a diferença de densidade dos materiais deve ser grande. Dados típicos são os seguintes: tamanhos entre 1 X 3 e 2 X 5 m; freqüência 180 a 300 por minuto; consumo 3/4 a l HP por mesa; capacidade 8 a 10 t/h por mesa. gro•so• Fig. 11-12 - Mesa separadora. 3. Co"eia vibratória É utilizada para areias e suspensões finas . Consta de um transportador de correia ligeiramente inclin_ado e agitado no plano da correia. Uma corrente de água desce pela correia e remove o material leve . O material pesado é transportado pela correia, sendo descarregado na sua parte superior (fig. 11-13). ( *) Riffled Table. SEPARAÇÕES SÓLIDO-SÓLIDO 27 excentrlco grossos Fig. Il-13 - Correia vibratória. 4. Espiral de Humphreys É um duto de ferro fwidido com a forma de uma espiral vertical. Os sólidos são alimentados em suspensão a 20/40%. O material pesado sai pelo fundo, enquanto o material leve sobe pela ação da espiral. Aplicação 4 Deseja-se separar partículas de quartzo e de galena por diferença de densi- dade . Empregar-se-á para isso um classificador hidráulico em condições de sedi- mentação livre . As densidades do quartzo e da galena são respectivamente 2,65 e 7,5. A mistura original encerra partículas cujos diâmetros variam entre 0,00052 c~ e 0,0025 cm. Serão obtidas três frações: quartzo, galena e uma terceira que é mistura dos dois materiais. Calcular entre que limites variam os diâmetros das duas substâncias nesta terceira fração. A viscosidade do líquido é 1,05 cP. Solução Deve-se verificar qual é o regime de decantação. Como se trata de material fino a lei de Stokes provavelmente será aplicável. O critério será aplicado às maiores partículas do material mais denso, que é a galena : K = 0,0025 3 981 (1,0)(7,5 - 1,0) = O 213 (0,0105)2 ' Como K < 3,3, a Lei de Stokes se aplica . Com símbolos definidos na fig . 11-14 pode-se escrever: DQ = D1 j :~ = :: = 0,00052 jfl; = 0,00103 cm D = D 2 j PQ - p' G PG - p' 0,0025 = O 00126 cm /6,5 ' V 1,65 28 CAPiTULO II Galena D 1 •O,OOO!i2 Fig. II-14 - Granulometria das frações obtidas. Frações obtidas: g) quartzo: 0,00052 <D< 0,00103 2~) galena: 0 ,00126 <D< 0,0025 3~) mistura partículas de quartzo com diâmetros entre 0,00103 e 0,0025 cm - partículas de galena com diâmetros entre 0,00052 e 0,00126 cm. Aplicafâo 5 Supondo que o classificador anterior funcione de modo que se tenha sedi- mentação retardada e que a densidade aparente da suspensão possa ser considerada igual a 1,6, calcular a variação do diâmetro das partículas na terceira fração, nestas novas condições. Que conclusões podem ser tiradas? Solução Havendo interferência, as velocidades terminais diminuem e os propnos diâmetros podem sofrer alterações em decorrência da aglomeração. A terceira fração tende a se reduzir, podendo até mesmo desaparecer. Na terceira fração o diâmetro mínimo das partículas de quartzo será j .7 5 - 16 DQ = 0,00052 2 65 _ 1 ' 6 = 0,0012 cm ' ' e o diâmetro máximo das partículas de galena resulta De = 0,0026 JifJ : /66 = 0,00106 cm SEPARAÇÕES SÓLIDO-SÓLIDO 29 Observa-se que a quantidade de um dos minerais (o quartzo) numa das frações homogêneas aumenta, diminuindo na terceira fração : 1~) quartzo entre 0,00052 e 0,00123 (antes 0,00103) 2~) galena entre 0,00106 e 0,0025 (antes 0,00126) 3~) quartzo: 0,00123 (antes 0,00103) a 0,0025 galena: 0,00052 a 0,00106 (antes 0,0126) Conclusão: se a densidade do meio for aumentada ainda mais, a terceira fração poderá desaparecer. É bastante trabalhar com p' tal que DQ = D2 = D1 j 2~:5 -_ P;, , isto é, p' = 2,55. 3. FLOTAÇÃO É este atualmente o método mais importante para concentrar romenos pobres. E constitui também a mais curiosa das operações de separação de sólidos. Baseia-se no fato de que as superfícies dos sólidos apresentam (ou podem apresentar após um tratamento químico adequado) umectabilidades diferentes por líquidos de polaridades diferentes. O negro de fumo por exemplo, é molhado com muito mais facilidade pelos líquidos orgânicos doque pela água, ao passo que o quartzo se comporta do modo oposto. Nestas condições, se uma suspensão de quartzo e negro de fumo em água for agitada com benzeno e depois deixada em repouso, o quartzo ficará na camada aquosa e o negro de fumo flutuará com o benzeno. Contudo a utilização de líquidos