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1. INTRODUÇÃO 
O desenvolvimento mundial da Sedimentologia nos dias atuais é es-
pantoso, principalmente na América do Norte, onde, com a descoberta de 
volumes fantásticos de petróleo em sedimentos pensilvanianos do oeste do 
Texas e em sedimentos devonianos do Canadá, os estudos centralizados 
nos calcários e arenitos, que constituem as rochas-reservatórios, permitiram 
um progresso notável da matéria. Isso significa que, tendo como base a in-
dústria petrolífera, os Estados Unidos deram um impulso extraordinário à 
Sedimentologia, e outros países, da Europa e da Ásia, receberam a influência 
e toram também encaminhados para a rota do progresso, que continua até 
os dias atuais. 
Novas técnicas têm sido desenvolvidas para a análise do comportamento 
dinâmico, físico-químico e bioquímico dos materiais sedimentares em trans-
porte e após a deposição. Esses avanços têm sido acompanhados por um 
refinamento de métodos de medição e quantificação de uma grande variedade 
de atributos físicos e químicos dos sedimentos. E mais: o campo em desen-
volvimento das pesquisas oceanográficas tem fornecido uma profusão de 
dados, que ajuda na explicação de padrões complexos de sedimentação. 
Além disso, como nos dias atuais vem sendo cada vez mais confirmada 
a importância da Sedimentologia na consolidação dos conceitos básicos 
ligados aos campos relacionados, tais como: Geografia, Estudo do Qua-
ternário, Mineralogia, Geologia dos Depósitos Minerais, Paleontologia, 
Geologia Aplicada, Geoquímica e Geofísica, deve-se frisar ainda mais a 
necessidade de pesquisas entrosadas. Não raras vezes podemos reconhecer 
áreas de superposição nas pesquisas desses campos. Nessas áreas de super-
posição devemos considerar a importância primordial da parte superposta 
para podermos incluir adequadamente na primeira ou na segunda disciplina. 
Mas essas áreas de superposição é que frequentemente costumam permanecer 
como um vácuo de pesquisas, de modo que nesses casos é ideal que haja 
uma atitude de colaboração pelas partes para a resolução dos problemas 
comuns. Então é muito natural que grande número de métodos usados na 
Sedimentologia seja apenas adaptações de técnicas desenvolvidas em outros 
campos. Esses métodos, no entanto, quando usados em Sedimentologia, 
foram frequentemente tão modificados que se tornaram genéricos (por exemplo 
2 
introdução à sedimentologia 
método da coloração diferencial - staining - em estudos mineralógicos e 
estudos de orientação de partículas) ou, então, específicos da Sedimentologia 
(métodos morfométricos, estudos de porosidade, etc). 
Definição de campo de ação da sedimentologia 
Entre os termos técnicos usados em campos correlatos da Sedimento-
logia temos: Estratigrafia, Sedimentologia, Petrografia Sedimentar e Petror 
logia Sedimentar, e, ao procurarmos uma definição precisa para cada um 
deles e os seus respectivos campos de ação, encontramos certa confusão. 
Assim, pensemos um pouco sobre a definição desses termos. 
A Sedimentologia é uma disciplina que estuda em pormenores a natu-
reza dos sedimentos, enquanto que o estudo do comportamento espacial 
desses sedimentos faz parte da Estratigrafia. Ambas as disciplinas se com-
pletam: a Estratigrafia, sem um estudo minucioso e completo dos sedimentos, 
é sempre incompleta e as conclusões que podem ser tiradas estão sempre 
aquém daquelas que poderiam ser deduzidas, quando acompanhada de um 
estudo sedimentológico detalhado. 
U m trabalho essencialmente sedimentológico exige muito menos tra-
balho de campo do que um estudo estratigráfico. Enquanto a Sedimentologia 
se preocupa com detalhes, a Estratigrafia devota sua atenção para as relações 
dos corpos rochosos no campo assim como estuda as estruturas e as grandes 
peculiaridades dos corpos rochosos. Na fase descritiva a Estratigrafia e a 
Sedimentologia constituem ramos separados da Geologia, mas na parte 
interpretativa há recobrimento de campo das duas disciplinas. Muito tem 
a ganhar as duas disciplinas com uma íntima conjunção: soluções satis-
fatórias de muitos problemas não podem ser obtidas pelo estudo isolado 
dessas disciplinas. O estudo minucioso dos sedimentos pode sugerir expli-
cações diferentes das que foram aventadas no campo e pode dirigir a atenção 
do pesquisador para feições previamente desprezadas ou não observadas, 
porque a sua significação não fora suficientemente compreendida. Por outro 
lado, os resultados de estudos sedimentológicos podem ser de maior sig-
nificado, quando eles forem vistos dentro do arcabouço estratigráfico. 
Em sentido restrito, a Sedimentologia reíere-se aos processos respon-
sáveis pela formação das rochas sedimentares, incluindo a origem, transporte 
e deposição dos materiais formadores das rochas, sua. diagênese e litificação. 
Em sentido mais amplo, comumente usado, a Sedimentologia abrange a 
Petrografia Sedimentar e a Petrologia Sedimentar, que juntos cobrem o es-
tudo, descrição, classificação e interpretação das rochas sedimentares. 
De uma maneira geral, as pesquisas relacionadas ao intemperismo e 
desintegração, erosão, transporte, mecanismos de sedimentação física, quí-
mica ou orgânica, e movimentos tectónicos e suas ligações com os ambientes 
de deposição, e processos diagenéticos formam os campos de ação da Sedi-
mentologia. Neste compêndio deixaremos de lado os assuntos com ligação 
introdução 3 
mais direta com a Petrografia Sedimentar, tais como: descrição e classifi-
cação das rochas sedimentares, para tratarmos mais dos temas ligados à 
Petrologia Sedimentar, propriamente dita. 
FENÓMENOS DE INTEMPERISMO E DESINTEGRAÇÃO, 
EROSÃO E TRANSPORTE 
Quaisquer que sejam as naturezas das rochas matrizes, que vão formar 
os detritos, as rochas vulcânicas, metamórficas ou sedimentares, sofrem ini-
cialmente os processos de intemperismo em ambiente subaquático ou subaéreo 
e, destarte, ocorre a desintegração física ou decomposição mecânica, seguida 
de erosão dos materiais. Os detritos assim originados sofrem transporte 
por ação do vento, água ou gelo, sendo em seguida sedimentados e litificados. 
