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Direito Civil - Pablo Stolze - Aula 11

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INTENSIVO REGULAR ROTATIVO 
 Disciplina: Direito Civil 
 Aula: 11 
 Prof.: Pablo Stolze 
 Data: 16 e 18.10.2007 
 
 
 
- 1 – 
ÍNDICE 
 
1 – Material do Professor: 
 Aspectos Materiais da Consignação em Pagamento – p.01 
 Remissão – p.02 
 Confusão – p.03 
 Cláusula Penal – p.04 
 Transmissão das Obrigações – p.04 
 Jurisprudência Selecionada – p.05 
 Enunciados – Jornadas de Direito Civil (Obrigações) - p.08 
 
2 – Material Complementar: : Prisão Civil na Alienação Fiduciária, no Depósito e o Supremo 
Tribunal Federal – p.13 
 
 
 
1 – Material do Professor: 
 
1. Aspectos Materiais da Consignação em Pagamento (comentários ao art. 335 do 
Código Civil)1 
 
 
Segundo Antonio Carlos Marcato, “o pagamento por consignação é instrumento de direito 
material destinado à solução de obrigações que têm por objeto prestações já vencidas e ainda 
pendentes de satisfação, pouco importando se essa pendência decorre de causa atribuível ao 
credor ou resulta de outra circunstância obstativa do pagamento por parte do devedor; e este 
vale-se de tal instrumento para liberar-se do vínculo que o submete ao accipiens e livrar-se, em 
conseqüência, dos ônus e dos riscos decorrentes dessa submissão”.2 
 
O art.335, CC-02 (art.973, CC-16) apresenta uma relação de hipóteses em que a consignação 
pode ter lugar, a saber: 
 
 
a) se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na 
devida forma (inciso I): se A, locador de um imóvel a B, se recusa a receber o valor do aluguel 
ofertado por este último, por considerar que deveria ser majorado por um determinado índice 
previsto em lei, B poderá consignar o valor, se entender que o reajuste é indevido. A hipótese é 
aplicável, também, para o caso de A aceitar receber o valor, mas se recusar a dar a quitação, 
que é direito do devedor. 
b) se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos (inciso 
II): Se o credor não comparecer ou mandar terceiro para exigir a prestação, isso não afasta, por 
si só, o vencimento e a exigibilidade da dívida, pelo que se autoriza a consignação do valor 
devido. 
c) se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar 
incerto ou de acesso perigoso ou difícil (inciso III): Em relação ao incapaz, este não pode mesmo 
receber, em razão de sua condição, devendo o pagamento ser feito ao seu representante (que 
não é, tecnicamente, o credor). Se este estiver impossibilitado, por qualquer motivo (uma 
viagem, por exemplo), não há como se fazer o pagamento diretamente ao credor incapaz, pelo 
 
1
 Este tema é eminentemente processual e está inserido na grade de processo civil do LFG (módulo complementar), não 
integrando o intensivo. Nesta apostila, o nosso amigo leitor já pode, por seu turno, tomar contato com aspectos materiais 
do tema. 
2
 MARCATO, Antonio Carlos, Ação de Consignação em Pagamento, 5ª ed., São Paulo, Malheiros Editores, 1996, p. 16. 
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que pode ser feita a consignação. Outra situação é se o credor se tornar desconhecido, caso em 
que o credor morre e não se sabe quem são os seus herdeiros. A ausência, finalmente, é 
situação fática, qualificada juridicamente como morte presumida (art.6º, CC-02, art.10, CC-16), 
em que alguém desaparece, sem deixar notícias de seu paradeiro ou representante para 
administrar-lhe os bens. Nesse caso, sem saber a quem pagar, pode o devedor realizar a 
consignação. Por fim, residindo o credor em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil, 
também poderá ser exigida a consignação; 
d) se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento (inciso IV): 
Trata-se de uma hipótese, muito comum, por exemplo, na Justiça do Trabalho, quando, 
falecendo o empregado A, consigna o empregador B suas verbas rescisórias, quando há 
discussão sobre a legitimidade para o recebimento entre diversas mulheres, que se dizem 
companheiras do falecido, inclusive com filhos comuns. 
e) se pender litígio sobre o objeto do pagamento (inciso V): se, por exemplo, A e B disputam, 
judicialmente, quem é o legítimo sucessor do credor C, não é recomendável que o devedor D 
antecipe-se à manifestação estatal, para entregar o bem a um deles, pois assumirá o risco do 
pagamento indevido. Deverá consignar o valor. 
 
Na forma do art. 336, CC-02 (art.974, CC-16), para “que a consignação tenha força de 
pagamento, será mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os 
requisitos sem os quais não é válido o pagamento”. 
 
Assim, em relação às pessoas, a consignação deverá ser feita pelo devedor, ou quem o 
represente, em face do alegado credor, sob pena de não ser considerado válido, salvo se 
ratificado por este ou se reverter em seu proveito, na forma dos arts.304 e 308, CC-02 (arts.930 
e 934, CC-16). 
Em relação ao objeto, é óbvio que o pagamento deve ser feito na integralidade, uma vez que o 
credor não está obrigado a aceitar pagamento parcial. Antecipe-se, inclusive, que, no 
procedimento especial correspondente, na forma do § 1º do art.899 do CPC, “alegada a 
insuficiência de depósito, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa depositada, 
com a conseqüente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela 
controvertida”. 
 