orgânicos na flotação é proibitiva economicamente , mas é possível conseguir praticamente o mesmo efeito adicio- nando um agente espumante, como óleo de pinho ou rosina, à suspensão aquosa do mineral finamente moído e borbulhando ar na mistura. À medida que as bolhas de ar sobem pela suspensão sua superfície fica recoberta de uma película adsorvida do agente tensoativo que normalmente é bastante gorduroso. As partículas sólidas que são molhadas preferencialmente pelo óleo ( oleofílicas) aderem às bolhas e são carregadas para a superfície do líquido, ficando retidas na espuma. As outras permanecem em suspensão. Como se pode observar, este método lança mão da densidade aparente do agregado sólido-ar, que é muito menor do que a densidade real do sólido. Até materiais bastante pesados e grosseiros poderão flutuar em água por este método . Muito embora esta propriedade seja típica de materiais porosos, algumas subs- tâncias como os sulfetos de cobre, chumbo, estanho, zinco, prata e mercúrio são fortemente oleofllicas, podendo ser separadas da ganga (principalmente quartzo) que os acompanha com rendimento extraordinário. Minérios com 2% de sulfeto chegam a dar concentrados com 90% e rendimento superior a 90%. Em certos casos a diferença de umectabilidade não é suficientemente grande para permitir a separação por flotação, porém o acréscimo à suspensão de certos \ 30 CAPÍTULO II compostos solúveis em água torna possível a operação graças à adsorção preferencial desses compostos a um dos sólidos. Um composto deste tipo é denominado coletor. Os mais comuns são os etil-xantatos de sódio ou potássio (obtidos pela reação entre o sulfeto de carbono, a soda ou potassa e o etanol) e o diazo-amino-benzeno. Acredita-se que a adsorção ocorre via ligações entre o xantato e os íons metálicos do sólido. Outros agentes de flotação costumam ser usados além do coletor: o ativador e o reprimente ou modificador. Vimos que o coletor é adsorvido pelo sólido que assim se toma hidrófobo. O ativador promove a adsorção do coletor nos casos em que sua afinidade pelo sólido é pequena. Acredita-se que o ativador sirva de ligação entre o coletor e a superfície sólida. São exemplos os eletrólitos inorgânicos simples, como o sulfato de cobre , e íons metálicos como Ca++, Ba++ ou Mg++_ Um agente reprimente evita a adsorção do coletor nas superfícies que não devem ser tornadas oleof11icas. O sulfato de sódio é apropriado para certos sólidos, mas o reprimente clássico é o cianeto de sódio. O resultado prático de uma flotação não depende apenas do emprego dos agentes de flotação , mas também de certas propriedades das partículas, como granulometria, além de fatores físicos como densidade da suspensão, velocidade de aeração, agitação, estabilidade da espuma e pH. A quantidade de óleo como o de pinho necessária para formar bolhas capazes de aderir à superfície sólida é bem pequena. Geralmente 100 a 300 g por tonelada de minério são suficientes. As bolhas de ar são obtidas introduzindo ar comprimido na suspensão através de um fundo poroso existente na célula de flotação ou por agitação. Freqüentemente pela combinação dos dois. O sólido deve ser finamente moído (65 a 200 mesh) e a concentração da suspensão é de 10 a 35% de sólidos. A quantidade de coletor varia entre 25 g/tonelada e um máximo de 500 g/t depen- dendo do tipo de coletor(1s). O equipamento utilizado pode ser uma série de spitzkastens. A ganga afunda e o minério flutua na espuma que é raspada e vai para um filtro rotativo a vácuo. Outras vezes o produto desejado é o que fica em suspensão. Há células fabricadas especialmente para flotação, sendo exemplos as células da Denver, da Bethehem Steel Company, a Simcar-Geco e a célula Callow(19 )_ Esta última (fig. 11-15) é um tanque de fundo inclinado recoberto com material poroso sob o qual é injetado ar comprimido continuamente. Prepara-se a mistura dos agentes de flotação com a suspensão e alimenta-se à extremidade raza do tanque. A mistura é dirigida para o fundo do tanque por meio de uma chicana. O componente que se molha sai pelo fundo, enquanto que o hidrófobo vai para a superfície, transborda pelo vertedor e sai pela parte superior do tanque. Posteriormente vai para um espessador e um filtro rotativo . A