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Resumo sobre a Teoria do Fato Jurídico

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2 de agosto de 2017 GABRIELA DOS SANTOS BEBBER – Direito Noturno 
 
“O mundo jurídico nada mais é do que o mundo dos Fatos Jurídicos.” – Pontes de Miranda 1 
 
Comentários sobre a Teoria do Fato Jurídico 
Base doutrinária: Teoria do Fato Jurídico – Marcos Bernardes de Mello 
 O direito, como explica o professor Marcos Bernardes de Mello, possui um 
caráter essencial ao homem quando esse se posta como homo socialis, pois é em meio à 
sociedade que os conflitos são gerados; somente por meio de normas de adaptação social – de 
acordo com a moral de cada comunidade – torna-se possível gerar um ambiente de 
convivência no mínimo pacífica (ou mais homogênea) entre seus membros. 
 À medida que a sociedade se desenvolve, se aprimora, e as relações sociais 
assumem formas mais variadas e complexas, as normas jurídicas passam a ser mais 
exigentes1.Vê-se, por conseguinte, que é de acordo com os atos da vida cotidiana que o 
direito se altera e se molda, dado que a norma jurídica categoriza esses como relevantes ou 
não, para, então, gerar um conjunto que faça parte do mundo jurídico e do mundo “real”, 
respectivamente. 
 Observa-se assim que existe uma diferença primordial entre os fatos em geral 
para os fatos jurídicos, pois este último apresenta, em suma, efeito vinculante da conduta 
humana. Destarte, não há alteração na natureza dos fatos, mas sim nas consequências práticas 
que esses geram – efeito jurídico – às organizações humanas. 
 A norma jurídica em si é abstrata, ela é apenas responsável por realizar uma 
previsão de acontecimentos a partir de um fato; a ocorrência dos fatos previstos e a realização 
das consequências é a sua execução. Por vezes a realização do direito pode ser inconsciente, 
“cumpre-se e aplica-se a norma jurídica sem que se tenha a intenção, talvez nem a 
consciência, de que se está a cumpri-la e aplicá-la”. 
 Conceito bem sintetizado pelo autor, utilizado como base, à fl. 20 de seu livro 
I: 
“(...) o mundo jurídico é formado pelos fatos jurídicos e estes, por sua vez, são 
o resultado da incidência da norma jurídica sobre o seu suporte fático quando 
 
1 “As normas jurídicas são indispensáveis e insubstituíveis, porque constituem o único meio hábil e eficaz de 
evitar o caos social e obter uma coexistência harmônica entre os seres humanos” (BERNARDES DE MELLO, 
Marcos. Teoria do Fato Jurídico – Plano da Existência. 13ª edição, 2007) 
2 de agosto de 2017 GABRIELA DOS SANTOS BEBBER – Direito Noturno 
 
“O mundo jurídico nada mais é do que o mundo dos Fatos Jurídicos.” – Pontes de Miranda 2 
 
concretizado no mundo dos fatos. Disso se conclui que a norma jurídica é 
quem define o fato jurídico e, por força de sua incidência, gera o mundo 
jurídico, possibilitando o nascimento de relações jurídicas com a produção de 
toda a sua eficácia, constituída por direitos deveres, pretensõesobrigações, 
ações, exceções e outras categorias eficaciais.” (destacou-se) 
 Note-se, o conceito de suporte fático é a existência de um fato no mundo – em 
determinado tempo e lugar - , que por ter sido considerado relevante, tornou-se objeto da 
normatividade jurídica. Sua classificação pode ser sobre seus elementos, dados como 
positivos ou negativos (omissão, abstenção) e como subjetivos (presença de um sujeito 
possuidor de direitos) ou objetivos, entre outras classificações que definem o limite do seu 
conjunto. Possui ainda caráter complexo, são raras as espécies de suporte compostas apenas 
por um fato. 
 Para que haja a incidência da norma jurídica, o suporte fático deve ser 
suficiente, ou seja, possuidor de todas as características e elementos que o definem. Logo, 
detém de um elemento cerne e outro(s) completante(s)2, formando seu núcleo. 
 Oportuna a colocação do professor Paulo de Tarso Barbosa Duarte: “(...) fato 
jurídico, pois, é o que resulta, no mundo jurídico, da incidência de norma jurídica sobre 
suporte fático suficiente. Se, ao contrário, o suporte fático é insuficiente, a incidência da 
norma jurídica não se dá, e não se pode proclamar existente qualquer fato jurídico.”(grifou-
se) 
 Com a análise e determinação dos conceitos iniciais, a definição dos planos da 
existência, validade e eficácia começa tomar forma. Observando os elementos que configuram 
o suporte fático dos atos jurídicos, especialmente dos negócios jurídicos, entende-se que sem 
os completantes do núcleo do suporte não existe e sem os complementares – que não integram 
o núcleo do suporte fático, mas que são relativos ao sujeito, ao objeto ou à forma da 
manifestação de vontade – não há a validade ou eficácia dos negócios jurídicos. 
 
