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Aula 10 2017.2 - DIREITOS HUMANOS (CCJ0058/2616750) 9002

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O Brasil no contexto de proteção de DH
Os tratados de direitos humanos na ordem jurídica brasileira
 
O tema dos tratados de direitos humanos e o Direito brasileiro tem sido objeto de muitas polêmicas e debates na doutrina e jurisprudência brasileiras e se encerrem na clássica discussão sobre as relações entre a norma internacional e
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a lei interna (ordinária ou complementar). 
Relacionando ao tema da aula, esta questão será tratada em três níveis: 
A questão da hierarquia normativa;
O sistema de integração do tratado internacional na ordem interna;
O controle de convencionalidade;
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O Brasil no contexto de proteção de DH
A questão da hierarquia normativa
O DEBATE DOUTRINÁRIO: a posição defendida pelos autores internacionalistas – baseadas no compromisso assumido internacionalmente pelo país e pelo valor axiológico, no caso dos DH: supremacia dos tratados internacionais como superiores a
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própria Constituição (ou pelo menos de forma menos radical, com status constitucional). 
a posição dos constitucionalistas - com fundamento na jurisprudência majoritária do Supremo Tribunal Federal sobre o tema - o tratado tem o valor hierárquico de lei. (ideia de paridade entre o tratado e a lei interna, em detrimento do princípio da primazia da norma de maior proteção ao ser humanos - que sustenta a prevalência do tratado internacional de DH).
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O Brasil no contexto de proteção de DH
A questão da hierarquia normativa
A discussão é bastante relevante, pois impacta diretamente na definição da norma deverá ser aplicada ao caso em concreto e ainda implica definir se uma lei interna pode revogar um tratado e vice-versa. 
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Vejamos agora como se posicionou o Supremo Tribunal Federal sobre a questão.
 - Para os tratados internacionais que versem sobre DIREITOS HUMANOS:
 
ANTES DA EMENDA 45: status SUPRALEGAL.
DEPOIS DA EMENDA 45: 
# terão status CONSTITUCIONAL, se aprovados atendendo os mesmos requisitos das emendas constitucionais 
 
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# terão status SUPRALEGAL, se a incorporação não observou o requisito formal de aprovação exigido pela Emenda 45.
 
Atenção!!!!
 
Para os tratados internacionais, independentemente da data de aprovação, que tratem de outros temas, continua se aplicando a PARIDADE .
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O Brasil no contexto de proteção de DH
O sistema de integração do tratado internacional na ordem interna;
A relação entre a ordem jurídica internacional e a ordem jurídica interna remete ao debate sobre monismo e dualismo. 
 
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Porém a distinção tem pouca aplicabilidade, já que podemos ser considerados monistas e/ou dualistas moderados.
 
O relevante é :como se dá a recepção dos tratados internacionais no Brasil?
Isto é precisamos então conhecer a forma de internalização ou integração dos tratados à ordem jurídica interna.
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O Brasil no contexto de proteção de DH
O sistema de integração do tratado internacional na ordem interna.
Com base na Constituição vigente, o processo de internalização tem os seguinte os passos:
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o Presidente da República, no uso de suas atribuições previstas no art. 84, VIII, da Constituição Federal, celebra o tratado internacional; 
em seguida, conforme dispõe o art. 49, I, da Carta Constitucional, cabe ao Congresso Nacional referendar os tratados internacionais assinados pelo Presidente da República, o que é feito por meio de um Decreto Legislativo;
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 publicado o referido Decreto Legislativo, o tratado é ratificado, pelo Chefe de Estado, mediante depósito do respectivo instrumento, confirmando o desejo brasileiro de obrigar-se aos termos daquele documento; 
 por fim, o tratado é promulgado por meio de decreto presidencial e passa a gerar efeitos após a sua publicação do Diário Oficial da União.
 
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Isto quer dizer que enquanto não houver a promulgação pelo Presidente do tratado através de decreto, ele não se mostra apto a produzir quaisquer efeitos no âmbito doméstico, ainda que devidamente ratificado no plano internacional, uma vez que ainda se está desprovido de validade e executoriedade no plano do direito positivo interno brasileiro. 
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Esta é a exata posição do STF no tema, conforme se vê da Carta Rogatória nº 8.279. E este procedimento é o que prevalece até o advento do parágrafo 3º do art. 5º da CF no que toca aos tratados especialmente de DH.
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O Brasil no contexto de proteção de DH
O sistema de integração do tratado internacional na ordem interna.
Mas este mesmo procedimento se aplicará também aos tratados de DH internalizados após a EC nº.45?
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Aqui há que se ter cuidado, pois teremos também duas possibilidades: I - Se observado o disposto parágrafo 3º.do art. 5º., DEVERÁ SER SEGUIDO O PROCEDIMENTO de elaboração de EMENDAS CONSTITUCIONAIS. Assim o tratado terá que ser promulgado nos termos do §3º, do art. 60 da CF, ou seja, será promulgado pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. (Não há, pois, 
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ratificação e promulgação por Decreto Presidencial). II – Se o tratado de DH não passar pelo processo que resulte na votação caraterística das emendas constitucionais deverá ser observado o iter tradicional dos demais tratados, como já estudamos, passando normalmente pelo Presidente da
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República. Até o momento, apenas a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, assinada em Nova Iorque, Estados Unidos da América, em 30 de março de 2007, foi aprovada e promulgada pelo quórum de votação determinado pelo art. 5º, §3ºda CF.
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O Brasil no contexto de proteção de DH
O controle de convencionalidade;
Este é um tema ainda novo em nossa doutrina. Para se garantir validade à produção do Direito doméstico: 1º. PASSO: verificar a adequação das leis com a Constituição - controle de constitucionalidade;
 
