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ELABORAÇÃO E GERENCIAMENTO DE PROJETOS (Apostila de Curso) GUSTAVO VELOSO MARTINS - ASSESSORIA DE PROJETOS ESPECIAIS - 2 ÍNDICE GERAL 1. Generalidades............................................................................................................................................ 4 1.1. Considerações Iniciais............................................................................................................................ 4 1.2. Hierarquia de Planejamento ................................................................................................................... 6 1.3. Mapeamento das Oportunidades de Melhoria........................................................................................ 6 1.3.1 Melhoria alcançada sem a necessidade de Projeto........................................................................... 6 1.3.2. Projeto de Inovação e Melhoria ...................................................................................................... 7 1.4 Ciclo de Vida dos Projetos...................................................................................................................... 7 2. Missão – Ponto de Partida ............................................................................................................................. 8 3. Elaboração de Projetos .................................................................................................................................. 9 3.1 Estudos Preliminares............................................................................................................................... 9 3.2 Anteprojeto.............................................................................................................................................. 9 3.2.1 Carta de Projeto (project charter)...................................................................................................10 3.3 Projeto Definitivo...................................................................................................................................11 3.3.1 Método ZOPP (Planejamento Orientado por Objetivos) ................................................................12 3.3.1.1 Passo a Passo da Análise de Problemas...................................................................................14 3.3.1.2 Análise de Objetivos................................................................................................................17 3.3.2 Quadro Lógico ................................................................................................................................18 3.3.2.1 Viabilidade do Projeto.............................................................................................................20 3.3.2.2 Formulação dos Indicadores....................................................................................................20 3.3.2.3 Fontes de Comprovação dos Indicadores ................................................................................20 3.3.2.4 A idéia do Quadro Lógico .......................................................................................................21 3.3.2 Estrutura Analítica do Projeto (EAP) .............................................................................................23 3.3.3 Sugestão de Roteiro de Projeto Definitivo......................................................................................24 4 Gestão de Projetos ...................................................................................................................................25 4.1 Conceitos Principais ............................................................................................................................25 4.1.1 Ciclo de Vida do Gerenciamento do Projeto ..................................................................................25 4.1.2 O Gerente de Projetos .....................................................................................................................25 4.1.2.1 O Poder do Gerente .................................................................................................................25 4.1.2.2 Gerenciamento de Conflitos ....................................................................................................26 4.1.3 O Efeito das Estruturas Organizacionais na Gestão de Projetos.....................................................28 4.1.4 Project Management Body of Knowledge (PMBOK) ....................................................................29 4.1.4.1 Áreas de Conhecimento...........................................................................................................29 4.2 Execução .............................................................................................................................................31 4.3 Controle..................................................................................................................................................31 4.3.1 Monitoramento................................................................................................................................31 4.3.2 Avaliação ........................................................................................................................................32 4.3.2.1 Indicadores de Desempenho....................................................................................................32 5. Encerramento................................................................................................................................................32 5.1 Satisfação ...............................................................................................................................................33 5.2 Procedimentos de Encerramento............................................................................................................33 5.2.1 - Encerramento junto à equipe de projeto .......................................................................................33 5.3 Lições Aprendidas..................................................................................................................................34 6. Metodologia Simplificada de Projetos.....................................................................................................35 7. Conclusão ................................................................................................................................................36 ANEXO A - SUGESTÃO DE MODELO DE LISTA DE VERIFICAÇÃO (CHECK-LIST) .........................37 ANEXO B – Exemplo de Estrutura Analítica de Projeto – EAP – sob a forma de rede neural .......................41 ANEXO C – Exemplo de Estrutura Analítica de Projeto – EAP– sob a forma de lista ...................................42 ANEXO D - Exemplo de Aplicação do Método ZOPP ...................................................................................44 ANEXO E - Exemplo de Quadro Lógico.........................................................................................................61 ANEXO F - Quadro Lógico (X) Gerenciamento PMBOK...............................................................................62 ANEXO G – Modelo de Carta de Projeto ........................................................................................................63 ANEXO H – Modelo de Projeto Simplificado.................................................................................................64 ANEXO I – Causas Potenciais de Fracasso em Projetos .................................................................................68 GLOSSÁRIO DE TERMOS AFINS................................................................................................................69 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS .............................................................................................................783 ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 – Ciclo PDCA ..................................................................................................................................... 4 Figura 2 – Hierarquia de Planejamento ............................................................................................................. 6 Figura 3 - Ciclo de vida ..................................................................................................................................... 7 Figura 4 – Pirâmide Lógica do PPA 2003-2007................................................................................................ 8 Figura 5 – Encadeamento Lógico de um Plano................................................................................................. 