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1 3 4 i n t r o d u ç ã o à sedimentologia d e t e r m i n a ç ã o das propriedades das rochas sedimentares em laboratório 1 3 5 Figura 45. Esquema de reor ientação de seixos em Figura 46. Desenho e squemát i co mos- laboratór io mostrando os dispositivos necessários trando os contadores de centro e peri- férico para c o n s t r u ç ã o de diagrama de pontos total do diagrama de Schmidt-Lambert, contendo as nuvens de pontos, pode ser quadriculada para facilitar o deslocamento e contagem sistemática dos pontos. Nas partes centrais, utilizando-se o contador central, são con- tados os pontos que caem dentro da circunferência do contador, em cada deslocamento sucessivo sem recobrimento de área. Na periferia, os pontos que caem dentro das duas circunferências do contador periférico são somados. Em ambos os casos, tanto operando-se com o contador central como usando-se o contador de periferia, os deslocamentos são feitos sucessiva e sistemati- camente até cobrir a área total, do gráfico, marcando-se no centro da cir- cunferência, em cada posição, o número de pontos contados (veja a Fig. 46). Se o número total de pontos for igual a cem, os pontos contados fornecerão diretamente as porcentagens, caso contrário, as frequências serão recalcu- ladas para fornecer os resultados finais sempre em porcentagem. As leituras de orientação dos seixos podem também ser representadas em diagramas em rosetas ou histogramas. Aqui, em ambos os casos, são representadas as classes azimutais, não se dando ênfase aos valores dos ângulos de incli- nação dos eixos dos seixos (veja as Figs. 47 e 48). Na interpretação dos resultados, deve-se usar o bom senso, bastando imaginar meandros de um rio para se ter ideia das dificuldades na inter- pretação das direções de antigos cursos fluviais, responsáveis pela deposição de um sedimento, que contém os seixos em estudo. ORIENTAÇÃO DOS GRÃOS EM ARENITOS Para a medida da orientação dos grãos em arenitos utilizamos seções delgadas. Neste caso, as seções delgadas são preparadas por métodos con- vencionais, porém orientadas e com plano de seção perfeitamente definido. M É D 1 A ' N 8 5 ° £ Figura 47. Diagrama em roseta com rumos Figura 48. Histograma de or ientação do eixo geral e m é d i o de mergulho do eixo maior maior em seixos de till glacial em seixos A primeira indicação da existência ou não da orientação dos grãos pode ser obtida pela observação do comportamento óptico dos minerais formadores mais importantes das rochas durante a rotação da platina do microscópio. De acordo com Sander (1950, in Muller, 1967), os seguintes comportamentos são usados nos métodos visuais: a) Ocorrência de índices de refração mais altos ou mais baixos (exemplo característico: petrofábrica de calcita). b) Extinção ou iluminação (grãos de quartzo, calcita, etc). c) Ocorrência de cores aditivas ou subtrativas usando-se compensadores (por exemplo: placa de gipso). Assim, pelos métodos visuais, as medidas de orientação dos grãos em arenitos podem ser efetuadas com o auxílio da platina universal, pelo processo fotométrico ou por meio de dispositivos eletrônicos automáticos do tipo desenvolvido por Zimmerle e Bonham (1962). Outro processo que pode ser utilizado é o do estudo da petrofábrica por meio dos raios X. Neste caso usa-se aparelho de raios X provido de go- niómetro contador (goniómetro de textura), instrumento desenvolvido espe- cialmente para trabalhos de metalografia. Este instrumento permite um registro rápido e direto de seções amplas de diagramas de petrofábrica. Muitas vezes, nos estudos sedimentares, o conhecimento do grau de orientação de um determinado mineral em uma certa direção na rocha (isto é, por exemplo, a orientação de silicatos acamados — argilo-minerais — com os planos basais coincidente com o plano de acamamento da rocha) é comu- mente suficiente para concluir sobre as condições de deposição ou alterações diagenéticas (orientação forçada pelo peso das rochas superpostas) em conexão com outros estudos, como de porosidade e permeabilidade. 1 3 6 i n t r o d u ç ã o à sedimentologia PETROFÁBRICA DE ARGILAS E FOLHELHOS Tem sido demonstrado que as partículas de argila, especialmente dos minerais de argila, são de hábito micáceo; e são frequentemente depositadas caoticamente mas, pela pressão devida ao peso dos sedimentos superpostos, são reorientadas dispondo-se segundo um mesmo plano. Tais orientações paralelas ou subparalelas reduzem a porosidade e originam a foliação dos folhelhos. Os argilitos, que possuem tal "petrofábrica", apresentam fratura irregular ou conchoidal. O reconhecimento macroscópico do acamamento em rochas sedimen- tares depende da visibilidade ou não das propriedades, que produzem essa estrutura Assim, uma abrupta mudança de granulometria, independente da natureza mineralógica, pode ser reconhecida sob forma de acamamento; o mesmo se aplica para as diferenças no conteúdo mineralógico, que são evidentes pela forma e cor dos minerais. Muitas vezes o reconhecimento macroscópico da existência ou não da orientação das partículas, dando origem ao acamamento, só é possível em rochas intemperizadas. Composição mineralógica A composição das rochas sedimentares pode ser expressa em termos mineralógicos ou químicos. A composição mineralógica é uma propriedade importante dos sedimentos e, juntamente com as características texturais (já vistas) e estruturais, define as propriedades dos agregados de minerais. A composição fornece uma importante base para a classificação das rochas sedimentares, sendo sucedida em importância pela textura e estrutura das mesmas. Mais de 150 espécies de minerais têm sido identificadas nas rochas sedimentares. A maior parte desses minerais é relativamente rara e depende de sua inclusão acidental entre os fragmentos detríticos. Segundo Krynine (1948), apenas cerca de vinte espécies mineralógicas compõem 99% das rochas sedimentares. A Tab. XIV (adaptada de Krynine, in Krumbein e T A B E L A X I V - Minerais mais comuns em sedimentos (Krumbein e Sloss, 1963) Comumente mais Comumente menos Menos de 1 % de 10% da rocha de 10% da rocha (acessórios) Minerais detríticos Quartzo Sílex detr í t ico Minerais de F e Minerais de argila Micas grossas Z i r c ã o Micas finas Feldspatos