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Pessoa Jurídica Conceito: entidades às quais a lei atribui personalidade própria, distinta da dos membros que compõe, habilitando tal entidade a ser sujeito de direitos e deveres na ordem jurídica. Origem sociológica: propósitos comuns [religião, militar, comércio]; Pouco desenvolvimento no Direito Romano. {sodalis datas: organizações religiosas} {collegia: corporações profissionais} {municipia: estrutura governamental} Idade Média: Univeersitas Personarum--> entidade surgida a partir de uma reunião de pessoas; Universitas Rerum--> conjunto de bens (vinculado) a uma finalidade. Relação Jurídica: P. N a t u r a l Pessoa Jurídica SUJEITO A SUJEITO B Pressuposto da existência das pessoas jurídicas. 1) Vontade humana criadora: existe intenção/consciência da(s) pessoa(s) de criar um organismo dotado de personalidade própria. Em outras palavras, pessoa jurídica não é acidental/casual. [universitas personarum: reunião de pessoas + propósito comum!] Ex.: sócios de uma empresa; 2) Observância das condições formais de criação: personalidade autônoma é um grande benefício concedido por lei --> requisitos pra a justiça existir. Registro dos atos constitutivos (empresa--> junta comercial); 3) Liceidade (licitude) de propósitos: LPR 6.015/73, art. 115. Quanto a natureza jurídica dessas entidades: Síntese dessas explicações... 3 teorias! Página 1 Organizações/ Entidades quase descolam dos membros (pessoas) que as constituíram! Passam a ter vida Diferentes justificativas, explicações, dadas pelos juristas e estudiosos do porquê essas entidades se encontram reguladas em lei. #1 Temas negativistas: Interesse histórico. Negam que pessoas Jurídicas tenham personalidade própria. Ideia desnecessária! R. Von Ihering: somática da personalidade dos membros. M. Planiol: Pessoa Jurídica => condomínio (cotitularidade de Dto. de Propriedade); (Objetivo comum) (não existe, necessariamente, objetivo comum...). Windshedt: P.J. é só um patrimônio aplicado a certa finalidade. #2 Teorias ficcionistas: Pessoa Jurídica tem personalidade própria, mas isso é uma ficção da lei, a personalidade é uma criação do legislador; ou seja, a pessoa jurídica não tem existência real. -Teoria da ficção legal, por Savigny. Crítica atual! #3 Teoria Realista: a Pessoa Jurídica tem personalidade própria e tem existência real (não é uma ficção do legislador). Teoria da Realidade objetiva: Oto Von Gierke, Andreas Von Tuhr; Plena equação entre P.J. e Pessoa Natural; (EXAGERO) Teoria da Realidade Jurídica: Orlando Gomes e Clovis Bevilaqua. Foi uma atenuação da teoria anterior. A personalidade autônoma das p.j. nada mais é do que uma solução técnica para justificar a existência de tais entidades nos polos de uma relação jurídica (sujeitos do direito). TEORIA INSTITUCIONALISTA: Maurice Hauriou (influências do direito canônico) Toda pessoa jurídica teria sempre um caráter institucional. Explicação parcial... Classificação das Pessoas Jurídicas: Pessoas jurídicas: direito público (externo e interno) e privado. Pessoas Jurídicas do direito publico externo, (CC - Lei nº 10.406), art. 42: São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. Ou seja, organismos regulados pelo direito internacional público. Organismos como: ONU, OTAN, FMI… Página 2 Direito público: suponhamos o Estado romano, o direito público era o direito. Ou seja, é o conjunto de normas que disciplina os interesses do Estado, seja internamente como em relação aos interesses particulares. É o ordenamento jurídico de natureza pública e caráter social, que preza pela soberania do Estado e a ordem das relações entre a sociedade. Direito privado: a disciplina dos cidadãos, critério utilitário que o digesto e as institutos assentaram como elemento diferenciador. Ou seja, se refere ao conjunto de normas jurídicas de natureza privada, especificamente toda norma jurídica que disciplina a relação entre os particulares. Pessoas Jurídicas de direito publico externo, (CC - Lei nº 10.406), art. 41 Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: I - a União; II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III - os Municípios; IV - as autarquias; IV - as autarquias, inclusive as associações públicas [entidades provisórias]; (Redação dada pela Lei nº 11.107, de 2005) V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código. Pessoas Jurídicas de direito privado, Art. 44 da Lei nº 10.406 São pessoas jurídicas de direito privado: I - as associações; II - as sociedades; III - as fundações. IV - as organizações religiosas; (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) V - os partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência) VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência) § 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) § 2o As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) § 2o As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) § 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) § 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) — Quanto as associações, (art. 53 a 61, CCB). Art. 53: reunião de pessoas em torno de objetivos não econômicos. - os