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estatuto do torcedor

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Tema: Estatuto do torcedor: concepção, conceito, natureza jurídica, e 
classificação de torcedor – a questão das torcidas organizadas 
 
1. INTRODUÇÃO 
Desde o dia 27 de julho estão vigentes inúmeras alterações trazidas pela Lei nº 
12.299/10, fruto de intenso debate interdisciplinar para a promoção efetiva da segurança 
nas arenas desportivas durante as apresentações. 
O normativo é bastante importante, principalmente se for considerado o 
momento contemporâneo, no qual a atenção é convergida para a Copa do Mundo 
(2014), fato que aguça a curiosidade em analisar as questões jurídicas afetas ao 
desporto brasileiro. 
Assim, não é despropositado constatar o cunho preponderantemente político 
que a Lei nº 12.299 encerra, até porque os assuntos por ela tratados sempre foram de 
interesse nacional, porém nunca objeto da merecida atenção. 
 No entanto, independentemente do motivo, o fato é que a legislação deve ser 
festejada, uma vez que é bastante severa com o torcedor violento, no afã de dizimar a 
insegurança que atualmente habita os estádios. 
Também representa um avanço já há muito esperado, reproduzindo vários 
regramentos vigentes em países cuja violência encontra-se controlada. 
A seguir, destacam-se as principais alterações ocorridas no Estatuto do 
Torcedor, com oportuno destaque para as torcidas organizadas. 
 
2. ESTATUTO DO TORCEDOR E AS RECENTES ALTERAÇÕES ADVINDAS COM 
A LEI Nº 12.299/10 
Sem pretender alongar a discussão sobre a Lei nº 10.671/03, a qual criou o 
denominado Estatuto do Torcedor (ET), até porque o assunto já foi examinado 
anteriormente, revela-se mais pertinente o debate sobre a recente lei que alterou vários 
dispositivos do normativo, criando outro tanto deles, alterações estas de considerável 
importância. 
Panoramicamente, em breve digressão, relembramos que foi após 
aproximadamente três anos de tramitação que o chefe do poder executivo sancionou, 
em 15 de maio de 2003, a Lei nº 10.671/03, intitulada de “Estatuto do Torcedor” (ET), 
 
normativo que carrega em seu corpo vários artigos que cuidam da relação jurídica 
havida entre o torcedor e a entidade promotora do espetáculo desportivo, equiparando 
aquele ao conceito de consumidor e este ao de fornecedor, nos moldes do CDC. 
O ET surgiu como necessidade de proteger os direitos dos torcedores 
prestigiantes das apresentações desportivas, principalmente em virtude do exponencial 
crescimento da violência antes, durante e após as partidas de futebol vivenciadas na 
década de 1990, atos estes que atingiam não só os torcedores como também o 
comércio, os meios de transporte e a população em geral. 
Portanto, o ET é norma jurídica que tem por escopo balizar o comportamento e 
as condutas sociais praticadas pelos torcedores nas arenas desportivas e arredores, o 
que permite dizer que exerce um controle social coercitivo sobre os torcedores, no afã 
de preservar a ordem e a coesão social. Obviamente, a ordem e a coesão social estão 
diretamente relacionadas com a não violação ou resistência a esse poder coercitivo 
legal. 
Assim, é de se concluir, então, que o ET se apresenta como produto das 
interdependências entre um conjunto caracterizado de indivíduos do corpo social, 
especialmente para o desporto. O próprio espetáculo revela um modelo de regramento 
construído a partir de tais relações, de tal forma que as permissões, proibições e limites 
teriam uma função social a desempenhar, que é o controle das tensões e dos impulsos 
violentos dos indivíduos no estádio de futebol. Nesse espaço das relações entre 
torcedores, policiais, dirigentes esportivos e outros agentes do espetáculo é que os 
mecanismos regulatórios do EDT foram construídos e, nesse espectro, serão aplicados. 
(Azevedo, 1999) 
Dito isso, ressalte-se que uma das características mais marcantes do Estatuto 
do Torcedor é a confirmação da natureza jurídica consumerista que regula as relações 
entre o espectador e as entidades de prática desportiva. 
O conceito de torcedor é estampado no artigo 2º, para o qual “torcedor é toda 
pessoa que aprecie, apoie ou se associe a qualquer entidade de prática desportiva do 
País e acompanhe a prática de determinada modalidade esportiva.” 
Por outro lado, o artigo 3º estabelece que “para todos os efeitos legais, 
equiparam-se a fornecedor, nos termos da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, a 
entidade responsável pela organização da competição, bem como a entidade de prática 
desportiva detentora do mando de jogo.” 
 
Como visto, aplica-se integralmente o conteúdo do Código de Defesa do 
Consumidor nas relações entre torcedor e entidade promotora do evento desportivo, 
inclusive no que se refere ao consumidor por equiparação, nos termos dos artigos 17 e 
29 do CDC. No que atine ao conceito de fornecedor, à luz dos artigos 3º e 7º da Lei nº 
8.078/90, pode-se afirmar que todas as pessoas partícipes, de uma forma ou outra, da 
relação causadora de danos e lesão aos direitos do torcedor/consumidor, responderão 
diretamente pelos prejuízos ocasionados. 
E, nesse contexto, é certo que a responsabilidade incidente nas relações 
jurídicas ora tratadas é objetiva e solidária, ou seja, independe da demonstração de 
culpa e atinge, independentemente, qualquer pessoa que participe da organização do 
evento. 
Definidos os conceitos legais de torcedor/consumidor e fornecedor, prudente 
registrar as principais alterações recentemente observadas com a entrada em vigor da 
Lei nº 12.299/10, a qual dispõe sobre medidas de prevenção e repressão aos 
fenômenos de violência por ocasião de competições esportivas. 
O projeto de lei foi de autoria do deputado Arlindo Chinaglia (PT/SP) e, acredite-
se, tramitava no Congresso desde 1995, antes mesmo do Estatuto do Torcedor ser 
criado. 
Um novo texto foi apresentado em 2009 pelo governo federal, cuja redação foi 
aprovada. Em uma votação rápida e sem maiores incidentes, o presidente do Senado, 
José Sarney (PMDB/AP) o apresentou à Casa, justificando que “esse projeto é do maior 
interesse do povo brasileiro.” 
No mesmo sentido, o Ministério da Justiça afirmou que as alterações procedidas 
no Estatuto do Torcedor são necessárias para conferir maior comodidade, conforto e 
segurança ao torcedor brasileiro, bem como aos profissionais envolvidos na 
organização de eventos esportivos, além de adequar a legislação do país ao 
ordenamento jurídico internacional. Segundo o secretário do órgão, “procuramos 
garantir a proteção ao espetáculo. As medidas são importantes para a Copa, mas o 
mais relevante é garantir que o espetáculo esportivo continue a ser um espaço lúdico, 
democrático, longe da violência ou da criminalidade”. 
As alterações propostas pelo governo federal foram minuciosamente 
examinadas por um grupo de trabalho criado em 2008, composto pela secretaria de 
assuntos legislativos e nacional de segurança pública do MJ, secretaria executiva e 
consultoria jurídica do Ministério do Esporte, Ministério Público do Estado de São Paulo 
e Confederação Brasileira de Futebol (CBF). 
 