Assim, para começar, como campo de ação da Sedimentologia, temos que 
pensar nos fenómenos de intemperismo e desintegração das rochas, erosão 
e transporte. 
MECANISMOS DE SEDIMENTAÇÃO FÍSICA {MECÂNICA) 
QUÍMICA OU ORGÂNICA 
Nos fenómenos de intemperismo e desintegração das rochas em am-
biente subaquático, uma parte da rocha é solubilizada quimicamente e outra 
parte passa para suspensão em estado coloidal; os elementos em solução 
no meio aquoso são quimicamente precipitados em função das modificações 
do pH, Eh e temperatura. Alguns elementos, devido à existência de íons 
eletrolíticos, são precipitados eletroquimicamente. Por outro lado, corais, 
radiolários e bactérias, que são seres viventes, absorvem o cálcio e a sílica, 
do meio, formando as suas partes resistentes, que depois de mor t a s são pre-
servadas passando a sedimentar nos fundos aquosos com out ros detritos. 
Assim, como mecanismos naturais subsequentes à formação dos detritos, 
é necessário considerar os fenómenos de sedimentação física, química ou 
orgânica dos mesmos após sofrerem um transporte mais ou m e n o s longo. 
TECTONISMO E AMBIENTE DE SEDIMENTAÇÃO 
As causas fundamentais de origem dos ambientes de sedimentação, 
como, por exemplo, de ambientes geossinclinais, são os mov imen tos tec-
tónicos. As pesquisas relacionadas à reconstrução histórica dos tectonismos 
sinsedimentares é o campo mais importante e ao mesmo tempo mais difícil 
com que se defronta a Sedimentologia. Por exemplo: nas formações pro-
dutoras de carvão-de-pedra dos campos de Tikutomi, Jobam e Ishigari 
(Japão) foram reconhecidos desenvolvimentos de sedimentações cíclicas do 
tipo denominado ciclotema; ao mesmo tempo que sedimentações cíclicas 
foram também verificadas em calcários de Okinawa e Sooma (Japão) . D o 
mesmo modo, são mundialmentefamosos os estudos realizados n o Japão 
4 introdução à sedimentologia 
sobre grupos de terraços, principalmente no que diz respeito às suas correlações. 
Muitas dúvidas ainda persistem em relação à origem desses fenómenos, 
mas existe uma tendência muito forte para ligá-los aos movimentos tectó-
nicos, que se seguiram às atividades vulcânicas, ou às variações do nível 
do mar em função das alternâncias de períodos glaciais e interglaciais. Por 
outro lado, os minerais pesados contidos nas rochas sedimentares fornecem 
boas indicações sobre a área-fonte das mesmas: sua geologia histórica e 
sobre os problemas de proveniência dos sedimentos. 
Mesmo nos dias atuais os problemas de classificação dos arenitos são 
intensamente tratados, e entre os vários assuntos ligados aos arenitos ficou 
esclarecido, por exemplo, que a maturidade dos arenitos recebe influência 
muito grande da natureza da rocha matriz dos arenitos, dos movimentos 
tectónicos e do clima e suas variações, estando ligada também ao nível ener-
gético das correntes aquosas no ambiente de deposição. Desse modo a clas-
sificação dos arenitos pode também ser estabelecida em função da maturidade 
textural e, além disso, pode-se interpretar a história dos movimentos tec-
tónicos na área-fonte por meio dos estudos petrográficos desse tipo. 
Assim apresentamos alguns casos de interpretação dos tectonismos 
passados processados concomitantemente à sedimentação. É sempre neces-
sário considerar a importância dos estudos dos movimentos tectónicos na 
definição dos ambientes de sedimentação, como campo de ação da Sedi-
mentologia. 
FORMAÇÕES SEDIMENTARES E CONDIÇÕES DE DEPOSIÇÃO 
Através das análises das estratificações, marcas onduladas, marcas de 
corrente, estratificações cruzadas e outras estruturas sedimentares, que 
exibem fenómenos gradacionais nos arenitos, do estudo das texturas super-
ficiais dos grãos arenosos e de seixos, da distribuição granulométrica das 
areias e valores estatísticos expressos por seleção, mediana, assimetria e 
curtose, da forma e arredondamento das partículas arenosas, da utilização 
dos elementos químicos isotópicos e estudos físico-químicos, envolvendo 
valores de pH, Eh, e tc , é possível interpretar a génese das formações sedi-
mentares. Por outro lado, é também possível interpretar organicamente os 
sedimentos pelo estudo ecológico e bioquímico, usando-se foraminíferos, 
conchas, algas calcárias e silicosas, bactérias, etc. Dessa maneira, essas pes-
quisas de interpretação das relações entre os sedimentos recentes e as rochas 
sedimentares constituem parte importante da Sedimentologia. 
PROCESSOS DIAGENÉTICOS 
Uma formação, uma vez sedimentada, pode ainda sofrer novos processos 
erosivos de retrabalhamento e depois ser sedimentada no mesmo local ou 
em sítio diferente. As rochas sedimentares, de um modo geral, apresentam 
características diferentes daquelas observáveis em sedimentos recentes, per-
introdução 5 
mitindo assim distinguir a ação de condições fisico-químicas reinantes após 
ou durante a deposição dos sedimentos. 
\, para que os sedimentos inconsolidados se transformem em rochas 
sedimentares, são exigidos fenómenos físico-químicos que ajam continua-
mente sobre os sedimentos recém-depositados, e este conjunto de processos 
é designado de diagênese} Os sedimentos, que constituem um pacote de 
variadas composições químicas, são inicialmente compactados pelo próprio 
peso dos materiais sedimentares superpostos e assim ocorrem inter-relações 
mútuas entre águas intersticiais e águas subterrâneas pelas suas migrações, 
originando-se, desse modo, muitos minerais autígenos. Além disso, durante 
os trabalhos de campo, são verificadas determinadas camadas perturbadas, 
nelas ocorrendo anomalias, como escorregamentos, estruturas de sobrecarga 
e laminações convolutas, que são consideradas estruturas originadas sin-
geneticamente à sedimentação; o estudo dessas anomalias singenéticas 
pode nos levar à interpretação das atividades tectónicas durante a sedi-
mentação. 
