Buscar

Concessões de redes de TV no Brasil

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Bruno Teixeira de Oliveira RA00167800
Você renovaria as concessões de redes de TV no Brasil?
 
Diante de um mundo globalizado e multicultural, vivemos em uma realidade marcada pelos avanços tecnológicos e pela necessidade de obtermos cada vez mais informação sobre tudo o que nos cerca. A mídia ganha então um papel fundamental na manutenção do interesse público, ficando responsável por levar a milhares de brasileiros fatos e análises para que possam assim chegar a uma conclusão sobre determinado assunto. Porém, alguns fatores nos levam a crer que nem sempre a mídia cumpre seu papel perante a sociedade.
O professor e sociólogo Perseu Abramo atuou durante sua carreira em diversos veículos da grande mídia e construiu uma teoria que se faz bastante útil a essa discussão. Em um texto publicado na década de 80, Abramo aponta quatro padrões de manipulação de manipulação para toda a imprensa, sendo o último ponto específico ao telejornalismo. 
O primeiro fora batizado de padrão de “ocultação”, que se referia a ausência da verdade como característica da deliberada falta de compromisso com a informação. O segundo trata da “fragmentação”, em que determinados fatos são divididos e segmentados e, fora de contexto, perdem sua validade. O terceiro ponto é a “inversão”, que traz consigo a manipulação dos aspectos, do conteúdo, dos fatos e da opinião, o que dificulta a capacidade de análise e conclusão sobre determinado acontecimento. A indução é o quarto ponto destacado, distorcendo a realidade pela visão de determinado veículo.
A manipulação se dá de diversas formas, independente de assuntos regionais ou nacionais, estando sempre atuante e vigilante no que diz respeito a manutenção de seus interesses. É evidente que a mídia tem participação ativa na manutenção democrática do país, entretanto, muitos se negam a crer que a relação entre política e mídia está datando desde o surgimento da imprensa no País, com as primeiras prensas móveis sendo de propriedade sempre de um governador ou de alguma autoridade regional. 
Essa relação, no entanto, se intensificou no governo de José Sarney (PMDB). Entre 1985 e 1988, ele distribuiu 1.028 concessões de radiodifusão, metade de todas as concessões distribuídas no período entre 1922 e 1985, grande parte como moeda de troca para deputados e senadores. Segundo a nossa Constituição, cabe à União, por meio do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, conceder a empresas privadas, por meio de concessões, o direito de possuir um canal de rádio ou televisão no Brasil. Existe, assim um limite físico para a existência de emissoras, determinado pelo espectro das faixas de frequência. 
De todo modo, deve haver uma série de procedimentos para ter o direito à concessão, entre eles o cumprimento de várias regras em relação a seu conteúdo e programação, a fim de garantir a pluralidade e a diversidade de conteúdo. No entanto, a fiscalização do cumprimento destas regras por parte do governo é falha e consequentemente compromete não só o processo, mas também o que se pretende com ele. A concentração de mídia sob controle de grandes grupos de TV é somente um dos fatores a ser destacado. Band, Globo, Record e SBT, possuem quase 70% da audiência televisiva nacional, levando em conta as cabeças de rede e as afiliadas.
Outro ponto a se destacar é a infração ao Artigo 54 da Constituição, que proíbe políticos de possuírem qualquer 	tipo de empresa que tenha relação com o serviço público. Segundo informações do Sistema de Acompanhamento de Controle Societário – SIACS, da ANATEL, 32 deputados e oito senadores são proprietários, sócios ou associados de canais de rádio e TV. 
 Há ainda casos de venda de concessões, algo que viola a Lei 4.117/62 e o Decreto 52.795/63 que impedem que uma concessão pública de radiodifusão seja repassada a terceiros sem uma nova licitação. Em 2013, o grupo Abril vendeu a frequência que abrigava o canal MTV por cerca de 290 mil reais. Hoje o canal 32 é utilizado para reprodução de conteúdo evangélico. Os rádios também têm sofrido ações semelhantes. A subconcessão (arrendamento de parte da programação) assim como o desrespeito ao percentual da programação destinado a educação, são ainda outras graves violações que ocorrem sem qualquer interferência das autoridades.
Concluo que a renovação das concessões de TV no Brasil é algo inviável, frente ao desrespeito das próprias fundamentações que as regulam. Enquanto o jornalismo como instituição social não pode se misturar com o Estado (representado por políticos que também possuem algum tipo de ligação com veículos de mídia), e dele precisa de distância e independência para exercer sua crítica. A mudança nas leis e na fiscalização se fazem necessárias para viabilizar não só o processo de concessão, mas também como essa concessão será utilizada em benefício da sociedade.

Outros materiais