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RESUMO - Processo Civil II - Henry Kaminski - 1º BI

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1 
Processo Civil II 
Professor Henry Levi Kaminski 
 
 
COMPETÊNCIA 
 
A jurisdição decorre do momento em que o Estado passa a deter o monopólio de 
resolução dos conflitos, do meio de acabar com a autotutela - e a insegurança que essa 
forma de resolver conflitos trazia. A justiça, a partir desse momento, passa só âmbito 
privado para o âmbito público, uma vez que salvo raras exceções, a função de resolver 
litígios cabe unicamente ao Estado - e, consequentemente aos órgãos e membros que o 
compõe e detém função jurisdicional. 
 
A função jurisdicional, então, é a de solucionar o conflito que as partes não conseguem 
resolver ou chegar a um consenso sozinhas. O litígio, quando não for o caso de renúncia 
por uma das partes, é levado ao Poder Judiciário, submetido ao conhecimento do juiz. Ou 
seja: tendo em vista que as partes não conseguem solucionar o conflito, elas se 
submetem ao juiz para obter a resolução do caso. O juiz, irá decidir da forma que quiser, 
que pode destoar daquilo que as partes realmente pretendiam. 
 
"A jurisdição é exercida em todo o território nacional. Por questão de 
conveniência, especializam-se setores da função jurisdicional. Distribuem-
se as causas pelos vários órgãos jurisdicionais, conforme suas atribuições, 
que tem seus limites definidos em lei. Limites que lhes permitem o 
exercício da jurisdição. A jurisdição é una, porquanto manifestação do 
poder estatal. Entretanto, para que seja mais bem administrada, há de ser 
exercida por diversos órgãos distintos. A competência é exatamente o 
resultado de critérios para distribuir entre vários órgãos as atribuições 
relativas ao desempenho da jurisdição. A competência jurisdicional é o 
poder de exercer a jurisdição nos limites estabelecidos por lei." (Fredie 
Didier Jr. - Curso de Direito Processual Civil, página 197-198) 
 
Sendo assim, a competência jurisdicional refere-se ao limite de exercício de um poder, 
com o intuito de facilitar a prestação jurisdicional, conferindo a cada órgão/indivíduo uma 
determinada área de atuação. Todos os juízes, por exemplo, detém jurisdição, porém, 
nem todos são competentes para conhecer e julgar determinado litígio. A jurisdição como 
função estatal é una, mas segundo Humberto Theodoro Jr, seu exercício prático exige o 
concurso de vários órgãos do Poder Público; logo, a "competência é a medida da 
jurisdição". 
 
Distribuição da competência 
 
CPC, Art. 44. Obedecidos os limites estabelecidos pela Constituição Federal, a 
competência é determinada pelas normas previstas neste Código ou em legislação 
especial, pelas normas de organização judiciária e, ainda, no que couber, pelas 
constituições dos Estados. 
 
"A definição da competência se faz por meio de normas constitucionais, de 
leis processuais e de organização judiciária. Os critérios legais levam em 
consideração a soberania nacional, a hierarquia de órgãos jurisdicionais, a 
natureza ou o valor das causas, as pessoas envolvidas no litígio. Na 
Constituição Federal encontra-se o arcabouço de toda a estrutura do Poder 
[1] Comentário: 
e.g. Direito de greve, legítima defesa, 
prisão em flagrante, etc. 
[2] Comentário: 
O objetivo visado é sempre a 
pacificação social. Não há como, na 
vida em sociedade, haver 
desassossego ou conflitos pendentes. 
[3] Comentário: 
Isso não significa que irá decidir de 
forma arbitrária. 
 
 2 
Judiciário nacional. Ali se define as atribuições do Supremo Tribunal 
Federal (Art. 102), do Superior Tribunal de Justiça (Art. 105) e da Justiça 
Federal (Arts. 108 e 109), bem como das justiças especiais (Eleitoral, 
Militar e Trabalhista) (Arts. 114, 121 e 124). A competência da justiça local, 
ou estadual, assume feição residual, ou seja, tudo o que não toca à Justiça 
Federal ou às Especiais é da competência dos órgãos judiciários dos 
Estados." (Humberto Theodoro Jr - Curso de Direito Processual Civil, 
página 281) 
 
A distribuição da competência, então, se faz por meio de normas constitucionais, 
englobando aqui tanto a Constituição Federal quanto as estaduais; legais - leis esparsas 
e, inclusive, o próprio CPC; regimentais, a exemplo das normas de organização judicial 
(distribuição interna da competência dos tribunais, feitas mediante regimentos internos); e, 
ainda, negociais, através da eleição de foro feita tipicamente no âmbito das relações 
contratuais. 
 
Segundo Canotilho, existem dois princípios relacionados à distribuição de competência - 
indisponibilidade e tipicidade - que, compõem também o princípio do juiz natural. O 
desrespeito a tais princípios implica, consequentemente, o desrespeito ao princípio do juiz 
natural. 
 
"Dai que: (1) de acordo com este último, as competências dos órgãos 
constitucionais sejam, em regra, apenas as expressamente enumeradas na 
Constituição; (2) de acordo com o primeiro, as competências 
constitucionalmente fixadas não possam ser transferidas para órgãos 
diferentes daqueles a quem a Constituição as atribui." (José Gomes 
Canotilho - Direito Constitucional e Teoria da Constituição, página 542 - 
543) 
 
Todo órgão jurisdicional é, ainda, dotado de uma competência mínima, que se refere ao 
controle da própria competência. Segundo Fredie Didier Jr., "por mais incompetente que 
seja o órgão jurisdicional, ele sempre terá competência para decidir se é ou não 
competente." Em caso de conflitos - sejam eles positivos ou negativos - de competência, 
quem decide é o órgão jurisdicional hierarquicamente superior. 
 
O Art. 64, §4º do CPC também reforça essa ideia de resquício de competência - regra da 
kompetenzkompetenz - ao dispor que "salvo decisão judicial em sentido contrário, 
conservar-se-ão os efeitos de decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra 
seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente." Mesmo sendo incompetente para 
proferir aquela decisão, seus efeitos serão conservadas caso o juízo competente não se 
manifeste em sentido contrário. 
 
Perpetuação da jurisdição 
 
"Não basta que as regras de competência sejam fixadas por normas 
jurídicas gerais; é necessário que se saiba qual, dentre os vários 
igualmente competentes, será o juízo responsável concretamente pela 
demanda ajuizada. É necessário que se determine, in concreto, qual o 
juízo que será o competente para o processamento e o julgamento da 
causa. O modo de determinar-se essa competência é disciplinado pelo Art. 
43 do CPC. 
 
[4] Comentário: 
Em seu Art. 45, por exemplo, o CPC 
trata a respeito da competência da 
Justiça Federal, que é taxativa. A 
competência estadual, por sua vez, é 
residual. 
[5] Comentário: 
Ambos pleiteam julgar determinada 
causa, alegando competência para tal. 
[6] Comentário: 
Ambos alegam que não são 
competentes para julgar determinada 
matéria. 
 
 3 
O Art. 43 do CPC prevê a perpetuatio jurisdictionis, que consiste na regra 
segundo a qual a competência, fixada pelo registro ou pela distribuição da 
petição inicial, permanecerá a mesma até a prolação da decisão." 
 
Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição 
inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas 
posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência 
absoluta. 
 
Ou seja, a fixação da competência ocorre no exato momento em que a petição inicial é 
registrada ou distribuída; a demanda proposta num determinado foro tramitará até o fim 
naquele foro, independentemente das mudanças de fato ou de direito. Uma vez 
estabelecido o juízo competente, em regra, não há de se falar em mudança. Isso se deve 
a uma necessidade de se ter estabilidade no processo. Contudo, há duas exceções a 
essa regra: 
 
• Supressão do órgão judiciário: quando ocorre a extinção de uma vara ou de uma 
comarca. Quando uma vara é extinta, logicamente, processosque nela tramitavam 
serão movidos; 
• Alteração superveniente da competência absoluta: quando ocorre alteração 
superveniente da competência em razão de matéria, da função ou em razão da pessoa. 
Um exemplo disso decorre da emenda constitucional nº45 de 2004, que alterou as 
regras constitucionais de competência da Justiça do Trabalho. Até 2004, as causas de 
acidente ou doença de trabalho eram de competência da Justiça estadual, passando a 
ser da Justiça do Trabalho após a emenda. Vale observar que as sentenças proferidas 
antes da alteração da competência absoluta não serão redestribuidas. Contudo, os 
recursos pendentes contra decisão proferida por juiz estadual, no caso do exemplo, 
serão apreciados pelo Tribunal de Justiça. 
 
Mesmo sendo essas as únicas hipóteses previstas em lei para quebra da perpetuatio 
jurisdictionis, o entendimento sedimentado do STJ nos processos que envolvem incapaz 
ou menor foge à regra do Art. 43. Mediante jurisprudência, em ação envolvendo menor - e 
não havendo identificação de objetivos escusos por qualquer uma das partes - a mera 
alteração de domicílio do responsável pelo menor altera o juízo competente, dando 
preferência ao melhor interesse da criança em detrimento da perpetuação da jurisdição, 
visando facilitar seu pleno acesso à justiça. 
 
