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TEORIAS E SISTEMAS PSICOLÓGICOS I Aula 2: Behaviorismo Metodológico e Behaviorismo Radical Teorias e Sistemas Psicológicos I AULA 2: Behaviorismo METODOLÓGICO E BEHAVIORISMO RADICAL Introdução ao Behaviorismo O behaviorismo (behavior = comportamento), que também pode ser traduzido como comportamentalismo, tem como objeto de estudo a compreensão e análise científica do comportamento humano e animal, buscando assimilar os fatores que foram relevantes para que tal comportamento fosse instalado no repertório comportamental do indivíduo, os fatores que permitiram sua permanência neste mesmo repertório comportamental e o que seria necessário fazer para alterar este comportamento. Dessa maneira, se consegue explicar porque determinada pessoa se comporta dessa ou daquela maneira, porque tomou tais decisões, e também prever e alterar os possíveis comportamentos futuros. Teorias e Sistemas Psicológicos I AULA 2: Behaviorismo METODOLÓGICO E BEHAVIORISMO RADICAL A análise experimental do comportamento, técnica criada pelo Behaviorismo, inspirou a criação da terapia comportamental, importante abordagem clínica, dentro da qual os psicoterapeutas atuam na tentativa de modificar comportamentos desadaptativos (ou disfuncionais) por outros mais funcionais e integrados à vida dos indivíduos. Poucos são, na atualidade, os terapeutas que utilizam exclusivamente a terapia comportamental, entretanto ela é parte integrante da terapia cognitivo comportamental, uma área da psicologia clínica que vem se desenvolvendo rapidamente com eficácia comprovada por várias pesquisas científicas. Introdução ao Behaviorismo Teorias e Sistemas Psicológicos I AULA 2: Behaviorismo METODOLÓGICO E BEHAVIORISMO RADICAL Introdução ao Behaviorismo Certamente você mesmo já buscou compreender a si próprio, ou a terceiros, deparando-se com um grande número de variáveis que age sobre o nosso comportamento.? Teorias e Sistemas Psicológicos I AULA 2: Behaviorismo METODOLÓGICO E BEHAVIORISMO RADICAL Essa atividade de buscar as “causas” do comportamento não é só uma atividade cotidiana, mas foi cientificamente sistematizada em um conjunto de princípios teóricos chamado de Behaviorismo. O termo é um neologismo criado a partir da palavra inglês behavior, que significa comportamento. Por isso, muitas traduções para o português chegaram a usar o termo Comportamentalismo. Neologismo é a criação de uma palavra nova. Origem histórica do Behaviorismo Teorias e Sistemas Psicológicos I AULA 2: Behaviorismo METODOLÓGICO E BEHAVIORISMO RADICAL Filosofia e ciência do comportamento É importante salientar que foi só muito recentemente, em comparação com as outras ciências, que a Psicologia ganhou autonomia da Filosofia. Em 1879, a criação do laboratório de Psicologia experimental em Leipzig (Alemanha) por Wilhelm Wundt marcou historicamente o início dessa separação, mas, de acordo com Baum (2006), até 1940, era raro haver nas universidades um departamento de Psicologia e os professores dessa disciplina eram, na maioria, filósofos. Origem histórica do Behaviorismo Teorias e Sistemas Psicológicos I AULA 2: Behaviorismo METODOLÓGICO E BEHAVIORISMO RADICAL Uma das primeiras maneiras de estudar o ser humano, utilizada nesta época, foi o uso da introspecção, tal como era sistematizado por Wundt. Pessoas eram treinadas para observarem, sistematicamente, seus processos mentais, buscando descrevê- los do modo mais fiel possível. Assim, um observador treinado poderia descrever tudo o que se passava em sua mente antes, durante e depois do comportamento de apanhar um objeto, para verificar se outros observadores descreveriam a mesma coisa. Origem histórica do Behaviorismo Teorias e Sistemas Psicológicos I AULA 2: Behaviorismo METODOLÓGICO E BEHAVIORISMO RADICAL A ideia era que uma boa observação chegaria a resultados universais, ou seja, que seriam iguais em qualquer outra pessoa. Entretanto, percebeu-se que o resultado da observação depende muito do indivíduo que observa, sendo assim pouco confiável. Origem histórica do Behaviorismo Teorias e Sistemas Psicológicos I AULA 2: Behaviorismo METODOLÓGICO E BEHAVIORISMO RADICAL Um ponto importante para o método científico é criar condições de observações mais objetivas, ou seja, independentes da opinião ou da percepção humana. Tais observações deveriam, portanto, ser replicáveis: ao se manter as mesmas condições, um fenômeno observado deveria produzir o mesmo resultado. Origem histórica do Behaviorismo Teorias e Sistemas Psicológicos I AULA 2: Behaviorismo METODOLÓGICO E BEHAVIORISMO RADICAL Em 1913, Watson publica o artigo “A Psicologia como um behaviorista a vê” (2008), no qual expõe os principais posicionamentos científicos da nascente Psicologia Comportamental. Watson propõe defini-la como uma ciência do comportamento, já que este é fisicamente observável: pode-se ver as pessoas andarem, comerem, conversarem, mas é difícil observar seus pensamentos e sentimentos. Origem histórica do Behaviorismo Teorias e Sistemas Psicológicos I AULA 2: Behaviorismo METODOLÓGICO E BEHAVIORISMO RADICAL Watson não está propondo a criação de uma nova psicologia, mas sim a redefinição do objeto de estudo da psicologia para algo que seja objetivo, observável e mensurável: o comportamento. Esta afirmação levou a controvérsias importantes, já que ela vai de encontro à ideia de que o homem é livre para agir. Torna-se, então, muito importante compreender as consequências teóricas de se afirmar que é possível constituir uma ciência do comportamento. No momento da publicação de sua primeira obra, Watson não obteve muita aceitação. Em grande parte, isso se deve à ausência de estudos correlatos no meio acadêmico naquela época. Mesmo assim, as sementes do behaviorismo estão lançadas, possibilitando o seu desenvolvimento futuro. Origem histórica do Behaviorismo Teorias e Sistemas Psicológicos I AULA 2: Behaviorismo METODOLÓGICO E BEHAVIORISMO RADICAL Ao definir o comportamento como objeto de estudo científico, fica implícito que ele é um fenômeno ordenado, que pode ser explicado por leis simples, podendo através delas ser previsto. O que se percebe, com isso, é que o comportamento, caso se tenha os meios necessários, pode ser controlado. Essa visão é conhecida como determinismo. No caso do Behaviorismo, o que determina o comportamento é, por um lado, a hereditariedade e, por outro, o meio ambiente. Na maioria das pessoas, permanece a ideia de que há algo além da genética e do ambiente como causa do comportamento, o livre-arbítrio, ou seja, a capacidade individual de escolher, sem qualquer tipo de determinação, o comportamento a ser realizado. Equivale a você dizer, por exemplo, que fez determinada ação “porque quis”. Duas visões do homem: livre-arbítrio e determinismo Determinismo Livre-arbítrio Teorias e Sistemas Psicológicos I AULA 2: Behaviorismo METODOLÓGICO E BEHAVIORISMO RADICAL A principal diferença entre os primeiros Behavioristas, como Watson, e aqueles que seguiram as posições skinnerianas, está na tradição filosófica que cada grupo assume ao definir o que consideram ser uma ciência. Skinner chamou os primeiros behavioristas de behavioristas metodológicos, enquanto chamou a sua posição de Behaviorismo radical. Dessa forma, ao pensarmos no behaviorismo, é importante identificarmos que, embora todos se dediquem ao estudo do comportamento, existem dois tipos diferentes de behaviorismo. Behaviorismo e filosofia da ciência Teorias e Sistemas Psicológicos I AULA 2: Behaviorismo METODOLÓGICO E BEHAVIORISMO RADICAL Imagine uma pessoa que diz que está comendo porque sente fome. Penseatentamente nessa experiência, que, com certeza, você já passou inúmeras vezes e na sequência de eventos envolvidos na mesma: 1. Em primeiro lugar, pode-se dizer que há um período de privação de comida. 2. Durante a privação, os processos fisiológicos do corpo começam, a partir de um determinado limiar, a despertar uma sensação de fome. 3. Ao se deparar com essa sensação, você vai direto para sua geladeira, procura algum alimento de sua preferência e o come. O primeiro e o terceiro momentos são objetivamente observáveis, enquanto o segundo não. É comum que as pessoas tratem o fato 2, a sensação de fome, como a causa do fato 3, o comportamento de comer. Essa é a base do pensamento mentalista ingênuo, que é comum à maioria das pessoas: “como porque sinto fome”. Mas, se a fome é resultado da privação de comida, pode-se desconsiderar a causa mental, a sensação, e preocupar-se somente com os fatos naturais, facilmente mensuráveis. Behaviorismo Metodológico Teorias e Sistemas Psicológicos I AULA 2: Behaviorismo METODOLÓGICO E BEHAVIORISMO RADICAL É importante registrar aqui que o behaviorismo metodológico não nega a