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Aula 02 2017.2 - DIREITOS HUMANOS (CCJ0058/2616750) 9002

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Os Direitos Humanos – questões gerais
A dificuldade terminológica e as diferenças entre Direitos Humanos v. Direitos Humanitários v. Direitos Fundamentais v. Garantias
 
O que são os direitos humanos?
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Confira o que Vicente Barreto diz a respeito: “O emprego da expressão ‘Direitos Humanos’ reflete essa abrangência e a consequente imprecisão conceitual com que tem sido utilizada. A expressão pode referir-se a situações sociais, políticas e culturais que se diferenciam entre si, significando muitas vezes manifestações emotivas em face da violência e da injustiça; 
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na verdade, a multiplicidade dos usos da expressão demonstra, antes de tudo, a falta de fundamentos comuns que possam contribuir para universalizar o seu significado e, em consequência, a sua prática”. (BARRETO, 2002:500).
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As diferenças entre Direitos Humanos v. Direitos Humanitários v. Direitos Fundamentais v. Garantias
DIREITOS HUMANOS 
A ONU define os direitos humanos como “garantias jurídicas universais que protegem indivíduos e grupos contra ações ou omissões dos governos que atentem contra a dignidade humana”.
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É a expressão que tem uso predominante na ordem jurídica internacional, especialmente nos tratados internacionais.
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DIREITOS HUMANITÁRIOS
Dizem respeito aos direitos humanos considerados em contextos de guerra.  
Fazem parte do chamado Direito Internacional Humanitário. 
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DIREITOS FUNDAMENTAIS
 
Quando os direitos humanos se encontram inseridos na ordem jurídica interna são chamados de direitos fundamentais. 
No Brasil, se encontram previstos no texto da Constituição Federal, especialmente no art. 5º. da Constituição de 1988.
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Garantias
A ideia de garantia remete a noção de instrumentos, de proteção.  
Por exemplo, em nossa Constituição de 1988, no art 5º. VI, temos:
“VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”.
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“Ser inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos” é o DIREITO; 
“garantindo-se na forma da lei a proteção aos locais de culto e suas garantias” é a GARANTIA. 
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Sua construção histórica: as gerações ou dimensões dos DH
 
Os direitos humanos como hoje são compreendidos são resultado de um processo histórico que ao longo do tempo vai se sedimentando em avanços e retrocessos nesse tema.
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Os direitos humanos (ou fundamentais) são organizados a partir de gerações. Esses direitos são associados ao um núcleo de valores comuns, em geral referenciados ao lema da Revolução Francesa:
 
LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE (solidariedade).
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Assim, teríamos as três primeiras gerações de direitos da seguinte forma:
a) 1ª Geração – direitos individuais (liberdades públicas) e direitos políticos;
b) 2ª geração – direitos sociais, econômicos e culturais;
c) 3ª geração – direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos;
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Alguns autores, capitaneados por Paulo Bonavides (1998), sustentam já termos também os direitos da 4ª geração que seriam, por exemplo, direito à informação, à democracia, ao pluralismo.
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Apesar de seu valor pedagógico, a teoria da geração tem sido criticada vez que implica uma sucessão no tempo, como um movimento evolutivo, que não tem comprovação histórica, além de sugerir que uma geração possa vir a substituir outra – o que igualmente não é verdade. 
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Assim, ao invés de gerações, tem sido proposta a sistematização pela noção de dimensões. 
As dimensões de direitos permitem uma compreensão de interdependência estrutural dos direitos humanos, implicando numa teia de relações e complementariedade.
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“o ideal é considerar que todos os direitos fundamentais podem ser analisados e compreendidos em múltiplas dimensões, ou seja, na dimensão individual-liberal (primeira dimensão), na dimensão social (segunda dimensão), na dimensão de solidariedade (terceira dimensão) e na dimensão democrática (quarta dimensão)”. (LIMA, 2003)
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As características dos DH
a imprescritibilidade = o decurso do tempo ou a inércia do seu titular não levam a perda do direito em si. 
 