2 Exemplo da página 53: No contrato de compra-e-venda, exige-se que haja acordo de vontades (cerne) sobre 
certo bem e preço determinado ou determinável (elementos completantes). O bem pode ser futuro e o preço a 
apurar segundo critérios predeterminados na avença. Se o bem futuro não vier a existir em decorrência de fato 
não imputável ao devedor, resolve-se o contrato de compra-e-venda porque a falta de elemento completante 
faz insuficiente o suporte fático, atingindo-lhe a existência. 
2 de agosto de 2017 GABRIELA DOS SANTOS BEBBER – Direito Noturno 
 
“O mundo jurídico nada mais é do que o mundo dos Fatos Jurídicos.” – Pontes de Miranda 3 
 
 Pois bem, a incidência da norma jurídica é o efeito de transformar em fato 
jurídico a parte do seu suporte fático que o direito considerou relevante para ingresso no 
mundo jurídico. Somente depois de gerado o fato jurídico que se poderá falar em situações 
jurídicas e todas as demais categorias de efeitos (eficácia jurídica). Veja-se, a eficácia 
normativa, assim, vem antes da eficácia jurídica. 
 Interessante ressaltar duas características da incidência da norma jurídica: (a) 
incondicionalidade: que é a obrigatoriedade de acatá-la e (b) inesgotabilidade: certeza de 
incidência quando o suporte fático for suficiente. 
 Nos sistemas de direito escrito, é preciso distinguir duas situações em que a 
norma jurídica se pode encontrar: (a) a norma existe, simplesmente e (b) a norma existe com 
vigência. Respectivamente, existe a norma jurídica que está posta no mundo, 
independentemente de ser vigente, válida ou eficaz; e quando a norma é caracterizada, 
precisamente, pelo poder de incidir sobre os fatos previstos. Distingue-se então na 
possibilidade de ser eficaz ou não. 
 Mencionou-se ainda o suporte fático suficiente, demonstrando sua importância. 
É mister também compreender seu oposto: suporte fático deficiente. Este ocorre quando 
falta-lhe um elemento complementar ou porque um dos elementos nucleares (cerne e 
completantes) é imperfeito. 
 A doutrina tem buscado definir as características do fato jurídico. Não há 
consenso, mas tem-se que fatos jurídicos lato sensu são conformes a direito ou contrários a 
direito e possuidores ou não de presença de conduta humana volitiva. Tal definição é 
importante como forma de abranger todas as categorias de fatos jurídicos. 
 A conduta humana tem influência direta sobre o cerne do suporte fático3, sendo 
que, por tal razão, há fatos jurídicos cujos suportes são integrados: 
(a) Por fatos da natureza que prescindem, para existir, de ato humano = fatos jurídicos 
stricto sensu lícitos e ilícitos; 
(b) Outros, diferentemente, têm à sua base, como elemento essencial (cerne), um ato 
humano. Estes se subdividem em duas categorias, são essas: 
 
3 Quadro da página 123 exemplifica de forma clara a situação. 
2 de agosto de 2017 GABRIELA DOS SANTOS BEBBER – Direito Noturno 
 
“O mundo jurídico nada mais é do que o mundodos Fatos Jurídicos.” – Pontes de Miranda 4 
 
(b.1) Atos-fatos jurídicos lícitos e ilícitos: embora a conduta humana seja essencial à 
existência, o direito dá maior relevância ao resultado fáctico que dela decorre do que 
ela própria. 
(b.2) Atos jurídicos lato sensu (ato jurídico stricto sensu e negócios jurídicos): a 
vontade de praticar o ato constitui o próprio cerne do fato jurídico. 
 