operação completa é geralmente feita conforme indicado na fig. 11-16. O condicionador é apenas um tanque com misturador onde são adicionados os agentes de flotação . Um moinho de bolas também pode ser utilizado como condi- cionador. A função das células primárias é recuperar o máximo possível do componente desejado. As células de limpeza melhoram a qualidade do concentrado pela eliminação de material não flotável arrastado pelo produto desejado. SEPARAÇÕES SOLIDO-SÓLIDO - vertedor <n descarga de espuma ar comprimido produto que afunda ( hldrotilo J Fig. 11-15 - Célula de flotação Callow. ca,u la s primarias de produto de cauda de limpeza ce/u/o s concentrado agentes de "º'ª'ªº Fig. 11-16 - Fluxograma da flotação. 4. SEPARAÇÃO MAGNÉTICA produto de cauda 31 A separação magnética baseia-se na diferença de intensidade da atração sofrida pelos sólidos ao passarem pelo campo de um eletro-ímã. Se um dos sólidos for mais ou menos magnético, poderá ser retido ou desviado de sua trajetória, enquanto as partículas do outro não sofrem qualquer ação do campo magnético, ' L 32 CAPÍTULO II o que permite realizar a separação. Aplica-se bastante bem para separar pedaços de ferro de materiais moles ou quebradiços que vão ser submetidos a operações de fragmentação ou reações nas quais o ferro interfere. A eliminação do ferro das areias de fundição e dos retalhos de alumínio também constituem exemplos de separações magnéticas. Atualmente estas operações podem ser muito bem cóntro- ladas, permitindo separar materiais com características magnéticas quase idênticas. O método já é útil quando a atractabilidade relativa dos materiais difere de menos do que 0,4. A tabela II-i20) apresenta valores da atractabilidade relativa de alguns materiais comuns. TABELA II-2 Material Ferro Magnetida (Fe3 0 4 ) Hematita (Fe1 0 3 ) Quartzo (Si O,) Pirita (FeS1 ) Gesso (Caso •• 2H,O) Galena (PbS) Atractabilidade relativa 100 40 1,3 0,37 0,23 0,12 0,04 O equipamento utilizado é bastante simples, podendo ser classificado como eliminador ou concentrador. Quanto ao número de aplicações os primeiros são mais importantes, sendo exemplificados pelas polias magnéticas e os transporta- dores de correias com polias de descarga magnéticas. Os exemplos anteriores constituem aplicações típicas de eliminadores magnéticos. Na fabricação de celulose de trapos também são empregados eliminadores magnéticos de ferro antes da alimentação dos digestores. Os dispositivos concentradores são de construção mais cuidadosa, consti- tuindo exemplos os seguintes: a) polias magnéticas, que acarretam uma deflexão maior ou menor da trajetória das partículas durante sua queda, o que permite realizar a classificação (fig. Il-l 7a). As polias têm eletro-ímãs que permitem ajustar a intensidade do campo magnético. b) Concentradores Davies e Bali-Norton, que constam de duas correias trans- portadoras curtas que se movimentam no mesmo sentido a pequena distância uma da outra. A superposição das correias é parcial e pode ser alterada de modo a permitir obter o grau de separação desejado (fig. Il-17b ). O material pulverizado é alimentado em camada fina sobre a correia inferior. O campo magnético que atua na correia superior atrai o material magnético para essa correia. Esse material é raspado da polia de descarga superior enquantoo material não magnético é descar- regado do modo habitual pela polia de descarga da correia inferior. Quando os dois materiais forem magnéticos, ou se houver um maior número de materiais a separar, este equipamento permite fracionar a mistura, desde que se varie a inten- sidade do campo magnético, a velocidade e a superposição das correias de modo a obter experimentalmente a melhor combinação destes fatores. SEPARAÇÕES SÓLIDO-SÓLIDO olimentoçõo + ,. • • • ............ t, .. • • • • •• • ... • • .. .. .... + • • 33 polia de descarga • •• • • • CQ + + o) polia mognetica b) Bati-Norton Fig. 11-17 - Separadores magnéticos. c) Para separar sólidos em suspensão há separadores magnéticos úmidos. No tipo representado na fig. 11-18 a suspensão é alimentada pela parte superior de um tanque no fundo do qual se deposita o material não magnético. O material magnético é atraído por uma correia transportadora sujeita à ação de um campo magnético produzido por uma série de eletro-ímãs, adere à correia e é transpor- tado para um segundo tanque no fundo do qual se deposita. Jatos de água dirigidos tangencialmente à correia facilitam a descarga deste material. Também há jatos que lubrificam a superfície da correia quando esta se aproxima dos eletro-ímãs. Dispositivos como este são utilizados para recuperar ferro-silício de minérios magnéticos de ferro com um rendimento de 99 ,9%. O ferro-silício é utilizado como densificador de fluidos empregados na concentração de minérios de ferro por decantação retardada e na obtenção de pseudo-líquidos nas operações de separação por diferença de densidade real. 5. SEPARAÇÃO ELETROSTÁTICA Baseia-se na diferença entre as propriedades elétricas dos materiais. Quando uma partícula de um sólido bom condutor entra em contato .com uma superfície 34 CAPÍTULO II Fig. Il-18 - Separador magnético para suspensões. fortemente carregada de eletricidade, ela se se eletriza com carga de mesmo sinal que a da superfície, sendo repelida. As partículas isolantes permanecem sobre a superfície até serem removidas mecanicamente. O equipamento típico é o separador Huff (fig. 11-19). A mistura moída dos sólidos a separar é alimentada sobre uma placa metálica M que é ligada à material mattJrlat mau medio condUtor condutar otimenraçõo • . .. º· •• ·º material oom condufor Fig. 11-19 - Separador Huff. liaoçõo ~a terra SEPARAÇÕES SÔLIDO-SÔLIDO 35 terra. Um fio de cobre, mantido em potencial elevado no interior de um eletrodo de madeira E, produz uma descarga silenciosa entre E e M. As partículas melhor condutoras sofrem maior influência desta descarga, eletrizam-se e se afastam do eletrodo. As menos condutoras caem mais perto de E. Cada tipo de partícula é recolhldo num silo apropriado. Um modelo variante consta de um cilindro giratório eletrizado sobre o qual as partículas são alimentadas. Bem próximo há um eletrodo com carga de sinal contrário. Ao passar pelo campo elétrico criado, as partículas eletrizam-se em graus diferentes e durante sua queda a deflexão sofrida será maior ou menor, o que permite recolher as diversas frações em silos apropriados (fig. 11-20). Há modelos com dois cilindros eletrizados com cargas diferentes e que giram em sentidos contrários. As partículas eletrizadas positivamente são captadas pelo cilindro de carga negativa. As outras são desviadas pelo cilindro positivo . • escova o o o • • • condutor medi o m~condutor Fig. 11-20 - Separador de cilindro giratório. QUESTÕES PROPOSTAS 1. Quando o pistão de um jig hldráulico desce, provoca o afastamento das partí- culas que se encontram nas proximidades da peneira. Quando as partículas mais pesadas começam a decantar encontram um fluido mais denso por causa da grande quantidade de partículas médias ali presentes. O valor dessa densidade pode ser medido com um densímetro. RichardsC21>, trabalhando com uma mistura de quartzo e galena cuja granulometria estava entre 0,5 nun e 2 mm, encontrou uma relação entre os diâmetros das partículas que decantavam conjuntamente em regime de 36 CAPÍTULO II decantação livre em água, entre 3,0 e 3,7. Por outro lado, encontrou um valor de 5 ,2 quando trabalhou com um jig no qual a densidade da suspensão junto à peneira tinha densidade 1,5. Qual é a sua opinião sobre os resultados de Richards? 2. Pretende-se separar totalmente dois materiais cujas densidades são respectiva- mente 8,1 g/cm3 e 2,2 g/cm3 por um processo de decantação com interferência (retardada). A mistura sólida a ser alimentada encontra-se toda ela entre as peneiras de 100 e 400 mesh Tyler. a) Qual deverá ser a densidade aparente mfuima do fluido para permitir esta separação? b) Que influência terá a viscosidade do meio sobre esta densidade mínima? 3. Relacione a velocidade das partículas em relação ao fluido com a velocidade relativa ao recipiente onde está ocorrendo uma decantação retardada. ( Resp . Utf = u: ) 4. Relacione P:n com p e p'. O significado dos símbolos encontra-se no texto. (Resp. P:n = p (1 - E) + p'E) 5. Calcule a velocidade terminal de sedimentação em regime hidráulico, de part í· cuias cúbicas de galena em água a 25°C, em função do diâmetro equivalente De , definido como o diâmetro de esfera que tem o mesmo volume da partícula. Segundo E. S. Pettyjohn e E. B. Christiansen, Chem. Eng. Progr., 44, 157-172 (1948) o coeficiente de atrito superficial pode ser calculado pela equação C = 5,31 - 4,88 VI , onde VI é a esfericidade das partículas (relação entre a área externa da esfera de mesmo volume que a partícula e a área externa da partícula). A densidade da galena é 7 ,5. 