Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIREITO CIVIL III AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Direito Civil III Contrato Preliminar e Extinção dos Contratos CONTRATO PRELIMINAR 1 PRÓXIMOS PASSOS EXTINÇÃO DOS CONTRATOS 2 Contrato Preliminar (arts. 462 a 466, CC – Novidade da Codificação Civil de 2002) Direito Civil III Contrato preliminar, promessa de contratar, compromisso, pactum de contrahendo, antecontrato, contrato-promessa, contrato preparatório ou pré-contrato. É o instrumento pelo qual as partes se obrigam reciprocamente a concluir um contrato com conteúdo determinado. Cria um futuro contrahere, por isso, representa uma obrigação de fazer. “O contrato preliminar é aquele cujo objeto consiste na celebração de outro contrato (o definitivo)” (COELHO, 2016, p. 95). Assim, seu: Objeto imediato: é a obrigação de fazer (manifestação de declaração de vontade); Objeto mediato: é o contrato definitivo. Atenção: o contrato preliminar não precisa observar a mesma forma do contrato definitivo (princípio do consensualismo). AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Contrato Preliminar Direito Civil III Contrato preliminar no plano material pode ser: a) Unilateral: quando apenas uma parte promete a realização do contrato definitivo; b) Bilateral: quando ambas as partes se comprometem à realização do contrato definitivo. A promessa de contratar, contida no contrato preliminar, é irrevogável e irretratável, exceto se prevista expressamente cláusula de arrependimento (direito potestativo de retratação, art. 473, CC). O contrato preliminar deve indicar os elementos mínimos do contrato que se pretende realizar (art. 462, CC). Para gerar efeitos inter partes não é preciso levar o contrato preliminar a registro. Para gerar efeitos com relação a terceiros é preciso que o contrato preliminar tenha sido registrado (art. 463, parágrafo único, CC). Enunciado n. 30, I Jornada de Direito Civil. Art. 463: a disposição do parágrafo único do art. 463 do novo CC deve ser interpretada como fator de eficácia perante terceiros. AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Contrato Preliminar Direito Civil III Contrato preliminar pode ser: a) Oneroso: quando fixa uma contraprestação; b) Gratuito: quando não fixa nenhum tipo de contraprestação. Realizado o contrato preliminar, havendo implemento do termo ou da condição, qualquer das partes poderá exigir a celebração do contrato definitivo (tutela específica), desde que nele não conste cláusula de arrependimento. O contrato definitivo deverá ser realizado em um prazo razoável (art. 463, CC). Esgotado o prazo assinado ao promitente para que efetive o contrato definitivo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser à natureza da obrigação (art. 464, CC). No entanto, caso a execução específica não seja de interesse do credor ou se a isso se opuser a natureza da obrigação, o credor poderá pleitear perdas e danos (art. 465, CC). AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Extinção dos Contratos (arts. 472 a 480, CC) Direito Civil III Extinção é gênero cujas expressões sinônimas são dissolução ou desfazimento do contrato. A extinção caracteriza-se por ser um fato jurídico que coloca fim ao vínculo contratual. Em regra, os contratos se extinguem pelo cumprimento das prestações contratadas. No entanto, excepecionalmente, a extinção decorrerá de outros fatores que podem ser: a) Anteriores ou contemporâneos à celebração do contrato; b) Posteriores (supervenientes) à celebração do contrato. AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Extinção dos Contratos (arts. 472 a 480, CC) Direito Civil III AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Extinção Natural Cumprimento do pactuado Verificação de fato eficacial Causa anterior ou contemporânea Invalidades Nulidades absolutas Nulidades relativas Cláusula resolutiva Cláusula de arrependimento Causa posterior Resilição Unilateral Renúncia Revogação Denúncia Resgate Retratação Bilateral (distrato) Resolução Inadimplemento voluntário Inadimplemento fortuito Onerosidade excessiva Frustração do fim do contrato Rescisão Vícios Vícios redibitórios Evicção Morte do contratante Extinção dos Contratos (arts. 472 a 480, CC) – Fatos Anteriores ou Contemporâneos Direito Civil III A extinção por fatos anteriores ou contemporâneos à extinção dos contratos decorre de: I. Invalidades e