Por outro lado, as origens dos tipos de silexitos (nodular, acamado, 
concrecionar, etc.) ainda não estão muito claras mas acredita-se que pelo 
menos parte é resultado de fracionamento, soldamento, dispersão ou con-
centração de gel de sílica, argila, carbonato de cálcio e soluções de manganês 
por mecanismos essencialmente similares aos da química dos colóides. Além 
disso, os minerais de argila, que entram na constituição dos sedimentos, 
podem ser transformados em novas variedades durante os processos dia-
genéticos por modificações nas pressões e condições químicas. Um problema 
especialmente importante surge quando soluções hidrotermais provenientes 
dos magmas invadem as rochas sedimentares e, então, a calcita é substi-
tuída pela dolomita ou a calcita, que constitui calcários, é substituída pelo 
gel de sílica, transformando-se em silexitos; este fenómeno é importante 
na geologia dos depósitos minerais, ao lado dos esclarecimentos que traz 
no entendimento dos fenómenos diagenéticos. 
Desta maneira apresentamos alguns exemplos de fenómenos diage-
néticos que começam a agir sobre os sedimentos já durante a sedimentação 
ou logo após a deposição, transformando os sedimentos inconsolidados em 
rochas sedimentares. Enquanto os fenómenos diagenéticos não forem per-
feitamente entendidos não poderemos esclarecer sobre o aspecto original 
de muitas rochas sedimentares. 
Procuramos nesta parte introduzir a definição da disciplina Sedimen-
tologia, que para nós terá o mesmo sentido de Petrologia Sedimentar, ao 
mesmo tempo que procuraremos delimitar o campo de ação desta matéria. 
A um leitor principiante na matéria, certos termos e definições usados aqui 
podem ficar incompreendidos, pelo menos por ora, portanto aconselhamos 
que essa introdução seja relida depois que o curso contido neste texto tenha 
sido terminado. 
2. TRABALHOS PRELIMINARES DE CAMPO, 
INCLUSIVE AMOSTRAGEM 
Tanto nos trabalhos preliminares de campo como nos trabalhos deta-
lhados posteriores de laboratório, estamos sempre interessados em deter-
minar as características básicas das rochas sedimentares. Todos os depósitos 
sedimentares possuem certas características fundamentais ou propriedades, 
algumas das quais estão associadas com as partículas individuais e outras, 
com agregados de todas as partículas. As características aqui especificadas 
como as inerentes aos grãos constituintes isolados podem ser chamadas 
conjuntamente de características ou propriedades texturais das rochas se-
dimentares. Outras propriedades, ligadas aos agregados de partículas, são 
chamadas de propriedades estruturais. Estas referem-se às características 
determinadas pelo arranjo das partículas, tais como: porosidade, permea-
bilidade, estruturas sedimentares singenéticas, etc. Embora haja exceções, 
podemos dizer que, de uma maneira geral, as características texturais são 
melhor analisadas em trabalhos de laboratório, enquanto que a maior parte 
das propriedades estruturais são mais apropriadamente examinadas ou me-
didas no campo. Em alguns casos existe superposições, mas a classificação 
seguinte abrange as principais características. 
Propriedades dos grãos componentes 
As propriedades fundamentais dos grãos isolados de rochas sedimentares 
são: a) tamanho, b) arredondamento e esfericidade (forma), c) textura super-
ficial e d) composição mineralógica. A última característica determina atri-
butos, tais como: densidade, dureza, cor e outras propriedades dos grãos. 
Cada uma dessas quatro propriedades fundamentais pode ser examinada 
em laboratório. 
As propriedades fundamentais das partículas são importantes porque 
elas retratam direta ou indiretamente todas as vicissitudes pelas quais pas-
saram os sedimentos. Os tamanhos são ligados ao meio de transporte e sua 
velocidade; a forma é relacionada em parte ao meio de transporte,à distância 
e ao rigor do transporte; a textura superficial pode refletir mudanças sub-
trabalhos preliminares de campo, inclusive amostragem 7 
sequentes devidas à dissolução ou pode fornecer indicações sobre o método 
de transporte. Finalmente, a composição mineralógica indica possíveis rochas 
fontes, assim como algumas mudanças pós-deposicionais. 
Atributos dos grãos componentes nos agregados 
O interesse nos grãos componentes de um sedimento envolve, muitas 
vezes, a distribuição em frequência granulométrica de partículas no agregado; 
assim por exemplo, os tamanhos são expressos em termos de distribuição 
granulométrica, por meio de análises granulométricas (ou mecânicas), do 
que sob forma de tabelas de tamanhos dos grãos individuais. Da mesma 
maneira, forma, composição mineralógica e outras propriedades podem ser 
consideradas estatisticamente como distribuições de propriedades dos grãos. 
Cada uma dessas distribuições pode ser estudada em termos de suas carac-
terísticas, tais como: granulação média, densidade média, grau de seleção 
média, etc. 
Um outro atr ibuto dos grãos componentes em termos de suas proprie-
dades nos agregados é a orientação espacial das partículas (ou petrofábrica). 
A orientação das partículas, quando considerada estatisticamente, pode in-
dicar entre outras coisas se a deposição foi subaquosa ou subaérea. 
Propriedades dos agregados . 
Em adição aos atributos das partículas individuais, existem várias pro-
priedades inerentes aos sedimentos como agregados de partículas. Estas 
incluem: a) cimentação das partículas nos agregados, b) estruturas, tais 
como: acamamento (ou estratificação), concreções, e tc , c) cor dos sedimentos, 
e outras. Essas propriedades também fornecem informações sobre a história 
do sedimento. A cor dos sedimentos nos agregados, inclusive a natureza 
do cimento, pode ajudar a determinar as condições de deposição, mudanças 
pós-deposicionais, etc. Algumas dessas propriedades dos agregados são am-
plamente controladas pelas propriedades dos grãos componentes. A orien-
tação das partículas pode determinar estruturas, como acamamentos, e 
além disso pode ser um fator decisivo na definição dos valores de porosidade 
e permeabilidade. 
Grande parte das propriedades dos agregados, acima definidas, pode 
ser estudada no campo, enquanto que as propriedades dos grãos componentes 
e sua distribuição nos sedimentos são mais bem estudadas em laboratório. 