Turmal ina E p í d o t o Granada Hornblenda Minerais químicos e autígenos Calcita Sílex A n a t á s i o Dolomita Quartzo s e cundár i o Feldspato e mica Gipso aut ígenos d e t e r m i n a ç ã o das propriedades das rochas sedimentares em laboratório 1 3 7 Sloss, 1963) mostra a lista de minerais mais comuns arranjados segundo suas abundâncias relativas nos sedimentos. Os fragmentos líticos (de rochas), embora não constem na tabela, são também constituintes importantes nas rochas sedimentares. Algumas rochas sedimentares são extremamente uniformes na sua com- posição mineralógica. O arenito St. Peter (Ordoviciano) dos Estados Unidos é composto de mais de 99% de grãos de quartzo. Mas, mais comumente, os sedimentos são misturas de vários minerais e alguns, tais como os tills glaciais, apresentam uma variedade muito grande de minerais e de fragmentos de rochas. MINERAIS DETRÍTICOS E NÃO-DETRÍTICOS O primeiro grupo da Tab. XIV inclui os minerais detríticos, que con- sistem de partículas quebradas ou que sofreram abrasão e que foram levadas até o sítio de deposição por processos mecânicos. Os minerais detríticos formam massas de sedimentos elásticos e, como mostra a Tab. XIV, os mi- nerais mais abundantes nessas rochas são quartzo, minerais de argila e mica fina. Menos comuns são o sílex detrítico, feldspatos e mica grossa. Os minerais acessórios são menos abundantes e são partículas de alta densidade derivadas das rochas matrizes. A Fig. 49 (Krumbein e Sloss, 1963) mostra a variaçãodos tamanhos das partículas detríticas nos sedimentos elásticos. O quartzo e a mica se estendem através de uma ampla variação nos tamanhos, enquanto que os minerais de argila são mais tipicamente associados aos folhelhos. Os minerais não-detríticos são precipitados das soluções por agentes químicos ou biológicos. A acumulação dos materiais precipitados ocorre nas proximidades do ponto de precipitação. Este grupo inclui os minerais autígenos formados nos sedimentos após a sua deposição. L O G 0 0 D I Â M E T R O EM MM CONGLOME- RADO I A R E I A F R A G M E N T O S L Í T I C O S C A R B O N A T O S D E T R Í T I C O S Q U A R T Z O T ~ 1/64 1/256 1/1024 1 1 | 1 1 I F O L H E L H O F E L D S P A T O M I N E R A I S PE S A P O S " 7 " M I N E R A I S DE A R B I L A Figura 49. Variação de tamanho das partículas detríticas em sedimentos elást icos (Segundo Krumbein e Sloss, 1963) 138 i n t r o d u ç ã o à sedimentologia Os minerais mais comuns entre as rochas não-clásticas são a calcita e a dolomita. Sílex, quartzo secundário e gipso (ou anidrita) são menos comuns. Pequenas quantidades de anatásio, e raras ocorrências de minerais acessórios podem ser encontradas entre os não-clásticos. A composição de todas rochas sedimentares pode ser expressa em termos de dois grupos de componentes mostrados na Tab. X I I I , isto é, detríticos ou químicos e autígenos. Esses dois componentes podem estar misturados em quaisquer proporções nos sedimentos específicos. Por exemplo, um cal- cário pode ser composto inteiramente de minerais calcita e dolomita não elásticos ou pode conter tanta argila detrítica a ponto de ser classificado como um calcário argiloso. Em qualquer sedimento, a composição da fração detrítica depende da espécie da rocha matriz, do grau de intemperismo da rocha matriz e da dis- tância e processo de transporte. Paralelamente, a composição das frações não-detríticas depende dós processos físicos e químicos que ocorreram no sítio de deposição. Em adição aos minerais detríticos e não-detríticos, que constituem os depósitos sedimentares originais, outros componentes podem ser introduzidos após a deposição. Esses minerais são chamados autígenos, formados in loco dentro dos sedimentos, e serão estudados mais pormenori- zadamente no capítulo de diagênese dos sedimentos. MINERAIS ACESSÓRIOS Ocorrem tipicamente como constituintes menos frequentes em arenitos. Entre esses minerais temos a magnetita, ilmenita, turmalina, granada, zircão, rutilo, etc. Eles merecem um tratamento minucioso pela sua importância na indicação das rochas matrizes dos sedimentos. São derivados das rochas matrizes, tendo resistido aos ciclos de intemperismo e transporte. Os minerais acessórios possuem comumente pesos específicos mais altos que os minerais mais comuns nos sedimentos, isto é, quartzo e feldspatos, sendo por isso mesmo, chamados minerais pesados. Na Tab. XV (Krumbein e Sloss, 1963) estão dispostas associações comuns de minerais pesados em conexão com as rochas matrizes das quais os sedi- mentos foram derivados. Os sedimentos de "primeira geração", formados a partir de rochas ígneas expostas ou de terrenos metamórficos, tendem a apresentar grãos minerais angulares ou subangulares, com algumas clivagens e faces cristalinas pre- servadas. As associações de minerais pesados podem conter alguns minerais instáveis, tais como hornblenda e biotita (veja a Fig. 50, Krumbein e Sloss, 1963). Sedimentos resultantes do retrabalhamento de rochas sedimentares anteriores tendem a apresentar grãos de minerais pesados bem arredondados, compostos de minerais pesados mais estáveis, tais como turmalina e zircão. Tais feições indicam retrabalhamento e eliminação de componentes menos estáveis. d e t e r m i n a ç ã o das propriedades das rochas sedimentares em laboratório 1 3 9 T A B E L A X V - A s s o c i a ç õ e s característ icas de minerais pesados em função das rochas matrizes Rochas ígneas ác idas e intermediárias Pegmatitos Rochas ígneas máficas e ultramáficas Apatita Cassiterita Anatás io Biotita Fluorita Augita Hornblenda T o p á z i o Brookita Monazita Turmal ina Cromita Muscovita Volframita Hipers tên io Titanita Ilmenita Zircão (euhedral) L e u c o x ê n i o Ol iv ina Rutilo Rochas metamórf icas Andalusita Granada G l a u c o f â n i o Hornblenda (verde-azul) Cianita Sillimanita Estaurolita Sedimentos retrabalhados Glauconita Minerais de F e Quartzo Rutilo Turmal ina Z ircão (arredondado) A Tab. XV mostra algumas associações de minerais que são diagnósticos de rochas matrizes. Mas muitos sedimentos contêm minerais provenientes de mais de uma área fonte. Portanto uma interpretação completa dos dados de minerais pesados requerem uma consideração das proporções relativas dos grupos mineralógicos, grau de arredondamento dos