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Norberto Bobbio sobre a pena de morte

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Norberto Bobbio – Sobre a pena de morte
O presente trabalho estuda a aplicação da pena de morte sob o olhar do filósofo político italiano Norberto Bobbio. O objetivo é analisar o polêmico tema, de maneira particularizada. 
Para Bobbio o referido assunto é bastante complicado, e como professor ele analisa a opinião de vários filósofos, como por exemplo Kant que era a favor da pena de morte, e Beccaria que era contra à pena de morte, assim como Bobbio.
Em sua obra “A Era do Direito” (2004). No capítulo “Contra a pena de Morte”, ele trata sobre o debate ao longo da história, seus principais protagonistas, e os principais argumentos de cada lado dos debatedores, abolicionistas e anti-abolicionistas. Enfatizando a importância de Beccaria (contra a pena de morte) para os abolicionistas. 
No capítulo, “O debate atual sobre a pena de morte” (2004), ele afirma que este debate é relativamente recente, considerando-se os muitos séculos decorridos desde o alvorecer do pensamento filosófico ocidental. O que se pode constatar é que somente com o movimento Iluminista é que se tornaram mais significativos os debates sobre a abolição da pena, este filosofo nos apresenta uma peculiar análise do debate sobre a pena capital ao longo da história, e suas implicações até os dias atuais, no diferenciado e turbulento cenário dos direitos humanos, direitos básicos de todos os seres humanos: como direitos a vida, a propriedade, liberdade de pensamento, de expressão, de crenças...
Sobre a questão dos direitos humanos, Bobbio formulou três teses centrais:
Os direitos naturais são direitos históricos;
Nascem no início da era moderna, juntamente com a concepção individualista da sociedade;
Tornam-se um dos principais indicadores do progresso histórico.
O filósofo acreditava que os problemas dos direitos do homem não podem ser dissociados do estudo “dos problemas históricos, sociais, econômicos, psicológicos, inerentes a sua realização: os problemas dos fins não podem ser dissociados dos problemas dos meios”. 
Portanto, o sentido da história somente pode ser derivado da realidade correta: “os direitos nascem quando devem ou podem nascer”. 
Nascem quando o aumento do poder do homem sobre o homem ou cria novas ameaças a liberdade do indivíduo, ou permite novos remédios para suas indigências: ameaças que são enfrentadas, através de demandas de limitações do poder; remédios que são providenciados através da exigência de que o mesmo poder intervenha de modo protetor.
Segundo Bobbio: “a nossa vida desenvolve-se em um mundo de normas. Acreditamos que somos livres, mas na verdade estamos envoltos por regras de conduta social concretizadas pela instituição estatal”. Instituição essa que pode intervir em nome de uma necessidade coletiva. 
Diante de tal fato a pena de morte e a sua eficácia entram em cena motivada por fatos violentos, causadores de verdadeiras comoções sociais que buscam na sua aplicação a solução para o problema da violência.
Conforme Bobbio: “pena de morte seria a rainha das penas, aquela que satisfazia ao mesmo tempo as necessidades de vingança, de justiça e de segurança, do corpo coletivo diante de um de seus membros que se havia corrompido”.
Bobbio utiliza como fonte de inspiração as teses apresentadas por Kant, conseguindo com elas, explicar de forma bastante clara que realmente a humanidade está evoluindo, nas mais diversas esferas, seja acadêmica ou técnica, mas também na esfera moral.
Kant defendia uma rigorosa teoria retributiva da pena e chega à conclusão de que a pena de morte é até mesmo um dever. Partindo da concepção retributiva da pena, segundo a qual a função da pena não é prevenir os delitos, mas simplesmente fazer justiça, ou seja, fazer com que haja uma perfeita correspondência entre o crime e o castigo (trata-se da justiça como igualdade, daquela espécie de igualdade que os antigos chamavam de “igualdade corretiva”) – afirma que o dever da pena de morte cabe ao Estado e é um imperativo categórico, não um imperativo hipotético, fundado na relação meio-fim. 
Kant: “se ele matou, deve morrer. Não há nenhum sucedâneo, nenhuma comutação de pena que possa satisfazer a justiça. Não há nenhuma comparação possível entre uma vida, ainda que penosa, e a morte; e, por conseguinte, nenhuma outra compensação entre o delito e a punição, salvo a morte juridicamente infligida aos criminosos, mas despojada de toda maldade”.
Para estudar sobre o tema, Bobbio analisou Beccaria que tomou como ponto de partida em sua argumentação a função exclusivamente intimatória da pena.
Beccaria fala que, o que constitui uma razão para não se cometer um delito, não é a severidade da pena e sim o fato de ser punido. Afirma que a intimidação não nasce da intensidade da pena, e sim de sua extensão, como por exemplo a prisão perpétua, que é a pena mais extensa, ao contrário da pena de morte, que é mais intensa. Portanto, segundo Beccaria, a prisão perpétua, pelo fato de privar totalmente o indivíduo de sua liberdade, é mais intimatória do que a pena de morte. Sem dúvida alguma a obra de Beccaria foi um divisor de águas para esse debate e até mesmo Norberto Bobbio que reconhece esse fato.
O pensamento e objetivo de Beccaria podem ser resumidos em sua frase: “se eu provar que a morte nada tem de útil ou necessário, ganharei a causa da humanidade. Assim sendo, percebe-se a fundamental importância filosófica e histórica da obra “Dos delitos e das penas”, como referencial de fundamental importância para os abolicionistas contemporâneos à época de seu lançamento.
Embora sejam muitas as teorias da pena, as duas predominantes são as chamadas de ética e utilitarista. Os dois raciocínios poderiam ser resumidos nestas duas afirmações: para os primeiros, a pena de morte poderia até não ser útil, mas é justa; para os segundos, poderia até não ser justa, mas é útil.
Esta postura de homem da razão é constante na sua vida: analisar com o pensamento, explicitar os fundamentos inspiradores, através de inúmeros exemplos procurar convencer os seus interlocutores pelo exclusivo exercício da Razão e da Argumentação, e isto lhe permite peneirar doutrinas filosóficas, o que não concorda, mas que contribuiu para a história das ideias.
O pensador se auto - definia como um militante da razão. Costumava dizer que embora o homem moderno tenha desvendado milhões de coisas que eram desconhecidas dos antigos, o mundo de hoje é cada vez mais incompreensível, menos transparente.
Considerava a criação dos tribunais para julgar crimes de guerra a maior conquista do seu século.
Bobbio dizia que a razão para o desprezo frente à pena de morte é uma só: “o mandamento de não matar”.
“Cada vez sabemos menos”.

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