A Lei nº 12.299/10 teve como foco principal garantir a segurança pública nos 
eventos desportivos. Para tanto, alterou dispositivos existentes e criou novos artigos, 
criminalizando condutas até então não tipificadas. Foram alvo de modificação os artigos 
5º, 6º, 9º, 12, 17, 18, 22, 23, 25, 27 e 35. Criados foram os artigos 1º-A, 2º-A, 13-A, 31-
A, 39-A, 39-B e 41-A, 41-B, 41-C, 41-D, 41-E, 41-F e 41-G. 
As principais alterações foram: 
a) O primeiro dispositivo a sofrer alteração foi o 1º-A, até então inexistente. Com 
ele, o legislador pulverizou a obrigação de prevenção da violência no desporto, fazendo-
a recair sobre todos os envolvidos nas relações desportivas, inclusivetorcedores, ao 
estabelecer que “a prevenção da violência nos esportes é de responsabilidade do poder 
público, das confederações, federações, ligas, clubes, associações ou entidades 
esportivas, entidades recreativas e associações de torcedores, inclusive de seus 
respectivos dirigentes, bem como daqueles que, de qualquer forma, promovem, 
organizam, coordenam ou participam dos eventos esportivos.” 
b) Com relação à transparência das relações, determinou o § 2º do artigo 5º que 
a escalação dos árbitros, imediatamente logo após sua definição, bem como a relação 
dos nomes dos torcedores impedidos de comparecer ao local do evento desportivo, 
além de ser publicados na internet, em sítio da entidade responsável pela organização 
do evento, também deverão ser afixados ostensivamente em local visível, em caracteres 
facilmente legíveis, do lado externo de todas as entradas do local onde se realiza o 
evento esportivo. 
c) O juiz deve comunicar às entidades de administração do desporto e às ligas 
de que trata o artigo 20 da Lei no 9.615, de 24 de março de 1998, acerca da decisão 
judicial ou aceitação de proposta de transação penal ou suspensão do processo que 
implique o impedimento do torcedor de frequentar estádios desportivos, considerando 
que o magistrado pode determinar outras condições adequadas ao fato no momento da 
homologação da proposta da suspensão do processo (artigo 89, §2º, da Lei 9.099/95). 
d) O Ouvidor da Competição deverá estampar suas manifestações e propostas 
no mesmo sítio da internet em que forem publicadas as demais informações obrigatórias 
(§ 1ºº do artigo 5º). 
e) As tabelas da competição e o nome do seu Ouvidor deverão ser divulgados 
com antecedência mínima de até 60 (sessenta) dias, contados retroativamente da data 
de início da competição, na forma do § 1º do artigo 5º, ou seja, no mesmo sítio da 
internet que forem publicadas as demais informações, de sorte que o regulamento 
definitivo será divulgado até 45 (quarenta e cinco) dias antes de seu início. 
 
f) Com a vigência da Lei nº 12.299/10, a entidade responsável pela organização 
da competição terá a obrigação de publicar a súmula e os relatórios da partida no 
mesmo sítio eletrônico já referido até as 14 (quatorze) horas do 3º (terceiro) dia útil 
subsequente ao da realização da partida. 
g) O torcedor tem direito à segurança nos locais onde são realizados os eventos 
esportivos antes, durante e após a realização das partidas, sendo assegurada 
acessibilidade ao torcedor portador de deficiência ou com mobilidade reduzida. 
h) Os torcedores, agora, terão de respeitar certas exigências e condições. O 
novel artigo 13-A determina que são condições de acesso e permanência do 
torcedor no recinto esportivo, sem prejuízo de outras condições previstas em lei: I – 
estar na posse de ingresso válido; II – não portar objetos, bebidas ou substâncias 
proibidas ou suscetíveis de gerar ou possibilitar a prática de atos de violência; III – 
consentir com a revista pessoal de prevenção e segurança; IV – não portar ou ostentar 
cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais com mensagens ofensivas, inclusive de 
caráter racista ou xenófobo; V – não entoar cânticos discriminatórios, racistas ou 
xenófobos; VI – não arremessar objetos, de qualquer natureza, no interior do recinto 
esportivo; VII – não portar ou utilizar fogos de artifício ou quaisquer outros engenhos 
pirotécnicos ou produtores de efeitos análogos; VIII – não incitar e não praticar atos de 
violência no estádio, qualquer que seja a sua natureza; e IX – não invadir e não incitar 
a invasão, de qualquer forma, da área restrita aos competidores. 
Não cumpridas as condições acima, o torcedor será impedido de ingressar no 
recinto esportivo, ou, se for o caso, será imediatamente afastamento da localidade, sem 
prejuízo de outras sanções administrativas, civis ou penais eventualmente cabíveis. 
Uma proibição que tem sido bastante polêmica é a vedação de “entoar cânticos” 
discriminatórios, racistas ou xenófobos. Ora, obviamente não se admite fazer da arena 
senão palco lúdico para apresentação dos espetáculos. Contudo, os cânticos, muitas 
vezes incisivos, são parte integrante e, ao que parece, indissociável da cultura do 
esporte, principalmente do futebol. A torcida, envolta no clima de euforia e rivalidade, 
utilizando de bastante criatividade em algumas oportunidades, criam textos e a eles 
introduzem a melodia rítmica para enaltecer a equipe ou desestimular o adversário. 
Tudo isso, à primeira vista, e desde que, é claro, não transgrida a esfera da 
esportividade, é da própria essência de rivalidade das organizadas. 
A participação dos torcedores organizados nos jogos não se limita apenas aos 
incentivos ou vaias aos times. Mais do que isso, há toda uma expressividade corporal 
posta à prova, que traduz um êxtase contínuo, pois o conjunto percursivo raramente 
para de tocar ao longo de um jogo, exigindo sempre dos torcedores organizados uma 
garra que transcende a posição de meros expectadores da partida (Toledo, 1996, p. 60). 
 
A energia contagiante que paira na arquibancada é a mola propulsora para que 
os torcedores comuniquem-se por meio de gritos e cânticos que perpetuam entre os 
organizados e também por todos os presentes no estádio. Esses cânticos geralmente 
são frases enxutas e de rimas curtas, caracterizados por revelarem frases pouco 
elaboradas, permeadas de palavras diretas e incisivas, até xingamentos, mas que são 
de primordial importância na disputa e festividade futebolística. 
Segundo Toledo, “consiste no substrato privilegiado dessa linguagem jocosa, 
trazendo ambivalência do insulto e certo sentido regenerador que instaura a ordem 
cósmica do jogo. Tal ordem, sugerindo um confronto, coloca em evidência os 
estereótipos sociais entre as classes, a oposição e os papéis desempenhados e 
atribuídos aos sexos (futebol é para homem), as fissuras entre público e privado, as 
relações de poder (...)”. (1996, p. 65). 
 A lei não é clara, nem tampouco rica nas condutas que pretendeu tipificar, o 
que significa que a subsunção do fato à norma ficará perigosamente ao alvedrio do 
subjetivismo das autoridades, situação bastante preocupante ante a falta de critérios 
objetivos para criminalização da conduta. 
De mais a mais, verifica-se a presença de delitos de perigo abstrato, assim 
entendidos "aqueles em que se castiga a conduta tipicamente perigosa como tal, sem 
que no caso concreto venha ocorrer um resultado de exposição a perigo". 
Buergo (2001, p.10) é bastante elucidativo ao discorrer sobre o tema, 
explicando que “los delitos de peligro abstracto castigan la puesta en prática de una 
conducta reputada generalmente peligrosa, sin necessidad de que haga efectivo un 
peligro para el bien jurídico protegido. En ellos se determina la peligrosidad de la 
conduta típica a través de una generalización legal basada en la consideración de que 
determinados comportamientos son tipicamente o generalmente para el objeto típico y, 
em definitiva, para el bien jurídico. Así, al considerar que la peligrosidad de la acción 
típica no es elemento del tipo sino simplemente razón o motivo de la existência del 
precepto, se concluye que no solo no es necesario probar si se há producido o no en el 
caso concreto una puesta en peligro, sino ni siquiera confirmar tal peligrosidad general 
de la conducta en el caso individual, ya que el peligro viene deducido a través de 
parâmetros de peligrosidad preestablecidos de modo general por el legislador.” 
Há grande controvérsia acerca desta espécie de delito porque, conforme 
defendem estudiosos do Direito Penal, dela resulta afronta ao enunciado clássico nullum 
crimen sine injuria, e, via de consequência, há descumprimentodo princípio 
constitucional da ofensividade, uma vez que não há crime sem resultado. Nesse sentido, 
Faria Costa, ao defender a possibilidade de se criminalizar tão somente condutas 
 