6. Calcule o tempo necessário para uma esfera de quartzo de 0,0089 cm de diâ- metro atingir 99,9% de sua velocidade terminal em água a 25°C. Este tempo seria maior ou menor se a sedimentação fosse realizada no ar a 40ºC e 1 ata? A densi- dade do quartzo é 2,65. dx 1 . ',/a+ X~ Nota: J 2 = . r::.: Qn . e tt: , para a > O e b < O. a + bx 2v ab v a - xv - b 7. Os viscosímetros de esfera permitem obter a viscosidade de um líquido por meio do tempo necessário para uma esfera de aço passar por dois t raços gravados num tubo ligeiramente inclinado. No caso presente a esfera tem 0 ,625 cm de diâmetro e sua densidade é 7 ,9 g/cm3 • Enche-se o viscosímetro com óleo de densi- dade 0,88 g/cm3 e o tempo empregado pela esfera para percorrer os 25 cm entre as duas marcas é 6 ,35 s. Calcule a viscosidade do óleo . (Resp. 3 975 cP) SEPARAÇÕES SÓLIDO-SÓLIDO 37 8. Um carvão fino impurificado com areia deve ser totalmente separado da areia por peneiramento seguido de elutriação com água. Pensou-se em elutriar separada- mente as duas frações obtidas por peneiramento. Recomende uma peneira que produza uma fração grosseira capaz de ser integralmente separada por elutriação. Dados: a) a mistura original apresenta uma granulometria inferior a 20 mesh Tyler; b) as densidades do carvão e da areia são respectivamente iguais a 1,35 e 2,65 g/rnl . 9. Deseja-se separar uma mistura de galena e quartzo de granulometria compreen- dida entre 0,58 µ e 2,5 µ em duas frações por meio de um processo de sedimen- tação retardada. Qual deverá ser a densidade aparente mínima d~ suspensão necessária para atingir o objetivo visado? Densidades: da galena = 7 ,5, do quartzo = 2 ,65. (Resp. 2,37 g/rnl) 10. Calcule a velocidade terminal de decantação retardada de partículas de horn- blenda de 100 µ em água a 20°C. A porosidade da suspensão é 0,3. (Resp. 0,67 cm/s) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (1) Hunsaker, J . C. e Rightmire, B. G., "Engineering Aplications of Fluid Mechanics", cap. X, McGraw-Hill Book Company, Inc., New York (1947). (2) Perry, J. 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B., "Principies of Unit Operations", p. 450, John Wyley & Sons. lnc., New York (1960). • 38 CAPÍTULO II (13) Allen, H. S., Phil. Mag., 50, 323, 519 (1900). (14) Klyachko, L., Otopl. i Ventil. (4) (1934). (15) Sisk, F. J., comunicação pessoal a W. Strauss, "Industrial Gas Cleaning", p. 176, Pergamon Press, New York (1975). (16) Schiller, L. e Naumann, A., Z. Ver. Deut. Ing., 77, 318 (1933). (17) Langmuir, I. e Blodgett, K. B., General Electric Research Laboratories, Schenectady, N. Y., Report R. L. 225 (1944/5). (18) Bruyn, P. L., "The Chemical Theory of Flotation", p. 7, Massachussetts Institute of Technology (1956). (19) Coulson, J . M. e Richardson , J. F., "Chemical Engineering", vol. II, p. 912, McGraw-Hill Book Company Inc., New York (1955). (20) Kirk, R. E. e Othmer, D. F. - "Encyclopedia of Chemical Technology", vol. 8, p. 625, Interscience Publishers Inc., New York (195 2). (2 1) Richards, R. H., Trans. Amer. Inst. Min. Eng., 409 (1894) 38, 210, (1908) . (22) Roberts, E. 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Do primeiro tipo são as operações de decantação, que podem ser sub-divididas de acordo com a concentração da suspensão ou com o fim visado: clarificação, que envolve suspensões diluídas e cujo objetivo é obter a fase líquida com um mínimo de sólidos; e espessa- mento, que visa obter os sólidos com um mínimo de líquido, partindo de suspensões concentradas. As operações do segundo tipo são exemplificadas pela filtração . 29) A força propulsara. As operações serão gravitacionais, centrifugas, por dife- rença de pressão ou eletromagnéticas. A combinação destes critérios conduz à seguinte divisão: 1. Separações por decantação clarificação espessamento lavagem 2. Decantação invertida (flotação) 40 CAPÍTULO III 3. Separações centrífugas 4. Filtração Os três primeiros métodos serão tratados neste capítulo. A filtração será objeto do capítulo seguinte . 