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TRABALHO PENAL DOS CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO UNISAL – MARIA AUXILIADORA
Heloisa Morante Marinheiro
Dos Crimes Contra a Organização do Trabalho
Americana
2017
CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO UNISAL – MARIA AUXILIADORA
Heloisa Morante Marinheiro – RA: 160006156
Dos Crimes Contra a Organização do Trabalho
Trabalho acadêmico redigido com o objetivo de analise e estudo complementar na disciplina de “Crimes Contra a Pessoa, o Patrimômio e a Organização do Trabalho”, na graduação de bacharelado em Direito pelo Centro de Educação Salesiano de São Paulo (Unisal – Campus Maria Auxiliadora), com orientação da Prof°. Cristiane Tranquilim Lisi.
Americana
2017
SUMÁRIO
1. Introdução................................................................................................................... 4
2. Justificativa................................................................................................................. 5
Atentado contra a liberdade do trabalho............................................................... 6
Atentado contra a liberdade do contrato de trabalho e boicotagem violenta..................................................................................................................... 7
Atentado contra a liberdade de associação.......................................................... 8
Paralisação de trabalho, seguida de violência ou perturbação da ordem........................................................................................................................ 9
Paralisação de trabalho de interesse coletivo...................................................... 10
Invasão de estabelecimento industrial, comercial ou agrícola. Sabotagem................................................................................................................ 10
Frustação de direito assegurado por lei trabalhista............................................. 11
Frustação de lei sobre nacionalismo do trabalho................................................. 12
Exercício de atividade com infração de decisão administrativa.......................... 13
Aliciamento para o fim de emigração..................................................................... 13
Aliciamento de trabalhadores de um local para outro em território nacional.................................................................................................................... 14
Considerações Finais.............................................................................................. 16
Referência Bibliográfica................................................................................................ 17
INTRODUÇÃO 
O presente trabalho acadêmico traz um estudo acerca dos Crimes Contra a Organização do Trabalho, com ênfase conceitual apresentada nos artigos 197 a 207. Tal direcionamento se torna de extrema relevância em virtude de diversas situações passiveis de verificação relacionados aos referidos crimes, bem como de diferentes correntes de entendimento que sustentam o tema no plano jurídico.
 
Para a caracterização do crime contra a organização do trabalho, o delito deve atingir a liberdade individual dos trabalhadores, como também a Organização do Trabalho e a Previdência, a ferir a própria dignidade da pessoa humana e colocar em risco a manutenção da Previdência Social e as Instituições Trabalhistas, evidenciando a ocorrência de prejuízo a bens, serviços ou interesses da União, conforme as hipóteses previstas no art. 109 da CF.
A redação deste foi pautada em pesquisa legislativa, doutrinária e em meio eletrônico, sobretudo no que diz respeito a jurisprudências, haja vista que o Direito é uma ciência, portanto sujeita a evolução constante.
 
A partir desse estudo, verifica-se o tema abordado, sob a ótica pontual e objetiva, e traz consigo alguns desdobramentos jurídicos que instigam a busca de solução de forma progressiva e cabal das possibilidades fáticas. 
JUSTIFICATIVA 
O presente trabalho tem como finalidade principal compreensão dos crimes contra a organização do trabalho, e sua essência analisando os requisitos formais e materiais além das consequências de cada tipo de instituto e sua relevância, através do entendimento de doutrinadores, jurisprudências e legislações relacionadas.
DO ATENTADO CONTRA A LIBERDADE DO TRABALHO
O Código Penal transcreve da sita forma sobre esse crime:
Art. 197 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça:
I - a exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou indústria, ou a trabalhar ou não trabalhar durante certo período ou em determinados dias:
 Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência;
 II - a abrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho, ou a participar de parede ou paralisação de atividade econômica:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência (CP, p.84)
O objetivo do art. 197 é tutelar sobre a liberdade laboral. O sujeito ativo que pode ser qualquer pessoa que pratica alguma das condutas típicas e o sujeito passivo é a vítima do constrangimento, através do emprego de violência ou grave ameaça a comportamentos descritos nos incisos deste artigo. 