Inexistência: a) Nulidades absolutas – arts. 166 e 167, CC – efeitos ex tunc; b) Nulidades relativas – art. 171, CC – efeitos ex nunc; c) Inexistência do negócio jurídico (falta de elementos essenciais). II. Cláusula resolutiva ou resolutória: uma parte não pode exigir o adimplemento contratual da outra sem ter cumprido a própria prestação (art. 474, CC). a) Presente apenas em contratos bilaterais; b) Pode ser expressa (pacto comissório, gera efeitos automáticos e ex tunc) ou tácita (legal ou implícita, depende de interpelação judicial); c) A parte lesada pode requerer: resolução do contrato ou execução específica da prestação, em ambos os casos cumulando com perdas e danos (art. 475, CC). AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Extinção dos Contratos (arts. 472 a 480, CC) – Fatos Anteriores ou Contemporâneos Direito Civil III A extinção por fatos anteriores ou contemporâneos à extinção dos contratos decorre de: III. Direito de arrependimento: quando expressamente previsto autoriza a resilição unilateral (direito potestativo). É direito que deve ser exercido antes da execução do contrato. AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Extinção dos Contratos (arts. 472 a 480, CC) – Fatos Supervenientes à Celebração do Contrato Direito Civil III A extinção por fato superveniente à celebração do contrato pode decorrer de: I. Perecimento do objeto; II. Por exigir esforço extraordinário e injustificável de uma das partes contratantes; III. Em razão de impedimentos físicos ou jurídicos. Como são causas supervenientes, serão caracterizadas como causas de inadimplemento contratual. Entre as causas de extinção temos a resolução, a resilição e a rescisão contratual. AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Direito Civil III AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Causas de Extinção dos Contratos Resolução decorre de inadimplemento (descumprimento) fortuito ou voluntário. Resilição decorre de vontade unilateral (resilição unilateral) ou bilateral (resilição bilateral ou distrato). Rescisão decorre de vícios (defeitos) intrínsecos ou extrínsecos do negócio jurídico. Extinção dos Contratos (arts. 472 a 480, CC) – Fatos Supervenientes à Celebração do Contrato Direito Civil III I. Resilição é forma de extinção dos contratos por simples declaração de vontade e pode ser: a) Unilateral: decorrer de cláusula expressa no contrato ou autorizada por lei; Atenção: “dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos” (art. 473, parágrafo único, CC). b) Bilateral (ou distrato; mútuo consenso; mútuo dissenso; retratação bilateral): deve ter a mesma forma do contrato, quando este exigir forma especial (art. 472, CC). A dissolução convencional do contrato gera efeitos ex nunc.A resilição é declaração receptícia de vontade e opera efeitos ex nunc – art. 473, CC. AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Extinção dos Contratos (arts. 472 a 480, CC) – Fatos Supervenientes à Celebração do Contrato Direito Civil III II. Rescisão: é causa de extinção dos contratos por ineficácia ou invalidade (estudados em Direito Civil I), ou seja, por vícios inerentes ao próprio objeto da relação contratual e, por isso, depende de declaração judicial. Opera efeitos ex nunc. III. Resolução: é a extinção do contrato por: a) Inadimplemento fortuito (involuntário): decorre de caso fortuito ou força maior conforme as regras dos arts. 393 e 399, CC. Em regra gera, efeitos ex tunc. b) Inadimplemento voluntário: decorre de ato voluntário e uma ou de ambas as partes contratantes. Art. 475, CC: a parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato ou exigir- lhe o cumprimento, podendo exigir em ambas as hipóteses perdas e danos. Exceção de contrato não cumprido (exceptio non adimpleti contractus): é forma de condição resolutiva tácita prevista no art. 476, CC que pode determinar a extinção do contrato bilateral por mútuo inadimplemento. Tem por fundamento a boa-fé objetiva. AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Extinção dos Contratos (arts. 472 a 480, CC) – Fatos Supervenientes à Celebração do Contrato Direito Civil III Inadimplemento antecipado (quebra antecipada do contrato): ocorre quando “as partes avençaram o momento para o adimplemento de suas respectivas obrigações, porém, em instante anterior ao termo pactuado, um dos contratantes já demonstra inequívoca intenção de não cumprir a