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O Brasil no contexto de proteção de DH Os tratados de direitos humanos na ordem jurídica brasileira O tema dos tratados de direitos humanos e o Direito brasileiro tem sido objeto de muitas polêmicas e debates na doutrina e jurisprudência brasileiras e se encerrem na clássica discussão sobre as relações entre a norma internacional e 1 a lei interna (ordinária ou complementar). Relacionando ao tema da aula, esta questão será tratada em três níveis: A questão da hierarquia normativa; O sistema de integração do tratado internacional na ordem interna; O controle de convencionalidade; 2 O Brasil no contexto de proteção de DH A questão da hierarquia normativa O DEBATE DOUTRINÁRIO: a posição defendida pelos autores internacionalistas – baseadas no compromisso assumido internacionalmente pelo país e pelo valor axiológico, no caso dos DH: supremacia dos tratados internacionais como superiores a 3 própria Constituição (ou pelo menos de forma menos radical, com status constitucional). a posição dos constitucionalistas - com fundamento na jurisprudência majoritária do Supremo Tribunal Federal sobre o tema - o tratado tem o valor hierárquico de lei. (ideia de paridade entre o tratado e a lei interna, em detrimento do princípio da primazia da norma de maior proteção ao ser humanos - que sustenta a prevalência do tratado internacional de DH). 4 O Brasil no contexto de proteção de DH A questão da hierarquia normativa A discussão é bastante relevante, pois impacta diretamente na definição da norma deverá ser aplicada ao caso em concreto e ainda implica definir se uma lei interna pode revogar um tratado e vice-versa. 5 Vejamos agora como se posicionou o Supremo Tribunal Federal sobre a questão. - Para os tratados internacionais que versem sobre DIREITOS HUMANOS: ANTES DA EMENDA 45: status SUPRALEGAL. DEPOIS DA EMENDA 45: # terão status CONSTITUCIONAL, se aprovados atendendo os mesmos requisitos das emendas constitucionais 6 # terão status SUPRALEGAL, se a incorporação não observou o requisito formal de aprovação exigido pela Emenda 45. Atenção!!!! Para os tratados internacionais, independentemente da data de aprovação, que tratem de outros temas, continua se aplicando a PARIDADE . 7 O Brasil no contexto de proteção de DH O sistema de integração do tratado internacional na ordem interna; A relação entre a ordem jurídica internacional e a ordem jurídica interna remete ao debate sobre monismo e dualismo. 8 Porém a distinção tem pouca aplicabilidade, já que podemos ser considerados monistas e/ou dualistas moderados. O relevante é :como se dá a recepção dos tratados internacionais no Brasil? Isto é precisamos então conhecer a forma de internalização ou integração dos tratados à ordem jurídica interna. 9 O Brasil no contexto de proteção de DH O sistema de integração do tratado internacional na ordem interna. Com base na Constituição vigente, o processo de internalização tem os seguinte os passos: 10 o Presidente da República, no uso de suas atribuições previstas no art. 84, VIII, da Constituição Federal, celebra o tratado internacional; em seguida, conforme dispõe o art. 49, I, da Carta Constitucional, cabe ao Congresso Nacional referendar os tratados internacionais assinados pelo Presidente da República, o que é feito por meio de um Decreto Legislativo; 11 publicado o referido Decreto Legislativo, o tratado é ratificado, pelo Chefe de Estado, mediante depósito do respectivo instrumento, confirmando o desejo brasileiro de obrigar-se aos termos daquele documento; por fim, o tratado é promulgado por meio de decreto presidencial e passa a gerar efeitos após a sua publicação do Diário Oficial da União. 12 Isto quer dizer que enquanto não houver a promulgação pelo Presidente do tratado através de decreto, ele não se mostra apto a produzir quaisquer efeitos no âmbito doméstico, ainda que devidamente ratificado no plano internacional, uma vez que ainda se está desprovido de validade e executoriedade no plano do direito positivo interno brasileiro. 13 Esta é a exata posição do STF no tema, conforme se vê da Carta Rogatória nº 8.279. E este procedimento é o que prevalece até o advento do parágrafo 3º do art. 5º da CF no que toca aos tratados especialmente de DH. 14 O Brasil no contexto de proteção de DH O sistema de integração do tratado internacional na ordem interna. Mas este mesmo procedimento se aplicará também aos tratados de DH internalizados após a EC nº.45? 15 Aqui há que se ter cuidado, pois teremos também duas possibilidades: I - Se observado o disposto parágrafo 3º.do art. 5º., DEVERÁ SER SEGUIDO O PROCEDIMENTO de elaboração de EMENDAS CONSTITUCIONAIS. Assim o tratado terá que ser promulgado nos termos do §3º, do art. 60 da CF, ou seja, será promulgado pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. (Não há, pois, 16 ratificação e promulgação por Decreto Presidencial). II – Se o tratado de DH não passar pelo processo que resulte na votação caraterística das emendas constitucionais deverá ser observado o iter tradicional dos demais tratados, como já estudamos, passando normalmente pelo Presidente da 17 República. Até o momento, apenas a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, assinada em Nova Iorque, Estados Unidos da América, em 30 de março de 2007, foi aprovada e promulgada pelo quórum de votação determinado pelo art. 5º, §3ºda CF. 18 O Brasil no contexto de proteção de DH O controle de convencionalidade; Este é um tema ainda novo em nossa doutrina. Para se garantir validade à produção do Direito doméstico: 1º. PASSO: verificar a adequação das leis com a Constituição - controle de constitucionalidade; 19 2º. PASSO: verificar se as normas internas estão em conformidade com os tratados internacionais ratificados pelo governo e em vigor no país. Isto é o controle de convencionalidade. 