a inalienabilidade = não se pode alienar a condição humana, logo os direitos que dela decorrem também não o podem.
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a irrenunciabilidade = são irrenunciáveis pois não se pode abrir mão de sua própria natureza;
a inviolabilidade = não podem ser violados pela ordem jurídica, especialmente no plano interno, por leis infraconstitucionais, nem por atos administrativos de agente do Poder Público, sob pena de responsabilidade civil, penal e administrativa;
a universalidade = alcançam a todos os seres humanos sem distinções;
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a interdependência = um direito depende de outro para sua realização, logo estão inter-relacionados, interligados;
complementaridade = devem ser observados não isoladamente, mas de forma conjunta e interativa com os demais direitos e o próprio ordenamento jurídico;
historicidade = são construções históricas;
essencialidade = os direitos humanos são inerentes ao ser humano, tendo por base sua dignidade (aspecto material), assumindo posição normativa de destaque (aspecto formal)
As limitações e colisões de DH
As limitações e colisões dos direitos humanos tem por pressuposto o fato dos direitos não serem absolutos, o que já verifica pela existência de um em número de seus titulares.
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É possível que o exercício de um direito possa gerar algum ônus para o direito alheio.
Essas limitações podem ser impostas pela própria ordem normativa, sendo aí importante levar em conta o princípio da proporcionalidade como parâmetro para avaliar se a restrição é justificável.
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Por outro lado, há limitações que são impostas pelas a existência de outros direitos – que aqui chamaremos de conflito ou colisão de direitos. Por exemplo, a direito de acesso à informação em oposição à privacidade ou intimidade. 
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Na colisão de direitos, há que se levar em conta a questão da ponderação de valores no sentido de determinar no caso em concreto qual será o direito que deverá prevalecer em detrimento do outro. 
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Não é possível que o direito que cede seja esvaziado totalmente de modo que dele reste um simulacro (a doutrina aqui fala em respeito ao núcleo essencial do direito), já que os direitos humanos não guardam hierarquia entre si e todos eles operam em uma lógica de concorrência, isto é, aplicam-se concomitantemente no caso em concreto, podendo ser exercidos de forma cumulada. 
Direitos Humanos 
Prof. Dr. Rafael Iorio
Atividade 2
Questão 1: 
Com relação aos chamados “direitos econômicos, sociais e culturais”, é correto afirmar que
a) são direitos humanos de segunda geração, o que significa que não são juridicamente exigíveis, diferentemente do que ocorre com os direitos civis e políticos.
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b)são previstos, no âmbito do sistema interamericano, no texto original da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica).
c)formam, juntamente com os direitos civis e políticos, um conjunto indivisível de direitos fundamentais, entre os quais não há qualquer relação hierárquica.
d)incluem o direito à participação no processo eleitoral, à educação, à alimentação e à previdência social. 
Gabarito: letra C
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Questão 2: Sobre os direitos humanos, assinale a alternativa que contém uma de suas características fundamentais. (Prova: UPENET - 2013 - FUNASE – Psicólogo)
a) Relativização.
b) Prescritibilidade.
c) Universalidade.
d) Alienabilidade.
e) Renunciabilidade.
 Gabarito: letra C
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Questão 3: Considera a afirmação :”Ao invés de gerações de direitos, tem sido proposta a sistematização pela noção de dimensões”.
 
Aponte, pelo menos, duas razões pelas quais a ideia de dimensões parece, no dizer da doutrina, mais adequada para sistematizar os diferentes direitos fundamentais.
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Gabarito:
As dimensões melhor se articulam com a ideia de indivisibilidade,
conforme reconhecido pela ONU na Carta de 1948. 
As dimensões de direitos permitem uma compreensão de interdependência estrutural dos direitos humanos, implicando numa teia de relações e complementariedade.
As dimensões não sugerem sucessão temporal; nem que uma “geração” possa substituir a outra.
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