objetivos econômicos —> atividade econômica para produção e/ou comercialização de bens ou serviços no mercado consumidor. - os objetivos não econômicas —> definição por exclusão. Ex: assistências, recreativas, corporativos. Página 3 Página 4 objetivos formais da pessoa jurídica consta nos atos constitutivos existencia fática de lucros jamais é vedada ≠ NÃO SE DEVE ANALISAR A GERAÇÃO DE LUCROS, MAS SIM, O SEU OBJETIVO FORMAL! OU SEJA, A NÃO GERAÇÃO DE LUCROS. Constituição da associação: - 1º. Reunião da Assembleia Geral (membros que se propõe a criar a associação —> ATA ); - Aprovação dos Estatutos —> Regulamento de como a associação vai funcionar; - Registro LRP, Art. 114 (Reg. Civil de P.J.). Arts. 54 a 61: Esclarecimentos sobre o conteúdo dos Atos constitutivos e funcionamento das associações. — Denominação, fins, sede, requisitos de ingresso e exclusão de associado, direitos e deveres dos associados, fontes de custeio, modo de administração, funcionamento das assembleias gerais. —> (quantos as assembleias gerais: órgãos deliberativosmáximos); casos dissolução, dissolução, destinação do patrimônio. Associações: art. 53, p. único: Não há entre os associados direitos e obrigações recíprocos. Não há entre os associados CONTRATO SOCIAL. (típico das sociedades). Os associados aprovam os estatutos (1º assembléia) e levam à registros… Surgimento de uma associação é um negócio jurídico unilateral A • B • C • D • E • X Associação (tem personalidade) Art. 56: caput. a qualidade de associado é intransmissível salvo se o contrário dispuserem os estatutos. P. Único: Distinção entre: associados quotistas : simplesmente associados ————————————————————————————————————————————————————————— Empresa X Página 5 Associação recreativa dos funcionários da empresa X Empresa Jurídica sem fins lucrativos A• ————-> $ B•—————> $ C•—————> $ D•—————> $ E•—————> $ ASSOCIADOS QUOTISTAS (criou o patrimônio) FUNCIONÁRIOS: compra e adaptação do local (instalações) do centro recreativo Nos anos subsequentes, adesão de novos associados. Requisito básico para ser um associado: ser da empresa X. Exemplo: morte do associado E: herança para os filhos - apartamento; - carro; - conta bancária; - cotas patrimoniais da associação. Taxa universal de manutenção: ———> SIMPLESMENTE ASSOCIADOS: (só ajudou a conservar o patrimônio) A divisão entre os filhos: Os filhos de E quando, por herança, recebem a quota patrimonial do associação se tornam automaticamente associados? • Não, visto que não são necessariamente funcionários da empresa. Art. 55: Os associados deverão ter iguais direitos, mas os estatutos podem prever Página 6 • Previsão expressa nos Estatutos. Ex.: “sócio” remido do clube. (REMISSÃO: Perdão isento de pagar a mensalidade da conservação). Sociedades: direito de Empresa- art. 966 a 1.195 —> REUNIÃO DE PESSOAS: objetivo econômico formal. • o que muda entre associações e sociedades são as finalidades. Art. 981: Contrato de sociedade (Não é pessoa jurídica ainda!) {atividade econômica e partilha dos resultados} Tipos de Sociedade: art. 982 (Lei 10.406/02) Art.966: sociedade empresária (atividade econômica) sociedade simples Em geral, as sociedades serão empresárias. [meramente comerciais, industriais mercantis] • Sociedade simples—> situações especificas de atividade econômica; atividades com acentuado, fiscalização e regulamentação (cooperativas — 982, p. único); estatal e, também atividades com limitações éticas. Art. 982 CCB. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício da atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967), e simples, as demais. P. Único: Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e simples, a cooperativa. •Sociedades empresárias—> Registro Público de Empresas Mercantis. [JUNTA COMERCIAL] Lei 8.934/94 •Sociedade simples—> Registro civil de pessoas jurídicas. LRP, art. 114 Observações: 1) Cooperativas: p.j. atípicas (sui generes) CCB, art. 1.093 a 1.096 Lei 5.764/71—> sociedades civis sem (CONCEITO fins lucrativos! ULTRAPASSADO) Atualmente, 982, P. Único—> sociedades simples. Cooperados como “associados”; Registro na Junta Comercial. 2) Outra classificação das sociedades:’ sociedades de pessoas: vincula subjetivo dos sócios affection societatis; sociedades por ações: patrimônio da empresa (capital); sociedades anônimas: 982, p. único. Lei 6.404/1976. 3) Empresas públicas e sociedades de economia mista Administração Publica Indireta: Entidades criadas por lei e controladas pelo Estado tecnicamente são pessoas jurídicas do direito privado. Estado—> atividade econômica. •C.F./88; 173, II (Não pode utilizar seu patamar de poder pública para dominar outro mercado; deve se submeter as mesmas regras submetidas as outras empresas). Fundações: Art. 62 e 69 •Pessoas Jurídicas do tipo “universitas rerum”: (conjunto de bens); •Patrimônio afetado (aplicado) a uma finalidade NÃO econômica; •Lei 13.151/2015 ——-> ALTERAÇÕES Página 7 Com relação a finalidade: assemelha- se as Associações. Quanto ao lucro? É permitido uma Fundação ter lucro! Mas não como seu objetivo formal! CC - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 Institui o Código Civil. Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. Art. 62: P. Único—> A fundação somente poderá constituir-se para fins de: (Redação dada pela Lei 13.151/02) FINALIDADE Criação: •testamento (um só instituidor) •escritura pública (tabelionato) —> um ou mais instituidores! •lei= instituidor (art, 41, V; P.Único)= poder público A LEI NÃO VEDA OU PROÍBE O LUCRO, MAS NÃO PODE SER O OBJETIVO FINAL DE UMA FUNDAÇÃO, OU ASSOCIAÇÃO! Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. AFETAÇÃO PATRIMONIAL Requisitos: • finalidade (definição de natureza não econômica); • dotação de bens suficientes => art. 63 bens insuficientes [ambos os tópicos se tratam de requisitos exigíveis] • modo de administração (parte final caput art.62) “…se quiser…” • designação de um grupo de pessoas responsáveis pela implantação da fundação (obrigatório). art. 65: As pessoas… elaboração dos estatutos e aprovação pelo ministério público. [ambos os tópicos se tratam de requisitos facultativos] art. 66: Valerá pelas fundações o MP… [há fiscalização] arts. 67 e 68: Possibilidade de alteração dos estatutos! art. 67 se refere aos requisitos (CPC, art. 764): • Aprovação por 2/3 dos gestores (conselho de pessoas e não individual); • Respeito (preservação) das finalidades origi- nais [finalidades de natureza não econômica]. art. 68 garante o direito de impregnação da alteração pela minoria vencida. [Deve haver aprovação do Ministério Público] Art.64: Registrados os atos constitutivos torna-se pessoa jurídica. —> A partir dai a transferência dos bens para o nome da fundação é obrigatória e irreversível. O patrimônio deixa de ser da pessoa e passa a ser da fundação. Existência Material/ Formal da Pessoa Jurídica: —> Existência FORMAL de uma pessoa jurídica começa com o registro (art. 45) —> Em termos ideais —> Na prática: surgimento de P.J aparentes (irregulares, sem registro) —> Gravidade da situação nas Sociedades => {visto que exercem atividade econômica formal} —> Proteção de terceiros de boa fé (no geral) —> CCB, art. 986 a 996 => sociedades irregulares; sociedades não personificadas; sociedades em comum. —> Indenização de prejuízos => art.990 Sócios de fato —> responsabilidade solidária; —> Pessoa Jurídica FORMAL => Regularmente registrado. art. 46 Conteúdo Mínimo: - Denominação, fins, sede; - Patrimônio (fundo social); - Qualificação dos instituidores; - Modo de administração; - Reforma dos atos constitutivos; - Casos de dissolução. art. 46 Inciso III: o modo por que se administra e representa a pessoa jurídica.• Quem pratica atos em nome da p.j. são representantes legais dela. • Alusão ao art. 47 o qual obriga a pessoa jurídica os atos praticados pelos seus administradores nos limites dos poderes conferidos pelos atos constitutivos. • Dto. Empresarial: Teoria dos órgãos [gestores de uma p.j. são órgãos dela e não representantes] - Quanto a boa fé de terceiros: • Irregularidade na “representação” de uma pessoa jurídica [há uma indução em erro sobre quem seja o verdadeiro administrador da pessoa jurídica] • Teoria da aparência- instituto pelo qual se desconsideram (se contornam) eventuais irregularidades na “representação” de uma pessoa jurídica, como forma de proteger a boa fé de terceiros que com ela negociam. – Inciso V, (art. 46): Se os membros respondem ou não, subsidiariamente, pelas obrigações da pessoa jurídica; – Texto precário: Atualmente, na generalidade dos casos, a responsabilidade dos sócios é uma imposição legal. Página 8 Aparentes (irregulares) A palavra “representante” sugere impropriedade, embora usual. Enfoque: •Sociedades (atividade economica formal) Conceito de responsabilidade civil. O patrimônio, o bem do devedor é a garantia genérica do cumprimento de suas obrigações. Risco de perder os bens (processo de execução). •CCB, art. 391 e CPC, art. 798 Pessoa Jurídica (inciso V- art. 46) => Responsabilidade dos sócios => Responsabilidade civil (bens do devedor garantem o cumprimento das obrigações) CCB, art. 391 — CPC, art. 789 - Sociedade irregular (em comum) - Falta de registro —> Responsabilidade pessoa e limitada dos sócios (art.990) - Sociedade regularmente constituída (registro) Há uma Regra Geral presente no art. 1024, CCB (Lei nº 10.406, 10 de Janeiro de 2002): Da sociedade personificada => Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dividas da sociedade, senão depois executados os bens sociais. Quanto as Exceções: 1) art. 1016: Responsabilidade pessoal dos administradores de uma p.j. (sócios ou não); por atos culposos praticados na gestão. CULPA: culpa escrita (negligência, impudência, imperícia) + dolo (intenção/ premeditação) 2) Direito Tributário: CNT — Lei 5.172/66, arts. 134/135 - Dívidas tributárias da P.J. - Responsabilidade pessoal dos sócios e administradores 3) Teoria da desconsideração da P.J. - origem EUA (Rolf Serick - empresas): Fachada de empresa para acobertar atos ilícitos. Os juízes desconsideravam a autonomia da P.J., patrimônio pessoal dos sócios. — Obra de Rubens Reg. -> Palestra 1964 (RT. 410/ 1255) Teoria da desconsideração —> ≠ de despersonificação - assimilação no dto. brasileiro - jurisprudência- doutrina. Concepções em torno da aplicação da