8 Figura 6 – Estrutura do Método ZOPP.............................................................................................................13 Figura 7 – Brainstorming de Problematização .................................................................................................14 Figura 8 – Seqüenciamento dos Problemas......................................................................................................14 Figura 9 – Problema central .............................................................................................................................15 Figura 10 – Causas do problema central ..........................................................................................................15 Figura 11 – identificação das relações entre as causas .....................................................................................16 Figura 12 – Efeitos do problema central ..........................................................................................................16 Figura 13 – Seqüenciamento dos Efeitos .........................................................................................................16 Figura 14 – Árvore de Problemas.....................................................................................................................17 Figura 15 – Árvore de Objetivos ......................................................................................................................17 Figura 16 – Acompanhamento e avaliação da estrutura básica de um Projeto.................................................21 Figura 17 – Estrutura de Gestão por Resultados ..............................................................................................22 Figura 18 – Lógica Horizontal do Quadro Lógico ...........................................................................................22 Figura 19 – Lógica Vertical do Quadro Lógico ...............................................................................................22 Figura 20 – Processos de gerenciamento sobrepostos......................................................................................25 Figura 21 - Mapa das nove áreas do gerenciamento de projetos segundo o PMBOK Guide 2000.................29 Figura 22 - Mapa mental dos trinta e nove processos do PMBOK Guide 2000. ............................................30 4 1. Generalidades 1.1. Considerações Iniciais Inicialmente, vale salientar que esta Apostila não tem a pretensão de esgotar o assunto, até porque a ciência da elaboração e gerenciamento de projetos é bastante ampla e dinâmica, à medida em que possui extensa bibliografia, atualizada constantemente. É impossível entender o conceito de PROJETO sem antes entender o que vem a ser PLANEJAMENTO e GERENCIAMENTO, cujas definições, retiradas do dicionário Aurélio, estão expostas a seguir: 9 Planejamento: ato ou efeito de planejar; trabalho de preparação para qualquer empreendimento seguindo roteiro e métodos determinados; elaboração, por etapas, com bases técnicas, de planos ou programas com objetivos definidos. 9 Gerenciamento: ato ou efeito de gerenciar; gerenciar: exercer as funções de gerente. Segundo a GTZ (Deutsche Gesellschaft Für Technische Zusammenarbeit), registra-se, ultimamente, uma desconfiança cada vez maior contra o planejamento, especialmente contra os métodos ditos “tecnocratas” de planejamento com soluções pré-fabricadas. Tal descrédito, porém, não deve substituir o planejamento pelo improviso, mesmo porque o planejamento bem feito aumenta sobremaneira as chances de sucesso de um empreendimento. A figura a seguir reflete a importância do planejamento para o projeto comparativamente ao trabalho rotineiro processual, segundo do ciclo PDCA1. A C D P A C D P Projetos Processos (rotinas) PLAN Planejamento Definir atividades e metas DO Execução Treinar e executar as atividades CHECK Verificação Medir os resultados das atividades ACTION Correção Corrigir, aprender e melhorar. Figura 1 – Ciclo PDCA Um dos benefícios do planejamento está no fato de que, por intermédio dele, as possibilidades de se evitarem impactos negativos aumentam consideravelmente. Em 1 Programa de Excelência Gerencial – Ministério da Defesa 5 verdade, reduz-se o risco de incerteza, principalmente se o planejamento prevê mecanismos de monitoramento e controle desde o início do projeto. Mas o que vem a ser um PROJETO? 9 Segundo o GTZ, “é um empreendimento claramente delimitado pelos seus objetivos, suas atividades, sua abrangência temporal e financeira, seus beneficiários diretos e indiretos. É um empreendimento de caráter inovador, tendo como benefício inerente a transformação da realidade”; 9 Segundo Antônio César Maximiano, “é atividade ou empreendimento, dentro de um macroprojeto/programa, que tem começo e fim programados, e que deve resultar num produto final singular, o qual procura resolver um problema específico”; 9 Segundo o PMBOK 2000, “é um empreendimento não repetitivo, caracterizado por uma seqüência lógica de eventos, com início, meio e fim, que se destina a atingir um objetivo claro e definido, sendo conduzido por pessoas dentro de parâmetros pré-definidos de tempo, custo, recursos envolvidos e qualidade”; e 9 Segundo o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – MPOG, “é um instrumento de programação orçamentária para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações, limitadas no tempo, das quais resulta um produto que concorre para a expansão ou aperfeiçoamento da ação do Governo”. Em uma frase, Projeto é o oposto de atividade (rotina). Ao passo que esta é de característica contínua no tempo, aquele possui prazo determinado. Entretanto, um Projeto, ao ser concluído, pode dar origem a uma ou mais atividades de rotina. Uma figura muito utilizada é o chamado PROJETO PILOTO. O “Piloto” deve manter as mesmas características principais do projeto, apenas reduzindo a sua aplicabilidade. Uma boa técnica é atingir, com o projeto piloto, um público alvo que seja amostra significativa do universo total de stakeholders, com ações também amostrais que possam ser expandidas para o projeto principal. Eis os principais tipos de projetos: � projetos pessoais (ter filhos, casar, arrumar um emprego); � projetos corporativos; � projetos operacionais; � projetos de P&D (Pesquisa e desenvolvimento); � projetos de infra-estrutura; � projetos de tecnologia de informação; � projetos de conhecimento; � projetos de marketing / vendas; � projetos administrativos. 6 Sucesso de um projeto: � encerrar dentro do prazo previsto; � encerrar dentro do custo orçado; � encerrar dentro dos níveis de especificação e performance; � possuir aceitação pelo cliente / usuário 1.2. Hierarquia de Planejamento Confira a seguir a hierarquia de planejamento, segundo o modelo utilizado no Planejamento Plurianual previsto na Constituição de 1988: Figura 2 – Hierarquia de Planejamento No esquema acima, o PLANO representa o planejamento de mais alto nível,em geral estratégico, normalmente implementado por governos, demonstrando coerência entre diversos programas. O PROGRAMA é um conjunto de ações administradas de forma coordenada, paralelamente ou seqüencialmente. A AÇÃO pode ser um PROJETO ou uma ATIVIDADE, sendo que esta é uma atividade rotineira que contribui para o atingimento do objetivo do programa e aquele é uma atividade única e temporária que tem como resultado um produto específico que também contribui para o objetivo do programa. Por fim, as TAREFAS estão no nível mais operacional e são as rotinas do dia-a-dia da execução das atividades ou projetos. 1.3. Mapeamento das Oportunidades de Melhoria 1.3.1 Melhoria alcançada sem a necessidade de Projeto Quando da definição da missão da organização, as oportunidades de Melhoria são geralmente mapeadas. Após o levantamento das oportunidades de melhoria, estas serão analisadas e algumas poderão ser resolvidas pela ação direta da hierarquia, não sendo necessário o lançamento de um projeto para isso. Exemplo: na auto-avaliação de um determinado setor, percebeu-se que havia um problema de espaço físico que deveria ser resolvido. A solução surgiu simplesmente da determinação, pelo Chefe do setor, do rearranjo dos móveis resultando em um novo lay out. PLANO PROGRAMA AÇÃO ATIVIDADES PROJETO TAREFAS 7 1.3.2. Projeto de Inovação e Melhoria As oportunidades de melhoria que não puderem ser resolvidas pelo simples poder hierárquico deverão resultar em um projeto para cada oportunidade, com a nomeação de um gerente para cada projeto. Os projetos poderão ser SIMPLES ou COMPLEXOS. Essa definição de simplicidade ou complexidade poderá surgir por ocasião da etapa de “Estudos Preliminares” da fase de Elaboração de Projetos, discorrida adiante. A diferença entre Projetos de Inovação e Projetos de Melhorias encontra-se em sua natureza. Os Projetos de Inovação são atitudes inéditas. Por sua vez, Projetos de Melhorias aperfeiçoam processos já existentes. 1.4 Ciclo de Vida dos Projetos O ciclo de vida apresentado na figura a seguir não necessariamente se verifica em todos os casos, mas apenas nos projetos considerados mais complexos e que justificam uma atuação mas sistematizada. Para o caso da Câmara dos Deputados, acreditamos que a grande maioria dos projetos seja de característica mais simples, bastando para os mesmos uma intervenção similar àquela apresentada no Capítulo 6. Os projetos considerados complexos desenvolvem-se por meio de um ciclo de vida que constitui um conjunto de fases que vai desde a idéia inicial (Missão), onde se destacam os objetivos estratégicos, até o seu encerramento. Nem sempre as fases do projeto são seqüenciadas. A quantidade de fases e o nome destas variam com o tipo de projeto e com a necessidade de controle que a organização tem. O ciclo de vida do projeto define o que é necessário para realizar o trabalho do projeto. Ele mostra qual trabalho técnico deve ser realizado em cada fase e quem deve ser envolvido. Figura 3 - Ciclo de vida Uma maneira simples e não menos eficiente de gerenciar as fases do ciclo de vida é por intermédio da identificação das perguntas mais relevantes relacionadas a cada fase. Tais perguntas podem ser encontradas no Anexo A – check lists2. 