1. SEPARAÇÕES POR DECANTAÇÃO Muito embora um sólido possa decantar sob a ação de uma força centrífuga, a decantação deve ser entendida como o movimento de partículas no seio de urna fase fluida, provocado pela ação da gravidade. Entende-se geralmente que as partículas são mais densas do que o fluido. Apesar de haver decantação de sólidos ou líquidos em gases, o caso particular que estamos considerando é o de partículas sólidas que decantam através de uma fase líquida. A decantação pode visar a clarificação do líquido, o espessamento da sus- pensão ou a lavagem dos sólidos. No primeiro caso parte-se de uma suspensão com baixa concentração de sólidos para obter um líquido com um mínimo de sólidos. Obtém-se também uma suspensão mais concentrada do que a inicial, mas o fim visado é clarificar o líquido. No segundo caso parte-se de uma suspensão concen- trada para obter os sólidos com a quantidade mínima possível de líquido. Algumas vezes, como no tratamento de minérios de zinco, chumbo e fosfatos, procura-se atingir os dois objetivos simultaneamente: obter uma lama (de ganga) com pouca água e ao mesmo tempo um concentrado com um mínimo de ganga. É óbvio que um mesmo decantador pode funcionar corno clarificador ou espessador. A terceira finalidade é a passagem da fase sólida de um líquido para outro, para lavá-la sem recorrer à filtração, que é urna operação mais dispendiosa. Neste caso a decantação pode ser realizada em colunas nas quais a suspensão alimentada pelo topo é tratada com um líquido de lavagem introduzido pela base. A decan- tação das partículas sólidas realiza-se em suspensão de concentração praticamente constante. Infelizmente estas operações são muito instáveis, pois as diferenças locais de concentração provocam escoamentos preferenciais intensos. O recurso é utilizar decantadores em série operando em contra-corrente . O exemplo típico é a lavagem da lama de carbonato na inàústria da celulose pelo processo sulfato. Fundamentos teóricos Vimos, ao tratar das separações hidráulicas, que as leis que regem as ope- rações de decantação dependem da concentração das partículas sólidas na suspensão onde elas se movem. Pode haver decantação livre ou retardada, mas de um modo geral, os fatores que controlam a velocidade de decantação do sólido através do - SEPARAÇÕES SÔLIDO-LíQUIDO 41 meio resistente são as densidades do sólido e do líquido, o diâmetro e a forma das partículas e a viscosidade do meio. Esta última propriedade sofre a influência da temperatura, êle modo que, dentro de certos limites, é possível aumentar a veloci- dade de decantação aumentando a temperatura. No entanto, o diâmetro e as densidades são fatores mais importantes. Grandes vantagens práticas resultam do aumento do tamanho das partículas antes da decantação. O aumento do tamanho das partículas sólidas é essencial no caso de sistemas coloidais porque neste estado a decantação é impossível, uma vez que o movimento browniano e a repulsão elétrica entre as partículas anulam a ação da gravidade. Dois são os métodos empregados para se conseguir este objetivo: digestão e flocu- lação. · A digestão, empregada no caso de precipitados, consiste em deixar a sus- pensão em repouso até que as partículas finas sejam dissolvidas enquanto as grandes crescem à custa das pequenas. Este fato decorre da maior solubilidade das partículas pequenas relativamente às grandes. Uma solução saturada em relação às partículas grandes não estará saturada em relação às pequenas. Este método não é de aplicação geral, sendo útil apenas no caso de substâncias cristalinas pouco solúveis obtidas por precipitação. A floculação consiste em aglomerar as partículas à custa de forças de van Der Waals, dando origem a flocos de maior tamanho que o das partículas isoladas. O grau de floculação de urna suspensão depende de dois fatores antagônicos: 1 Q) a probabilidade de haver o choque entre as várias partí- culas que vão formar o floco; 2Q) a probabilidade de que, depois da colisão, elas permaneçam aglomeradas. · O primeiro fator depende da energia disponível das partículas em suspensão e, por este motivo, uma agitação branda