Identificado no verbo constranger, se assemelha em partes, com o constrangimento ilegal, sobretudo, a diferença em questão é o sentido intencional do agente , devido ao fato de que o sujeito ativo deve agir de modo que o sujeito passivo seja o descrito nos incisos do artigo em questão.
É um crime de caráter doloso, solidificado na vontade livre e consciente de constranger a vitima, a fim de realizar ou deixar de realizar as condutas descritas no tipo penal. A tentativa é admissível, é um crime comum e material, bem como imediato, mesmo que a vítima possa ficar realizando contra a vontade o comportamento desejado pelo sujeito ativo, pois se consuma no ato do constrangimento da vitima.
Casa haja emprego de violência, o agente poderá responder por homicídio ou lesões corporais, em estudo de concurso material com um dos crimes da pessoa.
Versa sobre esse crime à ação penal publica incondicionada, pode se tratar de infração de menor poder ofensivo e incidem as disposições da Lei de Juizados Especiais.
 ATENTADO CONTRA A LIBERDADE DE CONTRATO DE TRABAHO E BOICOTAGEM VIOLENTA 
No Código Penal descrito no Art. 198:
“Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a celebrar contrato de trabalho, ou a não fornecer a outrem ou não adquirir de outrem matéria-prima ou produto industrial ou agrícola:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.”
Trata-se de dois delitos que configuram nesse artigo, o atentado conta a liberdade de contrato de trabalho e a boicotagem violenta, em ambos os casos, a ação é publica incondicionada, e dependendo se o potencial ofensivo é menor poderá incidir sobre as disposição da Lei de Juizados especiais. 
 No delito de atentado contra a liberdade de trabalho, esta elencado na primeira parte do art. 198, tem como sujeito passivo a vitima, e sujeito ativo o sujeito que obriga o sujeito passivo a firmar contrato de trabalho. Em casos em que o individuo é forçado a não realizar o contrato poderá ser insertado como crime de constrangimento. Pode ser mais de uma pessoa constrangida e se pesar em um único delito e admite se que a ameaça não sejam empregadas contra quem celebra o contrato como por exemplo violência contra o pai para que o filho pactue o contrato de trabalho.
Já o delito de boicotagem violenta trata do que esta disposto na segunda parte do art. 198, é uma forma forçosa a fim de obrigar a vitima a não tratar comercialmente com outros fornecedores, em se tratando tanto de adquirir ou fornecer o produto industrialou agrícola. Trata-se portanto de boicotagem a fim de provocar o isolamento econômico de outrem, sendo esse o sujeito passivo.
Visto que esses crimes são distintos a pratica das duas ações será concurso de crimes e atuando de forma violenta, aplicar-se-á o concurso material.
ATENTADO CONTRA A LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO
Disposto art. 199:
“Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a participar ou deixar de participar de determinado sindicato ou associação profissional:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.”
Ampara a liberdade de associação sindical ou profissional, que é tutelada no artigo 5º, XVII, da Constituição Federal Brasileira/88. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa que pratica em delito, pertencente ou não a sindicato ou associação, incorre no artigo 3º, f. da Lei nº4.898, de 09 de dezembro de 1965, se caso for funcionário público.
 O sujeito passivo pode ou não ser sócio ou associado, mas deve ser obrigado a participar ou deixar de participar de determinado sindicato ou associação. Ainda há o constrangimento ilegal neste artigo, mas com o fim de compelir a liberdade de associação ou não à entidade em questão. Pode ocorrer a tentativa. (MIRABETE, p. 387/388)
O elemento subjetivo, é o dolo em obrigar a vitima, a fim de participar ou não do um sindicato ou associação criminosa (CAPEZ, p.658).
A tentativa é possível e a consumação se da quando a vitima constrangida passa a integrar ou não um sindicato ou associação profissional.
Em caso de uso de violência, o concurso material é empregado, juntamente com um dos crimes contra a pessoa.
A ação penal é pública incondicionada conforme supra citado no art.197.
PARALIZAÇÃO DE TRABALHO, SEGUIDA DE VIOLENCIA OU PERTURBAÇÃO DA ORDEM 
 Dispõe o art. 200 do Codigo Penal:
Art. 200 - Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, praticando violência contra pessoa ou contra coisa:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único - Para que se considere coletivo o abandono de trabalho é indispensável o concurso de, pelo menos, três empregados.