 
Classificação da competência 
 
• Originária e derivada 
Competência originária é aquela atribuída ao órgão jurisdicional para conhecer da causa 
em primeiro lugar; pode ser atribuída tanto ao juízo singular, em primeiro lugar - o que é 
regra - como ao tribunal, excepcionalmente. A maioria das ações, então, será proposta no 
juízo singular, de primeiro grau, que irá proferir uma sentença monocrática. 
Excepcionalmente, a competência originária também pode ser do segundo grau, ou seja, 
de tribunal, a exemplo de MS contra ato judicial. 
 
A competência derivada, por seja vez, é atribuída ao órgão jurisdicional destinado a rever 
a decisão já proferida, ou seja, normalmente se atribui ao tribunal, que irá analisar a 
causa em segundo lugar, depois de já ter sido conhecida pelo juízo de competência 
[7] Comentário: 
"Se houver mais de uma vara, a 
peticao inicial há de ser distribuída; 
caso contrário, o seu registro é o fato 
que fixa a competência. 
[8] Comentário: 
Mudança de estado/cidade. 
[9] Comentário: 
Caso do inventário, que passou a ser 
de competência de famílias e 
sucessões (anteriormente cível) 
[10] Comentário: 
Se já houve sentença, não há quebra 
da perpetuação da sentença. 
[11] Comentário: 
2ª S., CC n. 114.782/RS, rel. ministra 
Nandy Andrighi, j. em 12/12/2012. 
 
 4 
originária. Contudo, há exceções em que o próprio magistrado de primeira instância 
possui competência recursal. 
 
• "Competência" internacional 
 
"A primeira observação que se faz é a de que, na verdade, aqui se está 
diante de um problema de jurisdição e não de competência, como diz a lei. 
Isto porque, (...) as regras de competência são aquelas segundo as quais 
há uma espécie de "divisão do trabalho" ente os órgãos de um mesmo 
poder judiciário. Todos têm jurisdição: o que as normas de competência 
fazem é determinar em que momento é sob quais circunstâncias devem 
exercê-la. (...) 
 
Cada Estado, no contexto internacional, é detentor de soberania, razão 
pela qual a jurisdição, como expressão do poder dela decorrente, encontra 
natural barreira nas jurisdições dos demais Estados. Em razão disso, há 
regras que disciplinam a necessidade de convivência da jurisdição, ou seja, 
da atividade jurisdicional de um Estado diante de atividade de mesma 
índole nos demais Estados." (Luiz Rodrigues Wambier e Eduardo Talamini 
- Curso avançado de Processo Civil, página 144) 
 
• Competência exclusiva 
A competência exclusiva menciona as ações em que o Poder Judiciário brasileiro é o 
único "competente" para conhecer e julgar, com exclusão de qualquer outra autoridade 
judiciária, conforme disposto pelo Art. 23 do CPC. Sendo assim, se houver sentenças 
proferidas acerca dessas matérias por juiz estrangeiro, está não será reconhecida. 
 
"O Art. 23 do CPC especifica quais são as causas em que a competência 
dos tribunais brasileiros é exclusiva. Sentença estrangeira proferida em tais 
casos não produz qualquer efeito no território brasileiro; será ato sem 
qualquer importância. Não há como homologá-la no Brasil." (Fredie Didier 
Jr. - Curso de Direito Processual Civil, página 197-198) 
 
 Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: 
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; 
II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular 
e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja 
de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; 
III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de 
bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha 
domicílio fora do território nacional. 
 
• Competência concorrente 
Nos Arts. 21 e 22, o CPC trata das hipóteses em que a Justiça brasileira é competente 
para julgar uma demanda, sem excluir a possibilidade da referida causa ser julgada pela 
justiça estrangeira. Sendo assim, dispõe sobre casos em que não houve a exclusão do 
juiz estrangeiro. 
 
"O Art. 21 do CPC especifica as causas em que a competência 
internacional é concorrente: podem essas causas também ser julgadas por 
tribuna estrangeiros. A sentença proferida no estrangeiro será eficaz no 
[12] Comentário: 
O texto é amplo mas não se restringe 
somente as ações reais, mas, também, 
as obrigacionais fundadas em direito 
real, como a locação. 
[13] Comentário: 
Mesmo que o falecido seja estrangeiro 
e/ou tenha residido fora do país, o 
inventário e a partilha de bens imóveis 
situados no território brasileiro é de 
competência do Poder Judiciário 
brasileiro, independentemente se for 
feito via autoridade judicial ou 
extrajudicial. 
 
 5 
território brasileiro, desde que homologado pelo STJ, de acordo com vários 
critérios, tais como: não ofenda a soberania brasileira, tenha sido exarada 
por autoridade competente, seja eficaz no país em que foi proferida, etc." 
(Fredie Didier Jr. - Curso de Direito Processual Civil, página 213) 
 
Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que: 
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; 
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; 
III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. 
Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a 
pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal. 
 
Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações: 
I - de alimentos, quando: 
a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; 
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, 
recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos; 
II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou 
residência no Brasil; 
III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional. 
 
"Nessas hipóteses, o Código determina que não há litispendência. Isto quer 
dizer que o fato de certa ação estar em curso em país estrangeiro, nos 
casos de que acima se falou, não impede que a mesma ação seja 
intentada perante autoridade judiciária brasileira, tendo a validade a 
sentença que transitar em julgado em primeiro lugar." (Luiz Rodrigues 
Wambier e Eduardo Talamini - Curso avançado de Processo Civil, página 
145-146) 
 
Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induzlitispendência e não obsta 
a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são 
conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos 
bilaterais em vigor no Brasil. 
 
Parágrafo único. A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a 
homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no 
Brasil. 
 
"Para dar ênfase a supremacia da jurisdição nacional em face da 
estrangeira, o Art. 24 do CPC prevê que a ação intentada perante tribunal 
estrangeiro não induz litispendência no Brasil , e não obsta que a que a 
autoridade judiciária conheça da mesma causa e da que lhe são conexas, 
ressalvadas disposições em contrário de tratados internacionais e acordos 
bilaterais em vigor no Brasil. (...) 
 
Duas são as justificativas: a) sendo concorrente a competência, é natural 
que a lei interna prefira o julgamento por nossos tribunais; b) a verificação 
da litispendência haveria de ser feita pelo juiz de primeira instância, tendo 
ele que examinar se a sentença proferida no estrangeiro possui certo 
requisitos de admissibilidade para eventual homologação. Sucede que a 
competência para isso é do STJ. Assim, teria de fazer um exame provisório 
[14] Comentário: 
No NCPC, eliminou-se a discussão que 
existia sobre a competência 
concorrente quando se tratam de 
demandas que discutem defeitos e 
ilícitos decorrentes das relações 
consumeristas envolvendo corporações 
multinacionais. 
[15] Comentário: 
Inovação em termos de competência 
internacional: segundo esse dispositivo, 
qualquer pessoa ao redor do mundo 
poderia, em tese, escolher a jurisdição 
brasileira para processar e julgar uma 
demanda que não possui relação com 
o Brasil. 
[16] Comentário: 
Estado de um litígio conduzido 
simultaneamente perante dois tribunais 
do mesmo grau, um e outro igualmente 
competentes para julga-lo, o que leva a 
providenciar que o processo seja 
retirado de um em favor de outro. 
 
 6 
e precário de uma matéria que não lhe compete." (Fredie Didier Jr. - Curso 
de Direito Processual Civil, página 214) 
 
 
 
• Competência absoluta e relativa 
A competência absoluta é aquela que não pode sofrer modificação por vontade das partes 
nem por conexão ou continência, uma vez que se trata de uma regra de competência 
criada para atender a interesse público. A incompetência absoluta pode ser alegada a 
qualquer tempo, por qualquer das partes, podendo ser reconhecida ex officio pelo órgão 
julgador. Pode, inclusive, ser alegada como preliminar de contestação pelo réu. Trata-se 
de um defeito processual grave, uma vez que a decisão transitada em julgado ainda 
poderá ser desconstituída por ação rescisória em até dois anos. 
 
A competência relativa, por sua vez, pode ser derrogada pelas partes, uma vez que ela 
existe principalmente para atender a interesse particular. Ela somente pode ser arguida 
pelo réu, em contestação, sob pena de preclusão e prorrogação da competência do juízo, 
não podendo o magistrado reconhecer de ofício. Além disso, pode ser modificado por 
conexão ou continência. 
 
"(...) uma vez infringidas as regras de competência absoluta, está-se diante 
de um vicio insanável, consistente, segundo alguns, numa nulidade 
absoluta, a respeito da qual não se opera a preclusão, nem para as partes, 
nem para o juiz, devendo este, de ofício, decretar esse vicio. Interessante 
ressaltar ser de tamanha gravidade o vicio consistente na incompetência 
absoluta que, mesmo depois de se ter formado a coisa julgada, a sentença 
continua passível de ser impugnada, dentro de dois anos, a partir do 
trânsito em julgado, por meio de ação rescisória. 
 
Já quando se trata de competência relativa, determinada por outros 
critérios, uma vez infringida a regra, esta-se diante de nulidade meramente 
relativa, que não pode ser reconhecida de ofício, que se sujeita à 
preclusão, pois não sendo esse vicio arguido pelas partes, no prazo 
previsto em lei, e através de um veículo específico por estas apontado, o 
vicio se sana (ou seja, ocorre a prorrogação da competência)." (Luiz 
Rodrigues Wambier e Eduardo Talamini - Curso avançado de Processo 
Civil, página 147) 
 
 
Critérios de competência 
 
Os critérios relativos ao território e ao valor da causa ligam-se a competência relativa, 
como regra geral; os critérios relativos a matéria, função ou pessoa são tomadas em 
conta, pelo legislador, para estabelecer regras de competência absoluta. 
 