2 A sugestão desses checklists foi retirada do Programa de Excelência Gerencial do Exército [4]. Missão 1. Estudo Preliminar 2. Anteprojeto 3. Projeto Definitivo 6. Encerramento 5. Monitoramento e Avaliação 4. Execução Gerenciamento Elaboração 8 2. Missão – Ponto de Partida Nesse instante, a Missão, que vem a ser o ponto de partida para a Elaboração (Planejamento) de Projetos, deve ser bem analisada e entendida. O(s) objetivo(s) deve(m) ser definido(s) e as melhores estratégias identificadas e selecionadas para a execução do projeto. É o momento, também, de uma primeira avaliação de recursos (pessoal, material e financeiros). O exemplo a seguir ilustra a pirâmide de planejamento para o caso do Programa de Governo “Um Brasil para Todos”. A Missão, ressalte-se, confundir-se-á com a Orientação Estratégica de Governo Figura 4 – Pirâmide Lógica do PPA 2003-2007 Como se vê, existe um encadeamento lógico no planejamento desde o nível mais operacional até a Missão. Em um Plano bem feito, cada tarefa, cada projeto, cada atividade, por mais subalterna, contribui de alguma forma para o atingimento da Missão. As chamadas “diretrizes” são de natureza horizontal e orientam, como se fossem premissas, a elaboração dos programas. Figura 5 – Encadeamento Lógico de um Plano Alguns autores denominam esta fase de “Iniciação”. Objetivos Setoriais Orientação Estratégica de Governo Ações de Governo ABR/AGO Dimensões Programas Estratégia de Desenvolvimento Desafios Orientação Estratégica dos Ministérios Programa de Governo “UM BRASIL PARA TODOS” Programa de Governo “UM BRASIL PARA TODOS” Programa de Governo “UM BRASIL PARA TODOS” Programa de Governo “UM BRASIL PARA TODOS” MISSÃO Nível Programático (Gerencial) MISSÃO O1 O2 O3 A21 A22 A23 A11 A12 A13 A31 A32 A33 Diretrizes Nível estratégico Nível Operacional (Ações / deliverables) 9 3. Elaboração de Projetos Tão logo o gerente recebe a Missão (o que fazer), inicia-se a fase de elaboração de projetos, a qual tem por intuito detalhar tudo aquilo que será realizado pelo projeto (como fazer), o que envolve cronogramas, interdependências, atividades, alocação dos recursos envolvidos, análise de custos, etc. O produto da fase de Elaboração de Projetos deve ser um Plano de Ação de modo que possa ser executado de maneira a reduzir os riscos, incertezas e imprevistos. Normalmente, essa fase divide-se em: 9 Estudos Preliminares. 9 Anteprojeto. 9 Projeto Definitivo. 3.1 Estudos Preliminares É nessa fase que começa a ser formada a equipe de projeto. Já devidamente designado, o gerente analisará de maneira muito mais qualitativa que quantitativa os aspectos inerentes ao projeto; entre estes podendo citar: recursos, complexidade técnica, riscos e incertezas, equipe, etc. Ainda na fase de estudos preliminares pode ser efetuado um estudo de cenários. Esta leva em conta o cenário atual relevante para o projeto, uma vez que foram levantados diversos dados inerentes, e o cenário futuro desejado. A distância entre o cenário atual e o cenário futuro definirá a complexidade do projeto. Sendo assim, caso o cenário futuro desejado seja alcançado sem muito esforço, o projeto pode ser considerado SIMPLES. Caso contrário é COMPLEXO. Dessa análise surge o dimensionamento do prazo, equipe, recursos, etc. De qualquer forma, o critério utilizado para decidir pela complexidade ou não do projeto não é rígido. O gerente poderá, por exemplo, pautar-se pelo critério financeiro. Assim, um projeto que dure um ano mas que seja barato para a organização pode ser considerado simples, ao passo em que um projeto de apenas três meses, mas que seja caro, pode ser considerado complexo. Nesse momento, inicia-se, também, um processo de levantamento e identificação de riscos que, ainda que de forma incipiente, poderá impactar o projeto, e que permeará todas as fases posteriores. Como se vê, é uma fase prévia de discussões, bastante subjetiva, em que o nível de incerteza é ainda alto. De modo geral, quem participa é o núcleo da equipe de projeto. 3.2 Anteprojeto Esta fase pode ser encarada como um aprofundamento da fase de Estudos Preliminares. O anteprojeto constitui, em poucas palavras, a idealização de linhas de ação, pelo gerente de projeto, para atender às oportunidades de melhoria. 10 Assim sendo, com visão na Missão e de posse dos estudos preliminares, são realizados estudos de viabilidade nas áreas técnica, financeira, demanda, sócio-econômico, legal, riscos, e outros julgados necessários.O Programa de Excelência Gerencial – PEG – do Comando do Exército[4] sugere os seguintes estudos de viabilidade a serem executados durante a fase de anteprojeto: 9 técnica: concluir que há viabilidade técnica e/ou tecnológica para implementar o projeto e apresentar a síntese dos aspectos que levaram a esse parecer; 9 de demanda: apresentar quantitativa e qualitativamente quais e quantos clientes podem ser beneficiados pelo projeto; 9 financeira: viabilizar o orçamento que deve estar disponível para a realização do projeto, desde a iniciação até seu encerramento; 9 sócio-econômica: apresentar os principais aspectos sócio-econômicos do universo de clientes que podem ser beneficiados pelo projeto; 9 legal: listar todos os aspectos legais que podem interferir no projeto, não havendo necessidade de explorar detalhes, bastando concluir se os efeitos do projeto estão dentro dos aspectos legais, normativos, etc; 9 de riscos: analisar permanentemente o gerenciamento, buscando a pró- atividade. (depende muito da experiência e conhecimento do gerente do projeto e sua equipe); e 9 outras: considerar as especificidades de cada projeto, pois outros estudos poderão ser necessários para a elaboração do anteprojeto, a fim de que sejam levantadas as linhas de ação com maior quantidade de informações, facilitando a decisão da Alta Administração. Os estudos de viabilidade serão apresentados à Alta Administração, a quem caberá decidir pelo prosseguimento, ou não, do projeto, tomando por base a linha de ação mais exeqüível, fundamental para a formalização da Carta de Projeto (project charter). 3.2.1 Carta de Projeto (project charter) Após a decisão da Alta Administração pelo prosseguimento do projeto, o gerente elaborará a chamada Carta de Projeto (project charter), que vem a ser o documento legal que reconhece a sua existência. A Carta de Projeto3 já deve possuir um alicerce para a elaboração do projeto definitivo e conter diversas informações, incluindo prazo destinado, recursos necessários, orçamento disponível, etc. A Carta de Projeto contem, normalmente: 9 título do projeto; 9 resumo das condições que definem o projeto (introdução); 3 A Carta de Projeto pode ser encarada como o Projeto Básico, ao passo em que o Projeto Definitivo pode ser denominado de Projeto Executivo. 11 9 nome do gerente do projeto e suas responsabilidades e autoridades; 9 necessidades básicas do trabalho a ser realizado; 9 descrição do produto do projeto; 9 cronograma básico do projeto; 9 estimativas iniciais de custo; 9 necessidades de recursos (financeiros, pessoal e material); 9 necessidade de suporte pela organização; 9 controle e gerenciamento das informações do projeto; 9 aprovações com assinatura do executivo responsável pelo documento (elemento externo ao projeto). 9 nome da organização; 9 nome dos integrantes da equipe do projeto; 9 escopo: nome da pessoa que elaborou o documento; restrições; objetivo do projeto; justificativa do projeto; produto do projeto; expectativa do cliente/patrocinador; fatores de sucesso do projeto; premissas; exclusões específicas (tudo o que não será abordado pelo projeto); principais atividades e estratégias do projeto; principais entregas do projeto; plano de entregas e marcos do projeto; registro de alterações no documento; aprovações. O Anexo G contém um modelo de Carta de Projeto. 3.3 Projeto Definitivo Diante de todas as informações, com o entendimento exato da missão e com a Carta de Projeto aprovada, o gerente elaborará o Projeto Executivo, utilizando uma metodologia adequada e com a ferramenta correspondente ao seu projeto. O Projeto Definitivo é o documento formal que descreve os procedimentos a serem conduzidos durante a sua execução (gerenciamento). É o alicerce de toda a execução. Nele estão contidos todos os guias secundários, cronogramas, aspectos técnicos, etc. Uma metodologia muito difundida para a elaboração do projeto definitivo é a chamada metodologia ZOPP (Planejamento Orientado por Objetivo), com as ferramentas de Matriz de Planejamento de Projeto (Quadro Lógico); para o gerenciamento, um bom referencial é o PMBOK (Project Management Body of Knowledge), abordado mais adiante. O entendimento que se deve buscar é o de que qualquer que seja o método ou ferramenta adotados ocorrerá uma adequação às características inerentes da Instituição, e, por conseqüência, ao projeto especificamente. Em síntese, o Projeto Definitivo deverá conter: 9 a visão geral dos objetivos, metas e escopo do projeto de uma maneira resumida para atender aos altos executivos do projeto (pequena introdução do assunto); 12 9 objetivo detalhado do projeto para atender ao gerente e à equipe do projeto; 9 nome e as responsabilidades do gerente e da equipe principal do projeto (matriz de responsabilidades); 9 organograma do projeto; 9 estudo técnico da solução a ser adotada pelo projeto; 9 aspectos contratuais quanto à participação de elementos externos ao projeto; 9 Estrutura Analítica do Projeto (EAP); 9 Cronogramas 9 principais marcos com suas datas; 9 utilização de recursos pelo projeto (relatório com as funções); 9 orçamento, análise de custos e fluxos de caixa (quando for o caso); 9 formas previstas de avaliação dos índices de qualidade e performance a serem atingidos pelo projeto; 9 potenciais obstáculos a serem enfrentados pelo projeto e possíveis soluções; 9 lista de pendências; 3.3.1 Método ZOPP (Planejamento Orientado por Objetivos) O Método ZOPP “Ziel Orientierte Projekt Planung” foi criado pela Agência de Cooperação Técnica Alemã – GTZ, nos anos 1980. A GTZ desenvolveu e introduziu uma abordagem de planejamento baseada na gestão por objetivos. Inicialmente, este enfoque incluiu vários métodos diferentes de comunicação (workshops, moderação, visualização) e de planejamento (análise da participação, análise da problemática e dos objetivos, esquema de planejamento de projetos). A coletânea metodológica do instrumento ZOPP foi flexibilizada no anos 1990 e ZOPP foi definido – mantendo-se os princípios de comunicação – como conceito de qualidade do planejamento. O conceito baseia-se num processo de planejamento participativo e transparente orientado para as necessidades dos parceiros e dos grupos-alvo e na noção de que um projeto ou programa constitui um processo, cujos elementos principais têm de ser desenvolvidos passo a passo em equipes que contam com a participação dos indivíduos ou grupos afetados pelo projeto e que têm de ser documentados de forma facilmente reproduzível. A principal característica da metodologia ZOPP é a participação. Nesse contexto, os principais stakeholders devem ser ouvidos para que os problemas sejam identificados. De maneira simplificada, a estrutura da Metodologia ZOPP é a seguinte: 13 Figura 6 – Estrutura do Método ZOPP O Método ZOPP inicia-se com a ANÁLISE DA SITUAÇÃO. Sendo assim, de certa forma desde a etapa de Estudos Preliminares esta fase do ZOPP já está ocorrendo. Ela abrange a avaliação da realidade problemática antes de se proceder a elaboração do projeto. É pré-condição para o sucesso de um planejamento. A ANÁLISE DA SITUAÇÃO envolve a ANÁLISE DOS ENVOLVIDOS, isto é de pessoas ou grupos que de alguma forma estão relacionados a situação em que se quer intervir. Assegura uma visão mais ampla do problema. Mas o cerne do Método ZOPP é a ANÁLISE DE PROBLEMAS, a qual tem por intuito: 9 Analisar a situação problemática na forma como a percebem os envolvidos; 9 Identificar os problemas principais nesse contexto; 9 Visualizar as relações de causa-efeito de um problema na forma de uma árvore de problemas; 9 Mostrar as inter-relações entre os problemas; 9 Mostrar o caminho para solucionar os problemas; 9 Analisar a situação existente em relação a uma problemática determinada. 99 Permitir a seleção devárias alternativas para a solução de um problema EE tt aa pp aa ss dd oo MM éé tt oo dd oo ZZ OO PP PP AA n n áá ll ii ss ee dd aa SS ii tt uu aa çç ãã oo AAnnáálliissee ddooss EEnnvvoollvviiddooss AAnnáálliissee ddoo PPrroobblleemmaa AAnnáálliissee ddee AAlltteerrnnaattiivvaass AAnnáálliissee ddee OObbjjeettiivvooss IIddeennttiiffiiccaaççããoo ddoo pprroobblleemmaa cceennttrraall AAnnáálliissee ddaass ccaauussaass ee ddooss eeffeeiittooss ddoo pprroobblleemmaa cceennttrraall MM aa tt rr ii zz dd ee PP ll aa nn ee jj aa mm ee nn tt oo LLóóggiiccaa ddaa IInntteerrvveennççããoo AAttiivviiddaaddeess RReessuullttaaddooss OObbjjeettiivvoo SSuuppeerriioorr OObbjjeettiivvoo ddoo PPrroojjeettoo IInnddiiccaaddoorreess SSuuppoossiiççõõeess IInnddiiccaaddoorreess ddaass SSuuppoossiiççõõeess 3.3.1.1 Passo a Passo da Análise de Problemas Primeiro passo: relacionar todos os problemas IMPORTANTES referentes a um problemas específico; exemplo: transporte coletivo precário. Figura 7 – Brainstorming de Problematização Segundo passo: colocar os problemas em ordem cronológica. ra 8 – Seqüenciamento dos Problemas PPaassssaaggeeiirrooss ffeerriiddooss Ônibus muito velhos Passageiros chegam atrasados Motoristas imprudentes Mau estado dos ônibus Mau estado das estradas Freqüência de acidentes de ônibus Perda de confiança na empresa de ônibus Manutenção inadequada da frota Motoristas imprudentes Ônibus muito velhos Mau estado das estradas M M Freqüência de acidentes de ônibus PPaassssaaggeeiirrooss ffeerriiddooss Passageiros chegam atrasados Perda de confiança na empresa de ônibus Figu anutenção inadequada da frota au estado dos ônibus 14 Terceiro passo: identificar o problema central. Figura 9 – Problema central Quarto passo: organizar as causas do problema central. Figura 10 Motoristas impruden Ônibus muito velhos ado das estradas Manutenção inadequada Mau estado dos ônibus Freqüência de acidentes de ônibus PPaassssaaggeeiirrooss ffeerriiddooss Passageiros chegam atrasados Perda de confiança na empresa de ônibus Freqüência de Motorist Mau estado dos ônibus Problema Central Causas acidentes de ônibus – Causas do problema central as imprudentes Ônibus muito velhos Mau estado das estradas Manutenção inadequada da frota tes Mau est da frota 15 Quinto passo: identificar as causas em principais e correlatas. Figura 11 – identificação das relações entre as causas Sexto passo: Definir os efeitos do problema central feitos do problema central Sétimo passo: Organizar os efeitos em níveis Freqüência de acidentes de ônibus Motoristas imprudentes Ônibus muito velhos Mau estado das estradas Manutenção inadequada da frota Mau estado dos ônibus Problema Central Causas Freqüência de acidentes de ônibus PPaassssaaggeeiirrooss ffeerriiddooss Passageiros chegam atrasados Perda de confiança na empresa de ônibus Problema Central Efeitos PPaassssaaggeeii Perda de confiança na sa de ônibusEfeitos empre Figura 12 – E 16 Figura 13 – Seqüenciamento dos Efeitos Freqüência de acidentes de ônibus rrooss ffeerriiddooss Passageiros chegam atrasados Problema Central Oitavo passo: Construir a Árvore de Problemas, situando os problemas bem como sua relação de causa e efeito. Figura Nono passo: Examinar a Árvore efeito estão corretas e se não houv 3.3.1.2 Análise de Objetivos A análise de objetivos consiste na resolução dos problemas. Essa aná 1. Reformulação das condições positivas de 2. Exame das relaçõ corretas e se mantém Ao final do processo, obter-se-á OBJETIVOS: Figura Perda de confiança na empresa de ônibus PPaassssaaggeeiirrooss cchheeggaamm aattrraassaaddoossPPaassssaaggeeiirrooss ffeerriiddooss FFRREEQQÜÜÊÊNNCCIIAA DDEE Mo ristas imprudentes Mau estado dos ônibus Mau estado dasestradas ... Manutenção inadequadaÔnibus muito vel PPRROOBBLLEEMMAA CCEENNTTRRAALL EEFFEEIITTOOSS MMeennooss PPaassssaaggeeiirrooss ffee Motoristas dirigem com prudência.... Há novos ônibus na fr ho 1 d e l s e u a dos ônibus rrii RR o s CCAAUUSSAASS to AACCIIDDEENNTTEESS DDEE ÔÔNNIIBBUUSS 4 e d is m 1 C dd EE Ô t 17 – Árvore de Problemas Problemas, verificando se as relações de causa- omissões importantes. escrição da situação futura a ser alcançada com a e é feita em dois passos: condições negativas da árvore de problemas em ejáveis e alcançáveis; s meios-fins, verificando se essas relações estão a estrutura lógica. seguinte configuração, denominada ÁRVORE DE 5 – Árvore de Objetivos onfiança dos clientes na empresa PPaassssaaggeeiirrooss cchheeggaamm ppoonnttuuaallmmeenntteeooss DDUUZZIIDDAA FFRREEQQÜÜÊÊNNCCIIAA DDEE AACCIIDDEENNTTEESS DDEE ÔÔNNIIBBUUSS nibus em bom estado Melhora do estado dasestradas Manutenção adequada e regular dos ônibus a 18 3.3.2 Quadro Lógico Uma vez aplicada a técnica ZOPP, encontradas as ações e definidos os indicadores, um bom caminho é organizar o projeto na forma de um quadro lógico. O Quadro Lógico representa um conjunto de conceitos interdependentes que descrevem operacional e matricialmente os aspectos mais importantes de um projeto. Essa descrição permite verificar se a intervenção foi corretamente instruída, facilita o acompanhamento e proporciona uma avaliação mais satisfatória. Neste instrumento, o projeto é visto como uma cadeia de acontecimentos ligados entre si de forma causal. Assim, assume-se que se os recursos estiverem disponíveis, realizar-se- ão as atividades. Se as atividades se realizarem, então produzir-se-ão os resultados. Se forem produzidos os resultados, atingir-se-á então o objetivo específico. A longo prazo, isto contribuirá para a prossecução do objetivo geral do projeto / programa. O Quadro Lógico é um instrumento analítico de planejamento mas também é um instrumento de gestão, na fase de implementação do projeto. De fato, deverá servir como ponto de referência fundamental ao longo da vida do projeto, especialmente para efeitos de monitoramento e de avaliação. Durante a implementação, este quadro é igualmente utilizado para efeitos de revisão ou de um replanejamento. O Quadro Lógico resume, em pouco espaço: 9 Porque o projeto é executado? 9 O que o projeto quer alcançar? 9 Como o projeto vai alcançar os resultados pretendidos? 9 Quais os fatores externos importantes para o projeto? 9 Com que meios se conseguirá medir o êxito do projeto? 9 Onde serão encontrados os dados para proceder à avaliação do projeto? 