 Compreende-se por ato jurídico lato sensu: “(...) o fato jurídico cujo suporte 
fáctico tenha como cerne uma exteriorização consciente de vontade, que tenha por objeto 
obter um resultado juridicamente protegido ou não proibido e possível.” (destacou-se) 
 São elementos para sua caracterização: 
a) Um ato humano volitivo: somente a vontade que se é exteriorizada é 
considerada suficiente pelo direito. Atenta-se que declaração de vontade é 
elemento completante (nuclear) do suporte fáctico dos atos jurídicos. 
b) Consciência: exteriorização da vontade deve ser consciente. Para tanto, 
exige-se o conhecimento das circunstâncias que envolvem a manifestação 
ou declaração, o desconhecimento das circunstâncias conduz à 
inconsciência da vontade4. 
c) Legalidade/licitude: deve haver vinculação com o ordenamento jurídico e 
se encontrar de acordo com a forma da lei. É uma realização de direito com 
atribuição específica. 
 
 O Ato jurídico também pode ser de stricto sensu e de negócio jurídico. No 
primeiro5, a vontade manifestada pelas pessoas apenas se limita à função de compor o suporte 
fáctico de certa categoria jurídica, sendo que o fato jurídico proveniente desta tem efeitos 
previamente estabelecidos pelas normas jurídicas respectivas, sendo invariáveis e inexcluíveis 
pelo querer dos interessados. Pode ser reclamativo, comunicativo, enunciativo, mandamental 
e compósito.6 
 
4 Importante ressaltar que inconsciência implica efeitos no plano da existência -> negócio inexistente, 
enquanto o erro na manifestação de vontade encontra-se no plano da eficácia, pois a vontade existe, mas essa 
se encontra defeituosa. 
5 Exemplo: a reclamação de conduta (cf. Código Civil, artigo 397, parágrafo único — interpelação); 
6 Ressalte-se: a inclusão de declarações de vontade que constituam negócios jurídicos quando da prática 
de ato jurídico stricto sensu não altera a natureza deste. 
2 de agosto de 2017 GABRIELA DOS SANTOS BEBBER – Direito Noturno 
 
“O mundo jurídico nada mais é do que o mundo dos Fatos Jurídicos.” – Pontes de Miranda 5 
 
 Já no segundo tipo de ato jurídico à manifestação de vontade é reconhecida a 
possibilidade de ampliar os efeitos que constituam o conteúdo eficacial nas relações jurídicas. 
Nesta divisão, há o intuito negocial. Negócio jurídico é, portanto: 
 
“o fato jurídico cujo elemento nuclear do suporte fáctico consiste em 
manifestação ou declaração consciente de vontade, em relação à qual o 
sistema jurídico faculta às pessoas, dentro de limites predeterminados e de 
amplitude vária, o poder de escolha de categoria jurídica e de estruturação do 
conteúdo eficacial das relações jurídicas respectivas, quanto ao seu 
surgimento, permanência e intensidade no mundo jurídico.” 
 Os negócios jurídicos possuem diversas classes e formam a mais expressiva 
categoria dos atos jurídicos lato sensu lícitos, são elas: 
(a) Negócio jurídico unipessoal ou pluripessoal: manifestação de vontade de apenas uma 
pessoa ou de mais de uma, respectivamente. Nessa última, é importante que a direção 
e sentido da manifestação – lado, parte – sejam as mesmas. 
(b) Negócio jurídico bilateral e plurilateral: respectivamente, possuem a mesma direção, 
mas sentidos diversos; são interesses divergentes. Na segunda, possuem direções 
diferentes, mas sentidos justapostos; interesses convergentes. 
(c) Negócio jurídico causal e abstrato: Quando o negócio jurídico tem uma causa 
intrínseca, incluída no seu suporte fático ou é possível ao figurante incluí-la, há 
negócio jurídico causal. Se o negócio jurídico não tem causa intrínseca, e, sendo 
possível, os figurantes não a incluíram como seu fim, ou não houve acordo sobre ele, 
fim, o negócio jurídico é abstrato. A espécie mais comum é a causal. 
(d) Negócio jurídico fiduciário: em que se contrata a transmissão de propriedade, da 
posse, crédito ou direito com finalidade diversa que apenas a de alienar. 
(e) Negócio jurídico inter vivos e mortis causa: não depende da morte e depende da 
morte, na devida ordem. 
(f) Negócio jurídico consensual e real: há consentimento e há consentimento com o ato 
real da tradição. Bom exemplo aqui é o do contrato de doação, em que se a efetiva 
doação não foi realizada, tem-se somente promessa de doação. 
(g) Negócio jurídico patrimonial e extrapatrimonial: envolvem ou não atribuição 
patrimonial específica. 
(h) Negócio jurídico solene e não solene: forma especial definida por lei ou não. 
2 de agosto de 2017 GABRIELA DOS SANTOS BEBBER – Direito Noturno 
 