favorece os choques, aumentando o grau de floculação. Se a agitação for muito intensa, haverá tendência à desagregação dos aglomerados formados. A probabilidade dos aglome- rados recém-formados não se desagregarem espontaneamente pode ser aumentada com o emprego de floculantes, que são de quatro tipos: 1) eletrólitos que neutra- lizam a dupla camada elétrica existente nas partículas sólidas· em suspensão, elimi- nando dessa forma as forças de repulsão que favorecem a dispersão. Uma vez neutralizadas, as partículas podem aglomerar-se, formandoflocos de dimensões convenientes. Se o tratamento for bem feito, os flocos serão visíveis sem dificul- dade. O poder aglomerante do eletrólito será tanto maior quanto maior for a valência dos íons (regra de Hardy-Shulze). 2) Coagulantes que provocam a formação de precipitados gelatinosos capazes de arrastar consigo, durante a decantação, as partículas finas existentes em suspensão. Os hidróxidos de alumínio e ferro são empregados correntemente na clarificação de águas. O silicato de sódio também é utilizado com freqüência. 3) Agentes tensoativos e materiais como amido, gelatina e cola, que decantam arrastando consigo os finos de difícil decantação. 4) Polie/e- trólitos, que são polímeros de cadeias longas com um grande número de pontos ativos nos quais as partículas sólidas se fixam. As cadeias funcionam como ligações entre as partículas e, uma vez que urna partícula pode se fixar a mais de duas cadeias, estas acabam por se reunirem formando flocos< 1). A escolha do melhor floculante para um dado caso específico deve ser feita experimentalmente. A concentração utilizada varia entre 0,1 e 100 ppm. -, ~--- 42 CAPÍTULO III Decantadores para sólidos grosseiros Pelo que acaba de ser discutido, a separação de sólidos grossos de uma suspensão deve ser uma operação mais simples de conduzir do que a de partículas finas. Poderá ser realizada em tanques de decantação operando em batelada ou em regime contínuo. O sólido pode ser retirado pelo fundo e o líquido um pouco acima, ou ambos pelo fundo, através de manobras adequadas. O inconveniente destes equipamentos é que eles não permitem uma classificação dos sólidos pelo tamanho. Quando isto é requerido , empregam-se decantadores contínuos, cujos modelos mais comuns na indústria química são o de rastelos, o helicoidal, o ciclone separador e o hidroseparador. Em muitas ocasiões uma reação química ou uma lavagem podem ter curso simultaneamente com a separação realizada nestes equipa- mentos, sendo exemplo a caustificação da lixívia verde na indústria da celulose . Alimenta-se cal à lixívia verde e a reação de caustificação ocorre transformando o carbonato de sódio em soda cáustica, enquanto o carbonato de cálcio precipita sob a forma de partículas finas que são arrastadas pelo líquido através do vertedor. As pedras, areia e calcário existentes na cal utilizada são separados pela ação dos rastelos ou da helicoide. No decantado, de rastelos (fig. 111-1), exemplificado pelo tipo Dorr, a sus- pensão é alimentada num ponto intermediário de uma calha inclinada. Um conjunto de rastelos arrasta os grossos, que decantam facilmente, para a parte superior da calha. Chegando ao fim do curso os rastelos são levantados e retomam para a parte inferior da calha onde são novamente levados até o fundo para raspar os grossos. Devido à agitação moderada promovida pelos rastelos, os finos perma- necem na suspensão que é retirada através de um vertedor que existe na borda inferior da calha. finos + Fig. 111-1 - Decantador de rastelos. SEPARAÇÕES SÓLIDO-LÍQUIDO 43 O helicoidal acha-se representado na fig. III-2. A helicoide arrasta continua- mente os grossos para a extremidade superior de uma calha semi-circular inclinada. Mais uma vez o movimento lento provocado pelo mecanismo transportador evita a decantação dos finos que saem com · a suspensão através do vertedor. Outro tipo de separador para sólidos grosseiros é o ciclone classificador. A alimentação é feita tangencialmente na secção superior cilíndrica do ciclone por meio de uma bomba. Os finos saem pela abertura no topo, enquanto os grossos saem pelo fundo da parte cônica inferior, através de uma válvula de controle. Diâmetros característicos variam desde 8 cm até 80 