concretas que efetivamente tenham o condão de expor objetivamente certas situações 
em perigo, pondera: “de fora fica, em verdadeiro rigor, todo o reino de legitimidade da 
punição de condutas cujo traço essencial não está no fato de o perigo se ter 
concretamente desencadeado, mas sim e diferentemente em o perigo ser considerado 
como mera motivação pra o legislador punir tal conduta. Ao sancionar-se penalmente 
um comportamento dentro destes parâmetros de valoração somos confrontados com a 
inexistência de uma qualquer ofensividade relativamente a um concreto bem jurídico.” 
De fato, parece delicada a questão, principalmente se se considerar que 
apenas a lesão concreta ou a efetiva possibilidade de lesão imediata a algum bem 
jurídico é que autoriza a regulação penal por parte do Estado. 
i) O § 1º do artigo 17, por sua vez, determinou que os planos de ação serão 
elaborados pela entidade responsável pela organização da competição, com a 
participação das entidades de prática desportiva que a disputarão e dos órgãos 
responsáveis pela segurança pública, transporte e demais contingências que possam 
ocorrer, das localidades em que se realizarão as partidas da competição. 
j) Outra alteração importante é que, doravante, os estádios com capacidade 
superior a 10.000 (dez mil) pessoas – e não mais 20.000 (vinte mil) – deverão manter 
central técnica de informações, com infraestrutura suficiente para viabilizar o 
monitoramento por imagem do público presente. 
Independentemente, o controle e a fiscalização do acesso do público ao estádio 
com capacidade para mais de 10.000 (dez mil) pessoas deverão contar com meio de 
monitoramento por imagem das catracas. 
k) São direitos do torcedor partícipe: I – que todos os ingressos emitidos sejam 
numerados; e II – ocupar o local correspondente ao número constante do ingresso, salvo 
nos locais já existentes para assistência em pé, nas competições que o permitirem, 
limitando-se, nesses locais, o número de pessoas, de acordo com critérios de saúde, 
segurança e bem-estar. 
Com exceção dos estádios com capacidade inferior a 10.000 (dez mil) pessoas, 
a emissão de ingressos e o acesso ao estádio nas primeira e segunda divisões da 
principal competição nacional e nas partidas finais das competições eliminatórias de 
âmbito nacional deverão ser realizados por meio de sistema eletrônico que viabilize 
a fiscalização e o controle da quantidade de público e do movimento financeiro da 
partida. 
l) as solicitações ao Poder Público dos serviços de estacionamento para uso por 
torcedores e dos meios de transporte para condução de idosos, crianças e pessoas 
portadoras de deficiência física aos estádios, partindo de locais de fácil acesso, 
 
previamente determinados, estão dispensadas nos estádios com capacidade inferior a 
10.000 (dez mil) pessoas. 
m) A entidade responsável pela organização da competição deverá apresentar 
ao Ministério Público dos Estados e do Distrito Federal, previamente à sua realização, 
os laudos técnicos expedidos pelos órgãos e autoridades competentes pela vistoria das 
condições de segurança dos estádios a serem utilizados na competição, devendo tais 
documentos atestar a real capacidade de público dos estádios, bem como suas 
condições de segurança. 
n) Perderá o mando de jogo por, no mínimo, seis meses, sem prejuízo das 
demais sanções cabíveis, a entidade de prática desportiva detentora do mando do jogo 
em que: I – tenha sido colocado à venda número de ingressos maior do que a 
capacidade de público do estádio; ou II – tenham entrado pessoas em número maior do 
que a capacidade de público do estádio; III - tenham sido disponibilizados portões de 
acesso ao estádio em número inferior ao recomendado pela autoridade pública. 
o) Outra importante alteração vista é a obrigatoriedade das entidades de 
administração do desporto contratar seguro de vida e acidentes pessoais, tendo como 
beneficiária a equipe de arbitragem, quando exclusivamente no exercício dessa 
atividade, em nítida preocupação com a integridade física dos árbitros. 
p) Cada entidade de prática desportiva fará publicar documento que contemple 
as diretrizes básicas de seu relacionamento com os torcedores, disciplinando, 
obrigatoriamente: I – o acesso ao estádio e aos locais de venda dos ingressos; II – 
mecanismos de transparência financeira da entidade, inclusive com disposições 
relativas à realização de auditorias independentes, observado o disposto no artigo 46-A 
da Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998; e III – a comunicação entre o torcedor e a 
entidade de prática desportiva. 
A comunicação entre o torcedor e a entidade de prática desportiva poderá, 
dentre outras medidas, ocorrer mediante: I – a instalação de uma ouvidoria estável; II – 
a constituição de um órgão consultivo formado por torcedores não-sócios; ou III – 
reconhecimento da figura do sóciotorcedor, com direitos mais restritos que os dos 
demais sócios. 
q) As decisões proferidas pelos órgãos da Justiça Desportiva devem ser 
disponibilizadas no mesmo sítio eletrônico da entidade responsável pelo evento em que 
as demais informações exigidas pela lei forem publicadas. 
r) Também foi prevista a criação de órgãos exclusivos do Poder Judiciário 
incumbidos de processar e julgar litígios de menor complexidade decorrentes das 
relações jurídico-desportivas, os Juizados Especiais. Com isso, o legislador avançou 
bem na tentativa de proteger o torcedor lesado, inserindo o artigo 41-A, que prevê: “os 
 
juizados do torcedor, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e criminal, 
poderão ser criados pelos Estados e pelo Distrito Federal para o processo, o julgamento 
e a execução das causas decorrentes das atividades reguladas nesta Lei.” 
s) A torcida organizada deverá manter cadastro atualizado de seus associados 
ou membros, o qual deverá conter, pelo menos, as seguintes informações: I – nome 
completo; II – fotografia; III – filiação; IV – número do registro civil; V – número do 
CPF; VI – data de nascimento; VII – estado civil; VIII – profissão; IX – endereço 
completo; e X – escolaridade. 
t) A torcida organizada que, em evento esportivo, promover tumulto; praticar ou 
incitar a violência; ou invadir local restrito aos competidores, árbitros, fiscais, dirigentes, 
organizadores ou jornalistas será impedida, assim como seus associados ou membros, 
de comparecer a eventos esportivos pelo prazo de até 3 (três) anos, respondendo 
civilmente, de forma objetiva e solidária, pelos danos causados por qualquer dos seus 
associados ou membros no local do evento esportivo, em suas imediações ou no trajeto 
de ida e volta para o evento. 
Essas penalidades não impedem eventual correspondência entre a conduta 
praticada pela torcida e crimes previstos no Código Penal, como a formação de 
quadrilha, crimes contra a honra, lesão corporal e rixa, por exemplo. 
u) Por fim, foi incluído todo o Capítulo Xl-A, que trata da criminalização de 
condutas praticadas por torcedores. Os crimes previstos nos artigos 41-C a 41-G tratam 
especificamente da conduta íntegra que deve prosperar nas competições desportivas, 
seja com relação à própria divulgação dos resultados (artigos 41-C, 41-D e 41-E), seja 
no que se refere à obtenção de vantagens por ocasião da venda de ingressos dos 
eventos (artigos 41-F e 41-G). 
v) Incumbiu ao artigo 41-B a tipificação penal da conduta do torcedor que 
promove tumulto, pratica ou incita violência no evento, bem como do que invade os 
locais restritos aos atletas. Assim, é crime “promovertumulto, praticar ou incitar a 
violência, ou invadir local restrito aos competidores em eventos esportivos”. A pena é de 
reclusão de 1 (um) a 2 (dois) anos e multa, incorrendo na mesma sanção quem: I – 
promover tumulto, praticar ou incitar a violência num raio de 5.000 (cinco mil) metros ao 
redor do local de realização do evento esportivo, ou durante o trajeto de ida e volta do 
local da realização do evento; II – portar, deter ou transportar, no interior do estádio, em 
suas imediações ou no seu trajeto, em dia de realização de evento esportivo, quaisquer 
instrumentos que possam servir para a prática de violência. 
 