“O mundo jurídico nada mais é do que o mundo dos Fatos Jurídicos.” – Pontes de Miranda 6 
 
(i) Negócio jurídico típico e atípico: são estruturados e regulamentados quanto a seu 
conteúdo e objeto ou não. 
 A doutrina conceitua ainda espécies ilícitas de fatos lato sensu. A ilicitude 
importa sempre em contrariedade ao direito, implica em violação das normas, causando danos 
à esfera jurídica de outrem (violando o princípio da incolumidade das esferas jurídicas 
individuais7). São ilícitas as situações em que: o ato causa dano material, há o 
descumprimento de uma obrigação formada, viola direito absoluto de natureza pessoal, há 
infração de interesse juridicamente protegido, existe abuso de direito ou há a prática de ato 
contrariando norma jurídica cogente. 
 O fato ilícito lato sensu possui cerne e elementos completantes. O cerne é 
constituído por um dado objetivo e um dado subjetivo. O objetivo trata da contrariedade ao 
direito, relaciona-se deste modo com o fato em si; já o subjetivo diz respeito à qualidade do 
sujeito, se imputável ou não.8 
 Pois bem, com as caracterizações e explicações realizadas acima é possível 
compreender e esmiuçar os planos do mundo jurídico. São eles: 
 PLANO DA EXISTÊNCIA 
 Ao passar pelo processo de incidência de norma jurídica juridicizante, a parte 
relevante do suporte fáctico é transportada para o mundo jurídico, ingressando no plano da 
existência. Neste plano, que é o plano do ser, entram todos os fatos jurídicos, lícitos ou não. 
 Observe-se que, como já mencionado, sem um elemento completante do núcleo 
de um fato jurídico específico, este não se configura e seu suporte fáctico não se materializa. 
Não há que se discutir, assim, se é nulo ou ineficaz, porque a inexistência é o NÃO ser que, 
portanto, não pode ser qualificado. 
 Importante relembrar também que para definir a existência do fato jurídico lato 
sensu é necessário que a manifestação de vontade seja executada de forma séria, livre e 
consciente. 
 
7 Consideradas estas, em sentido lato, o conjunto de direitos e deveres mensuráveis, ou não, economicamente, 
relacionados a alguém. 
8É importante que o agente seja imputável, pois se este não o é caracteriza-se como fator capacitante de 
invalidade. 
2 de agosto de 2017 GABRIELA DOS SANTOS BEBBER – Direito Noturno 
 
“O mundo jurídico nada mais é do que o mundo dos Fatos Jurídicos.” – Pontes de Miranda 7 
 
 PLANO DA VALIDADE 
 Somente os atos jurídicos lícitos lato sensu podem ser válidos ou inválidos. A 
validade pode ser vista como a “qualificação que se atribui a atos jurídicos, inclusive de 
natureza legislativa, que são conformes com o direito daquela comunidade, especificamente, 
não contendo qualquermácula que os torne defeituosos.” 
 Sob tal aspecto denomina-se o negócio jurídico como válido ou, ao contrário, 
como negócio jurídico nulo ou anulável (= inválido). Diz-se válido o ato jurídico cujo suporte 
fáctico é perfeito9. Logo o plano da validade se refere à parte do mundo jurídico em que se 
apura a existência ou não de défice nos elementos nucleares do suporte fáctico. 
 Interessante a colocação: 
“A invalidade, em essência, constitui uma sanção imposta pelo sistema ao ato 
jurídico que, embora concretize suporte fáctico previsto em suas normas, 
importa, em verdade, violação de seus comando cogentes. A recusa de 
validade a um ato jurídico consubstancia uma forma de punição, de 
penalidade.” (BERNARDES DE MELLO, Marcos. Teoria do Fato Jurídico – 
Plano da Validade. Saraiva) 
 Como forma de preservar a integridade de suas normas, o direito repele as 
violações às normas jurídicas por meio de sanções. Ao atribuir o quesito de validade, as 
normas sobre o conteúdo, a forma e os outros requisitos traçados para o ato jurídico são 
desatendidas, o direito o repele, negando-lhe validade jurídica, tornando-o inútil para seus 
fins. 
 A validade, assim, incide sobre a perfeição do ato jurídico ou de seu defeito. 
Sendo um ato jurídico inválido como existente, porém deficiente. A validade trata dos 
elementos complementares, elementos esses que não fazem parte do núcleo e, portanto, não 
tratam da existência do fato jurídico. Um ato jurídico só pode ser classificado como válido, ou 
não, se ele existir. A recíproca, contudo, não persiste, o plano da existência é o primeiro 
pressuposto, por tanto, não depende dos outros. 
 