desconsideração Teoria Maior: para aplicar a desconsideração; requisito especifico: —> objetiva: desvio de finalidade/ confusão patrimonial; —> subjetiva: a intenção de sócios ou administradores usarem a pessoa jurídica com objetivos fraudulentos. {CULPA GRAVE} Teoria Menor: sempre que a autonomia da p.j. representar obstáculos ou dificuldades para os credores conseguirem receber o que lhes é devido, aplica-se a Teoria da desconsideração! Página 9 Com relação às sociedades e a responsabilidade civil: Sócio A —————> patrimônio pessoal A Sócio B —————> patrimônio pessoal B Sócio C —————> patrimônio pessoal C Empresa Y (personalidade autônoma) Patrimônio Y (patrimônio próprio) Responsável! Previsão Legislativa: Código de Defesa Do Consumidor - Lei 8.078/90 Distinção: Resp. Civil Subjetiva Resp. Civil Objetiva Responsabilidade Civil Subjetiva: se fundamenta em prova de culpa do devedor (art. 186) (culpa estrita (negligencia, imprudência, imperícia); dolo como intenção) —> Descumprimento de contratos Responsabilidade civil objetiva: ela nao se fundamenta em prova de culpa, mas sim no risco de certas atividades. CCB, art. 927, p. único —> Teoria do Risco criado, como concederia da energia elétrica, e transporte de passageiros; ou seja, danos causados ao particular a responsabilidade é objetiva.) 1) Atividade empresarial: — art. 931 Danos causados pelos produtos postos em circulação. CDC, Lei 8.078/90, art. 12, 13 e 14 2) Pessoas jurídicas de dto. público interno (art. 41) • Art. 37 § 6º, CF/88 = Art. 43, CCB EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO: (não há como extinguir sem o pagamento de dívidas) Dissolução da pessoa jurídica (art.51) —> Liquidação §1º averbação do ato da dissolução no Registro (o que esta no meio disso chama-se = liquidação) §3º cancelamento dos atos constitutivos Associações - art. 61 (são liquidadas) - pagamento de dividas; - patrimônio remanescente; - devolução aos associados — quotistas do valor das respectivas quotas; - devolução aos simplesmente associados das contribuições que tiverem feito; - bens restantes: incorporação a outra entidade de fins semelhantes… (previsão estatutária e decisão da assembleia geral). Fundações - art. 69 (são liquidadas) - sempre uma decisão judicial (CPC, art. 765); - casos de ilicitude, impossibilidade (insolvência), inutilidade, término do prazo (fundação temporária); - pagamento de dividas; - se existir patrimonio restante; Página 10 Encadeamento de atos (às vezes administrativos, às vezes judiciais), preparatórios do cancelamento dos atos constitutivos, para que o desaparecimento da p.j. não cause prejuízos a terceiros. - levantamento contábil; - conclusão de negócios pendentes; - incorporação a outra entidade de fins semelhantes; - cuidado= “se outra coisa não dispuser o Estatuto”. Sociedades - art. 1.033 e 1.034 (ocorre dissolução) 3 tipos: - convencional; - legal; - administrativa. 1) dissolução convencional — 1.033, II: Consenso unânime de sócios 2) dissolução legal — pedir a dissolução das sociedades é uma prerrogativa de qualquer sócio mesmo que não haja consenso - 1.033, I: possibilidade de prorrogação (termino do prazo); - 1.033, II: decisão dos sócios por maioria absoluta; - 1.033, IV: falta de pluralidade de sócio não constituída no prazo de 180 dias. Exaurimento ou inexequibilidade [que não pode-se mais executar]. • anulação dos atos constitutivos. 3) dissolução administrativa: art. 1.033, V. Dissolução das sociedades - convencional; - legal; - administrativa. D isso lução parc ia l das sociedades: art 1.028 a 1.032. - Resolução da sociedade em relação a um sócio; - Retirada de sócio dissidente p.j. —> sócios remanescentes. Art. 52: - Direitos da personalidade - Pessoas Jurídicas - Direito ao nome; ao sigilo das comunicações; a honra objetiva (credibilidade); Súmula 227/STJ —> Pessoa Jurídica pode sofrer dano moral. SINTESE: ESPÉCIES DE PESSOAS JURÍDICAS O Código Civil afirma que existem dois grupos de pessoas jurídicas: 1) Pessoas jurídicas De direito PÚBLICO As pessoas jurídicas de direito público dividem-se em: 1.1) Pessoas de direito público INTERNO: • União, Estados, Distrito Federal, Municípios e Territórios; • as autarquias (incluindo as associações públicas); • as demais entidades de caráter público criadas por lei. Ex: fundações públicas. 1.2) Pessoas de direito público EXTERNO: • Estados estrangeiros. Exs: Alemanha, EUA. • Pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. Exs:ONU, OIT, Santa Sé. 2) Pessoas jurídicas De direito PRIVADO São pessoas jurídicas de direito privado: I - as associações;II - as sociedades (simples ou empresárias); Página 11 Súmula é o resumo de vários julgamentos de um tribunal sobre determinada matéria, quando as decisões são no mesmo sentido. III - as fundações; IV - as organizações religiosas; V - os partidos políticos; VI - as EIRELI (empresas individuais de responsabilidade limitada). Obs: a doutrina afirma que esse rol, previsto no art. 44 do CC, é exemplificativo, podendo ser reconhecidas outras pessoas jurídicas de direito privado (enunciado 144 da Jornada de Direito Civil). FUNDAÇÕES PRIVADAS Espécies de fundações Existem duas espécies