Esse dispositivo delibera a cerca da participação ou abandono coletivo de trabalho, praticando violência contra pessoa ou contra coisa, tutelando-se a liberdade de trabalho.
O sujeito ativo deve ser a pessoa que pretende manter a paralisação do trabalho com meios violentos causando prejuízo a sociedade, pode ser o empregado lembrando, empregador ou terceiros, no caso do empregado, para que haja concurso de pessoas (greve), exige-se ao menos três pessoas conforme descrito no parágrafo único do referente artigo, a simples ameaça durante a greve não configura crime nesse artigo, e sim no art.147 do CP. Já para o empregador não é necessário o concurso de mais de um empregador. O sujeito passivo é aquele que sofre o prejuízo. Capez, define como: Lockout é o abandono de trabalho pelos empregadores e greve é o abandono de trabalho pelos empregados.
A tentativa é admissível e a consumação com a utilização de violência pelo empregado ou empregador durante o movimento (CAPEZ, p.660).
Havendo uso de violência, o agente poderá responder também pelos crimes contra a pessoa, seja por homicídio ou lesões corporais.
PARALIZAÇÃO DE TRABALHO DE INTERESSE COLETIVO
Dispõe o art.201 do Código Penal:
Art. 201 - Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, provocando a interrupção de obra pública ou serviço de interesse coletivo:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Tutela-se o interesse da coletividade previsto no caput do art.9º da Constituição Federal, que , suscita o direito de greve, não obstando o fornecimento de serviços necessários como por exemplos médicos e de segurança publica ou quaisquer que seja de necessidade publica. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, empregado (greve) ou empregador (lockout). Já o sujeito passivo trata-se da coletividade atingida pela paralisação. A conduta consiste na partipação e abandono que provoque a suspenção de serviços.
A tentativa é admissível. O elemento subjetivo é o dolo, e consiste na intenção consciente de participar da suspensão ou abandono coletivo do trabalho do próprio descrito no artigo e tendo como consequência a paralização de que se trata de obra pública ou serviço de interesse coletivo. 
INVASÃO DE ESTABALECIMENTO INDUSTRIAL, COMERCIAL OU AGRICOLA. SABOTAGEM
 Art. 202 - Invadir ou ocupar estabelecimento industrial, comercial ou agrícola, com o intuito de impedir ou embaraçar o curso normal do trabalho, ou com o mesmo fim danificar o estabelecimento ou as coisas nele existentes ou delas dispor:
 		 Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Esse dispositivo tutela a organização de trabalho, bem como o patrimônio da empresa ou pessoa física.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, já o sujeito passivo pode ser tanto a coletividade quanto a pessoa física ou jurídica que mantenha estabelecimento industrial, comercial ou agrícola.
Os delitos podem ser invasão ou conduta e sabotagem. A invasão configura a conduta de entrar indevidamente no local, a ocupação trata-se de tomar posse sem autorização, ocupar indevidamente. Mesmo se a ocupação for parcial do estabelecimento configura o delito em questão. É um crime formal, dá-se a consumação quando há invasão ou ocupação. Neste delito a consumação se da no ato da invasão independente do objetivo ser alcançado.
Quanto à sabotagem, o agente age com dolo e o intuito é danificar um estabelecimento ou as coisas que existem nele, assim como dispor dessas coisas, pode ocorrer lesionando ou vendendo algo existente no estabelecimento.
Só há punibilidade a título de dolo, e ainda a intenção de atrapalhar de algum modo e de obstar o curso normal de trabalho. É imprescindível que impeça ou embarace o curso de trabalho, pois trata-se de crime formal, ou seja, que não exige o resultado. Pune-se também a tentativa. 