Um exame completo dos sedimentos envolve a combinação dos trabalhos 
de campo e de laboratório, e dentro do procedimento da moderna ciência 
sedimentológica nenhum é completo sem o outro. Os métodos de laboratório 
devem ser, tanto quanto possível, quantitativos, porque dados quantitativos 
são necessários para o desenvolvimento de teorias completas sobre o trans-
porte e deposição dos sedimentos. Nos dias atuais verificamos uma enfa-
tização cada vez maior da obtenção de dados quantitativos e aspectos expe-
rimentais dos diferentes fenómenos ligados à Sedimentologia. 
8 introdução à sedimentologia 
Trabalhos de campo 
Vimos enumerados nos parágrafos precedentes as propriedades fun-
damentais das rochas sedimentares. Neste ponto é necessário adquirir certa 
familiaridade com algumas técnicas de campo, usadas comumente para le-
vantamento completo de dados necessários aos estudos dos sedimentos. 
Não se pretende que este capítulo seja um manual de técnicas sedimento-
lógicas de campo mas queremos apenas introduzir noções sobre alguns 
processos usados, tanto nos estudos sedimentológicos académicos como apli-
cados. Para maiores detalhes, os leitores devem recorrer aos manuais espe-
cializados: "Geologia de campo" ("Field Geology") de Lahee (1961), livro 
de técnicas de práticas de campo de Kottlowski (1965), etc. 
TRABALHOS EM AFLORAMENTOS 
a) Medidas de seções 
Seções estratigráficas devem ser precisa e adequadamente medidas para 
constituírem o ponto de partida para maior parte dos estudos de camadas 
sedimentares expostas em afloramentos. Dessas seções medidas e das infor-
mações sobre espessuras e variações litológicas, posições das faunas e floras, 
e relações estratigráficas das várias unidades litológicas é que obteremos 
os dados usados nas correlações. Os métodos e os procedimentos usados 
nas medidas de seções não podem ser resumidos de um modo generalizado, 
porque cada área apresenta os seus próprios problemas. 
b) Escolha das seções a serem medidas 
Uma seleção adequada de seções a serem medidas é um fator importante 
que determina a validade e a eficiência dos resultados obtidos. Em algumas 
áreas a seleção é limitada pela falta de bons afloramentos, enquanto que, 
em áreas de muitos afloramentos, a seleção é feita com base no espaçamento 
entre as seções, espessura da coluna estratigráfica presente, grau de expo-
sição ou cobertura, simplicidade estrutural e facilidade de acesso. 
Muitos estudos estratigráficos ou sedimentológicos constituem refi-
namentos de trabalhos prévios. Por tanto , um geólogo que vá trabalhar em 
uma área previamente conhecida pode geralmente beneficiar-se dos trabalhos 
de precursores no estabelecimento das correlações das unidades de áreas 
adjacentes. 
c) Descrição das seções em medição 
É necessário que se faça uma descrição adequada das seções a fim de 
que se tenha maior número possível de informações estratigráficas de quaisquer 
sequências de camadas expostas. As descrições das seções medidas podem 
abranger observações sobre as espessuras das unidades, suas relações estra-
tigráficas, litologia, estratificação, estruturas internas, comportamento em 
face do intemperismo, paleontologia, etc. 
trabalhos preliminares de campo,.inclusive amostragem 9 
Sendo a finalidade principal do curso programado neste compêndio o* 
aprendizado dos diversos procedimentos de laboratório para quantificação 
das características fundamentais das rochas sedimentares, não entraremos 
em maiores detalhes sobre as técnicas de campo. Mas apresentaremos a 
seguir uma listagem de dados sobre rochas sedimentares, que podem ser 
obtidos durante os trabalhos de campo (segundo Goldman e Hewett, in 
Krumbein e Pettijohn, 1938). 
a) Forma externa da unidade litológica: 
— Dimensões, persistência e regularidade. 
b) Cor: 
— Na rocha sedimentar seca ou molhada (segundo tabela-padrão 
de cores; veja capítulo sobre cores dos sedimentos). 
c) Estratificação ou acamamento: 
— Passagem brusca ou transicional entre as camadas sedimentares. 
— Plana, ondulatória ou com marcas onduladas. 
— Espessura (constante ou variável, rítmica ou ao acaso). 
d) Atitude das camadas: 
— Horizontal, inclinada ou encurvada. 
— Paralela, tangencial ou interrompe outras camadas. 
— Relação das propriedades das partículas com a atitude e direção 
das camadas. 
e) Marcas sobre as superfícies das camadas: 
— Gretas de contração, marcas de chuva, pegadas, etc. 
f) Perturbações das camadas: 
— Dobramento ou amarrotamento. 
— Conglomerados intraformacionais. 
g) Concreções: 
— Tipo de concreção, tamanho. 
— Condições de distribuição (regular ou ao acaso). 
— Orientação em relação às camadas. 
— Forma, tipo e composição. 
— Estrutura interna. 
— Contato com a rocha hospedeira (brusco ou transicional). 
h) Constituintes orgânicos: 
— Espécie e tamanho. 
— Condições de ocorrência (inteiro ou fragmentado). 
— Distribuição. 
— Orientação em relação ao acamamento. 
Durante essas observações de campo, a maior parte das rochas sedi-
mentares pode ser rapidamente classificada como conglomerados, arenitos, 
siltitos, folhelhos ou calcários, usando-se simplesmente os seguintes ins-
trumentos: martelo, lupa de bolso e ácido clorídrico. Em rochas de consti-
tuição mista, que é o caso mais comum, é possível muitas vezes chegar-se 
a uma aproximação grosseira dos seus respectivos componentes (por exemplo, 
10 introdução à sedimentologiaa relação carbonato/argila ou carbonato/areia) e expressar essa propriedade 
em uma descrição preliminar. Entretanto, em nenhuma circunstância, uma 
observação litológica de campo pode substituir uma investigação mais deta-
lhada de laboratório. 
Além de serem, muitos desses métodos de campo, apenas qualitativos, 
alguns são pouco exatos e usados somente para se obter um quadro geral 
da sedimentação. Existem alguns outros métodos que se enquadram entre 
os procedimentos de campo, como, por exemplo, medições de objetos que, 
devido ao tamanho exagerado dos seus constituintes, seriam muito difíceis 
de serem transportados aos laboratórios para medidas posteriores. 
Apresentação dos dados de campo 
DESCRIÇÕES 
Embora as representações gráficas dos dados estratigráficos sejam talvez 
a técnica mais usada, não é possível apresentar todas as informações neces-
sárias ao entendimento global dos sedimentos apenas por meio de diagramas. 