de fundações: a) Fundações PÚBLICAS (fundações governamentais): - São classificadas como pessoas jurídicas de direito público. - São instituídas pela Administração Pública e estudadas no Direito Administrativo. - Desempenham atividades de caráter social, como assistência social, assistência médica e hospitalar, educação e ensino, pesquisa, atividades culturais etc. Não podem desenvolver atividades industriais ou econômicas. - Integram a Administração Pública indireta. - A fundação pública pode ser instituída pela Administração com natureza jurídica de direito público ou privado. Se tiverem natureza de direito público serão consideradas uma espécie de autarquia (fundação autárquica). - Se forem de direito público, são criadas diretamente pela lei. - Se forem de direito privado, a lei apenas autoriza a sua instituição e será necessário que o Poder Público registre seu estatuto no Registro Civil de Pessoas Jurídicas para que adquiram personalidade jurídica. - Exemplos de fundações públicas de direito público: Fundação Nacional do Índio (FUNAI), Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) etc. - Exemplo de fundação pública de direito privado: Fundação Padre Anchieta (fundação instituída pelo Estado de São Paulo e responsável pela TV Cultura). b) Fundações PRIVADAS A fundação privada é... - uma pessoa jurídica de direito privado - criada por iniciativa de um particular (um grupo de particulares) - que decide separar um patrimônio (dinheiro, imóveis etc.) - e destiná-lo (afetá-lo) para que seja utilizado - na realização de determinada finalidade de interesse coletivo. Ex: João, indivíduo milionário, decide instituir uma fundação para ajudar crianças carentes (assistência social). Para isso, ele vai até um cartório de Tabelionato de Notas e, por meio de escritura pública, doa R$ 5 milhões para custear a fundação (é chamado de dotação especial de bens livres). Em seguida, o próprio instituidor, ou alguém a seu pedido, elabora o estatuto da fundação especificando o fim a que se destina e a maneira de administrá-la. Esse estatuto é submetido à análise do Ministério Público, que poderá aprová-lo ou não. Imaginemos que o MP aprovou. A partir daí, o estatuto é registrado no cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas (RCPJ) e a fundação passa a ter existência legal. A Lei n.º 13.151/2015 altera algumas regras sobre as FUNDAÇÕES PRIVADAS conforme veremos abaixo. FINALIDADES DAS FUNDAÇÕES PRIVADAS A fundação privada pode ser instituída para o desempenho de quais finalidades? O parágrafo único do art. 62 do Código Civil prevê as finalidades para as quais a fundação pode ser instituída. A Lei n.º 13.151/2015 alterou esse dispositivo aumentando o rol de finalidades permitidas. Vejamos: FINALIDADES DAS FUNDAÇÕES PRIVADAS Antes da Lei 13.151/2015 Art. 62 (...) Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência. ATUALMENTE Art. 62 (...) Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de: Página 12 I – assistência social; II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; III – educação; IV – saúde; V – segurança alimentar e nutricional; VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos; VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; IX – atividades religiosas; A alteração representou uma grande inovação jurídica? NÃO. Isso porque a doutrina, mesmo antes da Lei n.º 13.151/2015, já afirmava que o rol do parágrafo único do art. 62 do CC era exemplificativo. Assim, sempre se entendeu que a fundação poderia ser instituída para o exercício das atividades agora previstas na nova redação do dispositivo. Existiam, inclusive, dois enunciados das Jornadas de Direito Civil nesse sentido: Enunciado 8 – Art. 62, parágrafo único: a constituição de fundação para fins científicos, educacionais ou de promoção do meio ambiente está compreendida no CC, art. 62, parágrafo único. Enunciado 9 – Art. 62, parágrafo único: o art. 62, parágrafo único, deve ser interpretado de modo a excluir apenas as fundações com fins lucrativos. Desse modo, a alteração foi interessante como uma forma de deixar expressa essa possibilidade. No entanto, como já dito, representa apenas a consagração de algo que já era pacífico na doutrina. É possível a instituição de fundação privada para o desempenho de atividades de “habitação de interesse social”? Penso que essa pergunta pode ser feita em provas objetivas de concurso e a resposta deverá ser NÃO. Explico. Repare que a nova redação do parágrafo único do art. 62 termina no inciso IX. No entanto, a Lei n.