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2º. PASSO: verificar se as normas internas estão em conformidade com os tratados internacionais ratificados pelo governo e em vigor no país. Isto é o controle de convencionalidade.
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O Brasil no contexto de proteção de DH
O controle de convencionalidade;
O Pacto de São José da Costa Rica e a ordem jurídica brasileira
O controvertido caso da prisão civil por dívidas
 
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Neste tópico, estudaremos a posição do Brasil perante a Corte de San José, especialmente relacionada ao caso da prisão civil por dívidas. 
O PIDCP e o Pacto de San Jose não admitem a prisão civil por dívidas, à exceção no caso de obrigação alimentar. 
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A questão que se coloca então é se a legislação brasileira ainda tem aplicabilidade, mesmo com o amparo no texto do art. 5º, inciso LVII da Constituição (não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel).
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A legislação infraconstitucional que disciplina o tema são os art. 1217 do Código Civil de 1916; Decreto Lei nº. 911/69 e art. 652 do Código Civil de 2002.
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O Brasil no contexto de proteção de DH
O controle de convencionalidade;
O Pacto de São José da Costa Rica e a ordem jurídica brasileira
O controvertido caso da prisão civil por dívidas
Em 2008 o STF pacificou a matéria. 
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A Corte julgou três processos referentes ao tema: 
# dois recursos extraordinários dos bancos Itaú e Bradesco, que tiveram pedidos de prisão negado (o RE 466.343-SP e o RE 349.703-RS). 
# um habeas corpus impetrado por um consumidor contra decisão do Superior Tribunal de Justiça (HC 87.585-TO), que permitia a sua prisão civil por ser depositário infiel.
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No RE 466.343-SP, afirmou o Min. Gilmar Mendes: "Não há mais base legal para prisão civil do depositário infiel, pois o caráter especial desses diplomas internacionais sobre direitos humanos lhes reserva lugar específico no ordenamento jurídico, estando abaixo da Constituição, porém acima da legislação interna".
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O Brasil no contexto de proteção de DH
No HC 87.585-TO, o relator, Min Marco Aurélio, destacou, em seu voto vencedor o seguinte: “A circunstância de o Brasil ter subscrito o Pacto de San Jose da Costa Rica, a limitar
a prisão civil por dívida ao descumprimento inescusável da prestação alimentícia, 
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conduz à inexistência de balizas visando à eficácia do que previsto no inciso LXVII do artigo 5º da Constituição Federal, preceito que, a toda evidência, não se mostra autoaplicável, até mesmo ante o silêncio quanto ao período de custódia. Em síntese, com a introdução no cenário jurídico nacional, do pacto referido, 
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restaram derrogadas as normas estritamente legais definidoras da prisão do depositário infiel.”
Esses casos, por fim, encerraram a controvérsia, NÃO É MAIS ADMISSÍVEL EM NOSSO ORDENAMENTO A PRISÃO CIVIL POR DÍVIDA, à exceção dos casos de obrigação alimentar.
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DIREITOS HUMANOS
Prof. Rafael Iorio
Atividade 10
Questão 1: - Qual o estágio atual da discussão sobre a possibilidade ou não da prisão civil do devedor fiduciante de coisa móvel? (Ministério Público Estadual - Concurso: MPE-BA - Ano: 2012)
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Questão 2: (DPE-SP/2010/FCC) Tendo em conta a Emenda Constitucional nº 45, de 2004, em relação à incorporação ao direito interno e à respectiva posição hierárquica dos tratados internacionais de direitos humanos ratificados pelo Brasil, é correto afirmar:
 
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Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que vierem a ser aprovados por três quintos dos votos dos membros de cada Casa do Congresso Nacional terão força de emendas constitucionais.
(B) Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos ratificados pelo Brasil previamente à edição da Emenda Constitucional no 45 deixaram de integrar o direito interno.
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(C) O Supremo Tribunal Federal firmou jurisprudência entendendo que os tratados internacionais de direitos humanos ratificados pelo Brasil nos termos da Emenda Constitucional no 45 possuem natureza supralegal e infraconstitucional.
(D) Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que haviam sido aprovados pelo Congresso Nacional previamente à edição da Emenda Constitucional no 45 foram equiparados às emendas constitucionais.
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(E) O Supremo Tribunal Federal firmou jurisprudência entendendo que os tratados internacionais de direitos humanos ratificados pelo Brasil previamente à edição da Emenda Constitucional no 45 possuem natureza materialmente constitucional.
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Questão 3: (DPE-BA/2010/CESPE) Julgue o seguinte item, acerca da teoria geral do direito internacional dos direitos humanos e à incorporação dos tratados internacionais de direitos humanos no Brasil (Certo ou Errado).
A sistemática concernente ao exercício do poder de celebrar tratados é deixada a critério de cada Estado. Em matéria de direitos humanos, são estabelecidas, na CF, duas categorias de tratados internacionais: a dos materialmente constitucionais e a dos materialmente e formalmente constitucionais.
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Prof. Rafael Iorio

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