Portanto é hábito apresentar também uma descrição sucinta de cada unidade 
da seção medida com todos os dados reunidos no campo, eventualmente 
completados com dados obtidos posteriormente em laboratório. 
Um problema que necessariamente temos que resolver antes de começar 
a desenhar as ilustrações é a questão da escala gráfica. Comumente, a escala 
vertical das seções é maior do que a horizontal, para mostrar detalhes da 
estratigrafia ou estrutura; no entanto, um grande exagero poderá distorcer 
as relações realmente existentes. Essas distorções aparecem mais comumente 
em seções estruturais, onde os valores dos ângulos de mergulho devem ser 
convertidos, tendo em vista as diferenças de elevação por unidade de dis-
tância horizontal, antes de serem lançados na seção. Um exagero muito 
grande poderá dar falsa impressão de adelgaçamento das camadas. 
Muito tempo e trabalho são necessários, com pouca vantagem; se a 
seção for construída em escala maior do que a necessária. Quando a escala 
do desenho for dobrada, a área na qual iremos trabalhar será aumentada 
de quatro vezes. Antes de começar a desenhar, portanto, devemos considerar 
os seguintes itens: 
a) Escolher a menor escala que ainda permita transcrever os detalhes 
estratigráficos e estruturais, conforme o caso. 
b) Considerar a área final do desenho. Desenhos muito grandes não 
dão ideia do conjunto. 
c) Investigar sobre as limitações de espaço das máquinas de reprodução. 
d) Quando possível, fazer a escala da seção igual a dos mapas regionais, 
porque isso facilita as correlações. 
e) Deve-se considerar ainda que é muito mais económico fazer desenhos 
pequenos. 
trabalhos preliminares de campo, inclusive amostragem 11 
SEÇÕES OU PERFIS GEOLÓGICOS 
As seções geológicas ou perfis geológicos i lust ram convenientemente, 
tanto as relações estratigráficas como as suas relações com as estruturas e 
a topografia. As seções geológicas podem ser usadas para ilustrar a posição 
e a ocorrência de várias unidades estratigráficas em uma região montanhosa 
ou em uma bacia sedimentar. Mas elas não mostram detalhes estratigráficos 
ou litológicos sem um grande exagero (realce) vertical de escala e, conse-
quentemente, distorções de relevo e estrutura são, nesse caso, inevitáveis. 
(Jm exemplo de seção geológica é mostrado na Fig. 1 (Krumbein e Sloss, 
i 963). ' ' 
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Figura 1. Exemplo de seção geo-
lógica (topo). Mesmos dados em 
seção colunar (base) (Segundo 
Krumbein e Sloss, 1963) 
SEÇÕES COLUNARES 
As seções colunares constituem o processo mais amplamente usado 
para expressar dados estratigráficos de seções medidas. As seções colunares 
12 introdução à sedimentologia 
mostram a sequência, as inter-relações e as espessuras das unidades estra-
tigráficas, e ilustra sua litologia por símbolos convencionais. 
A escolha da escala vertical depende do grau de detalhe disponível ou 
desejável. Cada unidade litológica é mostrada com sua própria espessura 
em escala e em sua posição normal na coluna. 
Os símbolos, que expressam os principais atributos litológicos de cada 
subunidade e certas feições subordinadas, são introduzidos no corpo prin-
cipal da seção colunar. A posição e a distribuição de sílex ou outros detalhes 
significativos - o espaçamento dos planos de acamamento, laminações cru-
zadas e discordâncias - podem ser indicados, mas tentativas de ilustração 
de muitas feições geralmente resultam em seções colunares muito confusas. 
Os símbolos gráficos que representam a litologia têm sido mais ou menos 
padronizados (Fig. 2) segundo Krumbein e Sloss, 1963. Entretanto, se houver 
uma litologia que deva ser colocada, para a qual não exista símbolo, o geólogo 
deve esquematizar e colocar a mesma figura entre os símbolos da legenda. 
QUARTZITO 
QUADRANTE 
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2 
a: 
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|] VERMELHO E CINZA A L T E R N A D O S 
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[j C I N Z A — C L A R O , CASTANHA A M A R E L A D A 
| V E R M E L H O - P U R P U R A , CAST.—AVERM E L H A D C 
|| C I N Z A M É D I A A E S C U R A 
| V A R I E G A D A 
S Í M B O L O S L I T O L Ó G I C O S 
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A R E N I T O 
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A R G I L O S O 
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E N C O B E R T O 
P O B R E M E N T E E X P O S T O 
• 
C A L C Á R I O 
MADISON 
Figura 2. Seção colunar de parte da seção do Canyon Sappington (Segundo Krumbein e Sloss, 
1963) 
trabalhos preliminares de campo, inclusive amostragem 13 
Se introduzirmos um símbolo novo, devemos tomar cuidado para que o 
escolhido não entre em conflito com outro já existente. As litologias podem 
ser represei uadas também por cores. As cores são normalmente empregadas 
em conjunto com os símbolos gráficos para dar maior ênfase às subdivisões 
dos estratos na seção. 
Cores e variações texturais das rochas podem ser representadas por 
colunas independentes ao longo de um dos lados ou em ambos os lados da 
coluna litológica principal. Onde existam dados de resíduos insolúveis de 
calcários ou informações sobre minerais pesados também podem ser re-
presentados em colunas separadas. 
As variações de zonas paleontológicas podem ser representadas por 
setas adjacentes à coluna principal, sendo cada zona identificada por suas 
espécies características ou por símbolos referentes às faunas identificadas. 
Uma seção colunar adequadamente organizada é capaz de expressar 
praticamente todos os dados físicos e biológicos significativos obtidos das 
medições e análise de seções estratigráficas. 
As seções colunares devem ser construídas tão logo quanto possível 
no papel, após os dados terem sido coligidos no campo. Algumas companhias 
obrigam os geólogos a seu serviço a preparar um gráfico progressivo ou 
temporário durante o curso de observações de campo. Essa prática permite 
reter uma orientação estratigráfica constante, além de permitir uma melhor 
compreensão dos fatos no gabinete. 