º 13.151/2015 previa a existência do inciso X dizendo que a fundação poderia ser instituída para fins de “X - habitação de interesse social.” Esse inciso X foi vetado pela Presidente da República sob o seguinte argumento: “Da forma como previsto, tal acréscimo de finalidade poderia resultar na participação ampla de fundações no setor de habitação. Essa extensão ofenderia o princípio da isonomia tributária e distorceria a concorrência nesse segmento, ao permitir que fundações concorressem, em ambiente assimétrico, com empresas privadas, submetidas a regime jurídico diverso.” A preocupação da Presidente foi a de que pessoas jurídicas fossem criadas sob a roupagem de “fundação” e desempenhassem atividades de habitação concorrendo com sociedades empresárias em vantagem competitiva já que as fundações gozam de alguns privilégios. Em provas objetivas de concurso público, o examinador poderá perguntar quais são as finalidades possíveis das fundações e colocar, dentre as alternativas, a frase “habitação de interesse social”. Neste caso, esta alternativa estará incorreta porque a questão estará querendo saber apenas o texto literal do Código Civil. FISCALIZAÇÃO DAS FUNDAÇÕES PRIVADAS Quem fiscaliza o funcionamento das fundações privadas? O Ministério Público estadual. Depois de criada, as fundações serão fiscalizadas pelo Ministério Público do Estado onde situadas. Isso está previsto no caput do art. 66 do CC: Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas. O caput do art. 66 fala em Ministério Público do Estado. E se a fundação estiver situada no Distrito Federal, quem irá fiscalizá-la? Quem vela pelas fundações localizadas no DF? O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). A Lei n.º 13.151/2015 alterou o § 1º do art. 66 do CC com o objetivo de deixar isso expresso no texto do Código. Comparemos: QUEM FISCALIZA AS FUNDAÇÕES SITUADAS NO DF? Redação do CC antes da Lei 13.151/2015 Art. 66 (...) § 1º Se funcionarem no Distrito Federal, ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público Federal. REDAÇÃO ATUAL Art. 66 (...) Página 13 § 1º Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público do DistritoFederal e Territórios. A alteração representou uma grande inovação jurídica? Antes da Lei n.º 13.151/2015 quem fiscalizava as fundações localizadas no DF? NÃO. A alteração não representou inovação jurídica. Mesmo antes da Lei n.º 13.151/2015 quem fiscalizava as fundações localizadas no DF já era o Ministério Público do Distrito Federal (e não o Ministério Público Federal). Mas no quadro aí em cima está escrito que o § 1º do art. 66, antes da Lei n.º 13.151/2015, mencionava o Ministério Público Federal... Vamos com calma. O § 1º do art. 66 do Código Civil, em sua redação original, afirmava que as fundações localizadas no DF seriam fiscalizadas pelo Ministério Público Federal. Ocorre que isso não tinha nenhuma razão lógica, considerando que o DF possui autonomia política e administrativa em relação à União e quem é o responsável pela atuação no DF em temas “estaduais” é o Ministério Público do Distrito Federal (e não o MPF). Com base nisso, tão logo o CC foi aprovado, ainda em 2002, foi proposta uma ADI contra esse § 1º do art. 66. O STF julgou a ação procedente e declarou a inconstitucionalidade do § 1º do art. 66 do CC, afirmando que a atribuição de fiscalizar as fundações privadas localizadas no DF é do MPDFT. O MPF possui a atribuição de velar pelas fundações federais, funcionem, ou não, no Distrito Federal ou nos eventuais Territórios. (STF. Plenário. ADI 2794, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgado em 14/12/2006) Desse modo, por isso, mesmo antes da alteração da Lei n.º 13.151/2015, por força de decisão do STF, a atribuição para fiscalizar as fundações privadas localizadas no DF já era do MPDFT. Veja como o tema foi cobrado em prova: (Procurador Federal AGU 2007 CESPE) De acordo com o STF, cabe ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios velar pelas fundações públicas e de direito privado em funcionamento no DF, sem prejuízo da atribuição, ao Ministério Público Federal, da veladura das fundações federais de direito público que funcionem, ou não, no DF ou nos eventuais territórios. (CERTO) A Lei n.º 13.151/2015 corrige a falha do Código Civil e se adequa ao que foi decidido pelo STF, deixando claro que se a fundação privada funcionar no Distrito Federal ou em Território caberá o encargo ao MPDFT. E se a fundação abranger mais de um Estado/DF? Se ela funcionar em dois, três, quatro Estados/DF, quem fiscaliza? Se as atividades da fundação se estenderem por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público (§ 2º do art. 66). Ex: fundação “Leia Livros” atua em SP, RJ e DF. O MPSP irá fiscalizar as atividades dessa fundação em SP, o MPRJ no RJ e o MPDFT no DF. Veja como o tema já foi cobrado em prova: (Procurador Federal AGU 2007 CESPE) Se uma fundação estender suas atividades por mais de um estado, independentemente de ser federal ou estadual, sua veladura caberá ao Ministério Público Federal. (ERRADO) Obs: esse art. 66 do CC não exclui (não impede) que o MPF fiscalize as fundações públicas que forem instituídas pela Administração Pública federal ou que recebam recursos federais. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Nesse sentido: Enunciado 147 – Art. 66: A expressão “por mais de um Estado”, contida no § 2o do art. 66, não exclui o Distrito Federal e os Territórios. A atribuição de velar pelas fundações, prevista no art. 66 e seus parágrafos, ao MP local – isto é, dos Estados, DF e Territórios onde situadas – não exclui a necessidade de fiscalização de tais pessoas jurídicas pelo MPF, quando se tratar de fundações instituídas ou mantidas pela União, autarquia ou empresa pública federal, ou que destas recebam verbas, nos termos da Constituição, da LC n. 75/93 e da Lei de Improbidade. ALTERAÇÕES NO ESTATUTO DA FUNDAÇÃO As fundações são regidas por um ESTATUTO, que é aprovado pelo Ministério Público e posteriormente registrado no cartório do Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Depois de registrado, esse estatuto só poderá ser alterado se cumpridas algumas formalidades. Para se alterar o estatuto da fundação é necessário que: a) haja a deliberação de 2/3 das pessoas competentes para gerir e representar a fundação; b) a mudança não contrarie ou desvirtue a finalidade da fundação; c) o Ministério Público aprove essa mudança (se este negar, o juiz pode supri-la, a requerimento). Existe algum prazo máximo para que o MP analise a proposta de mudança do estatuto? 45 dias. Esse prazo foi acrescentado pela Lei n.º 13.151/2015: Página 14 PRAZO PARA QUE O MP ANALISE A PROPOSTA DE ALTERAÇÃO DO ESTATUTO Antes da Lei 13.151/2015: Não havia prazo. ATUALMENTE: 45 dias. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA DE FUNDAÇÕES QUE SE CARACTERIZEM COMO ENTIDADES EDUCACIONAIS E ASSISTENCIAIS O art. 150, VI, c da CF/88 prevê que as “instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos” gozam de imunidade tributária quanto aos impostos, desde que atendidos os requisitos previstos na lei. Vejamos a redação do dispositivo constitucional: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) VI — instituir impostos sobre: C) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; Algumas fundações privadas podem se incluir nesse conceito de instituições de educação e de assistência social e, com isso, gozarem de imunidade tributária. Para isso, no entanto, precisam cumprir os requisitos previstos em lei. Requisitos gerais previstos no art. 14 do CTN Para gozarem da imunidade, as entidades devem obedecer aos seguintes requisitos elencados no art. 14 do CTN: a) não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; b) aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; c) manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão. Sem fins lucrativos Tais entidades podem e devem ter superávit, até para que consigam se manter e ampliar o atendimento dos fins sociais propugnados. O que não podem é visar ao lucro. Se houver resultado positivo (superávit), este deverá ser reaplicado na própria instituição e em suas finalidades institucionais. Não se pode confundir também a apropriação particular do lucro (o que é proibido) com a permitida e natural remuneração dos diretores e administradores da entidade imune, como contraprestação pelos seus trabalhos. A remuneração não pode ser proibida, desde que ela represente com fidelidade e coerência a contraprestação dos serviços profissionais executados, por meio de pagamento razoável ao diretor ou administrador da entidade, sem dar azo a uma distribuição disfarçada de lucros. Portanto, admite-se salário, desde que a preço de mercado e sem benefícios indiretos. Lei n.º 9.532/97 Além dos requisitos previstos no art. 14 do CTN, se a fundação quiser ter imunidade de impostos federais deverá observar as regras da Lei n.º 9.532/97 que, em seu art. 12, prevê o seguinte: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea c, da Constituição, considera-se imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. No § 2º do art. 12 da Lei n.º 9.532/97 são elencados alguns requisitos que devem ser preenchidos pela entidade para gozar da imunidade. Veja: § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: (...) A Lei n.º 13.151/2015alterou alínea a do § 2º do art. 12 prevendo a possibilidade de serem pagos salários aos dirigentes das entidades sem que, com isso, elas percam a imunidade. Confira: ALTERAÇÃO NA LEI 9.532/97 Antes da Lei 13.151/2015 Art. 12 (...) § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: A) não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados; ATUALMENTE Art. 12 (...) Página 15 § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: A) não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados, exceto no caso de associações assistenciais ou fundações, sem fins lucrativos, cujos dirigentes poderão ser remunerados, desde que atuem efetivamente na gestão executiva, respeitados como limites máximos os valores praticados pelo mercado na região correspondente à sua área de atuação, devendo seu valor ser fixado pelo órgão de deliberação superior da entidade, registrado em ata, com comunicação ao Ministério Público, no caso das fundações; A mudança proposta é salutar considerando que, conforme já explicado, não há razão que justifique a proibição de que os dirigentes de fundações recebam remuneração. Esta é importante até para que eles possam se dedicar de forma exclusiva aos serviços da entidade. O que não se pode permitir é que tal remuneração seja exorbitante a ponto de ficar caracterizada uma burla e uma forma de lucrar com a fundação como se essa fosse uma empresa. FUNDAÇÕES DECLARADAS COMO SENDO DE UTILIDADE PÚBLICA E REMUNERAÇÃO DE SEUS DIRIGENTES As fundações privadas podem ser declaradas como sendo de utilidade pública. O título de utilidade pública é o reconhecimento conferido pelo Poder Público aos relevantes serviços prestados pelas associações e fundações privadas, que servem desinteressadamente à sociedade. Essa qualificação de “utilidade pública” pode ser dada tanto pela União, como pelos Estados e Municípios. Cada ente tem a sua legislação na qual especifica os requisitos necessários para que a fundação possa receber o título. No âmbito federal, o título de “Utilidade Pública Federal” (UPF) é concedido pelo Ministro da Justiça (Decreto 3.415/2000) e os requisitos para que as fundações possam ser enquadradas como tal estão previstos no art. 1º da Lei n.