grãos, efeitos de dissolução diferencial e outros fatores. ANÁLISE DE RESÍDUOS INSOLÚVEIS Paralelamente aos estudos de minerais pesados em rochas detríticas, temos os estudos de resíduos insolúveis em rochas não-clásticas, tais como A R E N I T O ST . P E T E R A R E N I T O B A S A L D E C I C L O T E M A P Ê N S I L VA N I A N O E S P É C I E S M I N E R A L Ó G I C A S Figura 50. Frequênc ias de minerais pesados em dois arenitos dos E U A (Segundo Krumbein e Sloss, 1963) 1 4 0 i n t r o d u ç ã o à sedimentologia calcários e dolomitos. Deve-se ter em mente que tanto calcários como dolo- mitos podem ser também de origem detrítica. Os minerais e outros materiais insolúveis em rochas carbonáticas incluem uma grande variedade de subs- tâncias, variando de areias e siltes detríticas a minerais secundários, e também substituições por sílex de minerais originais ou fósseis. As amostras de rochas moídas são digeridas em ácido clorídrico di- luído até que os carbonatos estejam completamente dissolvidos. O resíduo é lavado, secado e pesado, e guardado em vidros de relógio ou montado em lâminas microscópicas para exames detalhados. Ireland (1950) descreve a técnica e fornece uma classificação dos resíduos insolúveis. Em muitos casos, os resíduos insolúveis ocorrem em associações típicas ou em abundâncias relativas que os tornam úteis para finalidades de cor- relação. Existem também estudos que relacionam os resíduos insolúveis com os conteúdos em magnésio. Propriedades de massa das rochas sedimentares A associação de partículas em agregados (como em um testemunho de sondagem de um arenito) determina um certo conjunto de propriedades de massa das rochas sedimentares. Uma propriedade de massa dos sedimentos é a porosidade, que é uma medida do espaço poroso presente. Outra é a permeabilidade, que é uma medida da facilidade de movimentação de fluidos através do agregado. Outras propriedades incluem plasticidade (em argilas), densidade, coesão, etc. Dessas propriedades, veremos em maiores detalhes a cor, densidade e peso específico, porosidade e permeabilidade. CORES DOS SEDIMENTOS INTRODUÇÃO As cores nas rochas sedimentares constituem uma das características que primeiramente chamam a atenção do pesquisador durante os trabalhos de campo; além disso, é um fator determinante, em muitos casos, para distinguir uma determinada sucessão litológica, embora por si só não cheguem, em certos casos, a definir unidades litológicas heterogéneas. As cores dos sedi- mentos podem ser primárias (originais ou singenéticas) e secundárias (epige- néticas). As cores primárias são aquelas existentes na época do soterramento dos sedimentos; secundárias são cores que resultam das mudanças ocorridas subsequentemente ao soterramento. As cores mais amplamente distribuídas entre as rochas sedimentares são: branco, cinzenta e preto. Entre as várias tonalidades,as mais frequentemente encontradas são: vermelho cor de tijolo, vermelho-acastanhada, castanha-avermelhada, castanha e diversos tons da cor amarelo. Além disso, são comuns também várias tonalidades da cor verde. Entre as rochas sedimentares, as cores azul, azul-celeste ou roxa são mais raras. d e t e r m i n a ç ã o das propriedades das rochas sedimentares em laboratório 1 4 1 FATORES DETERMINANTES A coloração das rochas é determinada por suas constituições. A cor branco é característica de rochas isentas de compostos de ferro e manganês ou de matéria orgânica. Muitas espécies de depósitos salinos (sal-gema), dolomito, calcário, minerais de argila do grupo da caolinita e areia quartzosa pura exibem cor branco. As cores cinza e negro são ligadas à matéria orgânica (carbono orgânico ou hidrocarbonetos) na maior parte dos casos e, quando as rochas estão associadas com esses produtos, são frequentemente encontrados compostos de enxofre, como pirita e marcassita. Estes minerais, quando dispersos na massa das rochas, atribuem às mesmas cores escuras ou pretas. Além disso, vários óxidos de Mn também apresentam cor negro. As diversas tonalidades da cor cinza, chegando a quase preto, são relacionadas às quantidades variáveis de matéria orgânica e óxidos ou sulfetos de metais (mais comumente de Fe e mais raramente de Cu ou Pb), associados que se apresentam dispersos nas rochas. Na Fig. 51 estão mostradas relações conjuntas entre a coloração e ma- térias contidas, obtidas durante pesquisas de carbonatos. Nessa figura pode-se notar a perfeita concordância entre as curvas de tonalidades (principalmente em relação à intensidade da cor preto) e os conteúdos da rocha em carbono orgânico, ferro e enxofre de sulfetos. As curvas das colorações foram ba- seadas em medições efetuadas por fotômetro. METROS COMPOSIÇÃO OUIMICA PRINCIPAL CAR8.ORG. FERROTOTAL S SULFETOS CARACTE Rl's TlCAS DE COLORAÇÃO 100% 0 1 2 34 5% 0 1 2 3 4 3 % 01 2 3 4 3% 0 50 100% 3 5 Figura 51. R e l a ç ã o conjunta entre c o l o r a ç ã o de calcários e dolomitos e os seus c o n t e ú d o s de carbono orgânico , ferro total e compostos sulfetados. O s pontos ao lado da coluna l i to lógica são de amostragem (Extraída de Notícias Geológicas, 1966. E m j a p o n ê s ) As relações entre as colorações das rochas sedimentares e as matérias orgânicas contidas foram pesquisadas por Trask e Patnode (1936). Os re- sultados obtidos por esses autores estão representados na Fig. 52. Asamostras examinadas por eles foram divididas em 37 grupos entre as tonalidades mais escuras e mais claras. Na ordenada, tem-se o conteúdo percentual de matéria orgânica e na abscissa estão representadas as tonalidades associadas ao teor em carbono de cada uma das amostras. Por exemplo, a terceira amostra a partir da esquerda possui variações em teor de 0,2 a 2,2 %. Entre as amostras, 1 4 2 i n t r o d u ç ã o à sedimentologia CLARAS ESCURAS Figura 52. R e l a ç ã o entre c o l o r a ç ã o e c o n t e ú d o de carbono orgân i co presente nos sedimentos (Segundo Trask e Patnode, 1936) que apresentam tonalidades correspondentes à amostra supra, os teores mais característicos de matéria orgânica estão entre 0,5 e 0,6%. Os valores médios de cada amostra estão representados por semicircunferências. A curva em preto indica que a coloração se torna mais escura com o aumento do teor em carbono orgânico. As várias tonalidades da cor vermelho, acastanhada