Art. 62. A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função é 
inderrogável por convenção das partes. 
 
Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, 
elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações. 
 
- Critério territorial 
[17] Comentário: 
As partes podem modificar 
voluntariamente a regra de 
competência relativa, quer pelo foro de 
eleição, quer pela não alegação da 
incompetência relativa. 
[18] Comentário: 
Impedimento de se usar determinada 
faculdade processual civil, seja pela 
não utilização dela na ordem legal, seja 
por ter-se realizado uma atividade que 
lhe é incompatível, seja por ela já ter 
sido exercida. 
[19] Comentário: 
A regra da prorrogação da competência 
é de que o juízo competente é definido 
no momento do registro ou da 
distribuição da inicial. Se não houver 
declaração de incompetência pelo réu 
na contestação, o processo tramitará 
no foro onde foi proposto, mantendo a 
perpetuação da competência e 
tornando o juiz incompetente como 
competente. 
 
 7 
Verifica-se o domicílio das partes e a localização do bem litigioso. Sendo assim, a 
competência territorial é a regra que distribui a competência em razão do lugar. Existem 
uma série de regras no CPC que estabelecem qual é o foro competente para propor a 
demanda, porém, em regra, trata-se de competência relativa, derrogável pelas partes. 
 
Exemplo: Art. 46, que determina que a ação fundada em direito pessoal ou em direito real 
sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu; e Art. 47, que 
dispõe que para as ações fundadas em dirigir real sobre imóveis é competente o foto de 
situação da coisa. Contudo, há exceções, como a ação de alimentos, que deverá ser 
proposta no foro do domicílio ou da residência do alimentando (Art. 53, II) ou o parágrafo 
segundo do Art. 47, no qual "a ação possessória imobiliária será proposta no foro de 
situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta". 
 
- Critério material 
Verifica-se qual a matéria objeto da lide e, dependendo da relação jurídica que envolve o 
conflito, a demanda vai tramitar em uma vara especializada. A competência material é 
absoluta, podendo ser alegada incompetência a qualquer tempo - ou seja, não se 
sujeitando a preclusão - pelas partes ou pelo juiz. Este critério de competência tem 
previsão constitucional, quando a Constituição estabelece as justiças especializadas, por 
exemplo. Além disso, é estabelecido também pela organização judiciária local, que cria 
em 1º grau varas especializadas (vara de família, vara do menor e do adolescente, etc) 
para garantir a máxima eficiência da prestação jurisdicional. Exemplo: uma ação de 
separação litigiosa deve ser distribuída para uma vara de família, quando houver essa 
vara especializada no foro. 
 
- Critério do valor da causa 
Verifica-se o valor pecuniário atribuído a causa, normalmente regulado por lei local. O 
maior exemplo prático desse critério são os Juizados especiais, órgãos do Poder 
Judiciário que permitem que os cidadãos busquem soluções para determinados conflitos 
cotidianos de forma rápida, eficiente e gratuita. As leis que criam e regulamentam os 
Juizados estabelecem os limites do valor da causa: Juizado Estadual, Lei 9.099/95, Art. 
3º, I: limite de40 salários mínimos (competência relativa); Juizado Federal, Lei 10.259/01, 
Art. 3: limite de 60 salários mínimos (competência absoluta); Juizado Estado/Fazenda 
Pública, Lei 12.153/09 - Art. 2º - 60 salários mínimos (competência absoluta). 
 
Outro exemplo é o Estatuto do idoso (Lei 10.741/2003): Art. 80. As ações previstas neste 
Capítulo serão propostas no foro do domicílio do idoso, cujo juízo terá competência 
absoluta para processar a causa, ressalvadas as competências da Justiça Federal e a 
competência originária dos Tribunais Superiores. 
 
- Critério em virtude da pessoa/função 
A fixação da competência, de acordo com esse critério, leva em conta as partes 
envolvidas na ação - à exemplo das ações que envolvem a União, autarquias, fundações 
públicas, etc, que tramitam na Justiça Federal. Ou seja, em razão da pessoa (parte), a 
ação tramitará em determinada competência, sendo esta, em regra, absoluta, não 
podendo ser derrogada pelas partes. Outro exemplo, é a prerrogativa de função, 
imunidade parlamentar que concede "foro privilegiado" a parlamentares. 
 
 
- Critério funcional 
A competência funcional é determinada pela função que o órgão jurisdicional deve 
exercer no processo, uma vez que, na tramitação do processo, pode haver a atuação 
[20] Comentário: 
Geralmente acontecem em grandes 
capitais, que precisam especializar as 
varas para garantir a melhor prestação 
jurisdicional. Exemplo: cidades 
menores possuem somente uma vara 
cível, enquanto que nas cidades 
grandes, cria-se uma vara 
especializada para tratar assuntos de 
Direito de Família. 
[21] Comentário: 
Pode optar, derrogar. 
[22] Comentário: 
 
 
Não é possível derrogar, ou seja, se o 
valor ficar dentro dos 60 salários 
mínimos vai tramitar no juizado federal. 
 
 8 
jurisdicional de vários órgãos. A competência funcional é absoluta (sempre) e diz respeito 
a função que cada órgão deve exercer no mesmo processo. 
 
"A competência funcional que se fixa em razão do objeto do juízo se dá nas 
hipóteses em que devam atuar, no mesmo processo, diferentes órgãos 
jurisdicionais, cada qual com competência para decidir parcela do conjunto 
de questões que tenham sido suscitadas no processo. Exemplo disso está 
no incidente de uniformização de jurisprudência. Será competente para o 
julgamento da lide o órgão fracionário para o qual tenha sido distribuído o 
recurso (por ex.), mas será competente para o julgamento da 
uniformização o Pleno do tribunal o seu Órgão Especial." (Luiz Rodrigues 
Wambier e Eduardo Talamini - Curso avançado de Processo Civil, página 
150) 
 
Verifica-se em dois planos: 
• Vertical: diz respeito aos diferentes graus de jurisdição, sendo evidente nos casos dos 
recursos 
• Horizontal: diz respeito a atuação dos diferentes órgãos no mesmo plano de jurisdição, 
como por exemplo, a oitiva de testemunha que reside fora da comarca perante a qual 
tramita o processo - cujo pedido é realizado ao juiz da localidade por carta precatória. 
 
 
Transferência de juízo 
 
O advento do novo CPC buscou sanar muitas dúvidas que eram objeto de discussão e 
divergência entre doutrina e jurisprudência a respeito do antigo Código, sendo uma delas 
o problema da incompetência quando o processo está em trânsito. Elucidou-se no novo 
Código, portanto, em seu Art. 64, §4º, o sistema da translatio iudicii que, em tradução 
literal do latim, significa "transferência de juízo" e consiste na conservação dos atos e 
efeitos processuais de juízo competente até que seja proferida outra decisão pelo juízo 
competente. 
 
"De acordo com o artigo 113, parágrafo 2º do Código de Processo Civil de 
1973, reconhecida a incompetência absoluta, os atos decisórios serão 
nulos. À luz do dispositivo, tem-se decidido que “a declaração de nulidade 
tem efeitos ex tunc”, e que o reconhecimento da incompetência conduz à 
“anulação de todos os atos decisórios proferidos nos autos, tais como a 
sentença, a decisão de saneamento e outros que julguem questões 
processuais relevantes”. (Incompetência do juízo não deve anular todo o 
processo - Artigo publicado no Conjur em 24/03/2014) 
 
Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de 
contestação. 
§ 1º A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição 
e deve ser declarada de ofício. 
§ 2º Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imediatamente a alegação de 
incompetência. 
§ 3º Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao juízo 
competente. 
§ 4º Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão 
proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo 
competente. 
[23] Comentário: 
Refere-se à distribuição das 
competências pelos órgãos do Poder 
Judiciário. 
[24] Comentário: 
Um processo, por exemplo, que inicia a 
tramitação e possui sentença no 
primeiro grau de jurisdição (juiz de 
direito), será novamente apreciado no 
segundo grau (Tribunal Estadual). São 
dois graus de jurisdição apreciando o 
mesmo processo. 
 
[25] Comentário: 
Dependerá de uma análise. 
 
 9 
 
Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz 
litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor. 
 
 
Modificações da competência 
 
"Dar-se-á a modificação ou prorrogação de competência quando se amplia 
a esfera de competência de um órgão judiciário para conhecer certas 
causas que não estariam, ordinariamente, compreendidas em suas 
atribuições jurisdicionais. Só há modificação da competência relativa. Há 
casos de modificação legal (conexão e continência) e voluntária (foro de 
eleição e não alegação de incompetência relativa) da competência). 
(Fredie Didier Jr. - Curso de Direito Processual Civil, página 226) 
 
 
A conexão ou continência pode ser suscitava pelas partes ou também pelo juiz. 
 
• Conexão 
Trata-se de instituto que reúne ações semelhantes em um único juízo apenas para levar a 
efeito o princípio da economia processual, além evitar decisões contraditórias e que 
eventualmente possam vir a gerar uma insegurança jurídica - principalmente em assuntos 
sensíveis, que geram grande discrepância de entendimento. O legislador visou, portanto, 
eficiência processual. 
 
