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Mf i t introdução à sedimentologia fJ4M 4|fM I f f M MIM MUI • W H M I M 0.53 0 .51 0 . 4 9 0 . 4 7 0 . 4 5 Figura 31. Escala de comparação visual para graus de esfericidade bidimensional (Segundo Rittenhouse, 1943) determinação das propriedades das rochas sedimentares em laboratório 107 c) Método das tabelas de Catacosinos (1965) Este método de tabelas permite não somente encontrar os graus de esfericidade mas também as suas respectivas formas agrupadas em quatro classes estabelecidas por Zingg (1935). Este autor desenvolveu um sistema pelo qual a forma das partículas pode ser definida pelos diâmetros A, B e C, onde A é o diâmetro maior, B é o diâmetro intermediário e C é o diâmetro menor. O método de Wadell, já visto (método do nomograma), é preciso, mas moroso. Por esta razão, Krumbein (1941) desenvolveu e introduziu o seu método de interseção, que reduziu o tempo requerido para uma fração da- quele necessário para o processo de Wadell. A partir deste estudo Wadell produziu uma carta de esfericidade que, em adição à esfericidade, também serve para determinar a forma das partículas segundo Zingg, Figs. 32 e 33 (Pettijohn, 1957). As tabelas de Catacosinos foram calculadas a partir da equação de Krumbein i/f3/C/B = (B/A)2, onde \jj = esfericidade e A, B e C são os eixos maior, intermediário e menor, respectivamente. Esta equação de Krumbein é do tipo y 2 = Kx, onde y2 = (B/A)2, x = C/B e K = 0 3 (cubo da esfericidade). Primeiramente os valores de \j/3 foram calculados considerando-se a variação de B/A de 0,01 até 1,00. Cada valor de B/A foi elevado ao quadrado e o resultado multiplicado por C/B, sendo a variação da última razão (C/B) também sucessiva de 0,01 até 1,00. Desta maneira foram encontrados os valores de i// para cada variação de C/B e B/A em intervalos de 0,01. Esses cálculos foram efetuados em um computador e cada resultado foi combinado com a respectiva forma, conforme o gráfico de Zingg. Para se entrar nestas tabelas medimos os três eixos: maior, interme- diário e menor, perpendiculares entre si, por exemplo, por meio de um pa- químetro. Em seguida, calculamos os valores de B/A e C/B. A tabela contendo o intervalo que nos interessa é localizada pelo valor da razão C/B. A inter- seção dos valores de C/B e B/A, na tabela, fornece a esfericidade desejada, juntamente com a forma daquele seixo. As razões acima devem ser calculadas até a segunda casa decimal. As vantagens dessas tabelas podem ser resumidas nos seguintes itens: a) Permitem uma rápida determinação de forma e esfericidade. b) Eliminam os erros que naturalmente acarretariam os métodos gráficos. c) Permitem uma rápida conferência dos resultados. d) Pela sua precisão fornecem dados mais padronizados. OUTROS MÉTODOS DE REPRESENTAÇÃO DE FORMA DAS PARTÍCULAS SEDIMENTARES Além dos conceitos de arredondamento e esfericidade, cujos métodos principais de quantificação acabamos de ver, foram estabelecidos outros parâmetros que fornecem ideias sobre a morfometria das partículas sedi- mentares elásticas. 108 introdução à sedimentologia a) Classificação de Zingg (1935) A classificação de Zingg estabelece diferenças de forma de partículas do tamanho de seixos, Fig. 32 (Pettijohn, 1957). Este autor mostrou que a razão B/A de uma partícula, lançada em função de C/B, sendo A = diâmetro maior, B = diâmetro intermediário e C = diâ- metro menor, permite classificar os grãos de acordo com as suas formas. A classificação de Zingg estabelece quatro grupos distintos de formas de partículas (Veja a Tab. VII). T A B E L A VII - Forma dos seixos segundo Zingg (1935) Classe B/A C/B Forma 1 >2/3 <2/3 Discóide (esferóide oblato) 2 >2/3 >2/3 Esférica (eqiiiaxial) 3 <2/3 <2/3 Lamelar (triaxial) 4 <2/3 >2/3 Alongada (esferóide prolato) O método de classificação de formas das partículas somente pode ser aplicado no estudo dos seixos, porque exige medida direta dos três diâmetros, o que é quase impossível nas partículas menores que seixos. A Fig. 33 (Krumbein, 1941) mostra o gráfico de Zingg com os campos de distribuição das quatro classes de seixos, quanto à forma. No gráfico da Fig. 33 estão superpostas também curvas de índices de igual esfericidade de Krumbein, que são expressas em termos de dois módulos: de achatamento e de alongamento, em função das razões dos três eixos principais (diâmetros: máximo, intermediário e mínimo). 