ou amarelo são ge- ralmente relacionadas com os hidróxidos de ferro (goethita, lepidocrocita, etc). A cor verde nas rochas sedimentares está relacionada, na maior parte dos casos, a compostos de F e + 2 , isto é, a glauconita, chamosita e mais rara- mente hornblenda, actinolita, epídoto, clorita ou, às vezes, a silicatos do tipo do jaspe em fragmentos. Às vezes a cor verde pode estar ligada à existência de compostos de cobre. Se na massa de uma rocha ocorrem simultaneamente compostos de F e + 2 e Fe + 3 , as cores variam com as proporções de ambos. Essas relações são mostradas na Fig. 53. Nesta figura pode-se ver que a colo- ração das rochas argilosas varia desde vermelho até verde, de acordo com a par- ticipação efetiva de F e + 2 . Em alguns casos a cor verde pode-se tornar até preto. As cores azul e azul-celeste são típicas da anidrita e celestina, e mais raramente são verificadas na gipsita e sal-gema. Às vezes as cores azul e azul- -celeste são devidas à vivianita, que pode acompanhar jazidas de ferro se- dimentar que, por oxidação, adquirem aquelas tonalidades. Finalmente, a cor azul pode estar ligada à azurita, mas isso é dificilmente verificado nas rochas sedimentares, sendo principalmente observado nas crostas de intemperismo de depósitos de sulfetos. A cor roxa é muitas vezes deixada sem esclarecimento de causa. E pos- sível que, na maior parte dos casos, esta cor esteja ligada aos teores e relações dos óxidos de Fe e Mn contidos nas rochas. Um fato que deve ser frisado neste ponto é que a quantidade dos "ma- teriais corantes" contidos nas rochas é muito pequena. Por exemplo, para escurecer a coloração de um calcário a quantidade necessária de matéria d e t e r m i n a ç ã o das propriedades das rochas sedimentares em laboratório 1 4 3 2 3 4 5 % de Fe ferroso ( Fe em FeO ) Figura 53. Re lação entre cor e c o n t e ú d o de ferro em estados férrico e ferroso. Note que a por- centagem de ferro total das ardós ias de cor vermelha n ã o difere das de cor preta (Segundo Tomlinson, 1916) orgânica é da ordem de algumas porcentagens até alguns décimos de porcen- tagem. A quantidade necessária de Fe para que um arenito ou argilito apre- sentem coloração vermelho é também da mesma ordem de grandeza. Uma coisa muito importante, que deve ser observada nas pesquisas sobre cores das rochas sedimentares, é que, além do agente principal, qual seja a composição da rocha, existem possibilidades de forte influência de outros fatores. Por exemplo, uma rocha, quando molhada, apresenta coloração ge- ralmente mais escura do que quando seca e, em local muito iluminado, a cor tende a aparecer mais clara. Twenhofel (1932) e Pettijohn (1957) consideram que a granulometria das rochas é também um fator importante. Em geral, nota-se uma tendência para escurecimento em rochas de granulação mais fina. Sobre essas relações entre a granulação e a coloração dos sedimentos, Sauramo (1923) executou pes- quisas detalhadas em argilas quaternárias da Finlândia. Pettijohn (1957) considera que a cor escura em uma grauvaca (ou grauvaque) de granulação grosseira, por ele examinada, esteja ligada a grãos minerais constituintes for- temente absorventes de luz. Por todos esses fatores é importante pesquisar as rochas sob condições aproximadamente idênticas ou então especificar em que condições (seca ou molhada, em blocos ou em pó de rocha, etc.) aquelas cores foram observadas. 1 4 4 i n t r o d u ç ã o à sedimentologia MINERAIS COLORIDOS EM SEDIMENTOS As origens das colorações nas rochas sedimentares são complexas. Vimos, acima, que pode ocorrer até a influência da granulação das partículas cons- tituintes. Mas, em geral, as cores dependem do matiz das partículas com- ponentes ou da presença de algum pigmento corante. Por exemplo, as areias brancas são quartzosas, as róseas podem ser granatíferas e as pretas com magnetita. Essas colorações são chamadas de hereditárias. Isto porque, nesses casos, as rochas sedimentares herdaram as colorações ligadas às composições mineralógicas das rochas matrizes. Mas as cores nas rochas sedimentares são ligadas também a fenómenos das fases iniciais de sua origem (sedimentação e diagênese) e, às vezes, também a minerais neoformados (sedimentos autí- genos). Essas colorações de origem sedimentar e diagenética são, na maior parte dos casos, características de rochas de origemquímica ou orgânica. Temos, como exemplos, cores brancas de calcários e dolomitos, cores esver- deadas ou amareladas de rochas, que contêm glauconita ou chamosita, etc. Por fim, a coloração das rochas sedimentares pode ser ditada por fenó- menos posteriores, ligados principalmente aos processos intempéricos, deter- minada por minerais secundários. Neste caso, as rochas são submetidas à oxidação e hidratação, podendo ocorrer também introdução ou eliminação de compostos; assim, as cores observadas podem ser bastante diferentes das primárias (singenéticas). Mac Carthy (1926), que estudou mais detidamente as cores dos minerais, com especial ênfase sobre argilas e outros sedimentos, concluiu que, "exce- tuando as cores orgânicas e ocasionais, argilas tingidas de Mn, os compostos de Fe, de um ou de outro modo, parecem ser quase que os únicos respon- sáveis por essas cores". Ele correlacionou, com certo sucesso, as cores dos minerais com Fe e suas razões FeO/Fe 2 0 3 e seus graus de hidratação. Algumas anomalias aparecem na aplicação do seu esquema, que foi baseado na química molecular. Provavelmente uma cuidadosa correlação esteja próxima, quando suficientes dados estiverem acumulados para ligar a química cristalina dos compostos de ferro e suas cores. Já que os minerais sedimentares comuns de ferro são geralmente caracterizados por certas .cores, as suas relações e con- tribuições na definição das cores das rochas sedimentares podem ser suma- riadas em termos de compostos de ferro constituintes, como segue abaixo: a) F e 2 0 3 (óxido férrico) - Inclui as formas hidratadas, que podem ocorrer em forma de vários minerais: - Hematita (Fe 2 0 3 ) - Vermelho, púrpura e possível, mas improvavel- mente, cinza nos sedimentos. - Goethita (HFe0 2 ) - Amarelada, acastanhada, menos comumente aver- melhada. A goethita é constituinte principal das limonitas. - Lepidocrocita (FeO • OH) - Vermelho, laranja ou