"Conexão é uma relação de semelhança entre demandas, que é 
considerada pelo direito positivo como apta para a produção de 
determinados efeitos processuais. A conexão pressupõe demandas 
distintas, mas que mantém entre si algum nível de vínculo. (...) 
 
A conexão é fato jurídico processual que normalmente produz o efeito 
jurídico de determinar a modificação da competência relativa, de modo a 
que um único juízo tenha competência para processar e julgar todas as 
causas conexas. (...) 
 
A reunião das causas em um mesmo juízo é o efeito jurídico mais 
tradicional da conexão. O Art. 55, § 1º, determina que as causas conexas 
serão reunidas para decisão conjunta. Assim, se houver conexão, e for 
possível a reunião dos processos, o juiz deve reuni-los, pois se trata de 
regra processual cogente. A conexão é fato que atribui ao órgão 
jurisdicional uma competência absoluta, por isso ele pode conhecer de 
ofício desta alteração de competência." (Fredie Didier Jr. - Curso de Direito 
Processual Civil, página 231) 
 
 
Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou 
a causa de pedir. 
 
A conexão ocorre, portanto, quando há semelhança entre as ações, com base no pedido 
ou na causa de pedir destas. Porém, o § 3º do Art. 55 traz uma outra hipótese de 
conexão, mais aberta, que permite a mudança de competência a fim de evitar sentenças 
contraditórias - mesmo não havendo conexão entre elas. 
[26] Comentário: 
A competência relativa pode seralterada pela vontade das partes, que 
elegerão onde serão propostas as 
ações oriundas de direitos e 
obrigações. Hipótese de alteração de 
competência territorial, por exemplo. 
[27] Comentário: 
Quando o réu não alega a 
incompetência relativa na preliminar de 
contestação. Havendo silêncio - e, não 
podendo o juiz agir de ofício - o juízo 
incompetente passa a ser competente. 
[28] Comentário: 
Quando causas conexas tramitarem 
em juízos com competências materiais 
distintas, por exemplo, estas não 
podem ser reunidas, por se tratar de 
competência absoluta. Nesse caso, a 
conexão fará com que uma das causas 
fique suspensa, à espera da decisão da 
outra, para evitar decisões 
contraditórias. 
[29] Comentário: 
Analisa o pedido no geral, não 
minuciosamente. 
[30] Comentário: 
Teoria da substanciação: a causa de 
pedir é composta por fatos + 
fundamentos jurídicos. 
 
 10 
 
"A conexão, neste caso, decorrerá do vínculo que se estabelece entre as 
relações jurídicas litigiosas. Haverá conexão se a mesma relação jurídica 
estiver sendo analisada em ambos os processos, ou se diversas relações 
jurídicas, mas entre elas houver um vínculo de prejudicialidade ou 
preliminaridade. 
 
Vejamos dois exemplos, um de cada caso: i) mesma relação jurídica, 
discutida em dois processos distintos: ação de despejo por falta de 
pagamento e ação de consignação de pagamento dos mencionados 
alugueres (discute-se a mesma relação jurídica locatícia); ii) diversas 
relações jurídica, que no entanto estão ligadas: investigação de 
paternidade e alimentos (relação jurídica de filiação e relação jurídica de 
alimentos, embora distintas, umbilicalmente ligadas)". (Fredie Didier Jr. - 
Curso de Direito Processual Civil, página 233) 
 
 
• Continência 
Trata-se de outra hipótese de mudança de competência, porém, quando houver 
identidade dar as partes e da causa de pedir, além do o pedido de uma ser mais 
abrangente que o da outra. 
 
Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade 
quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange 
o das demais. 
 
"Não se deve confundir continência com litispendência: na continência o 
pedido de uma demanda abrangente abrange (contém) o pedido da outra. 
Pedido aqui não é o conjunto dos pedidos formulados em uma petição 
inicial, mas cada um dos pedidos efetivamente deduzidos. Se em uma 
demanda há três pedidos e na outra há dois pedidos, não há continência 
porque a primeira "conteria" a segunda. (...) Há duas situações possíveis: a 
ação maior (continente) é anterior à ação menor (contida); a ação maior é 
posterior à ação menor." (Fredie Didier Jr. - Curso de Direito Processual 
Civil, página 234) 
 
Art. 57. Quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta 
anteriormente, no processo relativo à ação contida será proferida sentença sem resolução 
de mérito, caso contrário, as ações serão necessariamente reunidas. 
 
Sendo assim, para que ocorra a continência, a ação mais antiga - ou seja, a que foi 
proposta primeiro - tem que ser a menos abrangente, uma vez que o inverso caracterizará 
litispendência. 
 
 
Conflito de competência 
 
O conflito de competência ocorre quando dois ou mais juízes declaram-se competentes 
para aquela causa - conflito positivo - ou quando dois ou mais juízes declaram-se 
incompetentes para apreciar aquela causa - conflito negativo. Quem deve suscitar o 
conflito, mediante ofício, é, primeiramente, o juiz. Se o juiz não o fizer, fica a cargo das 
partes (tanto o autor quanto o réu) ou do Ministério Público, via petição. 
[31] Comentário: 
Exemplo de ação de anulação de 
cláusula e de anulação do contrato 
inteiro. O pedido de anulação da 
cláusula está contido no pedido de 
anulação do contrato inteiro 
(continente). A caracterização de 
litispendência ou de continência 
dependerá do momento em que cada 
uma delas foi proposta. 
[32] Comentário: 
Pode suscitar como parte ou como 
custos legis. 
 
 11 
 
 
Art. 66. Há conflito de competência quando: 
I - 2 (dois) ou mais juízes se declaram competentes; 
II - 2 (dois) ou mais juízes se consideram incompetentes, atribuindo um ao outro a 
competência; 
III - entre 2 (dois) ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião ou separação de 
processos. 
Parágrafo único. O juiz que não acolher a competência declinada deverá suscitar o 
conflito, salvo se a atribuir a outro juízo. 
 
Art. 953. O conflito será suscitado ao tribunal: 
I - pelo juiz, por ofício; 
II - pela parte e pelo Ministério Público, por petição. 
Parágrafo único. O ofício e a petição serão instruídos com os documentos necessários à 
prova do conflito. 
 
Quem decide o conflito de competência é o tribunal hierarquicamente superior. O relator 
receberá uma comunicação de que há um conflito e, então, vai decidir para qual dos 
juízes cabe a competência de julgar. Além disso, ele ficará responsável pelos atos que 
serão praticados. 
 
"Após a distribuição da petição ou do ofício, o relator, no tribunal, 
determinará a oitiva dos juízes em conflito ou, se um deles for suscitante, 
apenas do suscitado; no prazo designado pelo relator, incumbirá ao juiz ou 
juízes prestar as informações (Art. 954, CPC) 
 
O relator poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, 
determinar, quando o conflito for positivo, seja sobrestado o processo; 
nesse caso, bem como no de conflito negativo, designará um dos juízes 
para resolver, em caráter provisório, as medidas urgentes (Art. 955, CPC) 
(...) 
 
Ao decidir o conflito, o tribunal declarará qual o juízo competente, 
pronunciando-se também sobre a validade dos atos do juízo incompetente. 
Os autos do processo em que se manifestou o conflito serão remetidos ao 
juiz declarado competente." (Fredie Didier Jr. - Curso de Direito Processual 
Civil, página 243) 
 
 
 
Conflito de competência entre o judiciário e a arbitragem 
O órgão responsável por dirimir os conflitos de competência existentes entre Judiciário e 
arbitragem é o STJ, de acordo com o disposto no Art. 105, I, d da Constituição Federal. 
 
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: 
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 
102, I, "o", bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados 
a tribunais diversos; 
 
 
 
[33] Comentário: 
Conflito positivo. 
 
[34] Comentário: 
Conflito negativo. 
[35] Comentário: 
Art. 102. Compete ao Supremo 
Tribunal Federal, precipuamente, a 
guarda da Constituição, cabendo-lhe: 
o) os conflitos de competência entre o 
Superior Tribunal de Justiça e 
quaisquer tribunais, entre Tribunais 
Superiores, ou entre estes e qualquer 
outro tribunal; 
 
 12 
 
Cooperação jurisdicional internacional 
Em decorrência da crescente internacionalização da economia, muitas são as demandas 
que surgem no Judiciário envolvendo interesses transnacionais. Sendo assim, torna-se 
comum, no cenário hodierno, que decisões ou sentenças precisem ser cumpridas em 
outro país. Para que isso aconteça, têm-se a cooperação jurídica internacional, que figura 
como uma maneira de contribuir para as informações e prática de atos voltados à solução 
de controvérsias que ultrapassem as fronteiras de determinado Estado. 
 
Dessa forma, a cooperação jurisdicional decorre do princípio da soberania do território - 
segundo o qual a autoridade de um juiz não pode extrapolar os limites territoriais do seu 
próprio país - e depende necessariamente da cooperação mútua internacional, que se dá 
via tratado ou reciprocidade. 
 
Há duas modalidades de cooperação internacional: ou ela se dá por auxílio direto ou por 
carta rogatória. Independentemente da forma escolhida, têm-se a figura da autoridade 
central. Todosos países, em regra, terão uma autoridade central. 
 