FRUSTAÇÃO DE DIREITO ASSEGURADO POR LEI TRABALHISTA
Art. 203 - Frustrar, mediante fraude ou violência, direito assegurado pela legislação do trabalho:
 Pena - detenção de um ano a dois anos, e multa, além da pena correspondente à violência. (Redação dada pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998)
 § 1º Na mesma pena incorre quem: (Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998)
 I - obriga ou coage alguém a usar mercadorias de determinado estabelecimento, para impossibilitar o desligamento do serviço em virtude de dívida; (Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998)
II - impede alguém de se desligar de serviços de qualquer natureza, mediante coação ou por meio da retenção de seus documentos pessoais ou contratuais. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998)
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é menor de dezoito anos, idosa, gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou mental. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998)
Tutela-se nesse caso, as leis trabalhistas, previstos legalmente, tanto os contidos na Constituição Federal, na CLT e leis complementares, de acordo com Mirabete: Estão incluídos na proteção os direitos obtidos por meio das convenções e dissídios, umas vez que eles são previstos em lei” . O sujeito, portanto, é aquele que impede a realização do direito do trabalho. O sujeito passivo é a pessoa lesada no direito trabalhista. A violência a que descreve o artigo é a física, sendo descartada a ameaça, pode ocorrer também fraude, ou seja, quando há indução a erro.
Coação para compra de mercadorias: Lei 9.777 de 29 de Dezembro de 1998 – Lei criada de acordo com o inciso 1º deste artigo. Nesse caso, a vítima é obrigada a comprar mercadorias, por violência ou ameaça, ou até mesmo por contrato, devido a dívida contraída, tornando assim, um vínculo obrigatório.
O inciso segundo trata na primeira parte de coação e segue no delito quando o sujeito ativo não entrega ou sonega os documentos pessoais, também fazendo parte o próprio contrato.(MIRABETE, p. 392-394)
O parágrafo segundo, também acrescentado pela Lei 9.777 de 29 de Dezembro de 1998, trata da causa de aumento de pena. Capez menciona o posicionamento de Damásio a respeito da idade mínima em que considera-se uma pessoa idosa, que diz “nem sempre a idade mínima da vítima representa, por si só, circunstância capaz de exasperar a pena. É possível que tenha mais de sessenta anos de idade e seja portadora de condições físicas normais.(...)”.
A tentativa é possível também neste crime analisado.
FRUSTAÇÃO DE LEI SOBRE NACIONALISMO DO TRABALHO
 Art. 204 - Frustrar, mediante fraude ou violência, obrigação legal relativa à nacionalização do trabalho:
 Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
Trata-se de um crime em que o sujeito, priva, impede ou frustra a obediência de determinada lei relativa à nacionalização do trabalho. Deve ser por meio de fraude ou violência. O elemento subjetivo é o dolo, a intenção de frustrar, conforme caput do artigo. É um crime comum devido a realização por qualquer pessoa, simples, porque só há o dolo e material por sua ocorrência entre conduta e resultado para consumação.
O sujeito ativo do delito pode ser qualquer pessoa, geralmente apresenta-se nesse ponto o empregador, quanto ao sujeito passivo é o estado.
Consuma-se com a frustação da obrigação e a tentativa é possível. A ação penal ocorre da mesma forma que o art. 197.
EXERCICIO DE ATIVIDADE COM INFRAÇÃO DE DECISÃO ADMINISTRATIVA
Art. 205 - Exercer atividade, de que está impedido por decisão administrativa:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
Tutela o cumprimento das decisões relativas ao exercício de atividade ou trabalho, pois tem-se interesse estatal nas funções de fiscalização exercidas por este. O sujeito passivo é o Estado, e o sujeito ativo é a pessoa impedida de exercer a atividade. 
Damásio esclarece que se o impedimento administrativo estiver em vias de recurso depende do efeito suspensivo para tipificar o delito do art. 205, ou seja, se o recurso tiver efeito suspensivo não será tipificado e caso contrário será tipificado o delito. A sua consumação é dada a partir da reincidência da ação, previamente proibida, de forma continua e não somente por habitualidade.
O elemento subjetivo é o dolo, é considerado um delito próprio, devido o ato só pode ser cometido pela pessoa que agir como o descrito no caput do artigo. 
ALICIAMENTO PARA O FIM DE EMIGRAÇÃO
Art. 206 - Recrutar trabalhadores, mediante fraude, com o fim de levá-los para território estrangeiro. (Redação dada pela Lei nº 8.683, de 1993)
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.683, de 1993)
Tutela-se aqui, o direito livre de trabalhar onde o sujeito escolher e o aliciamento de trabalhadores para que emigrem. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa e o sujeito passivo é o Estado e as pessoas que foram enganadas. Conclui-se que a objetividade jurídica trata-se de interesse estatal na permanência do trabalhador no País.