9 Quanto custará o projeto? Tabela-1 Quadro Lógico Lógica de Intervenção Indicadores objetivos Fontes de comprovação Suposições Objetivo geral para o qual o projeto deverá contribuir (1) Indicadores para o atingimento do objetivo geral (9) (12) Objetivo específico (2) Indicadores para o atingimento do objetivo específico (10) (13) Para o atingimento do objetivo geral (8) Resultados (3) Indicadores que comprovam a obtenção dos resultados (11) (14) Para alcançar o objetivo específico (7) Tarefas (4) Especificação de custos / recursos para as tarefas (15) (16) Para alcançar os resultados (6) Condições prévias para iniciar as tarefas (5) 19 Tabela-2 Preeenchimento do Quadro Lógico (1) Objetivo Geral, para o qual o projeto deverá contribuir: Formular o objetivo geral, tendo em vista os resultados da análise dos objetivos. (2) Objetivo específico: Contribui para o atingimento do objetivo geral e identifica o que se irá fazer no projeto. (3) Resultados: Identificar quaisos resultados (em quantidade e qualidade) que têm que ser obtidos para alcançar o efeito esperado (objetivo específico). (4) Tarefas: Tarefas a executar/implementar para se obterem os resultados definidos. (5) Suposições importantes ou fatores externos, necessários para o início das tarefas. (6) Suposições importantes ou fatores externos, não influenciáveis pelo projeto, que têm de ocorrer ao nível das tarefas para a obtenção dos resultados. (7) Suposições importantes ou fatores externos, não influenciáveis pelo projeto, que têm de ocorrer ao nível dos resultados para a obtenção do objetivo do projeto. (8) Suposições importantes ou fatores externos, não influenciáveis pelo projeto, que têm de ocorrer ao nível do objetivo específico para a obtenção do objetivo geral. (9) Indicadores de atingimento do objetivo geral. (10) Indicadores que demonstram que o objetivo específico foi atingido. (11) Indicadores que comprovam a obtenção dos resultados qualitativos e quantitativos. (12) Fontes de comprovação dos indicadores (relatórios/documentos elaborados ou provenientes de outras fontes) do objetivo geral. (13) Fontes de comprovação dos indicadores (relatórios/documentos elaborados ou provenientes de outras fontes) do objetivo específico. (14) Fontes de comprovação dos indicadores (relatórios/documentos elaborados ou provenientes de outras fontes) dos resultados. (15) Especificação de custos e recursos essenciais à implementação das tarefas. (16) Documentos que comprovam os custos e recursos despendidos. O projeto é definido a partir da hierarquia de objetivos e registado na primeira coluna vertical da matriz. O Quadro Lógico deverá ser preenchido da seguinte maneira: 9 Trabalhar de cima para baixo; 9 Formular o objetivo geral e o objetivo específico do projeto; 9 Analisar novamente a formulação dos objetivos e, sendo necessário, reformulá-los. O objetivo específico descreve os efeitos previstos ou os benefícios esperados do projeto e contribui para alcançar o objetivo geral. Os resultados devem ser apropriados, necessários e suficientes para alcançar o objetivo específico. As atividades necessárias para assegurar a obtenção dos resultados são igualmente formuladas. Para se conseguir clareza, é aconselhável não detalhar em demasiado as atividades, mas sim indicar explicitamente a estrutura fundamental e a estratégia do projeto. 20 As atividades e os resultados são classificados e numerados em função dos seus vínculos recíprocos. Essa numeração pode ser usada para indicar a seqüência dos eventos ou a ordem de prioridade das atividades. A Lógica de Intervenção deve apresentar a estrutura fundamental do projeto nas relações operacionais meios/fins: 9 As atividades são realizadas para se obter os resultados, 9 Os resultados são os requisitos necessários e suficientes para alcançar o objetivo específico, 9 objetivo específico é uma condição prévia para alcançar o objetivo geral. 3.3.2.1 Viabilidade do Projeto A verificação da viabilidade do projeto é feita na quarta coluna do Quadro Lógico (suposições), onde se analisam os fatores externos que afetam a realização das atividades e a sua eficácia. Fatores externos podem ser verificados nos seguintes aspectos: 9 Influências políticas; 9 Influências econômicas; 9 Influências sócio-culturais; 9 Influências técnicas; 9 Influências ambientais. 3.3.2.2 Formulação dos Indicadores Os detalhes fornecidos pelos indicadores permitem saber como é que os objetivos vão sendo alcançados nos diferentes períodos. Deve-se também quantificar, tanto quanto possível, os aspectos qualitativos; O critério de medição terá de ser o mais exato possível para permitir que os indicadores sejam objetivamente comprováveis; No planejamento, os indicadores são “valores aproximados”, sendo utilizados na análise quantitativa e qualitativa da concepção do projeto. Esses valores aproximados serão controlados ao longo do projeto. 3.3.2.3 Fontes de Comprovação dos Indicadores São verificadas e determinadas as fontes de informação através das quais pode-se comprovar cada indicador. Essas fontes de comprovação descrevem exatamente quais as informações que devem estar disponíveis, sob que forma e de que entidade. Deve haver correspondência entre as fontes de comprovação e os indicadores. As fontes de comprovação externas ao projeto são examinadas quanto à sua fidedignidade, atualidade e acessibilidade. Quando não se conseguem identificar fontes externas de comprovação apropriadas, é o próprio projeto que internamente tem de recolher e processar as informações necessárias para comprovar os indicadores. Os indicadores para os quais não foi possível identificar fontes de comprovação adequadas têm de ser substituídos por outros indicadores comprováveis. Ainda assim, os 21 indicadores que, após o balanço de custos e benefícios, resultarem demasiado onerosos, terão de ser substituídos por outros mais simples e menos dispendiosos. Antes de se iniciar uma pesquisa é conveniente saber se a informação que se necessita já se encontra disponível. Há dois tipos de dados: 9 Dados secundários: material de pesquisa já reunido e publicado, tal como estatísticas e relatórios publicados pelo Governo, Ministérios, Bibliotecas, Associações, Empresas, etc. 9 Dados primários: empregam-se quando não existem dados secundários ou a informação existente é inadequada. Neste caso podem constituir fontes de informação questionários, entrevistas, sondagens, etc., desenvolvidos pelo projeto. Verificar sempre a disponibilidade dos recursos, quer humanos quer materiais no local de implementação do projeto e qual a sua qualificação, assim como a disponibilidade de recursos financeiros, o tipo de tecnologias oferecidas e o aparato legal disponível. 3.3.2.4 A idéia do Quadro Lógico O Quadro Lógico permite construir uma estrutura de avaliação básica do projeto na seguinte forma: COMPONENTES BENEFÍCIÁRIOSDO PROJETO ABRANGÊNCIA DOS RESULTADOS LIMITES DA AVALIAÇÃO/ ACOMPANHAMENTO OBJETIVO SUPERIOR OBJETIVO DO PROJETO PRODUTOS ATIVIDADES/ INSUMOS SOCIEDADE POPULAÇÃO ALVO ORGANIZAÇÃO IMPACTO EFEITO ESFORÇO AVALIAÇÃO (Efetividade) AVALIAÇÃO (Eficácia) ACOMPANHAMENTO (Eficiência) Figura 16 – Acompanhamento e avaliação da estrutura básica de um Projeto Essa maneira de encarar o problema aproxima-se da filosofia de gestão por resultados, à medida em que o sucesso de uma atividade contribui para o sucesso da realização de algum produto, e que por sua vez contribui para o objetivo programático imediatamente superior e assim sucessivamente, até atingirmos o topo da hierarquia de objetivos. Esse entendimento é melhor visualizado na cadeia de resultados apresentada na figura a seguir: F É importante discerni vertical: F O Anexo E possui um conseqüências obtidas X anos após o alcance do efeito do projeto resultado final do projeto resultados intermediários os necessários ance do efeito das por produto IMPACTO (IMPACT) EFEITO (OUTCOME) PRODUTOS (O S) ATIVIDADES ( Impact Efeito Produto INPUTS) r o s UTPUT igura 17 – Estrutu que o Quadro Ló igura 18 – Lógica Figura 19 – Lógica exemplo de Quadr Indica Indica s Indica Impacto Efeitos Produto estabeleci ou os mei para o alc 22 ra de Gestão por Resultados gico possui uma lógica horizontal e uma lógica Horizontal do Quadro Lógico Vertical do Quadro Lógico o Lógico. dores dores Linha de base Fonte de verificação dores Linha de base Fonte de verificação Suposições importantes Suposições importantes Suposições importantes 23 3.3.2 Estrutura Analítica do Projeto (EAP) A Estrutura Analítica do Projeto é a tradução do termo WBS – Work Breakdown Structure o qual, de acordo com o PMBOK®2000, é definido comoum agrupamento orientado a produtos (deliverables) de elementos do projeto que organiza e define o escopo total do trabalho. Resta claro, portanto, que tudo o que for realizado durante a vida útil do projeto deve estar de alguma forma representado na EAP. Caso não esteja, não é trabalho a ser desempenhado no bojo do projeto. Ainda segundo o PMBOK®2000, deliverables são produtos, itens ou resultados tangíveis, mensuráveis e verificáveis que devem ser realizados para que um projeto seja considerado concluído. Assim, a EAP decompõe o complexo projeto em unidades menores, as quais devem ser: � gerenciáveis, podendo ter definidas responsabilidades e coordenadores para cada deliverable; � integráveis, de modo que o projeto possa ser encarado como um somatório desses elementos; � mensuráveis, possibilitando a medição do progresso do escopo. O nível mais baixo de ramificação no EAP é denominado pacote de trabalho (work package). Tal pacote funciona como um instrumento para monitoramento e acompanhamento do progresso de trabalho. A ramificação pode ser apresentada sob a forma de listagem ou na forma gráfica de rede neural (mind map). Sendo assim, a EAP é uma ferramenta de gerenciamento de escopo, que apoiará o gerente durante toda a vida útil do projeto. 24 3.3.3 Sugestão de Roteiro de Projeto Definitivo O Projeto Definitivo não possui um modelo “guarda-chuva” que possa ser utilizado em qualquer situação, mesmo porque cada projeto terá suas características específicas. Entretanto, é possível admitir que exista um roteiro de conteúdos utilizável na grande maioria dos casos: � IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO � IMPORTÂNCIA E JUSTIFICATIVA � HORIZONTE DO PROJETO � OBJETIVO SUPERIOR (ou Geral) � OBJETIVO(S) IMEDIATO(S) (ou Específicos) � METODOLOGIA � PRODUTOS ESPERADOS (Metas) � DESCRIÇÃO E CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES � QUANTIFICAÇÃO E ORÇAMENTAÇÃO DAS ATIVIDADES (quando for o caso) � ESTRATÉGIA DE IMPLEMENTAÇÃO � EQUIPE TÉCNICA � INSUMOS REQUERIDOS (Q E $) � ANEXOS: (Matriz Lógica do Projeto; Estrutura Analítica do Projeto; Árvore de Problemas e de Objetivos) 25 4 Gestão de Projetos 4.1 Conceitos Principais Segundo o PMI (Project Management Institute), o gerenciamento de projetos surgiu como ciência no início dos anos 1960, mas foi a partir de 1969, com a criação do PMI, que a sua disseminação ocorreu com maior intensidade4. Segundo Daniel Gasnier, gerenciamento de projetos é a aplicação do conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto, de forma a atingir e exceder as necessidades e expectativas dos interessados pelo projeto. Em poucas palavras, o gerenciamento de projetos é a fase de execução propriamente dita, assim como a fase de controle, a qual subdivide-se em monitoramento e avaliação. 