cm. O hidroseparador mais conhecido é um tanque cilíndrico de fundo cônico e equipado com rastelos que giram lentamente. O diâmetro varia entre 1,50 m e 80 m. A profundidade varia de 0,50 m até 1,00 m no centro. Estes dispositivos funcionam mais propriamente como classificadores ou separadores de primeiro estágio, uma vez que os finos terão que ser retirados posteriormente do líquido em decantadores de segundo estágio. Fig. IIJ-2 - Decantador helicoidal. Decantadores para sólidos finos A decantação de sólidos finos pode ser realizada sem interferência mútua das partículas (decantação livre) ou com interferência (decantação retardada) . De um modo geral, é a concentração de sólidos na suspensão que determina o tipo de decantação. As leis de Stokes e Newton, bem como as correlações empíricas para a decantação retardada, aplicam-se ao cálculo da velocidade de decantação. Todavia o projeto dos decantadores é feito com base em ensaios de decantação realizados em laboratório, sendo a razão disto o desconhecimento das verdadeiras caracte- rísticas das partículas. De fato, é impossível predizer o tamanho dos flocos for- mados, sendo difícil até mesmo reproduzir com segurança as condições que conduzem a um determinado tipo de floculação. A forma dos flocos é indefinida e, uma vez que a proporção da água retida é variável, nem mesmo a densidade das partículas é conhecida com certeza. Os ensaios de laboratório permitem obter a curva de decantação da suspensão, sendo conduzidos de modo diferente quando se trata de suspensão diluída ou concentrada. Como as curvas de decantação aplicam-se diretamente no projeto do equipamento, serão discutidas após havermos apresentado os principais decantadores. As suspensões diluídas são decantadas com o objetivo de clarificar o líquido e o equipamento que se emprega é um clarificador. As suspensões concentradas, 44 CAPÍTULO III por outro lado, destinam-se a produzir uma lama espessa e o decantador neste caso é um espessador. A construção, no entanto, é a mesma num caso e outro . Há decantadores de batelada e contínuos. O decantador de batelada mais simples é um tanque retangular ou cilíndrico com saídas laterais em alturas dife- rentes e que são abertas à medida que o líquido da parte superior clarifica. O lodo é retirado pelo fundo . O decantador contínuo mais conhecido é o cone de decan- tação. A alimentação é feita através de um tubo central na parte superior do equipamento (fig. IIl-3) . O líquido clarificado é recolhido numa canaleta periférica, sendo a lama retirada pela parte inferior por meio de uma bomba de lama ou por gravidade. A descarga pode ser contínua ou intermitente. No primeiro caso a vazão da lama deve ser ajustada cuidadosamente , o que não é fácil. No segundo caso uma válvula existente no fundo do decantador é aberta a intervalos regulares para dar saída à lama durante um certo tempo . O comando pode ser manual, isto é, o operador dá a descarga e fecha a válvula quando a lama que está sendo retirada começa a ficar diluída, ou automático, através de uma boia e alavancas externas. A boia abre quando a densidade da lama atinge um valor definido. O ângulo do cone não deve ser maior do que 45° a 60° para facilitar a descarga da lama . À medida que o diâmetro de um cone decantador aumenta, sua altura vai aumentando proporcionalmente. Por esta razão existem decantadores de fundo muito pouco inclinado e munidos de rastelos que conduzem a lama para a saída (fig. III-4a). Os rastelos são braços (um, dois ou quatro) com paletas inclinadas de forma a conduzir a lama para o centro. Giram à razão de 1 rotação cada 5 ,a 30 minutos. Além de conduzirem a lama para a saída, os rastelos também agitam brandamente a suspensão, facilitando a floculação . O diâmetro varia bastante, • • Fig. III-3 - Cone de decantação. SEPARAÇÕES SÓLIDO-LIQUIDO 45 planta dispositJvo de Jevonromento \ corte - AA Fig. III -4a - Decantador de rastelos. 5aido comuns decantadores de 10 a 100 m de diâmetro e 3,5 a 4,0 m de profun- 5rlade. A capacidade de um decantador depende da área de decantação. Quando ±:êaS muito grandes são requeridas usam-se baâas de decantação feitas diretamente ::o terreno ou decantadores de bandejas
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