º 91/1935. O art. 1º, c, da Lei n.º 91/1935 previa que se os dirigentes ou conselheiros da fundação recebessem remuneração, esta não poderia ser reconhecida como de “utilidade pública”. A Lei n.º 13.151/2015 altera essa regra e estabelece a possibilidade de serem pagos salários desde que respeitados alguns parâmetros. Confira: ALTERAÇÃO NA LEI 91/1935 Antes da Lei 13.151/2015 Art. 1º As sociedades civis, as associações e as fundações constituidas no paiz com o fim exclusivo de servir desinteressadamente á collectividade podem ser declaradas de utilidade pública, provados os seguintes requisitos: (...) C) que os cargos de sua diretoria, conselhos fiscais, deliberativos ou consultivos não são remunerados. ATUALMENTE Art. 1º As sociedades civis, as associações e as fundações constituidas no paiz com o fim exclusivo de servir desinteressadamente á collectividade podem ser declaradas de utilidade pública, provados os seguintes requisitos: (...) C) que os cargos de sua diretoria, conselhos fiscais, deliberativos ou consultivos não são remunerados, exceto no caso de associações assistenciais ou fundações, sem fins lucrativos, cujos dirigentes poderão ser remunerados, desde que atuem efetivamente na gestão executiva, respeitados como limites máximos os valores praticados pelo mercado na região correspondente à sua área de atuação, devendo seu valor ser fixado pelo órgão de deliberação superior da entidade, registrado em ata, com comunicação ao Ministério Público, no caso das fundações. FUNDAÇÕES RECONHECIDAS COMO ENTIDADES BENEFICENTES E REMUNERAÇÃO DE SEUS DIRIGENTES As fundações privadas (e outras entidades sem fins lucrativos) que realizem atividades de assistência social, saúde ou educação, poderão ser reconhecidas como “entidades beneficentes de assistência social”. A fundação certificada como “entidade beneficente” e que cumprir os demais requisitos previstos no art. 29 da Lei n.º 12.101/2009 gozará de ISENÇÃO do pagamento das contribuições previdenciárias de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212/91. Vale ressaltar novamente que, além de conseguirem o certificado de entidade beneficente, as entidades deverão cumprir alguns requisitos previstos no art. 29 da Lei n.º 12.101/2009. Página 16 Se os dirigentes da fundação recebessem remuneração, em regra, esta não poderia ter direito à isenção das contribuições previdenciárias. Isso estava previsto no art. 29, inciso I c/c § 1º, I, da Lei n.º 12.101/2009. A Lei n.º 13.151/2015 alterou essa regra. Vejamos: ALTERAÇÃO NA LEI 12.101/2009 Antes da Lei 13.151/2015 Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos: I - não percebam, seus dirigentes estatutários, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração, vantagens ou benefícios, direta ou indiretamente, por qualquer forma ou título, em razão das competências, funções ou atividades que lhes sejam atribuídas pelos respectivos atos constitutivos; (...) § 1º A exigência a que se refere o inciso I do caput não impede: I - a remuneração aos diretores não estatutários que tenham vínculo empregatício; II - a remuneração aos dirigentes estatutários, desde que recebam remuneração inferior, em seu valor bruto, a 70% (setenta por cento) do limite estabelecido para a remuneração de servidores do Poder Executivo federal. ATUALMENTE Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos: I - não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores remuneração, vantagens ou benefícios, direta ou indiretamente, por qualquer forma ou título, em razão das competências, funções ou atividades que lhes sejam atribuídas pelos respectivos atos constitutivos, exceto no caso de associações assistenciais ou fundações, sem fins lucrativos, cujos dirigentes poderão ser remunerados, desde que atuem efetivamente na gestão executiva, respeitados como limites máximos os valores praticados pelo mercado na região correspondente à sua área de atuação, devendo seu valor ser fixado pelo órgão de deliberação superior da entidade, registrado em ata, com comunicação ao Ministério Público, no caso das fundações; O § 1º do art. 29 da Lei n.º Lei n.º 12.101/2009 continua em vigor e não foi alterado pela Lei n.º 13.151/2015, o que poderá gerar dúvidas porque a nova redação do inciso I do art. 29 é mais ampla e permissiva que esse § 1º. O ideal seria que o § 1º tivesse sido revogado. Bem, essas são as principais alterações operadas pela novidade legislativa aprovada hoje. A Lei n.º 13.151/2015 não possui vacatio legis e já se encontra em vigor. Página 17
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