1,0 Figura 32. Classificação de forma dos seixos (Zingg. 1935) (Segundo Pettijohn, 1957) Figura 33. Relações entre esfericidade e forma segundo índices de Zingg (Segundo Pettijohn, 1957) determinação das propriedades das rochas sedimentares em laboratório 109 b) Método para indicação de forma dos seixos por meio de um parâmetro (Willians, 1965) Willians propôs um índice de forma para indicar até que ponto um seixo se aproxima de um esferóide oblato ou prolato e que pode ser tratado como uma simples variável estatística. A vantagem desse método é que, sendo um único parâmetro, ele pode ser tratado como uma variável que pode ser correlacionada com outras variáveis, tais como distância de transporte, tamanho dos seixos, etc. Particularmente os estudos de "tamanho e forma" são considerados importantes por Moss (1962) e Sneed e Folk (1958). Nesse método também são considerados três eixos, A, B e C, de tal modo que A 5= B ^ C. Quando B se aproxima de A o elipsóide tende a se tornar oblato, isto é, A/B -> 1. Se B -» C, o elipsóide tende a se tornar prolato, isto é, B/C -* 1. Comparando-se essas duas razões nós encontramos que B/C _ B2 A/B~ AÇ B2 Então a relação é um índice diagnóstico de forma: se B2/AC > 1, o elipsóide tende para o oblato; se B2/AC < 1, o elipsóide tende para o prolato; se B2/AC = 1, o elipsóide é uma esfera ou é lamelar. A desvantagem desse índice de forma é que a "qualidade prolata" (roliça) é indicada entre limites definidos 0 - 1 , mas a "qualidade oblata" (achatada) varia de 1 -» oo. Um maior refinamento resulta do seguinte índice de forma: W={\- AC/B2), quando B2 > AC. W= (B2/AC- 1), quando B2 ^ ÀC. Essas relações fornecem um parâmetro que varia de - 1 a + 1 . Quando W aumenta de 0 a 1, a forma do seixo se torna cada vez mais oblata (achatada). Quando ^decresce de 0 a - 1 , a forma do seixo se torna cada vez mais prolata. Quando W= 0, o seixo é esférico ou lamelar. A relação de Wpara as classes de forma de Zingg (idem) é mostrada na Fig. 34. Uma desvantagem do método é que os valores de Wnão distinguem um seixo lamelar do esferóide, mas dá uma indicação muito boa do grau de achatamento, quando os valores de esfericidade forem maiores que 0,4. c) Método de determinação de angularidade relativa (Lamar, 1927) O presente autor desenvolveu um método para se calcular a angula- ridade ou "arredondamento" das partículas arenosas em conjunto. O método consiste na determinação da porosidade mínima da areia, porosidade esta obtida por compactação. A porosidade máxima teórica dos grãos, que se tocam intimamente, quando possuem forma perfeitamente esférica, é 25,95 %. Dividindo-se então a porosidade encontrada para uma determinada amostra 110 introdução à sedimentologia B/A i \ \ y ^ " " ^ ^ S C Ó l D E / / X \\ V v y X / ^ E S F É R I C O / y "L^Qs y^<<^ / / X / / "^ xC / o 5 CD/ Co/ / / >^ / / / ^ / //"^ j è / ^ / W = - 1 , 0 0 ALONGADO 0 C/B 1 Figura 34. índice de forma W mostrado no diagrama de Zingg com curvas de igual esfericidade de Krumbein (Segundo Willians, 1965) por este valor, teríamos teoricamente o grau de angularidade, e o seu valor máximo será igual a 1. Para podermos aplicar esse método, o sedimento deve ser desagregado, peneirado, e as frações, cujas medidas se desejam obter, são colocadas em dispositivosautomáticos, que dêem a maior compactação possível e sempre uniforme, para daí tirar o valor da porosidade. O dispositivo que se presta para esta finalidade consiste de um tubo metálico, com um feltro em cima para evitar a saída dos grãos, ao qual é imprimido um movimento de vaivém (100 vezes por segundo), no sentido vertical, fazendo com que os grãos se toquem intimamente. O valor da porosidade P, dado em porcentagem, é