9 Validade, no que concerne a ato jurídico, é sinônimo de perfeição, pois significa a sua plena consonância com 
o ordenamento jurídico. 
2 de agosto de 2017 GABRIELA DOS SANTOS BEBBER – Direito Noturno 
 
“O mundo jurídico nada mais é do que o mundo dos Fatos Jurídicos.” – Pontes de Miranda 8 
 
 São pressupostos de validade: (a) referentes ao sujeito: a capacidade de agir do 
agente, seu estado pessoal10; (b) referentes ao direito: licitude e possibilidade jurídica do 
objeto e a natureza das coisas (possibilidade natural do objeto). 
 Importante destacar a diferença existente entre capacidade e legitimação. A 
capacidade constitui-se como um estado pessoal relacionado ao poder de, pessoalmente, 
exercer os direitos e praticar os atos da vida civil. Já a legitimação consiste em “uma posição 
do sujeito relativamente ao objeto do direito, que se traduz, em geral, na titularidade do 
direito, posição esta que tem como conteúdo o poder de disposição, assim como o poder de 
aquisição.” 
 A manifestação de vontade, quesito importante nas relações jurídicas, para ser 
perfeita e integrar o suporte fáctico do ato jurídico há de ser autêntica, íntegra e hígida. Se não 
for realizada de tal forma, entende-se que não há conclusão do suporte fáctico do ato jurídico, 
pois, se não há vontade, o negócio jurídico não pode existir. 
 Já perfeita a vontade manifestada, esta constitui-se como elemento 
complementar do suporte fáctico dos atos jurídicos que atuam como pressupostos de sua 
validade. O sistema jurídico brasileiro tem como defeitos que afetam a perfeição da 
manifestação de vontade os chamados vícios da vontade11. Qualquer um desses defeitos, se 
apresentados, acarretam a invalidade do ato jurídico. 
 Ainda no plano da validade, é possível determinar graus de invalidade. No 
direito brasileiro, são dois: (a) nulidade12, que constitui sanção mais enérgica, acarretando, 
entre outras consequências, a ineficácia erga omnes do ato jurídico quanto a seus efeitos 
próprios, além da insanabilidade do vício; (b) anulabilidade, cujos efeitos são relativizados às 
pessoas diretamente envolvidas no ato jurídico, produz eficácia específica, integralmente, até 
que os atos e seus efeitos sejam desconstruídos. 
 
10 Dados considerados no deferimento da capacidade de agir: idade (de acordo com cada comunidade jurídica), 
sanidade mental e física (implica diretamente no requisito de consciência), condição cultural ( atenção para o 
silvícola), interdição legal (com divergências entre doutrinas) 
11 Erro substancial, dolo, coação, estado de perigo e lesão. 
12 Distinção relevante: 
- nulidade relativa: quando o ato nulo somente pode ser atacado pela pessoa diretamente prejudicada. 
- nulidade absoluta: quando, devido a natureza de ordem pública, ela é alegável por qualquer interessado. 
 