4.1.1 Ciclo de Vida do Gerenciamento do Projeto Segundo o PMBOK®2000, o Ciclo de Vida do Gerenciamento do Projeto descreve o conjunto de processos que devem ser seguidos para que um projeto seja bem gerenciado. Tais processos podem ser classificados em 5 (cinco) grupos: Iniciação, Planejamento, Execução, Controle e Encerramento. A figura a seguir esclarece: Figura 20 – Processos de gerenciamento sobrepostos 4.1.2 O Gerente de Projetos O gerente de projetos é a pessoa que, em última instância, é a responsável pelo gerenciamento do projeto. Deve ser designado preferencialmente no início, na fase de Missão (Iniciação). Embora não precise deter conhecimento especializado e aprofundado no assunto sobre o qual está gerenciando, o gerente deve ter a sua competência reconhecida pelos interessados (stakeholders) e deve ter a autoridade e as habilidades de um líder. 4.1.2.1 O Poder do Gerente É cada vez mais nítida a necessidade de o gerente possua conhecimentos e habilidades de resolução de conflitos e de gestão de pessoas. Para os intuitos do gerenciamento de projetos, poder pode ser definido como a habilidade de o gerente influenciar o 4 O PMI é uma instituição sem fins lucrativos cujo principal objetivo é disseminar a gestão de projetos no mundo, de forma a promover a ética e profissionalismo no bojo dessa atividade. Iniciação Planejamento Execução Controle EncerramentoN ív el d e A tiv id ad e Tempo 26 comportamento de algum interessado no projeto ou membro da equipe. Para tal , faz-se mister que o gerente saiba a forma mais adequada de utilização dos diversos tipos de poder. Poder Formal ⇒ o chamado Poder Formal é aquele que existe com base no princípio de que o gerente detém esse poder porque alguém de hierarquia superior o delegou para tal por meio de algum documento. Tal documento pode ser uma Portaria (no caso da Câmara) ou mesmo a Carta de Projeto, assinada pela autoridade superior. Poder Coercitivo ⇒ o gerente que exerce o poder coercitivo possui capacidade de aplicar punições à pessoa que está sendo influenciada pelo mesmo. Poder de Recompensa ⇒ Parte do princípio de que o gerente que o exerce tem o poder de oferecer recompensa à pessoa influenciada pelo gerente. Tal recompensa não necessariamente será de ordem financeira. Na realidade corporativa a recompensa vai desde a promoção ou aumento salarial até favores pessoais, como um computador novo, viagens para participar de seminários, cursos, etc. Poder de Especialista ⇒ só é exercido pelo gerente que possui habilidades técnicas no assunto em pauta. A evidência da qualificação de um gerente facilita que ele exerça esse tipo de poder, pois dá uma sensação de que o técnico influenciado não poderá se valer de assimetria de informações. Poder por Referência ⇒ O gerente que exerce o poder por referência o faz em nome de alguma autoridade superior que deu “carta branca” para sua atuação. É muito útil quando das dificuldade encontradas pelo gerente de projeto na relação com algum gerente funcional que não esteja interessado. O gerente de projetos pode alegar que foi enviado a mando de um diretor ou mesmo que seu projeto está previsto no plano estratégico. 4.1.2.2 Gerenciamento de Conflitos A habilidade de gerenciar conflitos é questão obrigatória para qualquer gerente. Segundo pesquisa de Thamhain e Wilemon (1975), a ocorrência de conflitos em projetos é listada na seguinte ordem de importância: 9 Prazos; 9 Prioridades de projeto; 9 Recursos; 9 Questões técnicas; 9 Procedimentos administrativos; 9 Choques de personalidade; 9 Custos. Eis algumas técnicas de resolução de conflitos: Força (Forcing) ⇒ essa técnica ocorre quando uma das partes força a outra a aceitar seu ponto de vista, na maioria das vezes pela via da influência de poder de uma parte 27 sobre a outra. Essa técnica não é, nem de longe, a mais recomendada, por ser de conteúdo imperativo. Entretanto, em situações de exiguidade de prazos nas quais não há tempo para uma discussão sobre o assunto a técnica é defensável. Panos Quentes (Smoothing) ⇒ a técnica prioriza a busca de um acordo entre as partes envolvidas mais do que propriamente a resolução do conflito em si. Procura-se minimizar as diferenças entre as partes fazendo com que as mesmas pareçam secundárias. Entretanto, o conflito poderá voltar a surgir tendo em vista que a técnica o subestima em detrimento do acordo. Compromisso ou Negociação (Compromise) ⇒ essa técnica é indicada quando há uma tendência de cada uma das partes em abrir mão. Sendo assim, busca-se uma solução que satisfaça um pouco a cada uma das partes envolvidas. A técnica é contra- indicada quando a resolução do conflito significa que uma das partes perderá muito em detrimento da outra. Solução de Problemas, Contraponto ou Colaboração (Problem Solving ou Confrontation) ⇒ consiste em colocar os envolvidos frente a frente de modo que os mesmos identifiquem qual a causa-raiz do problema e assim possam solucionar o conflito consensualmente. O PMI® considera esta a melhor técnica.Retirada (Wirthdrawal) ⇒ consiste em conviver com o problema sem preocupar-se com o mesmo ao menos aparentemente, postergando indefinidamente a sua resolução. O gerente que utiliza essa técnica torce para que, com o tempo, uma das partes desista do conflito. Na maioria das vezes a técnica resolve apenas momentaneamente o conflito, uma vez que o mesmo poderá reaparecer posteriormente. A tabela a seguir resume as técnicas acima abordadas: Tabela-3: Matriz de Resolução de Conflitos Técnica Estilo de Solução Resultado Importância paraMetas Pessoais Importância no Relacionamento Retirada Temporária Perde-Perde Baixa Baixa Panos Quentes Temporária Perde-Perde Baixa Alta Compromisso Permanente Perde-Perde Média Média Solução de Problemas Permanente Ganha-Ganha Alta Alta Força Permanente Ganha-Perde Alta Baixa 28 4.1.3 O Efeito das Estruturas Organizacionais na Gestão de Projetos A estrutura organizacional, em síntese, é a maneira pela qual a instituição está organizada para exercer suas atribuições e desenvolver suas funções. Essa estrutura organizacional pode variar desde uma estrutura tipicamente funcional até uma estrutura por projetos. Vejamos, na tabela a seguir, as diferenças entre cada uma delas e o impacto no gerenciamento de projetos. Tabela-4 Comparação entre as estruturas funcional, matricial e projetizada Estrutura Funcional Matricial Projetizada Definição A organização é agrupada por áreas de especialização dentro de diferentes áreas funcionais de maneira hierarquizada. Pretende maximizar as forças e minimizar as fraquezas das estruturas funcionais e projetizadas. Toda a organização é estruturada conforme os projetos que ela desenvolve; diz-se ser organizada por projetos ou baseada em projetos. Vantagens 9 Os membros da equipe se reportam somente a um gerente funcional; 9 Os recursos similares são centralizados; 9 A organização é composta por funcionários especialistas; 9 A definição de carreira é muito clara e está de acordo com a especialização técnica. 9 Os objetivos dos projetos são definidos com maior clareza; 9 Utilização máxima dos recursos escassos; 9 Melhor disseminação das informações tanto verticalmente quanto horizontalmente; 9 Quando o projeto é finalizado, a equipe é alocada em outras atividades dentro da organização. 9 Foco no projeto; 9 Comunicação mais efetiva do que na estrutura funcional; 9 Os membros da equipe se reportam a somente um gerente de projetos. Desvantagens 9 Os funcionários dão maior ênfase ao trabalho técnico do que ao próprio projeto; 9 Não existe uma carreira de gerente de projetos; 9 O gerente de projetos não possui autoridade. 9 Possui pessoal administrativo extra para cumprir com as necessidades do projeto (acarreta aumento de custo); 9 Mais de um gerente para a equipe de projeto se reportar (o gerente de projetos e o gerente funcional); 9 Maior probabilidade para a duplicação de esforços e de conflitos; 9 Os gerentes funcionais possuem prioridades diferentes daquelas apresentadas pelos gerentes de projetos. 9 Quando o projeto é finalizado, a equipe é desalocada; 9 Uso dos recursos não é eficiente; 9 Duplicação das funções exercidas. 29 4.1.4 Project Management Body of Knowledge (PMBOK) Segundo o PMI (Project Management Institute), o PMBOK é uma denominação que representa todo o conhecimento dentro da profissão de gerência de projetos. Trata-se de um guia de orientação de profissionais sobre o conhecimento em gerenciamento de projetos que aborda as boas práticas já sedimentadas. Em síntese, é uma bibliografia de referência, uma “bíblia” para muitos usuários. Seu propósito é identificar e descrever conceitos e práticas do gerenciamento de projetos, padronizando os termos geralmente utilizados. Conforme essa metodologia o gerenciamento ocorre em nove áreas de conhecimento e em seus respectivos processos. Entretanto, cada uma dessas áreas tem um detalhamento específico e uma abrangência própria, porém está integrada de forma sistêmica, a todo o momento, com as demais. Vale salientar que, a depender da característica do projeto e até mesmo da experiência do gerente, este poderá não utilizar as técnicas de gerenciamento de todas as nove áreas de conhecimento. Inclusive, o quadro lógico pode ser considerado uma simplificação do PMBOK que não abrange todas essas áreas. 