acastanhada. Ela é também constituinte da limonita. A oxidação do Fe(HC0 3 ) 2 , em so- d e t e r m i n a ç ã o das propriedades das rochas sedimentares em laboratório 1 4 5 lução, com baixa concentração de C 0 2 favorece a formação da lepi- docrocita. - Maghemita ou óxido férrico gama (Fe 2 0 3 ) - Esta é uma hematita magnética com estrutura de magnetita, e a sua cor é do vermelho ao marrom. Maghemita vermelha pode converter-se em hematita ver- melha. - Limonita — Inclui os óxidos de ferro hidratados que dão uma colo- ração de amarelada a acastanhada. Embora a limotita não seja nome de um mineral, mas de um grupo de minerais, é utilizável para deno- minar mistura de óxidos de ferro não identificados individualmente. Veja goethita e lepidocrocita. O óxido férrico é marcadamente policromático. Por exemplo, com a diminuição da granulação das partículas, a hematita muda de cor a partir de quase preto até vermelho (que é a cor do traço) e, finalmente, para amarelo (que é a cor das soluções de ferro férrico). O "mineral" wiistita (FeO) é só artificialmente preparado e não é co- nhecido nos sedimentos. Portanto, é incorreto atribuir a cor verde nas rochas sedimentares ao óxido ferroso, por si só, como frequentemente tem sido feito. Os óxidos ferroso e férrico (Fe 3 0 4 ) - magnetita - atribuem aos sedi- mentos, que o contêm, uma cor cinza ou preto. b) Silicatos de ferro — Os silicatos atribuem cor verde ou esverdeada aos sedimentos e abrangem vários minerais: - Montmorillonita - Principalmente do tipo de nontronita, rica em ferro. - Illita — É provável que o conteúdo em ferro deva exceder uma quan- tidade limite para apresentar cor verde, mas os limites não são co- nhecidos. - Clorita — A clorita, que pode também contribuir para a cor verde, é amplamente espalhada nos sedimentos, mas nem sempre é abundante. Suas propriedades físicas não têm sido bem descritas na literatura e sua contribuição para a cor verde em sedimentos não pode ser avaliada. Em resumo, as cores vermelho, amarelo e marrom em rochas sedimen- tares são conhecidas, com certeza, como sendo devidas aos óxidos de ferro (mais ou menos hidratados); a cor preto é devida ao carbono orgânico, sulfetos de ferro ou óxidos de manganês; a cor branco é devida à reflexão de muitas superfícies minúsculas de partículas finamente divididas, essencialmente inco- lores; e as cores intermediárias correspondem às misturas desses materiais. Além disso, aquelas cores variam com a granulação dos minerais, índice de refração do meio circundante (molhado ou não), polarização, difração e outras causas. SIGNIFICADO G E O L Ó G I C O Como as rochas sedimentares são produtos de processos complexos, suas cores são também de origens variadas e complexas e, conforme o caso, as 146 i n t r o d u ç ã o à sedimentologia cores são determinadas por minerais detríticos (cores hereditárias), minerais diagenéticos ou ainda por minerais de origem posterior. Na definição das cores hereditárias entram tanto o modo de destruição das rochas matrizes como condições climáticas, de transporte (agente, distância e duração), assim como as condições no sítio de deposição. A determinação do papel representado por cada um dos constituintes na definição da cor nas rochas sedimentares é um problema importante, mas, na maior parte dos casos, é assunta difícil de ser resolvido. As observações de campo, das relações e variações dentro de uma unidade geológica, e entre di- ferentes unidades geológicas, podem frequentemente servir de ajuda no escla- recimento da origem da coloração. Assim, por exemplo, se uma determinada coloração segue ininterruptamente uma determinada camada, em perfeita concordância entre a estratificação e a coloração, é uma prova, na maior parte dos casos, de sua origem primária. Por outro lado, se as cores aparecem em forma de manchas, acompanhando fraturas ou poros, e não se modificam de acordo com as variações das litologias, temos provas evidentes de coloração de origem secundária. Uma outra maneira, de caráter irrefutável, de obtenção de informações sobre a natureza singenética ou epigenética das cores dos se- dimentos está ligada à relação existente com o nível de lençol freático de água subterrânea. Quando uma determinada coloração, observada em aflo- ramentos, é também verificada em níveis abaixo do nível hidrostático local, ficamos sabendo que a cor do afloramento também é singenética. Quando a coloração de uma rocha é ligada principalmente a minerais da época de sedimentação ou a minerais diagenéticos, ela dá indicações sobre as condições geoquímicas do ambiente de sedimentação. Por exemplo, a cor vermelho ou acastanhada, ligada a F e + 3 , indica condições de oxidação nas fases diagenéticas, e a cor verde-escura, devida à existência de minerais do grupo da glauconita ou clorita, indica condições fracamente redutoras durante a diagênese. Além disso, a cor cinza-escura ou preto, devida à matéria orgânica ou sulfetos disseminados, indicam condições fortemente redutoras durante a diagênese. Um fato que não deve ser esquecido é que as cores das fases iniciais podem ser alteradas durante a diagênese. Isto porque, se, por exemplo, nos sedimentos de fundo existir matéria orgânica, os óxidos de ferro serão trans- formados em silicatos ou carbonatos de ferro, mas, quando na água intersticial existir H2S, serão transformados em sulfetos, passando pelas fases: hidróxido de Fe —• silicato ou carbonato de Fe —• sulfeto de Fe (pirita ou marcassita). Em virtude dessas transformações, as cores dos sedimentos também mudam em correspondência, do seguinte modo: Amarelo . . Castanha 1 ~+ V e r d , ? . d * V a n a S j ~ * C l n Z a 0 U Castanha-amareladaí ^nahdades | preto d e t e r m i n a ç ã o das propriedades das rochas sedimentares em laboratório 1 4 7 A transformação da coloração por influência da matéria orgânica é ve- rificadaespecialmente em arenitos e siltitos carbonosos. Exemplo: sedimentos do Terciário Superior da Ásia Central. Neste caso, em torno dos fragmentos carbonizados de madeira, a cor vermelho das rochas está transformada em verde ou cinza-esverdeada. Além disso, verifica-se que quanto maior é o frag- mento tanto maior é a espessura da porção de cor esverdeada. Além das condições diagenéticas, o clima é indubitavelmente um fator