"No Brasil, a cooperação jurídica internacional adota modelo padronizado 
internacionalmente, por meio do qual cada Estado-Parte possui uma 
“autoridade central” que será responsável pelo trâmite burocrático dos 
pedidos de assistência em face de outro Estado-Parte (cooperação ativa e 
passiva). Ou seja, exige-se a intermediação de duas autoridades centrais, 
não havendo, portanto, a comunicação direta entre o juiz brasileiro e a 
autoridade estrangeira." ("Cooperação internacional: auxílio direto e cartas 
rogatórias" - Artigo publicado no Migalhas, em 07/03/2016) 
 
Art. 26. A cooperação jurídica internacional será regida por tratado de que o Brasil faz 
parte e observará: 
I - o respeito às garantias do devido processo legal no Estado requerente; 
II - a igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros, residentes ou não no Brasil, 
em relação ao acesso à justiça e à tramitação dos processos, assegurando-se assistência 
judiciária aos necessitados; 
III - a publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo previstas na legislação 
brasileira ou na do Estado requerente; 
IV - a existência de autoridade central para recepção e transmissão dos pedidos de 
cooperação; 
V - a espontaneidade na transmissão de informações a autoridades estrangeiras. 
 
• Auxílio direto 
Art. 28. Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer diretamente de decisão de 
autoridade jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de delibação no Brasil. 
 
"O auxílio direto pode ser definido como a cooperação realizada entre 
Autoridades Centrais dos Estados-parte de convenções internacionais que 
preveem esse mecanismo de assistência mútua, ou, ainda, de acordos ou 
tratados bilaterais que tratam especificamente do tema. 
 
Mas o auxílio direto não se particulariza somente pelo fato de que o seu 
processamento é gerenciado pelas autoridades centrais. O que o 
singulariza, na realidade, é o fato de que o Estado estrangeiro não se 
apresenta na condição de juiz, mas de administrador, porquanto não 
[36] Comentário: 
Exemplo do Art.12 da CF, que trata 
sobre nacionalidade e facilita a 
naturalização destes em comparação 
com a dos nacionais de outros países. 
Na Constituição portuguesa, contudo, 
não há previsão semelhante com 
relação aos brasileiros, não havendo, 
portanto, reciprocidade. 
[37] Comentário: 
No Brasil, é o Ministério da Justiça, 
através do Departamento de 
recuperação de ativos e cooperação 
jurídica internacional. 
[38] Comentário: 
Análise prévia da legalidade do ato. 
 
 13 
encaminha um pedido judicial de assistência, mas sim uma solicitação para 
que a autoridade judicial do outro Estado tome as providências e as 
medidas requeridas no âmbito nacional." (Novo CPC regulou normas de 
cooperação internacional de forma sistemática - Artigo publicado no Conjur 
em 17/11/2015) 
 
A cooperação ativa acontece quando há solicitação pelo Brasil para que o ato seja 
cumprido no estrangeiro. 33 
Passiva: solicitado pelo estado estrangeiro para que seja cumprido no Brasil. 
 
• Carta rogatória 
A carta rogatória é uma forma de comunicação entre o judiciário de países diferentes, 
com o objetivo de obter colaboração para prática de atos processuais. Trata-se de um 
instrumento jurídico de cooperação processual entre países, em casos em que o processo 
está tramitando em um país e o ato processual tem que ser cumprido em outro. Portanto, 
tem por objetivo a realização de atos e diligências processuais no exterior. 
 
Por meio da carta rogatória, a autoridade judicial solicita ao estado requerido que execute 
ato jurisdicional já proferido, de modo que não cabe aquele outro Estado exercer qualquer 
cognição de mérito sobre a questão processual. 
 
Art. 36. O procedimento da carta rogatória perante o Superior Tribunal de Justiça é de 
jurisdição contenciosa e deve assegurar às partes as garantias do devido processo legal. 
 
A homologação de sentenças estrangeiras no país, por fim, compete ao STJ, de acordo 
com Art. 105, I, i, da Constituição. 
 
 
Cooperação jurisdicional nacional 
Da mesma forma que ocorre a cooperação internacional, um juiz pode solicitar 
cooperação para outro juiz que se encontra dentro do próprio Poder Judiciário brasileiro, 
tendo em mente a eficiência processual. Há possibilidade, também, da arbitragem se 
beneficiar do Poder Judiciário, solicitando a cooperação deste para sua execução. 
 
Art. 67. Aos órgãos do Poder Judiciário, estadual ou federal, especializado ou comum, em 
todas as instâncias e graus de jurisdição, inclusive aos tribunais superiores, incumbe o 
dever de recíproca cooperação, por meio de seus magistrados e servidores. 
 
O juiz cooperante, então, é a figura central responsável por atender e receber os pedidos 
de cooperação, atuando de forma que a comunicação entre todos os juízos seja a melhor 
possível, diminuindo a burocracia e, consequentemente, agilizando a prestação 
jurisdicional. 
 
Art. 68. Os juízos poderão formular entre si pedido de cooperação para prática de 
qualquer ato processual. 
 
Art. 69. O pedido de cooperação jurisdicional deve ser prontamente atendido, prescinde 
de forma específica e pode ser executado como: 
I - auxílio direto; 
II - reunião ou apensamento de processos; 
III - prestação de informações; 
IV - atos concertados entre os juízes cooperantes. 
 
 14 
§ 1o As cartas de ordem, precatória e arbitral seguirão o regime previsto neste Código. 
§ 3o O pedido de cooperação judiciária pode ser realizado entre órgãos jurisdicionais de 
diferentes ramos do Poder Judiciário. 
 
 
 
Capacidade de ser parte 
A capacidade de ser parte pode ser conceituada como a aptidão para figurar como parte 
em um dos polos da relação processual. Sendo assim, pode ser parte todo aquele que 
tem personalidade civil - isto é, aptidão para ser titular de direitos e deveres na ordem civil 
(Art. 1º, CC). Se o indivíduo é dotado de personalidade civil, ele automaticamente é capaz 
de ser parte. Essa capacidade decorre, principalmente, da garantia da inafastabilidade do 
Poder Judiciário. 
 
"Dela são dotados todos aqueles que tenham personalidade civil - ou seja, 
aqueles que podem ser sujeitos de uma relação jurídica material, como as 
pessoas naturais e as jurídicas -, como também o nascituro, o condomínio, 
o nondum conceptus,, a sociedade de fato,, sociedade não-personificada e 
sociedade irregular os entes formais (como o espólio, massa falida, 
herança jacente etc.), as comunidades indígenas ou grupos tribais e os 
órgãos públicos (Ministério Público, PROCON, Tribunal de Contas etc.)." 
(Fredie Didier Jr. - Curso de Direito Processual Civil, página 314-315) 
 
 
A capacidade processual, por sua vez, se difere da capacidade de ser parte pois esta é a 
aptidão para agir em juízo em nome próprio, pessoalmente, sem a necessidade de 
representação e assistência. É, portanto, pressuposto processual de validade e 
desenvolvimento da relação jurídica processual. Se a capacidade de ser parte se 
relacionada com o conceito de personalidade do Direito Civil, a capacidade processual se 
relaciona com o conceito de capacidade civil. 
 
"A capacidade processual é a aptidão para praticar atos processuais 
independentemente de assistência ou representação (pais, tutor, curador 
etc.), pessoalmente, ou por pessoas indicadas pela lei, tais como o síndico, 
administrador judicial, inventariante etc. (art. 75 do CPC). "A capacidade 
processual ou de estar em juízo diz respeito à prática e a recepção 
eficazes de atos processuais, a começar pela petição e a citação, isto é, ao 
pedir e ao ser citado". 
 
A capacidade processual pressupõe a capacidade de ser parte. É possível 
ter capacidade de ser parte e não ter capacidade processual; a recíproca, 
porém, não é verdadeira."(Fredie Didier Jr. - Curso de Direito Processual 
Civil, página 316-317) 
 
Art. 70. Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para 
estar em juízo. 
 
A incapacidade processual, contudo, é um vicio sanável: quando detectada, o juiz 
suspende o processo até que este vicio seja corrigido. 
 
[39] Comentário: 
Arbitragem pedindo auxílio ao Poder 
Judiciário. 
[40] Comentário: 
Representação é incapacidade 
absoluta. 
[41] Comentário: 
Assistência é incapacidade relativa. 
[42] Comentário: 
Isto é, capacidade de exercer 
pessoalmente os atos da vida civil. 
 
 15 
Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da 
parte, o juiz suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o 
vício. 
Representação de incapaz 
 
• Nas hipóteses de menoridade 
- Quando os pais são casados: pai + mãe; 
- Quando os pais são divorciadas ou separados: aquele que possui a guarda; 
- Quando há guarda compartilhada: quem detém a guarda; 
- Quando os pais são falecidos: quem detém a guarda (familiares); 
- Quando em caso de destituição do poder familiar: denomina-se um tutor, até atingir a 
maioridade. 
 
• Nos caso de enfermidade grave, de doença mental, prodigalidade, ébrio, toxicômano; 
ou desenvolvendo mental incompleto, se determinará um curador capaz de assistir o 
indivíduo relativamente incapaz. 
 
Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente: 
I - a União, pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou mediante órgão vinculado; 
II - o Estado e o Distrito Federal, por seus procuradores; 
III - o Município, por seu prefeito ou procurador; 
IV - a autarquia e a fundação de direito público, por quem a lei do ente federado designar; 
V - a massa falida, pelo administrador judicial; 
VI - a herança jacente ou vacante, por seu curador; 
VII - o espólio, pelo inventariante; 
VIII - a pessoa jurídica, por quem os respectivos atos constitutivos designarem ou, não 
havendo essa designação, por seus diretores; 
IX - a sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados sem 
personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração de seus bens; 
X - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua 
filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil; 
XI - o condomínio, pelo administrador ou síndico. 
 
• Curador especial: é o representante especial que o juiz da, em determinados casos de 
incapacidade ou revelia, a parte para atuar em seu nome no correr do processo. São 
exemplos de curador especial a defensoria da União e do Estado e os núcleos de 
prática jurídica, por exemplo. 
 
Art. 72. O juiz nomeará curador especial ao: 
I - incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem com os 
daquele, enquanto durar a incapacidade; 
II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com hora certa, enquanto 
não for constituído advogado. 
Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública, nos termos da 
lei. 
 
Art. 341, parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao 
defensor público, ao advogado dativo e ao curador especial. 
 
 
 
[43] Comentário: 
Não há herdeiros conhecidos dessa 
criança. 
[44] Comentário: 
05 anos: união município. 
[45] Comentário: 
Revelia: falta de contestação do réu em 
relação a ação proposta em face dele. 
 
 16 
PARTES DO PROCESSO 
 
Autor é aquele que invoca a tutela jurisdicional e o réu e aquele que, em contrapartida, se 
submete ao processo. 
 
"O autor é aquele que, em nome próprio, vem a juízo para expor sua 
pretensão é formular o pedido diante da jurisdição. O réu, que é o outro 
dos sujeitos parciais da ação e do processo, é aquele em direção a quem 
ou contra quem o autor formulou o pedido de tutela jurisdicional." (Luiz 
Rodrigues Wambier e Eduardo Talamini - Curso avançado de Processo 
Civil, página 177) 
 
O conceito de "partes do processo", contudo, é um conceito mais amplo, pois abrange 
todos aqueles que de alguma foram irão participar da relação jurídica processual. 
 
Deveres 
O objetivo do processo é o de resolver a lide, não se utilizando da tutela jurisdicional de 
forma inadequada, visando a seriedade pertinente. Diversos são os deveres das partes e 
dos procuradores: 
 
Art. 5º. Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo 
com a boa-fé. 
 
Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de seus 
procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma participem do processo: 
I - expor os fatos em juízo conforme a verdade; 
II - não formular pretensão ou de apresentar defesa quando cientes de que são 
destituídas de fundamento; 
III - não produzir provas e não praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou à 
defesa do direito; 
IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e não 
criar embaraços à sua efetivação; 
V - declinar, no primeiro momento que lhes couber falar nos autos, o endereço residencial 
ou profissional onde receberão intimações, atualizando essa informação sempre que 
ocorrer qualquer modificação temporária ou definitiva; 
VI - não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso. 
 
Qualquer violação desses incisos será punido como ato atentatório à dignidade da justiça. 
 
Art. 78. É vedado às partes, a seus procuradores, aos juízes, aos membros do Ministério 
Público e da Defensoria Pública e a qualquer pessoa que participe do processo empregar 
expressões ofensivas nos escritos apresentados. 
 
 
Despesas processuais 
• Justiça gratuita: o beneficiário da justiça gratuita é isento do pagamento das despesas 
processuais (Art. 98); 
• Despesas iniciais: são arcadas por quem invoca a tutela jurisdicional - no caso, o autor-, 
sendo, então, responsável por adiantar o pagamento das despesas referentes à 
distribuição e cartório, além das custas iniciais. Julgado procedente os pedidos do autor, 
cabe ao réu sucumbente (vencido) ressarcir esses custos. 
 
[46] Comentário: 
Só haverá ofensa se for de forma 
intencional. 
 
[47] Comentário: 
Assinatura do cliente na petição ou 
termo de declaração assinado e 
reconhecido firma. 
[48] Comentário: 
Visar sempre a celeridade do processo 
pois, muitas vezes, a prática de atos 
inúteis acaba por retardar a solução do 
litígio. 
[49] Comentário: 
A mudança de contato sem a devida 
comunicação pode ocasionar a 
extinção do processo sem resolução de 
mérito. 
[50] Comentário: 
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, 
brasileira ou estrangeira, com 
insuficiência de recursos para pagar as 
custas, as despesas processuais e os 
honorários advocatícios tem direito à 
gratuidade da justiça, na forma da lei. 
 
 
 17 
Art. 82. Salvo as disposições concernentes à gratuidade da justiça, incumbe às partes 
prover as despesas dos atos que realizarem ou requererem no processo, antecipando-
lhes o pagamento, desde o início até a sentença final ou, na execução, até a plena 
satisfação do direito reconhecido no título. 
§ 1º Incumbe ao autor adiantar as despesas relativas a ato cuja realização o juiz 
determinar de ofício ou a requerimento do Ministério Público, quando sua intervenção 
ocorrer como fiscal da ordem jurídica. 
§ 2º A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou. 
 
• Provas: quem requerer prova, paga por ela. Se ambas as partes pedirem provas ou está 
for determinada de ofício pelo juiz, as despesas são divididas pelas partes. 
• Honorários de sucumbência: os honorários de sucumbência não são a mesma coisa 
que honorários contratuais; este último referente ao valor da parte devido ao trâmitefeito pelo seu advogado, tanto em caso de ganho ou de perda de causa. Em regra, o 
juiz fixa um valor entre 10% a 20% do valor da causa para pagamento de honorários de 
sucumbência, que é pago pela parte vencida ao advogado da parte contrária. Se o autor 
perder, ele será condenado pelo juiz a pagar os honorários do advogado do réu e vice-
versa. 
 
Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. 
§ 1º São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de sentença, 
provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos, 
cumulativamente. 
§ 2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento 
sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível 
mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos: 
I - o grau de zelo do profissional; 
II - o lugar de prestação do serviço; 
III - a natureza e a importância da causa; 
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço. 
 
• Multa: é uma sanção pecuniária imposta pelo juiz em razão do descumprimento de 
deveres processuais. Ela pode ser fixada para as partes e aos serventuários. 
• Litigância de má-fé: a litigância de má-fé se configura quando a parte deduzir pretensão 
ou defesa contra texto expresso da lei ou fato controverso; alterar a verdade dos fatos; 
usar do processo para conseguir objetivo ilegal; opuser resistência injustificada ao 
andamento do processo; provocar incidentes manifestadamente infundados, etc. 
Aplicam-se os astreintes, que é uma multa pelo descumprimento (de obrigação de fazer 
de não fazer) a fim de coagir o indivíduo ao cumprimento. 
 
Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase de 
conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que 
seja suficiente e compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável para 
cumprimento do preceito. 
 
 
Capacidade postulatória 
 
A capacidade postulatória é a capacidade técnica-formal conferida pela lei aos advogados 
para praticar atos processuais em juízo, sob pena de nulidade do processo. Nos termos 
do Art. 133 da Constituição Federal, o advogado é indispensável à administração da 
[51] Comentário: 
Custos legis. 
[52] Comentário: 
Em regra a multa fixada pelo autor é 
revertida ao réu e vice-versa. 
[53] Comentário: 
Revertida ao Estado. 
[54] Comentário: 
É técnica pois exige o bacharelado em 
direito e formal pois se faz necessária a 
regular inscrição na OAB. 
[55] Comentário: 
É um pressuposto processual de 
validade subjetivo das partes. 
 
 18 
justiça. Sendo assim, para postular em juízo, é imprescindível que a parte tenha a 
habilitação de advogado, ou seja, ostente o título de bacharel em Direito e encontre-se 
inscrito na OAB. 
 
Ato técnico, então, só pode ser cometido pelo advogado. Todos os atos técnicos que 
podem e precisam ser praticados no processo somente podem ser praticados pelo 
advogado. Para exercer o seu direito de ação, a parte precisa de um advogado. 
 
Art. 103. A parte será representada em juízo por advogado regularmente inscrito na 
Ordem dos Advogados do Brasil. 
Parágrafo único. É lícito à parte postular em causa própria quando tiver habilitação legal. 
 
Art. 4º São nulos os atos privativos de advogado praticados por pessoa não inscrita na 
OAB, sem prejuízo das sanções civis, penais e administrativas. 
Parágrafo único. São também nulos os atos praticados por advogado impedido - no 
âmbito do impedimento - suspenso, licenciado ou que passar a exercer atividade 
incompatível com a advocacia. 
 
Contudo, há exceções, e em alguns casos se permite exercer o direito de ação sem o 
acompanhamento de um advogado, como é o caso do habeas corpus e dos juizados 
especiais, que estabelecem um limite máximo do valor da causa para tal: 
 
• Juizado estadual: limite de 20 salários mínimos. Na fase recursal, contudo, a assistência 
por advogado é obrigatória; 
• Juizado Federal: limite de 60 salários mínimos; 
• Juizado Estadual da Fazenda Pública: limite de 60 salários mínimos. 
 
Mandato 
Mandato é o negócio jurídico pelo qual uma pessoa, chamada mandatário, recebe 
poderes de outra, chamada mandante, para, em nome desta última, praticar atos ou 
administrar interesses. Trata-se, portanto, da outorga da representação a outrem. O 
instrumento é o mandato, e a procuração – que não se confunde com o mandato-, é o 
documento que demonstra que estes poderes foram conferidos a outra pessoa. Ou seja, o 
mandato é o negócio jurídico unilateral de outorga de poderes; a procuração é o 
documento, público ou particular, por meio do qual uma pessoa estabelece quais são os 
poderes outorgados a outrem. 
 