2 de agosto de 2017 GABRIELA DOS SANTOS BEBBER – Direito Noturno 
 
“O mundo jurídico nada mais é do que o mundo dos Fatos Jurídicos.” – Pontes de Miranda 9 
 
 Quanto à abrangência da invalidade, compreende-se que pode ser total (todo o 
ato jurídico envolvido) ou parcial (parte do ato). 
 Na definição das causas de nulidade tem-se os artigos 166 e 167 do Código 
Civil, entre outros, determinando seus limites. Para citar algumas: 
(a) A incapacidade absoluta do agente (menoridade, ausência de discernimento, 
impossibilidade de exprimir a vontade, interdição legal); 
(b) A incompatibilidade com a boa-fé e a equidade; 
(c) A ilicitude (objeto ilícito é aquele contrário ao direito, portanto, não somente à lei, mas 
também à moral e à ordem pública), impossibilidade (relativa ao objeto do ato jurídico 
e da prestação) e indeterminabilidade do objeto; 
(d) A ilicitude do motivo determinante do negócio jurídico (razão intencional, o porquê); 
(e) Desrespeito à disposição legal sobre a forma; 
(f) A simulação (fingir, v.g. aparentar conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas 
daquelas a que realmente se conferem, ou transmitem – pretende sempre enganar 
causando prejuízo a terceiro). 
 Já na definição de causas de anulabilidade, pode-se nomear: 
(a) Falta de assentimento de outrem ou assistencial. 
(b) Vícios da manifestação de vontade. 
- erro: falsa representação psicológica da realidade (se a pessoa conhecesse a 
realidade, ela não se expressaria de tal maneira). Pode haver o erro no conteúdo da 
declaração de vontade ou na exteriorização. 
- dolo: ação ou omissão intencional de um dos figurantes com a finalidade de induzir, 
fortalecer ou manter o outro em falsa representação da realidade, visando, em 
benefício próprio ou de terceiro, a que pratique ato jurídico que não realizaria se 
conhecesse a verdade, causando danos à parte. Deve ainda ter anterioridade e ser 
unilateral, o dolo bilateral não é fator invalidante. 
- coação: ameaça capaz de incutir medo das consequências a outra parte (valoração da 
ameaça), deve ser a causa do ato jurídico, contrariedade a direito do fim que se quer 
obter por meio da coação. 
- Estado de Perigo: quando alguém, pensando em se salvar, ou a pessoa de sua 
família, de grave dano conhecido pela outra parte assume obrigação excessivamente 
2 de agosto de 2017 GABRIELA DOS SANTOS BEBBER – Direito Noturno 
 
“O mundo jurídico nada mais é do que o mundo dos Fatos Jurídicos.” – Pontes de Miranda 10 
 
onerosa. Para caracterizá-lo deve haver risco pessoal atual, gravidade do dano e 
relação direta entre o estado de perigo e o negócio jurídico, excessiva onerosidade. 
- Lesão: assunção por um dos figurantes do negócio jurídico de obrigação cuja 
prestação tenha valor manifestamente desproporcional ao da contraprestação e que o 
negócio tenha sido formalizado pelo figurante forçado por grave estado de 
necessidade ou por inexperiência no mundo dos negócios. 
- Fraude contra credores: todo ato de disposição e oneração de bens, créditos e 
direitos, a título gratuito ou oneroso, praticado por devedor insolvente que acarrete 
redução do seu patrimônio,em prejuízo de credor preexistente. 
 
 PLANO DA EFICÁCIA 
 É a parte do mundo do direito onde os fatos jurídicos produzem os seus efeitos. 
Efeitos esses manifestados e objetivados pelas partes. Pressupõe a passagem do fato jurídico 
pelo plano da existência, mas sua passagem pelo plano da validade não é obrigatória. 
 Por exemplo, celebrado um contrato de compra e venda existente e válido, será 
também juridicamente eficaz se não estiver subordinado a um acontecimento futuro a partir 
do qual passa a ser exigível. Caso estiver, nota-se que estão inseridos os elementos chamados 
de acidentais do negócio jurídico: condição, termo ou encargo. 
 Suas características são: futuridade e incerteza. As condições são sempre 
estipuladas entre as partes da relação jurídica, podendo ser suspensivas: aquela que subordina 
o início da eficácia jurídica do negócio, ou resolutivas: que resolve ou desfaz os efeitos 
jurídicos até então produzidos pelo negócio. Se houver a ilicitude destas há a nulidade 
absoluta do negócio jurídico. 
 
 
 
 
Observação: Todo o conteúdo deste “resumo” proveio da série de livros de Marcos Bernardes 
de Mello sobre a Teoria do Fato Jurídico.

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