Na sentença penal condenatória, o juiz deverá converter a pena de reclusão em 
pena impeditiva de comparecimento às proximidades do estádio, bem como a qualquer 
local em que se realize evento esportivo, pelo prazo de 3 (três) meses a 3 (três) anos, 
de acordo com a gravidade da conduta, na hipótese de o agente ser primário, ter bons 
antecedentes e não ter sido punido anteriormente pela prática de condutas previstas 
neste artigo. A pena impeditiva de comparecimento às proximidades do estádio, bem 
como a qualquer local em que se realize evento esportivo, converter-se-á em privativa 
de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. 
Na conversão de pena, a sentença deverá determinar, ainda, a obrigatoriedade 
suplementar de o agente permanecer em estabelecimento indicado pelo juiz, no período 
compreendido entre as 2 (duas) horas antecedentes e as 2 (duas) horas posteriores à 
realização de partidas de entidade de prática desportiva ou de competição determinada. 
Na hipótese de o representante do Ministério Público propor aplicação da pena 
restritiva de direito prevista no artigo 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, o 
juiz aplicará a sanção prevista no § 2º, convertendo a pena de reclusão em pena 
impeditiva de comparecimento às proximidades do estádio, bem como a qualquer local 
em que se realize evento esportivo, pelo prazo de 3 (três) meses a 3 (três) anos. 
Diversamente do artigo 39-A, o qual tratou das condutas referentes à torcida 
organizada, enquanto coletivo, o artigo 41-B tipificou como crime as condutas praticadas 
de modo isolado pelos torcedores. 
De acordo com o apenamento imposto pelo legislador, infere-se que se trata de 
infração penal de menor potencial ofensivo, nos termos do artigo 61 da Lei nº 9.099/95 
w) Também constitui crime: 
i) solicitar ou aceitar, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de 
vantagem patrimonial ou não patrimonial para qualquer ato ou omissão destinado a 
alterar ou falsear o resultado de competição esportiva, cuja pena de reclusão varia de 2 
(dois) a 6 (seis) anos e multa. 
ii) dar ou prometer vantagem patrimonial ou não patrimonial com o fim de alterar 
ou falsear o resultado de uma competição desportiva, com pena de reclusão de 2 (dois) 
a 6 (seis) anos e multa. 
iii) fraudar, por qualquer meio, ou contribuir para que se fraude, de qualquer 
forma, o resultado de competição esportiva, cuja conduta é penalizada com pena de 
reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos e multa. 
iv) vender ingressos de evento esportivo, por preço superior ao estampado 
no bilhete, com pena de reclusão de 1 (um) a 2 (dois) anos e multa. 
 
v) fornecer, desviar ou facilitar a distribuição de ingressos para venda por 
preço superior ao estampado no bilhete, cuja pena reclusão varia de 2 (dois) a 4 (quatro) 
anos e multa, sendo que a pena será aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o 
agente for servidor público, dirigente ou funcionário de entidade de prática desportiva, 
entidade responsável pela organização da competição, empresa contratada para o 
processo de emissão, distribuição e venda de ingressos ou torcida organizada e se 
utilizar desta condição para os estes fins. 
 
 
3. TORCIDAS ORGANIZADAS 
As torcidas organizadas, atualmente, têm sido assunto de inúmeros debates, 
principalmente pelas manifestações violentas exercidas por seus membros. 
Antes de qualquer discussão, é necessário compreender que só o fato de existir 
uma relação tensional entre torcidas não representa, em princípio, causa de 
preocupação, nem tampouco indica ofensividade ou aspecto negativo ao corpo social. 
Afinal, a sociedade não é mesmo essencialmente pacífica, abrigando focos de conflitos 
inerentes à própria aglomeração de pessoas. A oposição de interesses constitui 
modalidade de interação entre cidadãos, interação essa que, por óbvio, não pode ser 
exercida por um indivíduo isolado. 
E, como toda interação constitui forma de sociação, o conflito passa a ser 
também manifestação dela. Isso não significa que a contraposição de interesses possui 
tão apenas aspectos positivos. Pelo contrário, possui elementos negativos, 
principalmente se se verificar ausência de compensação entre a pacificidade e a tensão. 
De acordo com Simmel (1983, p. 124), “assim como a sociedade precisa de 
‘amor e ódio’, isto é, de forças de atração e de forças de repulsão, para que tenha uma 
forma qualquer, assim também a sociedade, para alcançar uma determinada 
configuração, precisa de quantidades proporcionais de harmonia e desarmonia, de 
associação e competição, de tendências favoráveis e desfavoráveis”. 
Portanto, pode-se concluir que o conflito, bastante visto entre as torcidas 
organizadas, é característica indissociável de toda e qualquer organização social. A 
questão nuclear, então, recai sobre a intensidade e extensão que esta tensão 
desenvolve, uma vez que, quando o conflito, aspecto negativo, prepondera sobre a 
harmonia, positivo, o desequilíbrio é inerente, sendo certo que as relações, aqui, serão 
viciadas e tormentosas, desencadeando a violência, assim entendida como “um 
fenômeno social específico, histórico, relacionado às condições socioeconômicas e que 
 
possui raízes e formas no cotidiano das relações interpessoais.” (Vendruscolo, 2004, p. 
565). 
É imprescindível que essas relações sejam mediadas pela tensão e pela paz, 
formando um conjunto equilibrado em que as forças se compensam, até porque “a 
essência da alma humana não permite que um indivíduo se ligue a outro por um elo 
apenas, ainda que a análise científica não se dê por satisfeita enquanto não determina 
o específico poder de coesão de unidades elementares” (Simmel, 1983, p.128). 
Por fim, é oportuno salientar a importância da convivência harmônica entre as 
várias torcidas, até para garantir a própria existência. Isso porque a unidade de um 
grupo muitas vezes se perde quando não há mais um adversário (Simmel, 1983). 
Significa dizer, assim, que ao respeitar e zelar pela manutenção dos demais grupos de 
torcedores, ao mesmo tempo está se garantindo a unidade da própria torcida. 
“No interior de certos grupos, pode ser até um indício de sabedoria política cuidar 
para que existam alguns inimigos políticos, a fim de que a unidade dos membros 
continue efetiva e para que o grupo continue consciente desta unidade como algo de 
interesse vital” (Simmel, 1983, p. 157). Dito isso, um breve retrospecto histórico é 
pertinente. 
Se voltarmos um pouco na história para compreendermos os motivos pelos quais 
alguns torcedores resolveram se unir para formar as primeiras torcidas organizadas do 
Brasil, veremos que a ideia era formar um grupo com torcedores assíduos que se 
organizariam para cobrar resultados de seus clubes de forma autônoma com relação 
aos mesmos (Pimenta, 1997). 
Sabe-se que as manifestações embrionárias das quais originaram as torcidas 
organizadas ocorreram na década de 1940. O grupo “Grêmio São-Paulino” foi criado em 
1939, sendo, talvez, a primeira delas de que se tenha notícia. No Rio de Janeiro, a 
charanga do Flamengo(reunião de torcedores em torno de um grupo musical que 
cantava e tocava marchinhas carnavalescas, fomentando a alegria e a festividade nos 
estádios) foi fundada em 1942. O tom era realmente festivo e de descontração, com 
utilização de serpentinas, confetes e apitos. Essa espécie de manifestação rapidamente 
ganhou adeptos por todo o país, com torcedores de vários clubes. 
No decorrer dos anos e da mutação dos valores e referenciais da sociedade, 
esse modelo foi gradativamente substituído por outro, em que a virilidade, a 
masculinidade, a violência em formas de arruaça, o vandalismo e a brutalidade 
incorporam as manifestações dos mais fanáticos, em contraposição aos métodos 
 
adotados anteriormente, considerados, a partir daí, “muito pacíficos”. E foi justamente a 
proliferação desta nova moldura de torcedores que proporcionou o nascimento das 
torcidas organizadas, que, demonstrando comportamento provocante, passaram a 
disputar nas arquibancadas a posição de superioridade com a torcida rival. 
O clima de tensão é agravado, ainda, pela ansiedade própria dos espetáculos à 
medida que os atletas se esforçam para atingir o objetivo e superar a equipe adversária 
(quando a modalidade comporta). Com relação ao futebol, este possui uma 
característica mimética que propicia ao seu público situações de elevada tensão na 
expectativa do desenrolar das ações dos jogadores e da equipe. Essa tensão provoca 
no indivíduo um alto grau de expectativa e ansiedade no desfecho da ação que prende 
o espectador ao jogo” (Reis, 2005, p. 9). 
Várias organizadas foram estruturadas e o crescimento da quantidade de 
membros foi enorme, mesmo após vários episódios de violência. Infere-se, então, que 
a agressividade foi encarada como forma de poder, o que justifica a expansão das 
torcidas. Para Pimenta (2004, p. 28), à medida que ocorre o aumento dos atos de 
violência e das mortes em decorrência da ação das organizadas, cresce o número de 
jovens filiados a essas torcidas, atraídos pelo prazer proporcionado pela convivência 
com os membros e pela sensação de pertencer a um grupo aparentemente forte e 
coeso. 
A partir do momento em que o indivíduo está inserido num grupo, constituindo 
uma massa, surgem forças e fenômenos que configuram uma alma coletiva, que 
obedece a suas próprias leis e não pode ser descrita a partir das propriedades dos 
indivíduos que a compõem, de modo que essa massa significa um só ser e está 
submetida à lei da unidade mental das massas (Le Bon, 1996). Esse fenômeno foi muito 
bem sintetizado por Simões, que afirmou que “o indivíduo, como ser coletivo, é apenas 
um instrumento inconsciente” (1973, p.38). 
A conduta do homem inserido em uma coletividade é altamente influenciada pela 
inconsciência destacada pela impulsividade, perda da razão, incapacidade de 
julgamento, perda de espírito crítico e pelo exagero de sentimentos. Quando se está em 
grupo, o indivíduo perde seu senso pessoal de responsabilidade. 
O agrupamento de torcedores em volta de um objetivo aparentemente comum é 
ditado pela identidade e afinidade que os membros possuem entre si. Sigmund Freud 
teoriza que a libido é a condição necessária para a unidade do grupo, de modo que é 
 