sua prestação, pois pratica uma conduta concludente no sentido do inadimplemento” (FARIAS; ROSENVALD, 2015, p. 542). Trata-se de violação ao princípio da boa-fé objetiva, pois a conduta revela a falta de interesse da parte em dar cumprimento ao avençado. Enunciado n. 436, V Jornada de Direito Civil: a resolução da relação jurídica contratual também pode decorrer de inadimplemento antecipado. Enunciado n. 436, V Jornada de Direito Civil: a exceção de inseguridade prevista no art. 477, também pode ser oposta à parte cuja conduta põe manifestamente em risco a execução do programa contratual. AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Extinção dos Contratos (arts. 472 a 480, CC) – Fatos Supervenientes à Celebração do Contrato Direito Civil III Resolução por onersosidade excessiva: reconhece que fatos supervenientes à celebração do contrato, qualquer que seja sua natureza, podem interferir diretamente no equilíbrio contratual. Fundamento: princípio da justiça contratual. Aplica-se a contratos comutativos e execução diferida ou trato sucessivo. Exceção: art. 480, CC. Art. 478, CC: “nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação”. Para requerer a resolução por onerosidade excessiva é necessário: a) que o fato superveniente seja extraordinário; b) que o fato superveniente seja imprevisível (imprevisibilidade objetiva); c) que o fato superveniente gere extrema vantagem para uma das partes (Enunciado n. 365, IV Jornada de Direito Civil). AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Extinção dos Contratos (arts. 472 a 480, CC) – Fatos Supervenientes à Celebração do Contrato Direito Civil III A resolução por onerosidade excessiva poderá ser evitada se o outro contratante se oferecer para modificar equitativamente as condições do contrato, buscando-se reequilibrá-lo (art. 479, CC) (vide Enunciado n. 367, IV Jornada de Direito Civil). Atenção: o juiz não pode determinar a revisão ex officio, a revisão deverá ser requerida pela parte demandada. AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Extinção dos Contratos (arts. 472 a 480, CC) – Fatos Supervenientes à Celebração do Contrato Direito Civil III Resolução por frustração do fim do contrato é hipótese que também decorre do reconhecimento da função social dos contratos e que se caracterizará quando a parte, por fatos alheios à sua esfera de atuação, teve sua pretensão fática frustrada, não podendo ser lhe imposto o cumprimento do contrato pelo inesperado desaparecimento da causa do negócio jurídico. Trata-se de hipótese de impossibilidade relativa do contrato. Morte de um dos contratantes Em regra, o falecimento dos contratantes não extingue o vínculo contratual. No entanto, tratando-se de contrato personalíssimo (intuitu personae) a morte de um dos contratantes gera a extinção automática do contrato (cessação contratual) com efeitos ex nunc. AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Extinção dos Contratos (arts. 472 a 480, CC) – Fatos Supervenientes à Celebração do Contrato Leitura Complementar Direito Civil III AZEVEDO, Álvaro Villaça. Inaplicabilidade da teoria da imprevisão e onerosidade excessiva na extinção dos contratos. Disponível em: <http://www.ambito- juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_a rtigos_leitura&artigo_id=5890>, acesso em 23/06/2016. DUQUE, Bruna Lyra. A revisão contratual no código civil e no código de defesa do consumidor. Disponível em: <http://www.ambito- juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_a rtigos_leitura&artigo_id=2216>, acesso em 23/06/2016. AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Leitura Complementar Direito Civil III BORNHOLDT, Rodrigo Meyer; GLITZ, Frederico Eduardo Zenedin. Novo código civil e revisão dos contratos. Disponível em: <http://www.fredericoglitz.adv.br/biblioteca_de talhe/74/novo-codigo-civil-e-revisao-dos- contratos>, acesso em 23/06/2016. ROSENVALD, Nelson. A promessa de compra e venda no código civil de 2002. Disponível em: <https://www.flaviotartuce.adv.br/assets/uploa ds/artigosc/ROSENVALD_COMPRA.doc>, SANTOS, Flaviano Adolfo. Anotações sobre a promessa de compra e venda. Disponível em: <http://www.ambito- juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leit ura&artigo_id=13146>, acesso em 23/06/2016. AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS CONTEÚDO DA PRÓXIMA AULA Do contrato de compra e venda.
Compartilhar