encontrado pela fórmula mc-v) c onde P = porosidade em porcentagem; C = volume de areia e de espaços vazios, medido no tubo; V = volume real de areia, medido por deslocamento de água no tubo. O valor de porosidade encontrado pela fórmula acima, para o material em questão, é dividido por 25,95 % para se ter a angularidade das partículas. determinação das propriedades das rochas sedimentares em laboratório 111 d) Medida de angularidade de Tanner (1940) Da mesma maneira que no caso do método de Lamar (anteriormente descrito), o processo desenvolvido por Tanner também permite ter-se uma ideia geral sobre o sedimento ou uma fração deste. Entretanto Tanner não chegou a dados numéricos de angularidade mas utilizou os dados encontrados para interpretação da génese de sedimentos arenosos. A angularidade dos grãos individuais, sob o microscópio, pode ser estimada, mas tem sido verificado que tanto água como vento podem arre- dondar as partículas arenosas. Existe, no entanto, uma diferença, isto é, os grãos de areia flutuam relativamente mais na água do que carregados pelo vento, portanto o processo de arredondamento atinge grãos mais finos em ambiente aquoso do que no ambiente eólico. Esta diferença de graus de arredondamento pode ser determinada eletricamente, segundo Tanner. Os equipamentos necessários envolvem uma bateria, cabos condutores, um gal- vanômetro de precisão, soquetes, frascos de vidro e um par de elétrodos. O método consiste em se medir a condutividade da água contida nos espaços porosos entre os grãos. O procedimento é simples. A areia é penei- rada em classes granulométricas e introduzida nos frascos e saturada com 100% de água, e os elétrodos são colocados. O valor da angularidade espe- cífica pode ser então lido no galvanômetro. Quando todas as frações tiverem sido medidas, os resultados são lançados convenientemente em papel mono- logarítmico, usando-se na escala vertical os diâmetros em mm e na horizontal as leituras do galvanômetro. Em geral a curva resultante é côncava para areias transportadas por água e convexa no caso de areias eólicas. A precisão da aplicação das medidas elétricas depende sobretudo da constância no procedimento e nos equipamentos usados. Assim, devem ser usadas baterias novas, areias limpas (isentas de argila ou material similar), recipientes uniformes e quantidades padronizadas de areia. Recipientes pe- quenos são desejáveis (cerca de 2,5 cm de altura e 2 cm de diâmetro, apro- ximadamente) para que permita a leitura de frações mais finas. Recipientes com dimensões menores do que essas são muito pequenos para conterem areia e água em quantidades suficientes para acusarem as diferenças de me- dições com a precisão desejável. e) Grau de angularidade de Fischer (1933) Fischer (in Krumbein e Pettijohn, 1938) efetuou um estudo sobre as grauvacas e aqui desenvolveu um método de estudo dos grãos em seções delgadas, para se ter uma ideia de angularidade das partículas. A partir do ponto central de uma seção projetada do grão são medidos os ângulos compreendidos por partes retilíneas e curvilíneas de contorno dos grãos. A relação entre a soma dos ângulos, que compreendem as partes retilíneas dos grãos, dividida por 360° e multiplicada por 100, dará o valor da angularidade em porcentagem. O ponto central deve ser o centro da cir- cunferência máxima inscrita na seção do grão em projeção. 112 introdução à sedimentologia f) Grau de tabularidade (Glezen e Ludwick, 1963) Um instrumento desenvolvido por esses autores permite a separação de grãos de formas diferentes de acordo com a sua tabularidade. Segundo este processo, a velocidade de uma partícula, quando é rolada através de uma rampa rugosa, serve como uma medida da sua forma tridimensional. As classes de formas podem ser distinguidas e separadas mecanicamente umas das outras em esféricas, intermediárias e tabulares. A tabularidade seria então o fator de forma mais importante que influi na velocidade dos grãos em rolamento. Como a tabularidade dos grãos desempenha papel importante na sedimentação (caso extremo: micas), sua determinação pode ter importância no estudo genético dos sedimentos. Com o instrumento idealizado por esses autores, intervalos granulométricos entre 0,2 e 2 mm podem ser examinados. A velocidade de entrada dos grãos é de 3 600 por hora. g) Determinação de grau de "facilidade de rolamento" (pivotability) segundo Kuenen (1963) Shepard e Young (1961) introduziram um novo termo para os estudos de forma dos grãos, que eles chamaram de pivotability (facilidade de rola- mento). Segundo Kuenen (1963), pode ser também descrito usando-se o seu an- tônimo, que seria "estabilidade devida à forma", expressando a tendência dos grãos para começar a rolar em planos inclinados. Essa tendência depende da forma e do arredondamento. Grãos tabulares podem rolar com menos facili- dade do que cubos de mesmo peso; cubos angulosos são mais estáveis (e por- tanto tendem a rolar menos) do que arredondados; um grão tabular arredon- dado pode ter a mesma estabilidade devida à forma que um cubo anguloso, etc. De acordo com Kuenen não é possível determinar visualmente essa carac- terística. Então o autor desenvolveu um aparelho constituído de calha semi- cilíndrica, que possui o seu eixo maior inclinado de 1,5° e movida para frente e para trás em direção normal ao eixo maior por meio de um motor. Os grãos das amostras são deslocados para a parte baixa da calha em movimentos de ziguezague e os grãos, com menor valor de estabilidade devida à forma, chegam antes. Os grãos são recolhidos em um recipiente em certos intervalos de tempo. Foram estabelecidos doze graus de facilidade de rolamento com valores decrescentes. Cada fração granulométrica deve ser submetida sepa- radamente ao aparelho de Kuenen. As primeiras medidas do autor mostraram que sedimentos de vários ambientes podem ser distinguidos entre si (por exemplo, dunas, praias, solos, etc). Além disso, quase todas as amostras indicaram, como seria de se esperar, uma diminuição da facilidade de rola- mento com o decréscimo da granulometria. Winkelmolen (1971) utilizou o termo rollability para designar a mesma propriedade definida por Kuenen em 1963. determinação das propriedades das rochas sedimentares em laboratório 113 RELAÇÕES ENTRE ARREDONDAMENTO E ESFERICIDADE Para se entenderem as relações geométricas entre arredondamento e esfericidade são suficientes os exemplos, dados por Wadell (1932), de grãos que possuem aproximadamente a mesma esfericidade, mas graus de arredon- damento diferentes, ou grãos de mesmo arredondamento, mas diferentes graus de esfericidades, Figs. 35 e 36 (Krumbein e Pettijohn, 1938). Para ex- pressar essas relações entre os valores de arredondamento e esfericidade, Wadell introduziu o termo "imagem" como uma "fórmula binomial" de forma das partículas. mm® 0 , 5 5 0 , 3 5 0 , 2 3 0 , 5 0 0 , 5 2 0 , 4 6 0 , 8 2 0 , 8 2 0 , 8 3 0 , 9 7 0 , 8 8 0 , 8 3 Figura 35. Grãos de mesma esfericidade, mas Figura 36. Grãos de mesmo arredondamento, diferentes graus de arredondamento (Segundo mas diferentes graus de esfericidade (Segundo Krumbein e Pettijohn, 1938) Krumbein e Pettijohn, 1938) A tabela de comparação visual, Fig. 37 (Krumbein e Sloss, 1963), para arredondamento e esfericidade de grãos arenosos parece situar melhor o problema das diferenças entre os conceitos de arredondamentoe esfericidade. A esfericidade está relacionada às proporções de comprimento - largura das imagens das partículas, e o arredondamento é expresso pela curvatura das arestas das imagens. Tabelas de comparação visual diferentes são usadas para seixos e areias, porque grãos de areia de baixo arredondamento possuem menos projeções de superfícies secundárias (Krumbein, 1941). Para uma análise estratigráfica rápida, podemos examinar sob uma lupa binocular comparando os seus graus de arredondamento e esfericidade com tabelas desse tipo. Figura 37. Tabela de compa- ração visual de arredondamento e esfericidade da areia (Segundo Krumbein" e Sloss, 1963) 0 , 5 0 , 1 0 , 3 0 , 3 0 , 7 0 , 9 A R R E D O N D A M E N T O
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