Quando ocorre o aliciamento dentro do país, mas de um local para outro, o delito não é tipificado neste artigo. Para caracterizar o crime, o sujeito ativo deve agir com dolo e exige também o aliciamento com a finalidade descrita no artigo, destacando que tem que ser para um país distinto.
O crime é de tendência, pois tipifica de acordo com a intenção do agente, a vontade do sujeito passivo é que vai enquadrá-lo no artigo em questão. (JESUS, p. 57-59)
Consuma-se com a abordagem submetida a título de fraude e não fundamental a efetiva saída dos trabalhadores do país.
ALICIAMENTO DE TRABALHADORES DE UM LOCAL PARA OUTRO EM TERRITÓRIO NACIONAL
 Art. 207 - Aliciar trabalhadores, com o fim de levá-los de uma para outra localidade do território nacional:
Pena - detenção de um a três anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998)
 § 1º Incorre na mesma pena quem recrutar trabalhadores fora da localidade de execução do trabalho, dentro do território nacional, mediante fraude ou cobrança de qualquer quantia do trabalhador, ou, ainda, não assegurar condições do seu retorno ao local de origem. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998)
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é menor de dezoito anos, idosa, gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou mental. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998)
É tutelado o interesse jurídico do Estado, que visa manter o equilíbrio populacional, na consubstancia que mudanças dos trabalhadores causam desajuste social e econômico. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa e o sujeito passivo ainda é o Estado. 
Diz Mirabete que não havendo aliciamento, não há crime e que mesmo que não ocorra a migração, só o aliciamento já tipifica o delito. A conduta deve ocorrer dentro do território nacional.
A figura do recrutamento de trabalhadores, que não exige o aliciamento, protege o trabalhador para que não seja explorado economicamente para obtenção de trabalho. A Lei 9.777 de 29 de dezembro de 1998 instituiu causas de aumento de pena para aliciamento e recrutamento de trabalhadores. (MIRABETE, p. 398-400)
O Crime se consuma da mesma forma que o art. 206, somente com o aliciamento, não obstando sobre a transferência do trabalhador de local. É um crime formal e a tentativa é possível.
As formas de execução do delito podem ser: 
Simples: conforme caput art. 207; 
Equiparada: Quando a conduta não assegura condições para retorno ao local de trabalho originário; e
Majorada: Quando a vitima é menor de dezoito anos e maior de 60 anos, gestante, indígena ou portador de deficiência mental ou física (CAPEZ, p 675).
CONLUSÃO
O presente trabalho tem como objetivo de compreender a luz dá legislação, as vertentes que envolvem o desrespeito à legislação trabalhista brasileira, sobretudo quando aos conceitos que envolve tal tema, desmistificando, as condições em que tais infrações são operadas e as punições cabíveis a elas.
Através da matéria fática, compreendemos o motivo do aumento de tais condutas lesivas, considerando que pouco se falam desses tipos penais e a importância em discuti-las no âmbito jurídico em uma concepção contemporânea.
Tal realidade torna-se comum porque pouco se fala dos tipos penais que incriminam as condutas lesivas à organização do trabalho em nosso país, e observa-se a constante necessidade de aumento de lucro pelos empregadores.
A síntese produzida através da pesquisa constante, contribui para o entendimento e
REFERÊNCIAS
NORONHA, E. Magalhães. Direito Penal; dos crimes contra pessoa. 26 ed. São Paulo, Editora Saraiva, 1994. v.2.
CAPEZ, Fernando. Direito Penal; Parte especial. 14º ed. São Paulo, Editora Saraiva, 2014.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado do Direito Penal; parte especial 3. 10º ed. São Paulo, Editora Saraiva, 2014.
JESUS, Damásio de. Direito Penal: parte especial: Vol. 3. 16. ed. ver. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007.
MIRABETE, Julio Fabrini. Manual de Direito Penal. 23 ed.-São Paulo: Atlas, 2005

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