4.1.4.1 Áreas de Conhecimento Figura 21 - Mapa das nove áreas do gerenciamento de projetos segundo o PMBOK Guide 2000 30 Figura 22 - Mapa mental dos trinta e nove processos do PMBOK Guide 2000. 31 4.2 Execução No jargão utilizado em planejamento, a execução é o momento de sair do papel e ir para a prática. A fase de execução é o momento onde efetua-se tudo aquilo que foi previsto no planejamento. Caracteriza-se por um forte trabalho em equipe, focalizado em cumprimento de prazos, metas, qualidade, etc. É o momento mais crítico para o gerente de projeto. A execução é também o momento em que entram em cena os chamados “operacionais”, isto é, aqueles encarregados da execução de tarefas. Muitas vezes os executores de tarefas nem mesmo fazem parte da equipe de projeto. Entretanto, o gerente deve fazer a coordenação geral e, se preciso, contactar os gerentes funcionais de forma a garantir a execução do projeto na ponta. A interação com a fase de controle é contínua. Interessante observar que qualquer erro cometido na fase de planejamento torna-se evidente na fase de execução. Também grande parte do orçamento e do esforço do projeto é consumida nesta fase. 4.3 Controle O controle é uma função gerencial que Implica nos em estabelecer padrões de desempenho, elaborar e aplicar técnicas de monitoramento, decidir ações corretivas e estabelecer um sistema de informação gerencial do projeto. Ocorre de maneira simultânea à execução e monitora tudo aquilo que está sendo realizado pela execução vis a vis o que foi planejado durante a fase de elaboração do projeto. O intuito do controle é tomar ações corretivas de modo a reconduzir o projeto à trajetória inicialmente delineada. 4.3.1 Monitoramento Monitoramento é atividade gerencial que visa o acompanhamento permanente e contínuo das atividades de um projeto e a apreciação quantitativa e qualitativa dos seus avanços. Se realizado de maneira quantitativa, o monitoramento poderá valer-se da medição do andamento das atividades realizada em formulários de apontamentos ou sobre o próprio cronograma de Gantt, em papel ou em aplicativos de informática com esse intuito5. As medições também podem ser apuradas de forma qualitativa, individualmente com cada membro ou em reuniões de acompanhamento do projeto, com toda a equipe. O monitoramento não se restringe à execução física do projeto, mas pode alcançar aspectos tais como motivação da equipe, análise de riscos, previsão para o encerramento, correções de trajetória. Principalmente no caso da Câmara dos Deputados, onde geralmente os projetos são iniciados por Portaria na qual consta cláusula de “prestação de contas”, é essencial que o monitoramento seja organizado em relatórios gerenciais contendo resumos executivos de fácil e rápida leitura dirigidos ao entendimento pela Alta Administração. 5 O MSProject é um exemplo de software que apóia o gerenciamento de projetos. 32 4.3.2 Avaliação Em poucas palavras, a avaliação é a comparação do planejado com o alcançado. Para medir o grau e a qualidade de um objetivo (de um projeto, por exemplo) utiliza-se indicadores, previamente estabelecidos ou posteriormente desenvolvidos. Serve também para obter subsídios a fim de melhorar sucessiva e sistematicamente o planejamento e a implementação de projetos, e com isso o desempenho da organização. 4.3.2.1 Indicadores de Desempenho Segundo a organização Management de Projetose Processos o indicador é uma situação ou caraterística que serve como sinal comprobatório de um outro fato. O método ZOPP utiliza indicadores objetivamente comprováveis, isto significa que eles contêm informações objetivas, quantitativas e qualitativas, que podem ser verificadas por qualquer especialista no tema que se está trabalhando. Existem diversos tipos de indicadores. Aqueles que quantificam e qualificam os inputs, outputs e processos podem ser denominados indicadores de acompanhamento, aqueles que se referem aos objetivos podem ser denominados indicadores de efeito. Ambos os tipos são indicadores de desempenho. Presentes na segunda coluna do Quadro Lógico, medem o alcance de uma situação ou estado desejados. Quanto à natureza, podem ser numéricos, percentuais ou ainda descritivos de processos ou fatos que indiquem a mudança qualitativa e/ou quantitativa de uma condição específica. Deve ser viáveis de medir (em termos físicos e financeiros), bem como demonstrar, claramente, os resultados alcançados até o momento da medição em comparação com o resultado desejadável (meta do indicador). Uma boa maneira de se escolher indicadores para determinado projeto é prestar atenção nos efeitos, isto é, na “parte de cima” da árvore de problemas. Por exemplo, na figura 14, dois possíveis indicadores para medirem a eficácia do “Programa de Redução de Acidentes” seriam o percentual de passageiros atrasados e o percentual de passageiros feridos. O grande problema dos indicadores é que estes são geralmente limitados quanto às informações de qualidade dos resultados do projeto. Dessa forma, em alguns casos faz-se necessária uma avaliação qualitativa e subjetiva dos resultados. Segundo o Programa de Excelência Gerencial do Exército[4], os indicadores são classificados como quantitativos e qualitativos. Os quantitativos auxiliam na compreensão das mudanças havidas, permitindo medir as alterações de uma situação inicial. (ex.: número de crianças vacinadas contra o sarampo durante uma campanha). Por sua vez, os indicadores qualitativos informam as alterações em termos de relação social, autoridade ou padrão (índice de emprego feminino X aumento da exploração do trabalho da mulher). É importante associar informações qualitativas e quantitativas no mesmo indicador, sempre que possível. 5. Encerramento É a última fase do ciclo de projeto. Nela os beneficiários das melhorias pretendidas pelo projeto são preparados para assumir adequadamente a manutenção e garantir a 33 sua sustentabilidade. Dessa forma, resta claro que é o momento da entrega do objeto. A oportunidade do encerramento deve ser utilizada para sistematizar toda a documentação e submeter à Alta Administração de forma a possibilitar uma avaliação final e identificação dos erros que ocorreram, para que os mesmos possam ser doravante evitados. 5.1 Satisfação Satisfação é a prestação de contas final aos interessados e à Alta Administração. Tal prestação de contas buscará obter a aceitação final, pelos stakeholders, dos resultados atingidos. Na maior parte das vezes alguns grupos de usuários deverão questionar o produto entregue, avaliando-o comparativamente ao que foi prometido e esperado. A satisfação pode ser encarada como uma “sabatina” final, em que o gerente e sua equipe precisam estar preparados para explicar e demonstrar tecnicamente e didaticamente a adequação do “deliverable”. A chancela final, pela Alta Administração, significa que o projeto está concluído e entregue. 5.2 Procedimentos de Encerramento Cumpre salientar que o projeto só poderá ser considerado encerrado quando todas as pendências estiverem sanadas, tendo o produto/serviço alcançado o regime de operação. Ou seja, quando a inovação assumir totalmente as características de um processo; ou no momento em que a melhoria definida esteja implementada. Após concluído o projeto e realizados todos os encerramentos contratuais (quando for o caso), torna-se possível a realização de uma auditoria final sobre os resultados e a elaboração de um relatório de encerramento do projeto. Inclusive, O debate e o registro das “lições aprendidas” é de extrema relevância dentro do processo de encerramento. O relatório final deve possibilitar uma consulta esclarecedora a todas as etapas do projeto, seja para as futuras modernizações ou ampliações seja como roteiro e recomendações para outros projetos. Numa perspectiva de gestão do conhecimento, é preciso arquivar os dados com uma sistemática que assegure o resgate das informações necessárias de forma imediata. Alguns autores tecem considerações sobre o conceito de “ciclo de vida estendido do projeto” em virtude de que, na prática, somente a partir de um razoável período em regime de operação é possível avaliar se os objetivos foram plenamente atingidos. Assim sendo, pode ser interessante a participação daqueles que atuaram na sua concepção em reuniões periódicas dos processos implementados por um período determinado. 5.2.1 - Encerramento junto à equipe de projeto Segundo Renata de Martins Faria Vieira[14], o encerramento do projeto, para a equipe, é a oportunidade de determinar o seu sucesso ou fracasso. O conceito de sucesso é a satisfação do cliente com o resultado, assim, o conceito de sucesso é subjetivo. Se o cliente ficar satisfeito, o projeto é considerado um sucesso. A avaliação final tem finalidade educacional e de feedback para a equipe. As seguintes perguntas devem ser respondidas na avaliação final: 1) Quais os objetivos do projeto? Que problemas pretendia resolver?; 2) Quais os resultados? Que problemas foram 34 efetivamente resolvidos?; 3) Sendo (1) e (2) diferentes, quais as causas?; 4) Os objetivos originais continuam válidos?; 5) Quais as dificuldades enfrentadas na administração deste projeto; 6) Quais as conclusões; e, 7) Quais as recomendações para os novos projetos? Principalmente em organizações funcionais e matriciais, o que se percebe é os membros das equipes de projetos entram e saem sem ao menos saberem se o projeto obteve ou não sucesso. Não se pode esquecer que, mesmo após a entrega do projeto e a entrada em operação, os membros da já dissolvida equipe de projeto detém a memória organizacional referente ao assunto em pauta, vez que conhecem os detalhes da sua implementação. Numa perspectiva de gestão do conhecimento, a equipe de projeto poderá ser consultada ante a necessidade de ajustes futuros. 