SEÇÕES OU PERFIS ESTRATIGRÁFICOS 
As seções estratigráficas diferem das seções geológicas no fato de não 
ilustrarem o perfil topográfico, e as estruturas são restituídas ou expressas 
diagramaticamente. Além disso, a escala vertical é muito exagerada para 
mostrar detalhes estratigráficos. As seções estratigráficas são elaboradas 
arranjando-se séries de seções colunares, uma ao lado da outra, em sequências 
geográficas naturais. 
Se as relações estruturais forem importantes no estudo, as posições 
verticais das colunas serão determinadas por suas elevações no terreno, 
enfatizando a influência das estruturas. Nesse caso, poderíamos chamar a 
seção deestratigráfica-estrutural. Mais comumente as estruturas são resti-
tuídas e as colunas arranjadas em relação a um horizonte estratigráfico 
escolhido como referência (datum). As correlações faunísticas e litológicas 
são indicadas por linhas que unem horizontes correlativos de uma coluna 
a outra. Fenómenos como os de pinch-out (adelgaçamento até o desapare-
cimento total de determinadas camadas), interdigitação de camadas dife-
rentes, e tc , que são considerados como presentes entre as posições das colunas, 
podem ser esclarecidos. 
Duas ou mais linhas de seções estratigráficas podem ser ilustradas arran-
jando-se as várias colunas sobre um mapa de base isométrica e correlacio-
nando-se as várias unidades presentes, formando um arranjo de "rede" ou 
14 
introdução à sedimentologia 
l" de vista oblíqua. Esses diagramas são muito úteis na expressão 
' p a l l e l a ç õ e s estruturais e estratigráficas regionais, mas podem ser mostrados 
das re <. porque a escala vertical deve ser reduzida para que todas 
P° fices das várias seções, que compõem o diagrama, possam ser represen-
AS , A* fnrma visível. Quan to mais complexo o problema, mais útil se torna 
tadas cie 1U1 
este tipo de diagrama. 
Como o processo de construção é muito demorado, cada diagrama deve 
lanejado para que represente efetivamente só os dados mais represen-
tativos do ponto de vista geológico. 
O d i a g r a m a e m painel, geralmente usado para um conjunto de poços 
erfurados em uma área, é o mais simples dos métodos de representação 
tridimensional. Para sua construção pode-se proceder da seguinte maneira: 
a ) Colocar as locações dos poços e seções colunares superficiais em um 
a-base. Desenhar uma linha vertical em cada locação, a partir dela. 
b) Determinar um plano de referência, tal como: elevação do terreno, 
elevação de um nível de referência (por exemplo, nível do mar) ou um hori-
zonte estratigráfico específico. Escolher uma escala vertical para as seções, 
de tal modo que as feições essenciais da seção sejam mostradas sem muita 
interferência vertical dos painéis. 
c) P a r a diagramas estratigráficos, colocar o plano estratigráfico sele-
• nado no mapa de locação do poço ou seção superficial, e o limite das 
demais formações, a partir deste ponto, de acordo com o intervalo estratigráfico. 
d) Para os diagramas estruturais, considerar todas as locações no terreno 
situadas em um mesmo plano horizontal. Colocar os pontos acima ou abaixo 
do plano horizontal. Posições de outros limites de rochas sedimentares 
serão colocadas de acordo com outros intervalos estratigráficos em ambos 
o r l a d o s do plano estrutural. 
As seções usadas nos diagramas em painel devem ser escolhidas com 
base em suas posições relativas e suas variações litológicas e estratigráficas. 
Onde for possível escolher entre várias seções, dever-se-á selecionar aquelas 
ue apresentarão no painel orientações mais vantajosas, além de mostrar 
maior variação nas relações litológicas e estratigráficas. A interferência no 
• i e n t re as várias seções, pode ser evitada selecionando-se escalas ver-
ticais favoráveis ou, então, convertendo-se o mapa em base isométrica. 
USOS DAS TÉCNICAS DE ILUSTRAÇÃO 
Algumas das técnicas de ilustração, usadas durante a apresentação dos 
sultados de campo e/ou laboratório, foram aqui explicadas. Entre essas 
técnicas umas são mais adequadas para representação de dados de geologia 
de superfície (seções ou perfis geológicos), outras são mais próprias para 
mostrar resultados de geologia de subsuperfície (seções ou perfis estrati-
ráficos inclusive diagramas em painel) e outras, ainda, são usadas indife-
rentemente (seções colunares). Isso não implica em que,haja exclusividade 
de uso dessa ou daquela técnica em geologia de superfície ou de subsuperfície. 
trabalhos preliminares de campo, inclusive amostragem 15 
Além disso, qualquer pessoa que trabalhe em pesquisas de rochas sedi-
mentares por geologia de subsuperfície (sondagens) deve ter certa familiaridade 
com problemas específicos envolvidos, tais como, de métodos de perfuração 
e seus efeitos na amostragem, processos de perfilagens geofísicas, etc. Não 
entraremos em detalhes sobre esses problemas porque fogem ao escopo 
deste compêndio, mas os interessados podem recorrer ao livro do Simpósio 
sobre geologia de subsuperfície em exploração petrolífera, editado por Haun 
e Leroy (1958) ou ao "Manual de geologia de subsuperfície" de Moore (1964). 
Amostragem de sedimentos 
GENERALIDADES 
A impossibilidade de, na prática, analisar uma formação sedimentar 
inteira obriga-nos a trabalhar com amostras. Nessas operações, frequente-
mente, tem-se que recorrer à teoria da amostragem, que é um estudo das 
relações existentes entre uma população e as amostras dela extraídas. É 
esta teoria de grande importância em estabelecimento de muitas conjeturas, 
por exemplo, é útil para a avaliação de grandezas desconhecidas da população, 
como sua média, variância, etc. Essas grandezas são frequentemente deno-
minadas parâmetros populacionais ou, abreviadamente, parâmetros, avaliados 
a partir do conhecimento de grandezas correspondentes das amostras (como 
a média da amostra, sua variância, etc), muitas vezes denominadas estatísticas 
amostrais ou, abreviadamente, estatísticas. A teoria da amostragem é também 
útil para determinar se as diferenças observadas entre duas amostras são 
realmente devidas a uma variação casual ou se são verdadeiramente signi-
ficativas. As respostas a essas questões implicam no uso dos denominados 
testes de significância e hipóteses, que são importantes na teoria das decisões. 