imperioso existir junção de energia libidinal para que o indivíduo sinta-se mais motivado 
a confluir para essa energia do que a ela opor-se. (1993, p. 107) 
Ser um membro de uma torcida organizada conquista prestígio, respeito e 
confiança pelo uso da força, pela assiduidade e pela agressividade, à medida que 
demonstra capacidade tanto de resistir aos confrontos quanto de ocupar território nas 
ruas e nas arquibancadas. Os jovens sentem poder expressar sensações de 
pertencimento e de acolhida em um agrupamento estruturado nas mesmas bases 
estabelecidas em determinadas relações existentes no interior da própria sociedade: 
hierarquia, controle, disciplina e regras de conduta. Assim, nesse espaço, as ações 
individuais dos jovens têm ressonância e angariam o respeito de grupo, mesmo que 
transgridam a ordem social estabelecida. (Pimenta, 2004, p. 269). 
Incrivelmente, os membros das organizadas são atraídos pela banalização da 
violência e pela vulgaridade permitida da transgressão às regras estabelecidas e 
impostas pelo corpo social. E embora muitos deles sejam cumpridores de diversos 
papéis sociais importantes (são filhos, pais, trabalhadores, estudantes, formadores de 
opinião etc.), uma vez em companhia do grupo abandonam os papéis de cidadãos 
racionais, discretos e cumpridores da ordem e se transformam em agressores e 
desordeiros, “protegidos” que estão pela falsa sensação de segurança proporcionada 
pelos ideais e manifestações de força e masculinidade, pela sensação de união 
indissociável e de companheirismo dos pares, pela oportunidade de autoafirmação etc., 
sentimentos estes que a família, o trabalho, a estabilidade financeira, o lazer, o 
consumismo e outras instituições sociais não conseguem suprir. 
Todas as massas de espectadores em estádios podem ser perigosas. Na massa 
enraivecida, o indivíduo incorre numa espécie de alienação que libera seus mecanismos 
primitivos de comportamento. Desaparece toda inibição de origem cultural e 
possivelmente inclusas algumas inibições de equilíbrio instintivo. O indivíduo na massa, 
despersonalizado, anulado pela unidimensionalidade atuante, reforçado pelo contágio 
físico da ação vencida, é capaz de qualquer coisa. (Cagigal, 1976) 
Para Marcondes Filho (1986, p. 49), “as torcidas organizadas funcionam como 
válvulas de escape, aliviadores coletivos de tensão de seus membros. Ali eles 
descarregam a carga enorme de privações, controles, autocensuras, reservas, 
frustrações e autopunições que sofrem quando sozinhos ou em seus ambientes de 
convivência social (família, trabalho, escola), e que têm que aguentar”. 
 
 Outro fator favorável à manutenção da violência, o qual merece meditação mais 
acurada, refere-se acerca da função que as competições desportivas, principalmente o 
futebol, imprimem na sociedade, ao passo que visam, como escopo maior, o voraz 
sucesso financeiro. 
À medida que as práticas esportivas se estruturaram enquanto instituição 
integrada, o esporte moderno passa a obedecer todas as leis que regem o sistema 
capitalista – acumulação, concentração, circulação de capitais. A competitividade da 
empresa esportiva é, sobretudo, a busca de competitividade num mercado. É no 
mercado que se estabelece uma hierarquia entre os competidores, a qual está 
associado ao potencial de faturamento e à taxa de rentabilidade de casa empresa. 
(Proni, 2002, p. 26). 
A elitização dos clubes e torcedores integra o pensamento consumista em 
posição de destaque. Oportuno citar que, certa feita, em uma palestra a estudantes, um 
dos diretores do Clube Atlético Paranaense afirmou: “para nós não interessa o torcedor 
que junta centavos para ir a um jogo de futebol, pois este não tem condições de 
consumir no interior do estádio. Nós queremos aquele que tem condições de ir em todos 
os jogos e de consumir.” 
Essa concepção reflete a própria estrutura dos estádios, onde há lugares cativos, 
com assentos confortáveis, ar-condicionado, próprio para torcedores com maior poderio 
econômico e, de outro lado, geralmente distante, as “gerais”, setor marginalizado 
ocupado por torcedores geralmente mais humildes e desordeiros. 
Contudo, antes de o esporte e o estádio serem encarados como importantes 
fontes de renda, devem ser vistos como um momento próprio de lazer, cuja prática, 
aliás, é garantida pela Constituição e a fomentação dever do Estado. A arena desportiva 
é o local para a participação ativa dos indivíduos nos acontecimentos desportivos, o 
que, para Dunning é um fato de lazermimético, no qual pode produzir-se excitação 
agradável e que cumpre, a este respeito, uma função de destruição da rotina (Elias, 
1992, p. 323). 
Pois bem, tecidas essas considerações, de cunho preponderantemente 
sociológico/psicológico, necessário entender, então, qual o tratamento que o 
ordenamento jurídico brasileiro dispensa às torcidas organizadas. 
Pimenta (2004b) define torcida organizada como um agrupamento de pessoas 
simpatizantes de um clube de futebol, sem fins lucrativos, estruturado de forma 
relativamente burocrática, com o objetivo de incentivar o time durante os jogos e 
 
defender a integridade do grupo nos momentos de confrontos físicos ou verbais com os 
adversários. Essas pessoas, na maioria rapazes, são denominadas sócios da 
organização, e promovem eleições periódicas para eleger o quadro administrativo, 
composto por: presidente, conselheiros, líderes e diretores. Interações e reuniões 
sociais costumam acontecer na sede das agremiações. A estrutura administrativa das 
torcidas organizadas assume aspectos militaristas, contemplando estratégias de 
confronto aliadas a táticas de ataque e de defesa. A identificação desses grupos é 
percebida pela vestimenta, pela virilidade, pelos cânticos de guerra, pelas transgressões 
das regras legais, pelas coreografias, pelo sentimento de pertencimento ao grupo. 
A Lei nº 12.299, de 27 de julho de 2010, alterou dispositivos do Estatuto do 
Torcedor e apresentou expressamente o conceito de torcida organizada buscado pelo 
legislador. Assim é que, nos termos do artigo 2º-A, considera-se torcida organizada a 
pessoa jurídica de direito privado ou existente de fato, que se organize para o fim de 
torcer e apoiar entidade de prática esportiva de qualquer natureza ou modalidade. 
O dispositivo parece bastante claro na tentativa de irradiar seus efeitos sobre a 
maior área de contato possível, tanto é que se refere à pessoa jurídica de direito privado 
e também à torcida existente de fato. 
A pessoa jurídica de direito privado referida pelo legislador é a sociedade não 
empresária, ou seja, aquela cujo objeto não seja o exercício da atividade de empresa, 
voltada à exploração econômica com vista à obtenção de lucro. Dito de outro modo, é a 
sociedade simples, nos termos do artigo 982 do Código Civil. Como sociedade 
contratual, deverá ter o ato constitutivo (contrato social) registrado no cartório de registro 
civil competente, e não na Junta Comercial. 
Por outro lado, sociedade de fato é aquela não personificada, que não observou 
as formalidades legalmente previstas para criação da personalidade jurídica, 
considerando que, a teor do artigo 985 do Código Civil, a sociedade adquire 
personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da lei, dos seus 
atos constitutivos. Assim, conclui-se que é a sociedade informalmente considerada. 
Oportuno notar que, segundo Sérgio Campinho, “é o exercício da atividade e não o 
registro do seu contrato que lhe confere a qualidade, visto ser o registro declaratório e 
não constitutivo da condição de empresário. O registro se apresenta como pressuposto 
do exercício regular da atividade.” 
Portanto, para os fins da lei, o conceito de torcida organizada independe da 
existência de personalidade jurídica. 
 