determinante da coloração das rochas sedimentares. Mas esse problema ainda não foi suficientemente estudado. Assim, somente alguns aspectos genéricos podem ser ditos sobre o problema. Em climas continentais quentes e secos, as cores mais amplamente observadas são claras (cinza, amarelo, cinzenta ou creme). No interior dos continentes, em zonas de alta temperatura e umidade, ou onde parte dos sedimentos é de origem marinha vários hidróxidos de Fe e Mn são amplamente distribuídos, de modo que a maioria dos sedimentos exibe cor vermelho-acastanhada (com laterita, bauxita, etc). Entre as cores, muitas vezes de origem primária, que têm chamado a atenção de muitos geólogos desde longa data, temos a cor vermelho de certos sedimentos conhecidos como red beds (camadas vermelhas). Essa cor ver- melho é comum no registro geológico, desde o Pré-Cambriano até o Recente, em sequências de estratos uniformemente coloridos. Ocorrem principalmente em siltitos, folhelhos e arenitos, sendo mais raras em calcários. Antigamente se acreditava que as camadas vermelhas se formassem em ambiente semi-árido ou árido, por terem sido observadas associações delas com evaporitos (gipso e halita). Essa ideia baseava-se na suposição de que a aridez favorecesse a desidratação da limonita. Hoje sabe-se que a cor vermelho primária é comum em sedimentos continentais de regiões áridas ou não. Outra cor que tem merecido muita atenção dos estudiosos é a verde. A cor verde em muitas rochas sedimentares comuns está ligada aos seus cons- tituintes mineralógicos argilosos. O mineral argiloso verde, que é comumente encontrado nos sedimentos marinhos, é a illita. A montmorillonita que é também frequentemente verde apresenta-se por vezes vermelha, talvez em virtude do óxido férrico incorporado mecanicamente, que poderia ser con- servado externamente à rede cristalina da argila. Pode-se resumir o significado geológico das diferentes cores, nos sedi- mentos, do seguinte modo: a) Sedimentos de cores similares às da rocha matriz geralmente sugerem condições climáticas muito frias ou muito áridas ou, ainda, alto gradiente geomorfológico, entre a fonte e o sítio de deposição. b) A cor negro nos sedimentos é indicativa de condições que favoreceram a preservação da matéria orgânica: lagoas com má circulação de água, ambi- ente de mar raso sem maré, etc. c) Os sedimentos cinzentos não são indicativos de ambiente específico, podendo ser depositados em lagos, planícies de inundação fluvial, deltas e 1 4 8 i n t r o d u ç ã o à sedimentologia mares de profundidades rasas a moderadas, podendo ser depositados também em clima frio ou quente. d) Cores, que mudam alternadamente com as camadas, são sugestivas de depósitos de leques aluviais, planícies de inundação e deltas, mas essas condições podem também ser encontradas em sedimentos marinhos. e) A cor verde, como cor primária, pode indicar sedimentos glauco- níticos ou contendo alguns argilo-minerais. Como cor secundária pode ser encontrada em algumas rochas piroclásticas. f) Cor primária vermelho indica, em primeiro lugar, um clima quente e uma região de terras emersas e, em segundo lugar, indica deposição sob con- dições climáticas de estações quentes e secas alternando-se com estações chuvosas ou clima seco generalizado. No caso das cores, assim como em muitas feições geológicas, é impossível estabelecer regras simples e gerais, assim, cada cor constitui um problema. As cores dos sedimentos são muito importantes na interpretação geo- lógica dos mesmos como foi até aqui visto. Dessa maneira é aconselhável que critérios menos subjetivos possíveis sejam usados durante as descrições das mesmas. No entanto, uma determinação precisa das cores é assunto de considerável dificuldade, tanto devido à falta de escalas apropriadas, como pelos erros subjetivos. Mas as tabelas de determinação das cores das rochas (rock color charí) oferecem, nos casos mais gerais, uma precisão suficiente. Para se ter maior precisão na determinação das cores, Grawe (1927) usou um fotômetro de cor. Tal instrumento permite análise quantitativa e síntese das cores. EXEMPLOS BRASILEIROS Abaixo são enumerados alguns exemplos brasileiros de sedimentos cujas cores já mereceram algum destaque: a) Camadas vermelhas da Formação Barreiras em Tapajós (Amaral, 1955) - Nos arenitos dessa formação a pigmentação ocorre na forma de pequenos pontos incrustando a superfície dos grãos. A sondagem de Alter do Chão (PA), próximo a Santarém, atravessou camadas vermelhas até 500 m de profun- didade, sugerindo, portanto, tratarem-sé de cores primárias, por atingir pro- fundidades bem inferiores ao nível estático de água subterrânea. b) Arcózio do Grupo Úrucum (Almeida), 1945, p. 82) - Estes sedimentos possuem cor cinza-esverdeada, com pigmentação produzida por feldspatos. A cor verde é devida à clorita ou apresenta cor preto devida à matéria orgâ- nica carbonosa e pirita. Por alteração tornam-se amarelo ou rosados, em seguida adquirindo cores avermelhadas. A cor vermelho dá nome à Serra de Urucum, em Mato Grosso. c) Arenitos finos e siltitos verde-azulados-claros do Devoniano de Mato Grosso (Almeida, 1954a, pp. 53-54) - Estes arenitos, com estratificação cru- zada, afloram no Rio Dourados, entre Guiratinga e Poxoréu. O autor encon- d e t e r m i n a ç ã o das propriedades das rochas sedimentares em laboratório 1 4 9 trou matriz clorítica associada com grãos de glauconita e agregados globulares de pirita antígena. d) Sedimentos elásticos do Grupo Santa Cruz (Almeida, 1945, p. 82) - A causa das cores avermelhadas está no jaspelito (jaspe = quartzo cripto- cristalino, grânulos geralmente coloridos de vermelho por inclusões hema- títicas). e) Areia da Praia Vermelha (Rio de Janeiro, GB) - A cor rósea desta areia deve-se a um delgado filme limonítico, que penetra nas fendas de grãos de quartzo. Só assim a limonita conseguiu resistir ao embate das ondas, colorindo os grãos. f) Camadas vermelhas do Grupo Aquidauana (Petri e Fúlfaro, 1966) - Estes autores encontraram camadas vermelhas nos 95 m basais do Grupo Aquidauana, perfurados na sondagem de Jataí (GO), constituídos de sedi- mentos com mesma coloração (castanha ou vermelho), quer se trate de elás- ticos finos, quer de arenitos ou conglomerados. Segundo Petri e Fúlfaro, a cor vermelho do