“A procuração pode ser outorgada por instrumento público ou particular, 
deve ser assinada pela parte outorgante (art. 105, primeira parte, CPC) e 
conter a indicação do lugar onde foi passada, a qualificação do outorgante 
e do outorgado, a data e o objetivo da outorga com a designação e a 
extensão dos poderes conferidos (art. 654, §1°, Código Civil). Não há 
necessidade de reconhecimento, em cartório, da assinatura do outorgante.” 
(Fredie Didier Jr. - Curso de Direito Processual Civil, página 337) 
 
O advogado, para atuar no processo em nome de seu cliente, precisa comprovar que ele 
possui poderes para atuar no processo e praticar atos em nome dele. Isso se faz 
mediante uma procuração, que pode ser de três modalidades: 
• Procuração ad negotia: exclui a via judicial, somente atos da vida civil, ou seja, 
extrajudiciais; 
• Procuração ad judicia: confere poderes para atuar na via judicial, mas não pode ser 
utilizada para a prática de atos da vida civil. Essa cláusula negocial habilita o advogado 
[56] Comentário: 
Ministério Público, magistratura, etc. 
[57] Comentário: 
Se caso o autor ou o réu recorrerem, 
há a necessidade de assistência por 
advogado, independentemente do valor 
da causa. 
 
 19 
à prática da generalidade dos atos processuais, ressalvados apenas aqueles que 
exigem poder especial. Na procuração, não há a necessidade de conter, explicitamente, 
todos os atos pode fazer, pois estes estão implícitos, em virtude da atividade que o 
advogado desenvolve. Contudo, os poderes especiais devem constar de forma explícita. 
 
“Poder de representação especial é aquele que deve constar 
expressamente da procuração. São poderes para a prática de atos de 
disposição de direitos e, por isso, devem aparecer expressamente no 
instrumento da representação judicial. A interpretação dessas cláusulas 
especiais deve ser restritiva”. (Fredie Didier Jr. - Curso de Direito 
Processual Civil, página 338) 
 
Art. 105. A procuração geral para o foro, outorgada por instrumento público ou particular 
assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, exceto 
receber citação, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, 
renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação, receber, dar quitação, firmar 
compromisso e assinar declaração de hipossuficiência econômica, que devem constar de 
cláusula expecífica. 
 
• Procuração ad judicia et extra: autoriza o advogado a agir tanto nos autos do processo 
judicial como fora dele, com todos os poderes que lhe forem conferidos. 
 
A renúncia do mandado só pode ser feita pelo outrogado (advogado, no caso), dando 
ciência inequívoca, enquanto que a revogação é feita pela parte outorgante. Essas são 
hipóteses de sucessão processual dos procuradores 
 
Art. 111. A parte que revogar o mandato outorgado a seu advogado constituirá, no 
mesmo ato, outro que assuma o patrocínio da causa. 
Art. 112. O advogado poderá renunciar ao mandato a qualquer tempo, provando, na 
forma prevista neste Código, que comunicou a renúnciaao mandante, a fim de que este 
nomeie sucessor. 
§ 1º Durante os 10 (dez) dias seguintes, o advogado continuará a representar o 
mandante, desde que necessário para lhe evitar prejuízo 
 
 
Atuação do advogado sem procuração 
 
“Nesse caso, o ato foi praticado por quem poderia praticá-lo, ou seja, um 
advogado. Não há incapacidade postulatória. O que não há é a prova da 
representação voluntária, negócio jurídico que, no caso, serve para a 
integração da incapacidade técnica da parte. Em situações assim, o ato 
não é nulo. Há ineficácia relativa do processo ou do ato em relação àquele 
que supostamente seria a parte, mas que não outorgou o instrumento de 
representação. "A falta de poderes não determina nulidade, nem 
existência". Trata-se de ato cuja eficácia em relação ao suposto 
representado submete-se a uma condição legal suspensiva: a ratificação”. 
(Fredie Didier Jr. - Curso de Direito Processual Civil, página 335) 
 
Essa atuação sem procuração pode ocorrer quando o advogado atua em causa própria 
ou quando precisa praticar ato urgente, evitar prescrição, decadência ou preclusão (Art. 
104, CPC). 
 
[58] Comentário: 
Os atos citados nesse artigo são os 
chamados poderes especiais, que 
devem ser explícitos na procuração. 
[59] Comentário: 
O vício não está na capacidade 
postulatória, mas sim, na 
representação, que não restou 
comprovada. 
 
 20 
Art. 104. O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo para 
evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente. 
§ 1º Nas hipóteses previstas no caput, o advogado deverá, independentemente de 
caução, exibir a procuração no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período 
por despacho do juiz. 
§ 2º O ato não ratificado será considerado ineficaz relativamente àquele em cujo nome foi 
praticado, respondendo o advogado pelas despesas e por perdas e danos. 
 
A lei, contudo, estabelece um ônus: no prazo de 15 dias, a procuração tem que ser 
apresentada para a ratificação dos atos que foram praticados sem a devida procuração, 
podendo este prazo ser prorrogado por mais 15 dias. Escoado o prazo e não tendo a 
procuração juntada nos autos, os atos são considerados ineficazes. Nesse caso, o 
advogado pode ser condenado a pagar as custas processuais e/ou perdas e danos. 
Sendo advogado do autor, o processo será extinto sem exame do mérito. 
 
 
SUCESSÃO PROCESSUAL 
O conceito de sucessão, de forma geral, é "alguém que passa a ocupar o lugar de outrem, 
sucessivamente no tempo". É como acontece nos casos de sucessão hereditária, onde os 
herdeiros passam a ocupar o lugar ocupado pelo de cujus, na titularidade de deveres e 
orbigações. A sucessão processual, então, é a alteração dos sujeitos do processo – 
podendo ser tanto do polo ativo quanto do polo passivo. Isso decorre de duas situações: 
causa mortis ou ato inter vivos. 
 
“Há sucessão processual quando um sujeito sucede outro no processo, 
assumindo a sua posição processual. Há uma troca de sujeitos no 
processo, uma mudança subjetiva da relação jurídica processual. (...) A 
sucessão processual pode dar-se em razão da morte (art. 111, CPC), 
assumindo a posição processual o espólio ou os herdeiros do de cujus. 
Também há sucessão processual quando ocorre incorporação de uma 
pessoa jurídica por outra, assumindo aquela que incorporou, ou fusão de 
pessoas jurídicas, gerando uma nova pessoa jurídica que assumirá a 
posição processual daquela que se extinguiu. A sucessão processual 
também pode ocorrer voluntariamente, no caso de alienação da coisa 
litisiosa (art. 109 do CPC), na qual o adquirente/cessionário pode suceder o 
alienante/cedente, caso consinta a parte adversária.” (Fredie Didier Jr. - 
Curso de Direito Processual Civil, página 356) 
 
A sucessão processual das partes reflete uma sucessão havida também no plano 
material, relativamente à posição jurídico-material que constitui o objeto (mérito) do 
processo. Isso decorre de duas situações: ato inter vivos ou causa mortis. 
 
• Inter vivos 
Dois requisitos devem ser observados para que tenha lugar a sucessão inter vivos: o 
primeiro deles é a admissibilidade da lei, conforme prevê o art. 108, e o segundo é a 
vontade da parte contrária, nos termos do que estabelece o art. 109, § 1.º. 
 
Art. 108. No curso do processo, somente é lícita a sucessão voluntária das partes nos 
casos expressos em lei. 
 
Art. 109. A alienação da coisa ou do direito litigioso por ato entre vivos, a título particular, 
não altera a legitimidade das partes. 
[60] Comentário: 
Por força de falecimento da parte. 
[61] Comentário: 
Transferência negocial do bem jurídico-
material que é objeto do processo 
[62] Comentário: 
Transferência negocial do bem jurídico-
material que é objeto do processo 
[63] Comentário: 
Por força de falecimento da parte. 
[64] Comentário: 
Por conta da fixação dos elementos da 
ação no momento de sua propositura 
(perpetuatio), nem toda alteração 
ocorrida no plano do direito material irá 
se refletir no processo, alterando a 
legitimidade das partes. 
 
 21 
§ 1º O adquirente ou cessionário não poderá ingressar em juízo, sucedendo o alienante 
ou cedente, sem que o consinta a parte contrária. 
§ 2º O adquirente ou cessionário poderá intervir no processo como assistente 
litisconsorcial do alienante ou cedente. (se a parte contrária não consentir) 
§ 3º Estendem-se os efeitos da sentença proferida entre as partes originárias ao 
adquirente ou cessionário. 
 
• Causa mortis 
Havendo morte de uma das partes do processo, este será suspenso até que se dê a 
sucessão do falecido pelo espólio ou herdeiros. Nesse caso, a vontade da parte contrária 
é irrelevante. 
 
Art. 110. Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a sucessão pelo seu espólio 
ou pelos seus sucessores, observado o disposto no art. 313, §§ 1o e 2o. 
 
 
 
SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL 
 
De acordo com o Art. 17 do CPC, a legitimidade das partes é uma condição da ação e 
esta se refere a autorização conferida pela lei ao sujeito para que ele possa invocar a 
tutela tutela jurisdicional. Sendo assim, em regra, ninguém poderá pleitear direito alheio 
em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico (Art. 18). 
 