Uma amostra é parte de um conjunto (população = conjunto de indi-
víduos) que apresenta as propriedades do conjunto. A validez das conclusões 
finais é função de quanto as amostras são representativas, quando se considera 
que os métodos de análise empregados descrevem corretamente aquela 
amostra. 
O termo rochas estratificadas, usado muitas vezes no passado e ainda 
atualmente^. para designar as rochas sedimentares, expressa claramente o 
fato que em sequências verticais de rochas sedimentares suas propriedades 
não são homogéneas por espaços muito grandes. Portanto uma amostragem 
mais representativa possível dessas variações é o pré-requisito mais importante 
para os estudos sedimentológicos, porque amostragem insuficiente ou errónea 
não pode ser corrigida mesmo pelos métodos mais exatos de laboratório. Basica-
mente, a amostragem deve almejar a inclusão de uma "fase" (Apfel, 1938) 
em cada amostra individual. Em sedimentos elásticos esta fase corresponde 
a um período específico de condições constantes de transporte e, em sedi-
mentos químicos e biogênicos, correspondem a períodos de condições fisico-
-químicos ou biofísico-químicos constantes no ambiente deposicional. 
16 introdução à sedimentologia 
Na prática, surgem muitas dificuldades porque nem sempre é simples 
e muitas vezes é mesmo impossível reconhecer as fases individuais (zona de 
homogeneidade), cujas dimensões podem variar de escalas microscópicas 
(delgadas lâminas argilosas intercaladas em arenitos ou calcários) a centenas 
de metros (depósitos de morena glacial, alguns "loessitos"), e, ocorrendo 
frequentemente, transições graduais tornam quase que impossível o reco-
nhecimento das várias fases presentes. 
O interesse por um sedimento e portanto pela sua amostragem para 
estudos mais detalhados de laboratório pode ter várias origens. Pode ser 
o caso de exploração económica de um calcário para fabricação de cimento 
ou pode ser simplesmente o caso de coleta de amostras para suplementar 
quantitativamente os dados de campo. Por outro lado, o estudo pode envolver 
considerações sobre as condições de sedimentação, agentes formadores do 
depósito, possíveis rochas matrizes, etc. 
Além das observações gerais, que devem ser feitas durante asdescrições 
das seções litológicas, como um todo, existem outras observações especí-
ficas, que devem ser feitas no campo, quando amostras de sedimentos são 
coletadas. Esses dados específicos incluem os seguintes itens: 
a) Locação da amostra - por meio de um ponto no mapa da área em 
estudo ou referida a algum marco geográfico. 
b) Natureza do ponto de amostragem - corte de estrada, afloramento 
natural (vales de rios, bossorocas, etc). 
c) Natureza do material amostrado - tipo litológico, porção amostrada 
da camada etc. 
d) Tipo de amostra - pontual, composta, obtida de vários pontos, 
amostra de canal etc. 
e) Relação entre a amostra e as rochas circundantes - logo abaixo da 
zona colorida por intemperismo, cortada por juntas ou diaclases, etc. 
f) Topografia do sítio de amostragem - fundo de rio, terraço, topo de 
um morro, etc. 
g) Profundidade da amostra - em relação à superfície do terreno no 
ponto de amostragem. 
h) Zona intemperizada - profundidade da zona no ponto amostrado. 
i) Avaliação de campo da amostra para a finalidade proposta - avaliação 
em graus: excelente, boa, regular ou ruim, é desejável, quando são coletadas 
muitas amostras e os trabalhos de laboratório deverão envolver algumas 
amostras escolhidas ao acaso para delinear o escopo do estudo. 
FINALIDADES DA AMOSTRAGEM 
As finalidades previstas para as amostras, que são colhidas durante os 
trabalhos de campo, permitem diferenciá-las em vários tipos: 
a) Amostra de referência - Em material inconsolidado, uma amostra 
de referência pode consistir simplesmente de um pequeno frasco do material 
trabalhos preliminares de campo; inclusive amostragem 17 
(areia, silte ou argila). A coleta^de tais" amostras não oferece dificuldades 
a não ser quando se deseja preservar as estruturas, tais como, o acamamento 
e a orientação de seixos, etc. Quando se deseja conservar essas estruturas, 
elas devem ser colhidas sem perturbação, com cuidados especiais, execu-
tando-se previamente uma aplicação de algum tipo de plástico, segundo 
técnicas que estão descritas em parágrafos posteriores deste compêndio. 
Se a rocha for dura, a amostra de referência poderá ser constituída de 
um fragmento da mesma. O tamanho deste fragmento poderia ser de um 
bloco com 7 x 10 cm de área e 2,5 a 3 cm de espessura. 
b) Amostra de análise para fins económicos — As amostras de sedimentos 
coletados para fins económicos apresentam alguns problemas peculiares, 
mas, em geral, os mesmos métodos de amostragem ou processos similares 
aos usados para estudo científico detalhado de laboratório podem ser usados. 
A análise para fins económicos pode ser feita com diversas finalidades, 
tais como, para determinação do conteúdo de CaO e MgO do calcário para 
fabricação de cimento; granulometria e constituição mineralógica de cas-
calhos, como material de construção; e análise de teor de S iO, em areias, 
para fabricação de vidro ou para fundentes, etc. 
cj Amostra para estudos detalhados de laboratório — Uma escolha ade-
quada de amostras, necessária em qualquer estudo detalhado de sedimentos, 
deve levar em consideração muitos elementos para que os resultados finais 
não sejam empobrecidos pela coleta feita sem visão dos propósitos do estudo. 
Os sedimentos podem variar em termos de tamanho de suas partículas, 
grau de seleção, estratificação, grau de compactação, grau de alteração, etc. 
Em qualquer formação, sempre se deve levar em conta as variações tanto 
verticais quanto horizontais, presença ou ausência de estratificação, mudanças 
de espessuras das camadas de sedimentos, mudanças de forma dos corpos 
litológicos, tamanho e arranjo das partículas devem ser observados e anotados. 
Infelizmente não existem teorias matemáticas que determinem a priori 
a técnica de amostragem adequada para cada caso. Existem regras práticas, 
baseadas na experiência, que são até certo ponto satisfatórias, e que podem 
ser conferidas pelas teorias estatísticas. 
AMOSTRAGEM NORMAL EM AFLORAMENTOS 
As formações sedimentares expostas em afloramentos são as mais con 
venientemente amostradas, porque permitem exame local detalhado, que 
poderá ajudar na escolha de um critério mais adequado de amostragem. 