Aliado ao conceito expresso, o parágrafo 2º da Lei nº 12.299/10 também exigiu 
a criação de um cadastro atualizado de todos os seus associados ou membros das 
torcidas organizadas, o qual deverá contemplar, no mínimo, as seguintes informações: 
I – nome completo; II – fotografia; III – filiação; IV – número do registro civil; V – número 
do CPF; VI – data de nascimento; VII – estado civil; VIII – profissão; IX – endereço 
completo; e X – escolaridade. 
Noutro rumo, o artigo 39-A do “novo ET” penaliza com severidade a torcida 
organizada que se envolver em conflito em evento esportivo, tanto é que determina: “a 
torcida organizada que, em evento esportivo, promover tumulto; praticar ou incitar a 
violência; ou invadir local restrito aos competidores, árbitros, fiscais, dirigentes, 
organizadores ou jornalistas será impedida, assim como seus associados ou membros, 
de comparecer a eventos esportivos pelo prazo de até 3 (três) anos. 
Outro dispositivo que cuidou das torcidas organizadas é o de nº 39-B, talvez um 
dos mais importantes da reforma. Para ele, a torcida organizada responde civilmente, 
de forma objetiva e solidária, pelos danos causados por qualquer dos seus associados 
ou membros no local do evento esportivo, em suas imediações ou no trajeto de ida e 
volta para o evento. 
Prudente esclarecer que obrigação solidária é espécie de obrigação múltipla, 
configurando-se esta pela presença de mais de um indivíduo em um ou em ambos os 
polos da relação obrigacional. Decorre da impossibilidade de se atribuir a cada agente 
a respectiva parcela de culpa que lhe é cabível na produção do dano experimentado, de 
modo que a solidariedade não tem vez em sendo identificável a parcela de 
responsabilidade de cada agente na ocorrência do prejuízo causado e sendo este 
mensurável segundo a atuação de cada um. 
Assim, se qualquer dos membros de uma determinada organizada causar danos 
a terceiros no local do evento esportivo, em suas imediações ou no trajeto de ida e volta 
para o evento, a própria organizada poderá ser responsabilizada pela reparação do 
prejuízo sofrido, independente de prova da culpa, o que fica por conta da objetivação da 
responsabilidade. Contudo, forçoso admitir que em qualquer caso haverá o direito de 
regresso, intrínseco à espécie. 
Por fim, impende destacar que se a torcida organizada, em evento esportivo, 
promover tumulto; praticar ou incitar a violência; ou invadir local restrito aos 
competidores, árbitros, fiscais, dirigentes, organizadores ou jornalistas será impedida, 
assim como seus associados ou membros, de comparecer a eventos esportivos pelo 
prazo de até 3 (três) anos. 
 
O caráter sancionatório da legislação é evidente, a qual tratou com mais 
severidade os atos de violência e desarmonia nos eventos desportivos. Merece 
destaque o fato de os comandos constantes no normativo invocado terem aplicação 
apenas no contexto do espetáculo, seja antes, durante ou depois do mesmo, inclusive 
nas imediações e na trajetória de ida e volta, afastando, obviamente, os danos e 
infrações causados por torcedores membros das torcidas organizadas alheios ao 
contexto do evento desportivo. 
Certamente, as introduções não serão de fácil aplicação pelas autoridades 
responsáveis, o que se afirma diante da falta de elementos concretos para regulamentar 
as diversas situações esparsamente previstas e da inexistência de mecanismos 
suficientes de fiscalização e punição, como, por exemplo, conferir objetividade à 
penalização dos atos delinquentes praticados “nas imediações ou no trajeto de ida e 
volta” 
A fragilidade da lei se manifesta em inúmeras outras passagens. Indaga-se: 
Quem será responsável pela fiscalização, punição e manutenção do cadastro de 
integrantes das torcidas organizadas? Quem será responsabilizado se esta obrigação 
não for cumprida? E qual a pena? Ora, será que não é demasiadamente simplório para 
a torcida excluir alguns dos seus membros ou associados deste cadastro, alterando os 
fatos e escapando da aplicação da lei? 
São, sem dúvida, apenas algumas das muitas indagações cujas respostas não 
se encontram na legislação em comento. 
 
4. CONCLUSÃO 
Conclui-se que o Estatuto do Torcedor representa um importante instrumento 
jurídico para coibir não apenas os desrespeitos entre torcedor/consumidor e entidade de 
prática desportiva, como também os atos ilícitos praticados pelos próprios espectadores 
entre si nas odiáveis demonstraçõesde violência. 
Sua aplicação não parece de fácil efetivação, principalmente porque o Poder 
Público não se encontra estruturado para atender aos anseios do legislador, o qual também 
dificulta a fiel observância da lei ao incluir expressões pouco claras, deixando ao arbítrio 
subjetivo da autoridade competente. 
Contudo, é de grande valia a intenção de regular as relações jurídicas oriundas 
do desporto, principalmente, é verdade, porque o Brasil estava prestes a ser sede da Copa 
 
do Mundo de Futebol de 2014, ocasião em que o país seria a vitrine mundial da modalidade 
esportiva e necessitaria, evidentemente, de certa intransigência com os atos de violência, 
respaldado em denso, concreto e efetivo arcabouço legislativo que dê suporte à repressão 
dos crimes praticados. 
 
 
 
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CONTEÚDO DOS LINKS 
 
Países (p. 02) 
O Brasil é marcado pela falta de segurança nos estádios, situação extremamente 
negativa para o desporto nacional, assim como também ocorre, por exemplo, na 
Inglaterra, onde verdadeiras guerras são travadas entre adversários de torcidas rivais. 
Por outro lado, Espanha eArgentina possuem maior controle sobre a violência 
dos torcedores, inclusive com legislação avançada sobre a matéria, tanto é que esta 
nação vizinha possui legislação própria apenas para regular a segurança nas arenas 
desportivas. 
 
Conceito de torcedor (p. 03) 
Para alguns doutrinadores, a concepção de torcedor é ampla e não compreende 
apenas a pessoa que adquire o direito de acesso, ou seja, aquele que compra o bilhete 
de ingresso para acompanhar in loco a apresentação. Também é considerado torcedor 
a pessoa que assiste ao espetáculo à distância, mediante transmissão televisiva, por 
exemplo. 
 
 
Obrigação de prevenção da violência nos estádios (p. 04) 
O Poder Público, até então, era o principal responsável no combate à violência. 
Contudo, essa incumbência necessitava ser quotizada com clubes, federações e 
confederações, integrando todos os que participam das relações jurídico-desportivas. A 
Lei nº 12.200 inovou e estendeu este mister também aos torcedores. 
Afinal, todos precisam se engajar mais nessa atuação, dispensando maior 
empenho no combate à violência. 
 
Decisão judicial (p. 05) 
O nome do torcedor delinquente apenas poderá ser exposto após condenado 
judicialmente com trânsito em julgado. Caso contrário, infringir-se-á o princípio da 
presunção da inocência. A divulgação dos nomes e fotos deve ser analisada com 
ponderação, até para não infringir garantias constitucionais, como a proteção à imagem 
etc. 
 
Ouvidor (p. 05) 
Atualmente, a maior parte dos clubes e federações já é dotada órgão ouvidor. A 
inclusão destes órgãos nos estádios pode ser interessante se acompanhada de 
fiscalização e controle, uma vez que raramente as queixas enviadas são solucionadas 
ou sequer respondidas. 
 