material argiloso ter-se-ia originado na fonte de produção dos sedimentos e se teria concentrado nos elásticos finos (onde a cor mudaria para castanho por hidratação dos óxidos de ferro), enquanto que os arenitos teriam sido lavados, em grande parte, durante o transporte. g) Argilitos e folhelhos verdes e cinza-esverdeados da Formação Tremembé, SP (Suguio, 1969) - Todas as amostras examinadas de argilitos e folhelhos com coloração esverdeada mais acentuada (10 Y 6/2, segundo a tabela de cores = verde-oliva-pálido) mostraram-se mais ricas em montmorillonita (nontronita), então acredita-se que a cor possa ser atribuída à presença desse mineral. PESO ESPECÍFICO E DENSIDADE A densidade de uma substância é o peso por volume unitário, enquanto que o peso específico é a razão entre o peso de um corpo e o peso de igual volume de água destilada (a 4°C). No,sistema métrico decimal o peso em gramas por centímetro cúbico é numericamente igual ao peso específico. Ao estudarmos a densidade ou o peso específico das rochas sedimentares podemos pensar em termos depesos específicos dos minerais individuais ou do conjunto de minerais, que constituem a rocha. PESO ESPECÍFICO DE GRÃOS MINERAIS Se um sedimento puder ser separado em fiações de diferentes pesos espe- cíficos, utilizando-se vários líquidos pesados de pesos específicos crescentes (a intervalos aproximados de 0,1), os resultados poderão ser apresentados da mesma maneira que os de análises granulométricas na forma de histogramas, curvas de frequência e curvas acumulativas. Este método de investigação, com a correspondente apresentação dos dados, dos quais importantes con- 150 i n t r o d u ç ã o à sedimentologia clusões podem ser tiradas em relação à composição mineralógica de um se- dimento, foi pela primeira vez aplicado por Becking, Baas e Moore (1959) em aproximadamente cem sedimentos e lamas artificiais. Analogamente ao método usado nas análises granulométricas, o peso específico médio, a seleção e assimetria de distribuição dos pesos específicos podem ser obtidos da curva acumulativa de pesos específicos e podem ser comparados com as mesmas figuras de outros sedimentos. MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DE PESO ESPECÍFICO DE GRÃOS MINERAIS a) Bateria de líquidos pesados — A comparação direta com os líquidos pesados é o melhor método para grãos minerais individuais de pequenas di- mensões. Isto pode ser feito com uma bateria de líquidos diferindo em peso específico por pequenos intervalos. Uma bateria de líquidos pesados foi des- crita por Spencer (1927) e Landes (1930). A bateria fabricada por Landes variava de 2,0 a 4,1. Os líquidos são armazenados em pequenos tubos tam- ponados dispostos em um suporte confeccionado para essa finalidade. O frag- mento de mineral a ser testado é colocado em um frasco especial, consistindo de um pequeno copo perfurado soldado na extremidade de uma haste rígida. O copo perfurado contendo o mineral a ser testado é mergulhado em um tubo contendo o líquido pesado e o efeito é verificado. Este teste de verificação da flutuação ou não do mineral é efetuado até atingir o intervalo entre dois líquidos de teste. É necessário lavar e secar o copo perfurado, após cada teste, antes de mergulhar no frasco de teste seguinte, para que não ocorra diluição do líquido. O processo de imersão, lavagem e secagem não consome mais que 30 segundos por tubo. A densidade encontrada para o mineral é em seguida comparada com os valores encontrados na literatura. b) Processo da coluna de difusão — Outro processo de separação de grãos minerais com diferentes pesos específicos seria através da coluna de difusão, do tipo descrito por Sollas (1886 e 1891). A coluna de difusão para deter- minação do peso específico é preparada preenchendo-se até a metade um tubo graduado de vidro com um líquido pesado e depois completando-se a outra metade superior com um líquido miseível mais leve. Em seguida, o tubo é deixado em repouso, até que ocorra completa difusão, desenvolvendo-se uma gradação de pesos específicos dentro do tubo, com máximo no fundo e mínimo no topo. Quando a coluna de difusão estiver pronta, várias partículas de pesos específicos conhecidos serão cuidadosamente colocadas na coluna. Estas marcam no tubo níveis de pesos específicos definidos. Então os minerais de pesos específicos desconhecidos podem ser colocados na coluna e os seus pesos específicos podem ser determinados por comparação com as posições dos minerais índices. Esse método fornece uma determinação rápida e razoa- velmente precisa dos pesos específicos de vários minerais em uma única operação. d e t e r m i n a ç ã o das propriedades das rochas sedimentares em laboratório 151 PESO ESPECÍFICO DE ROCHAS SEDIMENTARES O peso específico de rochas pode ser determinado pela medição direta do peso e volume em amostras do tamanho de calhaus e seixos. O peso pode ser determinado em uma balança e o volume em um volumírnetro, pelo des- locamento de níveis de um líquido, que preenche um frasco graduado, antes e depois da imersão do fragmento de amostra no líquido. Com o peso e o volume conhecidos, o peso específico é numericamente igual à densidade, quando expresso como peso em gramas dividido pelo volume em centímetros cúbicos. O método de medição de volume, acima descrito, resulta em grandes erros devido aos espaços porosos preenchidos por ar presente na amostra. Existem vários processos pelos quais o peso de um corpo é medido di- retamente e o volume é determinado por pesagem subsequente em água e notando-se a resultante perda de peso, a partir da qual o peso da água des- locada pode ser determinado pelo conhecido princípio de Arquimedes. a) Método do picnômetro — Um desses métodos é o método do picnô- metro. O picnômetro é essencialmente um pequeno frasco de vidro, construído de tal modo que pode ser preenchido até um determinado volume com um alto grau de precisão. E essencialmente útil na determinação de peso espe- cífico de uma rocha, onde o material é primeiramente moído até pó, eliminando- -se assim os espaços e os erros que poderiam advir da presença dos mesmos. Para a determinação do peso específico pelo método do picnômetro pro- cede-se da seguinte maneira: pesa-se o picnômetro cheio de água a 15°C, e denomina-se este peso de