A legitimatio ad causam então, está geralmente relacionada com a legitimidade 
processual. Nos casos em que o sujeito da relação processual coincide com o sujeito da 
relação substancial, a legitimidade é ordinária. Quando não há coincidência entre a 
legitimatio ad causam e a legitimatio ad processum – ou seja, quando alguém pleiteia 
direito alheio em nome próprio -, a legitimidade é considerada como extraordinária. É 
nesses casos que se verifica o fenômeno da substituição processual: este ocorre quando 
alguém está ocupando um lugar ou desempenhando um papel que segundo algum outro 
critério deveria caber a outrem. 
 
A legitimidade extraordinária, ainda, se subdivide em autônoma - quando o legitimado 
extraordinário está autorizado a conduzir o processo independentemente da participação 
do titular do direito litigioso – e subordinada - quando a presença do titular da relação 
jurídica controvertida no processo é essencial para regularidade do contraditório. 
 
“A titularidade da ação vincula-se à titularidade do pretendido direito 
material subjetivo, envolvido na lide (legitimação ordinária). Assim, 
'ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando 
autorizado pelo ordenamento jurídico' (NCPC, art. 18). Há, só por exceção, 
portanto, casos em que a parte processual é pessoa distinta daquela que é 
parte material do negócio jurídico litigioso, ou da situação jurídica 
controvertida. Quando isso ocorre, dá-se o que em doutrina se denomina 
substituição processual (legitimação extraordinária), que consiste em 
demandar a parte, em nome próprio,a tutela de um direito controvertido de 
outrem.” (Humberto Theodoro Jr - Curso de Direito Processual Civil, página 
267) 
 
A substituição processual é diferente de representação, pois o legitimado extraordinário 
atua no processo na qualidade de parte, ficando submetido, em razão disso, ao regime 
[65] Comentário: 
O adquirente será atingido não só 
pelos efeitos da sentença (art. 109, 
§3.º) como pela coisa julgada. 
O fundamento disso está na boa-fé 
objetiva, na razoável possibilidade do 
adquirente saber que pendia ação 
sobre o bem. 
[66] Comentário: 
Titular da ação é o titular do direito 
material subjetivo violado. 
[67] Comentário: 
Quando alguém postula direito alheio, 
como são os casos das ações 
propostas pelo MP (interesse de 
menor), Sindicatos, associações, etc. 
 
 22 
jurídico da parte. O substituto não representa a parte no processo, mas sim, atua em 
nome próprio, defendendo direito alheio. A substituição pode ocorrer, ainda, tanto no polo 
passivo quanto no polo ativo da demanda. 
 
Os efeitos da decisão judicial repercutirão diretamente apenas na esfera jurídica do 
substituído, embora o substituto seja submetido ao que foi decidido. Sendo assim, este 
pode sofrer as consequências da sucumbência, ficando, assim, responsável pelas custas 
e honorários advocatícios. 
 
“O CPC atual adotou antiga lição doutrinária, segundo a qual seria possível 
a atribuição de legitimação extraordinária sem previsão expressa na lei, 
desde que seja possível identificá-la no ordenamento jurídico, visto como 
sistema. (...) Sob a vigência do CPCP-1973, era pacífico o entendimento 
de que não se admitia legitimação extraordinária de origem negocial: por 
um negócio jurídico, deria atribuir a alguém a legitimação para defender 
interesses de outrem em juízo. Isso porque o art. 6º do CPC-1973 reputava 
a lei, e apenas ela, a fonte normativa de legitimação extraordinária.” (Fredie 
Didier Jr. - Curso de Direito Processual Civil, página 351-352) 
 
Considerando, então, que os negócios jurídicos são fontes de normas jurídicas que 
compõem o ordenamento, surge com o atual CPC a legitimação extraordinária negocial, 
que permite transferir ou estender a um terceiro a legitimidade ad causam via negócio 
jurídico. 
 
 
LITISCONSÓRCIO 
Em regra, os processos se desenvolvem entre um autor e um réu – ou seja, a regra é que 
apenas uma pessoa figura o polo ativo e outra, o passivo. Contudo, o CPC 
expressamente admite a possibilidade de que exista mais de um sujeito processual em 
um dos polos da ação. Nesses casos, havendo pluraridade de sujeitos, tem-se um 
litisconsórcio. 
 
“O Código de Processo Civil expressamente admite a possibilidade de 
propositura de ação contra mais de um réu, assim como também permite 
que diversos autores formulem pretensão, no mesmo processo, contra o 
mesmo e único réu, ou contra vários réus. Trata-se do fenômeno do 
litisconsórcio, que ocorre quando duas ou mais pessoas se encontram no 
mesmo polo do processo, como autores ou como réus. Trata-se, portanto, 
numa palavra, da possibilidade, contemplada pelo sistema, de que exista, 
no processo, cumulação de sujeitos (cumulação subjetiva), seja no polo 
ativo, seja no passivo, seja em ambos.” (Luiz Rodrigues Wambier e 
Eduardo Talamini - Curso avançado de Processo Civil 
 
A justificativa para existência do litisconsórcio está em atender alguns princípios 
processuais, sendo estes, principalmente, o da economia processual e da segurança 
jurídica. 
 
Classificação 
• Quanto à cumulação de sujeitos no processo 
- Ativo: o litisconsórcio ativo é aquele cuja pluralidade de pessoas se concentra no polo 
ativo da relação processual (A, B, C vs. D); 
[68] Comentário: 
Com o litisconsórcio, evita-se o 
desperdício de tempo e de recursos 
humanos, econômicos e técnicos. 
[69] Comentário: 
O Direito é aplicado de forma uniforme, 
evitando decisões conflitantes. 
 
 23 
- Passivo: configura-se com a propositura, por um só autor, de ação contra diversos réus 
(A vs. B, C, D); 
- Misto: ocorre configura-se com a propositura, por um só autor, de ação contra diversos 
réus. (A, B vs. C, D). 
 
• Quanto ao tempo de sua formação 
- Inicial: quando a sua formação se dá logo na propositura da ação; ou seja, a cumulação 
subjetiva já acontece no momento da petição inicial. É aquele que se forma 
contemporaneamente à formação do procedimento do incidente, quer porque mais de 
uma pessoa postulou, quer porque a demanda foi proposta contra mais de uma 
pessoa; 
- Ulterior ou superveniente: sua formação ocorre posteriormente, em outro momento 
processual que não o da propositura da ação. É aquele que surge após o procedimento 
ter se formado, se enquadrando como uma hipótese de exceção ao princípio da 
perpetuatio legitimationis. 
 
• Quanto à sua obrigatoriedade 
- Facultativo: o litisconsórcio é facultativo quando a sua formação é possível mas não 
obrigatória. 
 
Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou 
passivamente, quando: 
I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide; 
II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir; 
III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito. 
§ 1º O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes na fase 
de conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, quando este comprometer 
a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da sentença. 
 
 
- Necessário: quando a sua formação é obrigatória. 
Art. 114. O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela natureza 
da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que 
devam ser litisconsortes. 
 
Esse dispositivo trata apenas da hipótese de litisconsórcio passivo necessário, pois o 
litisconsórcio ativo necessário é algo excepcionalíssimo, em virtude da garantia 
constitucional do acesso à justiça (Art. 5º, XXXV). Impor a alguém que só possa pedir 
tutela jurisdicional em conjunto com outras pessoas significa dificultar excessivamente o 
acesso à justiça. 
 
“Quando o litisconsórcio é necessário, e o autor não o observa ao propor a 
ação, o juiz, mesmo de ofício, determinar-lhe-á que emende sua petição 
inicial, para o fim de requerer a citação de todos os que deveriam haver 
constado como litisconsortes passivos. O juiz assinará um prazo para tal 
providência, sob pena de extinguir o processo sem resolução do mérito 
(art. 115, parágrafo único). Note-se que tal dispositivo trata apenas da 
hipótese do litisconsórcio passivo necessário, precisamente porque, como 
dito acima, o litisconsórcio ativo necessário é evitado pelo sistema, em 
atenção à garantia de acesso à justiça” (Luiz Rodrigues Wambier e 
Eduardo Talamini - Curso avançado de Processo Civil) 
 
[70] Comentário: 
Por conta disso, ele tem caráter 
excepcional, ocorrendo quando, por 
exemplo, o litisconsórcio era obrigatório 
e deixou de ser observado no momento 
da propositura da ação. 
[71] Comentário: 
São hipóteses em que se poderia 
propor ações isoladamente, mas opta-
se, normalmente em razão de 
economia processual, por realizar-se o 
litisconsórcio. 
[72] Comentário: 
A solidariedade entre credores ou 
devedores, por exemplo. 
[73] Comentário: 
Reunião de ações semelhantes em um 
único juízo. Ex. Barragem que rompe e 
inunda 5 terrenos próximos. Cada um 
poderia ingressar com ação individual, 
porém, há a possibilidade de 
litisconsórcio. 
[74] Comentário: 
Ex. Do usucapião. Por lei, nos casos de 
usucapião, tem de existir litisconsórcio 
passivo. 
 
 24 
• Quanto aos seus efeitos 
- Unitário: em um litisconsórcio o julgamento terá que ser o mesmo para todos os 
litisconsortes. Ou seja,

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