Publicar a súmula (p. 05) 
Para alguns juristas, a obrigação de publicar a súmula é inconstitucional, uma 
vez que as entidades de administração do desporto possuem autonomia de organização 
e funcionamento, nos termos do artigo 217 da Constituição Federal, o que significa que 
caberia a elas esta decisão. 
 
 
 
Entoar cânticos (p. 06) 
O ato de incitar a violência, bem como a “injúria racial” ou outras formas de 
discriminação já são tipificadas pelo Código Penal. 
Assim, a Lei nº 12.299/10 confirma que os delitos praticados pelos torcedores 
não estão excluídas de apreciação pela justiça criminal. 
Há quem defenda que o ambiente do estádio propicia os xingamentos, os “gritos 
de guerra” e que isso já é cultural, não só no nosso país. Há que se diferenciar, portanto, 
o simples xingamento de insatisfação contra um atleta ou o árbitro de uma forma de 
incitação à violência. Aquele torcedor que isoladamente ofende o árbitro não deve ser 
preso, pois a sua intenção não é a de “injuriar”, mas apenas extravasar as tensões, algo 
bastante comum nos estádios. Falta, nesse caso, o dolo específico, o que excluiria o 
crime. Agora, quando um grupo de torcedores canta em conjunto músicas de cunho 
xenófobo, racista ou incitando a violência, teremos, sim, um problema, um crime, a ser 
apurado e punido pela justiça. (Fernando Tasso. Disponível em: 
<http://blogextracampo.wordpress.com/2010/07/08/aprovado-no-senado-um-novo-
estatuto-do-torcedor/>.) 
 
Infraestrutura (p. 07) 
A novel legislação adotou critérios de segurança já previstos em outros países, 
cujos resultados da implantação foram positivos. Na Argentina, por exemplo, um dos 
países com legislação protetiva mais avançada, é obrigatória a instalação de 
mangueiras de incêndio suficientes, instalações sanitárias adequadas, presença de 
médicos e seguranças, bem como a instalação de moderno circuito de controle (circuito 
fechado de TV) e de som de longo alcance nos estádios. 
 
Sistema eletrônico (p. 08) 
Novamente a legislação segue os rumos da legislação internacional. Na 
Espanha, os sistemas de segurança utilizam tecnologia de última geração. Naquele 
país, há o monitoramento do espetáculo por sistema de vídeo, som e automação de 
todos os portões de acesso ao estádio. 
 
 
Juizados Especiais (p. 09) 
O Estado de Pernambuco foi o pioneiro na instalação de órgãos judiciários 
incumbidos de processar e julgar litígios oriundos de relações jurídico-desportivas. Lá 
existe o Juizado do Torcedor, o qual trouxe consideráveis avanços. Importante ressaltar 
que a fixação da competência deve ser bem definida para evitar discussões 
desnecessárias, como, por exemplo, os litígios ocorridos no interior do estádio e no seu 
entorno. 
 
Danos causados (p. 09) 
Mesmo antes da edição da lei, alguns entes federativos já adotavam sistema de 
identificação de torcedores integrantes de torcidas organizadas, como, por exemplo, o 
Estado de Pernambuco, com o objetivo de facilitar a responsabilização dos danos 
causados. 
A lei, contudo, foi imprecisa. Não estabeleceu nenhum requisito financeiro, 
estrutural ou estatutário para criação da personalidade jurídica das organizadas. Apenas 
exigiu que “se organize para o fim de torcer e apoiar entidade de prática esportiva de 
qualquer natureza ou modalidade”. 
Assim, indaga-se: com que patrimônio a torcida organizada vai, efetivamente, 
responder pela reparação dos danos? Sobre quais bens as pessoas lesadas poderão 
satisfazer seus direitos? 
 
Objetiva e solidária (p. 09) 
Outra questão interessante refere-se à responsabilidade objetiva e solidária. A 
previsão legal é positiva, mas dá azo a interpretações injustas. 
Será que também responderiam pelos danos causados pela folia coletiva das 
torcidas aqueles torcedores que não possuem absolutamente nenhum vínculo com o 
fato causador do prejuízo? 
Após leitura pura e simples do normativo, quem seria responsável se lesado 
fosse alguém pertencente à mesma torcida? Todos os membros objetivamente e 
solidariamente? 
 
 
Solicitar ou aceitar (p. 10) 
Trata-se do delito da corrupção passiva desportiva, criado pelo artigo 41-C, não 
se restringindo, por óbvio, o sujeito ativo, apenas ao árbitro da partida, como uma rápida 
e desatenta leitura do dispositivo pode sugerir. 
 
Dar ou prometer (p. 10) 
O artigo 41-D, por outro lado, criou o delito de corrupção ativa desportiva, 
tipificado pelas condutas de “dar ou prometer vantagem patrimonial ou não patrimonial 
com o fim de alterar ou falsear o resultado de uma competição desportiva.” 
 
Fraudar (p. 11) 
O artigo 41-E representa uma das mais importantes inovações legais. Cria o 
delito de estelionato desportivo. 
Infere-se que o tipo penal é por demais amplo, o que permitirá a punição não 
somente daquele que praticar, por qualquer meio, a fraude, como também daquele que 
contribuir, de qualquer forma, para tal prática. O objeto material consistirá, em qualquer 
hipótese, no resultado da competição desportiva. 
A manipulação de resultado é um dos piores crimes para o esporte, uma vez que 
a imprevisibilidade do resultado é a mola propulsora de qualquer modalidade, de modo 
que a fiscalização e a punição têm que ser severas. 
O jurista Fernando Tasso alerta sobre a falta de clareza da expressão “fabricação 
de resultado”. “Caso dois times precisem de um empate para se classificar, se esse 
empate vier a acontecer devido à falta de empenho dos atletas, o resultado estará 
‘fabricado’, mas não pode ser motivo de responsabilização criminal.” 
 
 
 
 
 
Preço superior (p. 11) 
O popular “cambismo” (“câmbio negro”), o qual representa verdadeiro mercado 
paralelo, cujas negociações, à margem da lei, atingem valores muito além do que o 
estabelecido pelas entidades promotoras dos eventos desportivos também foi 
criminalizado. 
 
Convivência com os membros (p. 13) 
O futebol integra fortementea cultura popular brasileira e representa um espaço 
privilegiado de construção de identidade social. Os torcedores estabelecem laços de 
solidariedade, cultivam símbolos coletivos e revivem momentos de integração social, 
como descrito a seguir: “O futebol articula em sua prática, uma forma particular de 
interação social. No momento do jogo uma realidade substituta toma lugar dos padrões 
normativos da ordem cotidiana, e o futebol torna-se um mundo à parte, com regras 
próprias e condutas específicas. A ordem social se “inverte” e um novo sistema de 
valores passa a ter validade momentânea.” (Assumpção, 1992) 
Neste momento, hierarquias sofrem mutação e o evento assume significado 
metafórico. Elementos que integram posições periféricas no mundo social, como 
pedreiros, lavadores de carro, vendedores, comerciantes etc. se miscigenam e as ações 
passam a ser comandadas por liames de camaradagem, simpatia e irmandade. A 
coluna vertebral da divisão hierárquica da vida cotidiana perde todo o sentido. 
 