existência da mente, mas sim a sua cientificidade, afirmando, dessa forma, não ser possível o estudo dos eventos mentais. Os behavioristas metodológicos acreditavam que só seria um conhecimento objetivo aquilo que fazia parte do mundo natural, aquilo que está na realidade externa ao indivíduo, desconsiderando o papel dos processos mentais. O real é o que pode ser observado e medido por todas as pessoas. Sensações internas e sentimentos não são tão fáceis de serem compreendidos objetivamente, sendo, então, desconsiderados. Essa questão remete a uma forma específica de ver o mundo, conhecida como realismo. Behaviorismo Metodológico Teorias e Sistemas Psicológicos I AULA 2: Behaviorismo METODOLÓGICO E BEHAVIORISMO RADICAL Behaviorismo Metodológico BEHAVIORISMO METODOLÓGICO Estuda o comportamento por si mesmo. Evita sentimentos e os estados mentais intermediários. Opõem-se ao mentalismo. Detém-se às causas físicas anteriores ao comportamento. Admite a existência dos fatos mentais, embora não os considere passíveis de serem observados e estudados (não é científico). Grande ênfase nos procedimentos de medidas e na concordância entre os observadores. A manipulação experimental é a reprodução do modelo S-R (o comportamento é produto de estímulos ambientais). Rejeita introspecção. Utiliza a observação consensual. Realizar experimentação. Teorias e Sistemas Psicológicos I AULA 2: Behaviorismo METODOLÓGICO E BEHAVIORISMO RADICAL O behaviorismo radical foi como o próprio Skinner denominou sua abordagem teórica, para diferenciá-la das outras teorias behavioristas existentes na época. Suas principais características são negar radicalmente a existência da mente e aceitar radicalmente todos os fenômenos comportamentais. Dessas características derivam o termo “radical”, atribuído à teoria behaviorista desenvolvida por este importante pesquisador. O Behaviorismo radical não nega veemente a possibilidade da auto-observação, mas sim questiona a natureza do que está sendo observado. Behaviorismo Radical Teorias e Sistemas Psicológicos I AULA 2: Behaviorismo METODOLÓGICO E BEHAVIORISMO RADICAL Se, por um lado, o mentalismo esquece-se da importância dos acontecimentos internos antecedentes na explicação do comportamento (como a privação de comida antes da sensação de fome), o Behaviorismo metodológico deixa de lado a possível importância dos processos mentais (como a sensação de fome). Assim, para Skinner (1982), o Behaviorismo radical estabelece um equilíbrio entre as duas posições. Eles não descartam os acontecimentos mentais como totalmente inobserváveis, somente questionam a natureza do que está sendo observado e a fidedignidade das observações realizadas. Fidedignidade refere-se à confiança que se pode ter em determinada observação. Quando mais fidedigna, mais a observação é passível de repetição, ou seja, outras pessoas também têm acesso aos mesmos dados. Behaviorismo Radical Teorias e Sistemas Psicológicos I AULA 2: Behaviorismo METODOLÓGICO E BEHAVIORISMO RADICAL Skinner propõe a existência de dois tipos de relações entre o comportamento e o ambiente: a) consequências seletivas que ocorrem após o comportamento e modificam a probabilidade futura de ocorrerem comportamentos equivalentes, isto é, da mesma classe; b) contextos que estabelecem a ocasião para o comportamento ser afetado por suas consequências (e que, portanto, ocorreriam antes do comportamento e que igualmente afetariam a probabilidade desse comportamento). Behaviorismo Radical Teorias e Sistemas Psicológicos I AULA 2: Behaviorismo METODOLÓGICO E BEHAVIORISMO RADICAL Behaviorismo Radical BEHAVIORISMO RADICAL Nega radicalmente a existência da mente (fatos que escapem ao mundo físico). Acredita na possibilidade da auto-observação. Não exige consenso na observação. Admite estudar eventos internos. Deriva a análise experimental do comportamento (busca das análises funcionais entre comportamento e ambiente). Propõe dois tipos de relações entre ambiente e organismo (eventos estabelecedores de ocasião e consequências seletivas) que são as contingências. As interpretações são sempre históricas. É o próprio eu e não o outro que constrói o conhecimento. Aceita a existência de um indivíduo. Aceita radicalmente os fenômenos comportamentais. É pragmático. Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21
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