a; retira-se a maior parte da água e introduz-se 1 g do pó da substância, cujo peso específico se quer determinar (tomar cuidado na remoção de todas as bolhas de ar após a introdução do pó no frasco, usando sucção ou aquecimento); preenche-se novamente com água e espera-se que a água fique com a mesma temperatura da operação anterior; e então, pesa-se e registra-se o peso b. O peso da água deslocado por 1 g de rocha é (a + l ) - i ) , 0 peso específico é, portanto, -p- j r—Algumas vezes usam-se líquidos orgânicos, tais como benzeno ou tetracloreto de carbono em vez de água, para contornar as dificuldades de remoção de bolhas de ar, que aderem ao material moído, quando se usa água. Neste caso, deve-se levar em conta o peso específico do material líquido usado. b) Método da balança de Jolly — O uso da balança de Jolly envolve a pesagem do material, cujo peso específico se quer determinar, no ar e nova- mente na água, embora unidades padrões de pesos não sejam usadas. O peso específico do material em questão é então determinado dividindo-se o peso P ar no ar pela perda de peso na água, isto é, P.E. = — ^ • A balança P ar -P agua de Jolly é adequada para pequenas massas, enquanto que algumas balanças do mesmo tipo são mais adaptadas para grandes massas. Maiores detalhes sobre outros conceitos de densidade ou peso específico e outros processos de determinação serão vistos no capítulo sobre porosidade. 1 5 2 i n t r o d u ç ã o à sedimentologia POROSIDADE DEFINIÇÃO O volume total (Vt) de uma rocha é constituído pelo volume dos poros (Vp) e pelo volume do material sólido (Vs): Vt = Vp + Vs. A porosidade de uma amostra de rocha é definida como o volume de espaço poroso da amostra expresso em partes ou porcentagens do volume total, isto é, P = Vp/Vt ou Vp/Vf 100 (%). A porosidade total é a porcentagem total de espaços vazios, enquanto que a porosidade efetiva está ligada aos espaços porosos interligados. Esta distinção é importante na geologia do petróleo ou na hidrogeologia, desde que a porosidade efetiva seja a que governe a possibilidade de recuperação do petróleo ou a produção de água subterrânea. Segundo Levorsen (1954), o valor da porosidade efetiva pode ser 5 a 10 % menor que a porosidade total. Os sedimentos inconsolidados possuem porosidades total e efetiva iguais, mas os sedimentos consolidados podem apresentar diferenças significativas, de- pendendo do grau de obstrução dos poros por cimentação. Os poros com- pletamente obstruídos não influem nos processos de fluxo nos sedimentos. Se considerarmos a época de formação dos poros de uma rocha, poderemosdistinguir a porosidade primária e a porosidade secundária. Além dos pro- blemas de petróleo e água, os valores de porosidade são importantes nas questões ligadas a sítios de implantação de barragens, fundações, etc. Os métodos comuns de determinação de porosidade são baseados na medição de dois dos três volumes (Vt, Vp e Vs), de onde se, obtém por cálculo o valor da porosidade: Vt = Vp + Vs, Vp — Vt - Vs, Vs = Vt - Vp. Se Vp e Vt forem medidos, a porosidade será P= Vp/Vt. Se Vt e Vs forem medidos, a porosidade será P _ tt-K. Vt Se Vp e Vs forem medidos, a porosidade será P = - ^ — Vp + Vs FATORES QUE INFLUEM NA POROSIDADE PRIMÁRIA A porosidade primária ou original é motivada pelos vazios existentes entre as conchas eventualmente presentes ou outros fragmentos (oólitos, algas, pelotas, etc), assim como entre os cristais de calcita ou seus planos de cli- d e t e r m i n a ç ã o das propriedades das rochas sedimentares em laboratório 1 5 3 vagem ou ainda poros existentes entre outros fragmentos detríticos como areia, sílte ou mesmo fraturas primárias de ressecamento de lama calcária. Os fatores que influem na porosidade primária são: a) Seleção das partículas — Quanto maior for a seleção das partículas de um sedimento, maior será a porosidade, pois os sedimentos bem selecio- nados possuem poucos detritos finos para preencher os espaços vazios dei- xados pelos mais grosseiros. Em um sedimento bimodal, a porosidade efetiva será diminuída, conforme o arranjo das partículas ou tamanhos relativos dos dois extremos. b) Tamanho das partículas — O tamanho das partículas, teoricamente, não deveria influir no valor da porosidade. Contudo, na prática, tem sido verificado que os sedimentos grosseiros possuem porosidade menor que os mais finos, mas isto é também parcialmente função das diferenças na dis- posição dos grãos (packing) e orientação. Segundo Pettijohn (1957, p. 86), tem-se, em média, os seguintes valores de porosidade, conforme a variação da granulação: Areia grossa - 39 a 41 %, Areia média - 41 a 48 %, Areia fina - 44 a 49 %, Silte fino - 50 a 54%. Talvez a causa seja atribuível ao maior arredondamento das partículas mais grosseiras, o que diminui a porosidade. Além disso, nos sedimentos finos podem aparecer os minerais de argila, que, devido ao seu hábito placóide, determinam valores mais altos de porosidade, mormente quando apresentam disposição caótica. c) Forma dos grãos — Quanto mais arredondados e esféricos os grãos, menor será a porosidade. O quartzo moído possui porosidade de 44%, enquanto que areia de duna apresenta 38 %. Os efeitos da forma dos grãos sobre os valores de porosidade ainda não estão muito bem compreendidos. Como a esfericidade do quartzo moído é de cerca de 0,60 a 0,65 e da areia de praia está em torno de 0,82 a 0,84, a forma dos grãos parece ter certa influ- ência, embora pequena. d) Disposição (packing) — As partículas achatadas, dispostas caotica- mente, são as que determinam maior porosidade. Assim, uma argila recente pode ter porosidade de até 85 %. Uma vez compactada, a porosidade se reduz consideravelmente. Graton e Fraser (1935, p. 785) discutiram os efeitos da disposição das partículas sobre a porosidade. Eles estudaram diferentes poro- sidades teóricas em função dos diferentes arranjos que podem tomar as esferas. Os valores obtidos variam entre 25,95 e 47,64%. e) Compactação — O peso dos sedimentos superpostos torna os subja- centes mais compactados, aproximando, em consequência, os grãos e dimi- nuindo a porosidade. Assim, um arenito pode passar de 35 a 40% para 15 ou 20%. O efeito da compactação sobre as rochas argilosas é ainda maior e,
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