20 O Brasil no contexto de proteção de DH O controle de convencionalidade; O Pacto de São José da Costa Rica e a ordem jurídica brasileira O controvertido caso da prisão civil por dívidas 21 Neste tópico, estudaremos a posição do Brasil perante a Corte de San José, especialmente relacionada ao caso da prisão civil por dívidas. O PIDCP e o Pacto de San Jose não admitem a prisão civil por dívidas, à exceção no caso de obrigação alimentar. 22 A questão que se coloca então é se a legislação brasileira ainda tem aplicabilidade, mesmo com o amparo no texto do art. 5º, inciso LVII da Constituição (não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel). 23 A legislação infraconstitucional que disciplina o tema são os art. 1217 do Código Civil de 1916; Decreto Lei nº. 911/69 e art. 652 do Código Civil de 2002. 24 O Brasil no contexto de proteção de DH O controle de convencionalidade; O Pacto de São José da Costa Rica e a ordem jurídica brasileira O controvertido caso da prisão civil por dívidas Em 2008 o STF pacificou a matéria. 25 A Corte julgou três processos referentes ao tema: # dois recursos extraordinários dos bancos Itaú e Bradesco, que tiveram pedidos de prisão negado (o RE 466.343-SP e o RE 349.703-RS). # um habeas corpus impetrado por um consumidor contra decisão do Superior Tribunal de Justiça (HC 87.585-TO), que permitia a sua prisão civil por ser depositário infiel. 26 No RE 466.343-SP, afirmou o Min. Gilmar Mendes: "Não há mais base legal para prisão civil do depositário infiel, pois o caráter especial desses diplomas internacionais sobre direitos humanos lhes reserva lugar específico no ordenamento jurídico, estando abaixo da Constituição, porém acima da legislação interna". 27 O Brasil no contexto de proteção de DH No HC 87.585-TO, o relator, Min Marco Aurélio, destacou, em seu voto vencedor o seguinte: “A circunstância de o Brasil ter subscrito o Pacto de San Jose da Costa Rica, a limitar a prisão civil por dívida ao descumprimento inescusável da prestação alimentícia, 28 conduz à inexistência de balizas visando à eficácia do que previsto no inciso LXVII do artigo 5º da Constituição Federal, preceito que, a toda evidência, não se mostra autoaplicável, até mesmo ante o silêncio quanto ao período de custódia. Em síntese, com a introdução no cenário jurídico nacional, do pacto referido, 29 restaram derrogadas as normas estritamente legais definidoras da prisão do depositário infiel.” Esses casos, por fim, encerraram a controvérsia, NÃO É MAIS ADMISSÍVEL EM NOSSO ORDENAMENTO A PRISÃO CIVIL POR DÍVIDA, à exceção dos casos de obrigação alimentar. 30 DIREITOS HUMANOS Prof. Rafael Iorio Atividade 10 Questão 1: - Qual o estágio atual da discussão sobre a possibilidade ou não da prisão civil do devedor fiduciante de coisa móvel? (Ministério Público Estadual - Concurso: MPE-BA - Ano: 2012) 32 Questão 2: (DPE-SP/2010/FCC) Tendo em conta a Emenda Constitucional nº 45, de 2004, em relação à incorporação ao direito interno e à respectiva posição hierárquica dos tratados internacionais de direitos humanos ratificados pelo Brasil, é correto afirmar: 33 Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que vierem a ser aprovados por três quintos dos votos dos membros de cada Casa do Congresso Nacional terão força de emendas constitucionais. (B) Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos ratificados pelo Brasil previamente à edição da Emenda Constitucional no 45 deixaram de integrar o direito interno. 34 (C) O Supremo Tribunal Federal firmou jurisprudência entendendo que os tratados internacionais de direitos humanos ratificados pelo Brasil nos termos da Emenda Constitucional no 45 possuem natureza supralegal e infraconstitucional. (D) Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que haviam sido aprovados pelo Congresso Nacional previamente à edição da Emenda Constitucional no 45 foram equiparados às emendas constitucionais. 35 (E) O Supremo Tribunal Federal firmou jurisprudência entendendo que os tratados internacionais de direitos humanos ratificados pelo Brasil previamente à edição da Emenda Constitucional no 45 possuem natureza materialmente constitucional. 36 Questão 3: (DPE-BA/2010/CESPE) Julgue o seguinte item, acerca da teoria geral do direito internacional dos direitos humanos e à incorporação dos tratados internacionais de direitos humanos no Brasil (Certo ou Errado). A sistemática concernente ao exercício do poder de celebrar tratados é deixada a critério de cada Estado. Em matéria de direitos humanos, são estabelecidas, na CF, duas categorias de tratados internacionais: a dos materialmente constitucionais e a dos materialmente e formalmente constitucionais. 37 Obrigado Prof. Rafael Iorio
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