5.3 Lições Aprendidas A troca de informações e as lições aprendidas do projeto são essenciais para a continuidade das iniciativas de sucesso. Os processos de encerramento têm, como missão principal, a avaliação dos fracassos e dos sucessos de um projeto e principalmente os porquês. Como se vê, este tópico é talvez um dos que mais de perto referem-se à gestão do conhecimento. Uma ótima estratégia para qualquer organização é saber aprender com os erros. Para tal, é necessário que as equipes façam registros explícitos da informações de projeto, de forma sistematizada, intuitiva e acessível, de maneira que possa ser acessadas facilmente no futuro. 35 6. Metodologia Simplificada de Projetos A maioria das oportunidades de melhoria encontradas em órgãos como a Câmara dos Deputados pressupõem projetos simples para seu atendimento, notadamente aquelas mapeadas dentro de um departamento específico, sem uma conexão obrigatória com o Plano Estratégico. Para esses casos, a ASSESSORIA DE PROJETOS ESPECIAIS DA DIRETORIA- GERAL elaborou um Modelo de Plano de Projeto que poderá ser utilizado alternativamente à metodologia de elaboração e gerenciamento apresentada nesta Apostila. O modelo contempla: � Identificação; � Declaração de Propósitos; � Antecedentes / Histórico; � Justificativas; � Objetivos; � Público-Alvo; � Metodologia (ou Abordagem); � Produtos Esperados; � Escopo; � Riscos Envolvidos; � Monitoramento e Avaliação; � Estimativas de Recursos e Custos; � Matrizde Responsabilidades; � Cronograma de Execução Física. A sugestão é, para os casos mais simples de projetos, elaborar um plano de projeto de natureza qualitativa, pautada muito mais pelo bom senso do que propriamente por cálculos quantitativos e metodologias avançadas de projetização. O Anexo H traz esse Modelo de Plano de Projeto bem como a maneira de preenchimento do mesmo. O Plano de Projeto, após devidamente preenchido, poderá ser submetido à apreciação superior, para fins de aprovação. 36 7. Conclusão É cada dia mais evidente que a cultura de gestão por projetos precisa ser implementada nas organizações, como requisito de inovação e qualidade dos trabalhos das mesmas. Essa realidade é também verdadeira em organizações públicas, as quais possuem talvez maiores oportunidades de inovações e melhorias em sua gestão. Hoje em dia está em alta o chamado “Gerente de Idéias”, aquele que produz e viabiliza projetos dentro da organização, baseados em idéias inovadoras. O filósofo contemporâneo Edward de Bono aborda muito bem essa questão quando sustenta que os profissionais modernos devem buscar outros caminhos para resolver os problemas6 Um sintoma da importância crescente que vem sendo dada à elaboração e gerenciamento de projetos é a proliferação, tanto em organizações privadas como em públicas, dos chamados “Escritórios ou Centros de Planejamento e Controle de Projetos7”. O objetivo desses escritórios é auxiliar no planejamento, acompanhar e gerenciar os projetos da organização; estes encontram-se diretamente subordinados à Alta Administração e partem do princípio de que as estratégias da organização estão plenamente definidas e assimiladas por todos os seus integrantes. Cabe ressaltar que não há um modelo, um padrão obrigatório a ser utilizado para projetos. Cada organização, mesmo cada setor dentro da Câmara, a depender de suas características, poderá adotar seu critério próprio caso seja conveniente e justificável. O importante é entender que o tempo gasto em planejamento deve ser considerado pela Alta Administração como um investimento e que sem dúvida trará retornos positivos. Por fim, o Anexo I lista algumas causas potenciais de fracasso em projetos. 6 O assunto é tratado em “O Pensamento Lateral”. Na publicação, o autor expõe duas formas de pensamento: o vertical e o lateral. O pensamento vertical, na analogia de De Bono, é responsável pela manutenção dos erros e pelas pessoas buscarem “cavar sempre no mesmo lugar”. Por sua vez, o pensamento lateral busca “outros locais para escavar”, isto é, outras formas de resolver o problema e que podem ser geniais e aparentemente fáceis após serem concebidas. 7 Na terminologia utilizada pelo Programa de Excelência Gerencial – PEG – do Exército. 37 ANEXO A - SUGESTÃO DE MODELO DE LISTA DE VERIFICAÇÃO (CHECK-LIST)8 Questões Fundamentais: A partir da definição das fases do ciclo de vida de um projeto, procura-se identificar as perguntas mais relevantes relacionadas com cada fase, listando-as na forma de uma lista de verificação. Sim Não 1. Missão (Iniciação) 1. A proposta é coerente com a visão e o planejamento estratégico da organização patrocinadora do projeto? 2. A proposta possibilita resultados e retorno sobre o investimento compatíveis com as expectativas da organização? 3. As premissas relevantes foram estabelecidas e validadas? 4. Os recursos estratégicos estarão disponíveis para condução do projeto? 5. Foi formalizada uma proposta executiva, que define o objetivo, os resultados e especificações, os indicadores de acompanhamento, as premissas e os obstáculos do projeto? 6. A estratégia e o escopo do projeto estão claramente definidos? 7. A avaliação qualitativa e quantitativa da viabilidade do projeto é consistente e defensável? 8. Uma avaliação global de riscos foi realizada? O grau de certeza das estimativas é suficiente para o nível de risco que a organização possa tolerar? 9. As principais partes interessadas e afetadas foram adequadamente envolvidas? 10. Já foi definido quem será o gerente deste projeto, com a capacitação e experiência requeridas? 11. A equipe necessitará de alguma forma de suporte, treinamento, direcionamento e/ou acompanhamento diferenciados? 12. Toda informação relevante necessária para prosseguir o projeto está disponível e organizada? 13. A proposta executiva foi submetida e aprovada pela organização? 14. Existe a necessidade de um evento ou documento para formalizar o lançamento do projeto e o comprometimento das pessoas envolvidas? 8 Sugestão do Programa de Excelência Gerencial – PEG – do Exército[4]. 38 Sim Não 2. Fase de Elaboração 1. O escopo foi detalhado e consensado pela equipe do projeto? 2. Está definida a metodologia de implementação e a sistemática de gerenciamento do projeto? 3. Existem cronogramas, marcos e orçamentos estabelecidos? 4. Os recursos foram adequadamente alocados? 5. As responsabilidades estão claramente definidas? 6. O processo de desenvolvimento de fornecedores e aquisição está sistematizado e é conhecido? 7. Os termos de referência para usuários estão definidos? 8. Um plano de qualidade visando assegurar os resultados e especificações foi estabelecido? 9. Foi realizada uma avaliação detalhada de riscos? Medidas contingenciais foram previstas? 10. O sucesso do projeto está assegurado? 11. Existe um sistema para documentação do projeto? 12. Foi estabelecido um plano de comunicação para todos os envolvidos (relatórios e eventos)? 13. Toda a documentação gerada foi integrada em um guia detalhado do projeto? 14. O guia do projeto foi submetido e aprovado pela organização? 15. Existe a necessidade de um evento ou documento para formalizar o início da execução e o comprometimento das pessoas envolvidas? 39 Sim Não 3. Fase de Execução 1. A equipe está integrada e motivada para a execução das atividades do projeto (“team-building”)? 2. A liderança é reconhecida pela equipe, pela sua habilidade na comunicação, administração de conflitos e influência de pessoas? 3. A equipe requer treinamento específico nas tecnologias envolvidas? 4. A equipe está capacitada na solução de problemas e tomada de decisão? 5. Os fornecedores e interfaces da organização estão integrados ao projeto? 6. O processo de negociação com fornecedores tem sido harmonioso e próspero (ganha-ganha)? Sim Não 4. Fase de Controle 1. Estão definidos indicadores de progresso e foi sistematizado seu acompanhamento? 2. Os relatórios de acompanhamento estão sendo gerados e avaliados periodicamente? 3. As reuniões de acompanhamento estão ocorrendo conforme programado? 4. Os desvios entre planejado e realizado estão sendo identificados? 5. As medidas corretivas estão sendo analisadas e implementadas? 6. Existe uma sistemática para o gerenciamento da mudança de escopo? O impacto das mudanças é simulado, avaliado e, após implementado, recoloca o projeto na trilha de seu objetivo? 7. O progresso e as auditorias estão sendo registradas e arquivadas? 40 Sim Não 5. Fase de Encerramento 1. Foram realizados os procedimentos de encerramento do projeto (auditoria de resultados, encerramentos contratuais e administrativo)? 2. O processo de transição esta encaminhado, assegurando a operação do produto do projeto? 3. A organização patrocinadora do projeto, os clientes e/ou usuários e a equipe do projeto estão satisfeitos com os resultados? 4. Foi conduzida uma reunião de balanço do projeto, concluindo-se as lições aprendidas (o que fizemos bem e onde podemos melhorar)? 5. Que resultados podem ser compartilhados e utilizados com propósitos institucionais e/ou mercadológicos? Sim Não Lições Aprendidas Comentários 1. Os produtos entregues correspondem aos descritos
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