Dado um afloramento, o problema da amostragem envolve os seguintes itens: 
número necessário de amostras, tamanho adequado das amostras, necessidade 
ou não de preservação de estruturas ou orientação das partículas. 
Numerosas amostras coletadas de uma particular camada em estudo 
podem ser comparadas com outra série de amostras tomadas da mesma 
camada em outro local. A distância entre as amostras individuais de uma 
seção depende da espessura de cada "fase" e do tipo de estudo proposto. 
18 introdução à sedimentologia 
Para investigações regionais de certas propriedades de depósitos minerais 
sedimentares ou de camadas individuais, que serão pesquisadas em conjunto, 
amostras misturadas (compostas) são frequentemente suficientes. Estas são 
obtidas pela mistura de partes iguais de numerosas amostras simples dis-
tribuídas ao acaso através da espessura total da camada. U m a outra maneira 
de se obter uma amostra integrada desse tipo seria por meio da amostragem 
de canal. 
T I P O S D E AMOSTRAS DE A F L O R A M E N T O S 
a) Amostras pontuais 
U m a amostra isolada, tomada de um ponto particular sobre o aflora-
mento, pode ser chamada de amostra pontual. Tais amostras são coletadas 
e guardadas separadamente, distinguindo-se assim das amostras compostas. 
A decisão para á coleta de uma amostra pontual pode ser baseada na 
aparente homogeneidade do depósito, como se apresenta à primeira vista. 
Se o afloramento for constituído de um banco de areia ou silte, ou mesmo 
til glacial, uma simples amostra pode ser tomada de qualquer ponto conve-
niente do afloramento. Se for verificada diferença de granulação da base 
para o topo, poderão ser coletadas tres amostras : uma na base, outra no 
meio e a última no topo do banco. 
Quando a exposição for horizontal, tal como a superfície de uma duna 
ou de uma praia, as amostras poderão ser coletadas de várias maneiras. 
Um método simples consiste em escavar buracos com paredes verticais e 
colher amostras de uma das paredes assim expostas. 
U m a amostra pontual é estritamente válida para o ponto que está sendo 
amostrado. Uma amostra desse tipo pode ser usada para generalizar o tipo 
do material exposto em afloramento somente quando houver bastante homo-
geneidade. Se ocorrerem variações verticais ou horizontais, ou áreas extensas 
forem estudadas, é melhor realizar uma série bastante grande de amostras 
pontuais. 
b) Amostras seriadas 
Amostras pontuais, que integram um conjunto de amostras, são chamadas 
de seriadas. Elas são coletadas segundo um plano preestabelecido, envol-
vendo intervalos de espaçamentos arbitrários, mas geralmente equidistantes. 
Na prática ocorrem problemas de dificuldade de acesso ou outros fatores 
que impedem a manutenção de espaços equidistantes. 
Amostras seriadas podem ser arranjadas ao longo de uma linha trans-
versal a uma formação geológica ou podem representar um conjunto de 
amostras coletadas a certos intervalos ao longo de um rio ou de uma praia. 
Da mesma maneira, o conjunto em série pode se estender verticalmente ao 
longo da espessura de uma formação. Quando as séries são assim arranjadas, 
ao longo de uma linha, a série é linear e não é necessário que a linha seja reta. 
trabalhos preliminares de campo,-inclusive amostragem 19 
Em contraste com as amostras das séries lineares, tanto verticais como 
horizontais, existem as amostras em rede, coletadas sobre uma superfície 
ou sobre a face vertical de um afloramento. A rede pode apresentar um padrão 
quadrangular com espaçamento de acordo com o detalhe com que o trabalho 
deverá ser executado. As amostras são coletadas nos pontos de interseção 
destas linhas. À medidaque as amostras são colhidas sobre uma área, deve 
ser prestada atenção a quaisquer variações que possam ocorrer de uma 
amostra para outra. Se forem notadas mudanças ocasionais, deverão ser 
coletadas amostras intermediárias no intervalo entre os dois pontos, para 
cobrirmos a transição; por outro lado, se mudanças pronunciadas ocorrerem 
entre cada amostra sucessiva, dever-se-á reduzir para metade os intervalos 
dos pontos em toda a área. 
Em muitos casos, uma simples rede retangular pode ser usada. No estudo 
de cones aluviais, por exemplo, pode-se escolher uma serie de arcos concên-
tricos de circunferências para espaçarmos as amostras igualmente a partir 
do ápice do leque. Em alguns casos o espaçamento entre as redes pode ser 
executado em escala logarítmica. Por exemplo, se for suspeitado que alguma 
propriedade dos sedimentos varia exponencialmente, a partir de sua fonte 
para fora, então a amostragem será menos espaçada próxima à fonte e for-
necerá dados mais críticos na parte mais inclinada da curva exponencial. 
A coleta de amostras, tanto lineares como em rede, considera que a 
formação aflora nos pontos de interseção. Se tal não suceder (caso mais 
comum) deverão ser colhidas amostras em afloramentos mais próximos ou 
fazer uma perfuração no ponto exato previsto para amostragem. 
Abaixo, indicamos algumas situações em que as amostragens lineares 
ou em rede (amostras seriadas) são indicadas: 
Praia - Se uma praia estiver sendo estudada no que diz respeito às 
suas características granulométricas, por exemplo, as amostras poderão ser 
arranjadas em séries lineares, próximas à costa. Mas, se somente uma li-
mitada faixa de uma praia estiver sendo investigada, poderá ser usada amos-
tragem em rede, envolvendo um conjunto de amostras ao longo da costa, 
outro nas águas rasas e outro na praia. 
Rio - Um conjunto linear de amostras deve fornecer as mudanças nas 
características dos sedimentos, rio abaixo; ou uma rede pode ser estabele-
cida sobre um terraço ou banco para o estudo detalhado das variações. 
Em geral, as amostras seriadas são indicadas, quando se pretende estudar 
as variações de ponto para ponto, ao longo ou sobre um depósito sedimentar. 
c) Amostra de canal 
Amostra de canal é aquela tomada de uma zona estreita e longa de 
um afloramento. Os canais envolvem uma faixa contínua de materiais do 
topo à base da zona do canal. Essas amostras são importantes quando se 
procura definir as características médias da formação. Consequentemente,

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