Função (p. 14) 
Embora seja indissociável o lucro da exploração dos eventos desportivos, a 
função primeira do desporto é, sem dúvida, de cunho social. Equivale a dizer que todas 
as formas de discriminação, inclusive de consumo, deve ser severamente tolhidas. O 
esporte, antes mesmo de ser objeto de cobiça financeira dos poucos beneficiados, deve, 
necessariamente, ser protagonista dos momentos de lazer, cultura e desenvolvimento 
social dos muitos desafortunados que dependem dele para minimizar os desgostos de 
uma vida sofrida. Esta função é, ou pelo menos deveria ser, preponderante. 
Sobre o consumo inadvertido, a filósofa Marilena Chauí bem pondera que: 
Em primeiro lugar, separa os bens culturais por seu suposto valor de 
mercado: há obras “caras” e “raras”, destinadas aos privilegiados que 
 
podem pagar por elas, formando uma elite cultural; e há obras “baratas” 
e “comuns”, destinadas à massa. Assim, em vez de garantir o mesmo 
direito do todos à totalidade da produção cultural, a indústria cultural 
introduz a divisão social entre elite “culta” e massa “inculta”. 
Em segundo, cria a ilusão de que todos têm acesso aos mesmos bens 
culturais, cada um escolhendo livremente o que deseja, como o 
consumidor em um supermercado. No entanto, basta darmos atenção 
aos horários dos programas de radio e televisão ou ao que é vendido 
nas bancas de jornais para vermos que as empresas de divulgação 
cultural já selecionaram de antemão o que cada grupo deve ouvir, ver 
ou ler (...). 
Em terceiro lugar, inventa figuras chamadas “espectador médio” 
“ouvinte médio” e “leitor médio”, aos quais são atribuídas certas 
capacidades mentais “médias”, certos conhecimentos “médios” e 
certos gostos “médios”, oferecendo-lhes produtos culturais “médios”. O 
que significa isto? A indústria cultural vende cultura. Para vendê-la, 
deve seduzir e agradar o consumidor. Para seduzi-lo e agradá-lo, não 
pode chocá-lo, provocá-lo, fazê-lo pensar, trazer-lhe informações 
novas que perturbem, mas deve devolver-lhe, com nova aparência o 
que ele já sabe, já viu, já faz. A “média” é o senso comum cristalizado, 
que a indústria cultural devolve com cara de coisa nova. 
Em quarto lugar, define a cultura como lazer e entretenimento, diversão 
e distração, de modo que todos os que nas obras de arte e de 
pensamento significa trabalho criador e expressivo da 
sensibilidade, da imaginação, da inteligência, da reflexão e da 
crítica não tem interesse não “vende”. Massificar é assim banalizar e 
divulgar a cultura, despertando interesse por ela, a indústria cultura 
realiza a vulgarização das artes e dos conhecimentos. 
O esporte, enquanto manifestação cultural, está no núcleo das atenções da 
mídia, a qual lucra incessantemente com a venda de seus produtos, e revela-se com 
grande poder sedutor, até porque sua essência já enseja espetáculo, em especial pela 
imagem. 
É preciso bastante cautela para harmonizar o consumismo à função primeira do 
desporto. 
 
 
Sociedade não empresária (p. 15). 
Além de sociedade não empresária, a torcida organizada também pode ser 
classificada em sociedade de pessoas, aquela em que a pessoa do sócio possui 
fundamental importância, muito mais do que o capital que ele emprega, com poder de 
decisão de escolha sobre quem ingressa no quadro societário. É, ainda, sociedade 
contratual, vez que sua criação se dá mediante contrato social. 
 
 
 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 
1) Acerca da torcida organizada, assinale a alternativa correta: 
A) Para a Lei nº 12.299/10, torcida organizada é a pessoa jurídica de direito privado 
que se organiza para o fim de torcer e apoiar entidade de prática esportiva de 
qualquer natureza ou modalidade. 
B) O ato constitutivo da pessoa jurídica deverá ser registrado na Junta Comercial. 
C) A torcida organizada, além de ser registrada no órgão competente, também está 
adstrita ao princípio da transparência financeira e administrativa por ser jungida ao 
desporto, cuja ordem e manutenção foi prevista na Constituição Federal e, assim, é 
de interesse público. 
D) Enquanto a torcida organizada não estiver registrada nos órgãos competentes, 
não será considerada como tal pela legislação em vigência. 
E) Nenhuma das alternativas anteriores. 
 
2) Assinale a alternativa correta: 
A) A torcida organizada, dotada ou não de personalidade jurídica, responde objetiva 
e solidariamente pelos danos causados por qualquer um de seus membros no local 
do evento desportivo, de modo que não há direito de regresso em virtude da 
impossibilidade de se individualizar a culpa. 
B) É de responsabilidade exclusiva do Poder Público, da entidade de prática 
desportiva e da respectiva Confederação a prevenção da violência nos eventos 
desportivos. 
C) O torcedor que recusar a submissão à revista de segurança poderá ter pena de 
reclusão de no mínimo três meses em seu desfavor. 
D) Com a edição da Lei nº 12.299/10, é dever do Estado instalar órgãos do Poder 
Judiciário (Juizados Especiais) para dirimir conflitos de menor complexidade de 
natureza desportiva. 
E) Nenhuma das alternativas anteriores. 
 
 
 
3) É correto afirmar que: 
A) Várias condutas tipificadas como delito pela Lei nº 12.299/10 configuram crimes de 
perigo abstrato, o que se pode notar, v. eg., quando o torcedor “deter nas imediações 
do estádio quaisquer instrumentos que possam servir para a prática de violência.” 
B) Todos os estádios são obrigados a instalar central técnica de informações, com 
infraestrutura suficiente para viabilizar o monitoramento por imagem do público 
presente. 
 C) Ao atleta profissional que adquire ingresso para assistir a realização de espetáculo 
desportivo de equipe que não a sua, por ser profissional da área, não se aplica o 
Estatuto do Torcedor. 
 D) Fraudar, por qualquer meio, ou contribuir para que se fraude, de qualquer forma, o 
resultado de competição esportiva é conduta tipificada como crime pela Lei nº 
12.299/10, sendo que, nestes casos, a pena será aumentada de 1/3 (um terço) até a 
metade se o agente for servidor público, dirigente ou funcionário de entidade de prática 
desportiva, entidade responsável pela organização da competição, empresa contratada 
para o processo de emissão, distribuição e venda de ingressos ou torcida organizada e 
utilizar-se desta condição para a prática delituosa. 
 E) Nenhuma das alternativas anteriores. 
 
4) Sobre as assertivas abaixo, e correto afirmar: 
l) O Estatuto do Torcedor, em conjunto com o Código de Defesa do Consumidor, pode 
ser considerado um microssistema jurídico que regula condutas sociais praticadas pelos 
torcedores nas arenas desportivas e arredores.ll) A escalação dos árbitros e a relação dos nomes dos torcedores impedidos de 
comparecer ao local do evento desportivo devem ser obrigatoriamente publicados na 
internet, sendo que os torcedores vedados também deverão ser divulgados 
ostensivamente em local visível, do lado interno e externo de todas as entradas do local 
onde se realiza o evento esportivo. 
lll) A proibição de entoar cânticos discriminatórios, racistas ou xenófobos constitui 
exemplo de crime de perigo abstrato, cuja subsunção do fato à norma ficará 
perigosamente ao alvedrio do subjetivismo das autoridades, situação bastante 
preocupante ante a falta de critérios objetivos para a criminalização da conduta. 
 
lV) Nos estádios com capacidade superior a dez mil pessoas, as entidades de 
administração do desporto são obrigadas a contratar seguro de vida e acidentes 
pessoais tendo como beneficiária a equipe de arbitragem, quando exclusivamente no 
exercício dessa atividade. 
V) Enquanto o artigo 39-A do ET cuida das condutas referentes à torcida organizada 
(coletividade de torcedores), por outro lado o artigo 41-B tipificou como crime as 
condutas praticadas de modo isolado pelos torcedores. 
A) As proposições l, ll, lll e V estão corretas. 
B) As proposições l, ll, lll e lV estão corretas 
C) As proposições l, lll e lV estão corretas. 
D) As proposições l, ll, e lll estão corretas. 
E) As proposições l, lll e V estão corretas. 
 
5) Assinale a alternativa incorreta: 
A) É direito dos torcedores, além da numeração dos ingressos, ocupar o local 
correspondente ao respectivo número. 
B) Em todos os eventos, é garantido meio de transporte, ainda que oneroso, para 
condução de idosos, crianças e pessoas portadoras de deficiência física aos estádios, 
partindo de locais de fácil acesso, previamente determinados. 
C) O torcedor é considerado consumidor, bem como a entidade de prática desportiva 
organizadora do evento e a detentora do mando de jogo são consideradas fornecedores, 
para os fins legais, sendo que a responsabilidade destas é, além de objetiva, também 
solidária. 
D) O Ouvidor da Competição deverá elaborar, em setenta e duas horas, relatório 
contendo as principais propostas e sugestões encaminhadas. 
E) É dever da entidade responsável pela organização da competição contratar seguro 
de acidentes pessoais, tendo como beneficiário o torcedor portador de ingresso, válido 
a partir do momento em que ingressar no estádio; 
 
 
 
RESPOSTAS 
1 – E 
2 – E 
3 – A 
4 – E 
5 – B

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