Os demais aspectos do instituto integram a seara do Direito Processual Civil e serão vistos, em 
momento oportuno, como dito, por professor de Processo Civil. 
 
 
2. Remissão 
 
Inicialmente, cumpre-nos, lembrar que esta modalidade de extinção de obrigação não se 
confunde com a remição, escrita com a letra “ç”, que é instituto jurídico completamente 
diferente. 
 
Exemplo de aplicação processual do instituto é a remição da dívida que está prevista no art. 651 
do vigente Código de Processo Civil brasileiro, consistente no pagamento da dívida, extinguindo a 
execução3. 
 
3 CPC: Art. 651. Antes de adjudicados ou alienados os bens, pode o executado, a todo 
tempo, remir a execução, pagando ou consignando a importância atualizada da dívida, mais 
juros, custas e honorários advocatícios. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). 
 
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 Não é de instituto processual, todavia, de que cuidamos. 
 
A remissão aqui tratada traduz o perdão da dívida, expresso ou tácito, total ou parcial, e que, 
para se configurar, exige a conjugação de dois requisitos básicos: 
 
a) Ânimo de perdoar; 
 
b) Aceitação do perdão: Nesse sentido, observa ORLANDO GOMES: “Para a 
doutrina italiana a remissão de dívida é negócio jurídico unilateral, uma 
espécie particular de renúncia a um direito de crédito”4. Optou a nova 
Lei Codificada, portanto, pela teoria oposta, no sentido do 
reconhecimento da natureza bilateral da remissão (art. 385, CC). 
 
Além disso, o perdão não pode prejudicar a eventuais direitos de terceiros. 
 
Confira os artigos de lei: 
 
CAPÍTULO IX 
Da Remissão das Dívidas 
Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de 
terceiro. 
Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação,quando por escrito particular, prova 
desoneração do devedor e seus co-obrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor capaz 
de adquirir. 
Art. 387. A restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do credor à garantia 
real, não a extinção da dívida. 
Art. 388. A remissão concedida a um dos co-devedores extingue a dívida na parte a ele 
correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a solidariedade contra os outros, já 
lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida. 
 
3. Confusão 
 
Opera-se quando as qualidades de credor e devedor são reunidas em uma mesma pessoa, 
extinguindo-se, conseqüentemente, a relação jurídica obrigacional5. 
 
É o que ocorre, por exemplo, quando um sujeito é devedor de seu tio, e, por força do 
falecimento deste, adquire, por sucessão, a sua herança. Em tal hipótese, passará a ser credor 
de si mesmo, de forma que o débito desaparecerá por meio da confusão. 
 
Nesse sentido, dispõe o art. 381 do CC-02, cuja redação é idêntica à da norma anterior 
correspondente (art. 1049, CC-16): 
 
“Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de 
credor e devedor”. 
 
 
4
 GOMES, Orlando. Obrigações. 8 ed. Rio de Janeiro: Forense, 1992, pág. 150. 
5
 Nesse sentido, não há qualquer dúvida na jurisprudência: 
 “AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. Quando as qualidades de credor e devedor se confundem na mesma pessoa ocorre a figura 
da confusão, sendo descabido o pedido de indenização recursos denegados. Decisão unânime.” (TRIBUNAL DE 
JUSTICA DO PR DATA DE JULGAMENTO: 05/12/1989 RECURSO: APELACAO CIVEL NUMERO: 10259 
RELATOR: LUCIO ARANTES) 
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O art. 384 do Código, ao tratar da confusão, poderia causar alguma dúvida: 
 
“Art. 384. Cessando a confusão, para logo se restabelece, com todos os seus acessórios, a 
obrigação anterior”. 
 
 
Para facilitar a compreensão da regra, vale transcrever o exemplo apresentado pelo ilustrado 
ÁLVARO VILLAÇA AZEVEDO: 
 
“Seria o caso de operar-se a confusão, de acordo com o primeiro exemplo dado, tendo em vista 
a sucessão provisória de B (ante sua morte presumida – desaparecimento em um desastre 
aviatório). Neste caso, durante o prazo e as condições que a lei prevê, aparecendo vivo B, 
desaparece a causa da confusão, podendo dizer-se que A esteve impossibilitado de pagar seu 
débito, porque iria fazê-lo a si próprio, por ser herdeiro de B, como se, nesse período, estivesse 
neutralizado o dever de pagar com o direito de receber”.6 
 
 
4. Cláusula Penal 
 
Segundo CLÓVIS BEVILÁQUA, “não se confunde esta pena convencional com as repressões 
impostas pelo direito criminal, as quais cabe somente ao poder público aplicar em nossos dias. A 
pena convencional é puramente econômica, devendo consistir no pagamento de uma soma, ou 
execução de outra prestação que pode ser objeto de obrigações”.7 
Podemos identificar as seguintes espécies de cláusula penal: 
 
a. cláusula penal compensatória; 
b. cláusula penal moratória. 
 
Em aula, faremos o desenvolvimento da matéria, diferenciando-a, especialmente, das arras. 
 
5. Transmissão das Obrigações 
 
 
5.1. Cessão de Crédito 
 
 
A cessão de crédito consiste em um negócio jurídico por meio do qual o credor (cedente) 
transmite total ou parcialmente o seu crédito a um terceiro (cessionário), mantendo-se a relação 
obrigacional primitiva, com o mesmo devedor (cedido). 
O Código de 2002 disciplinou a cessão de crédito a partir do seu art. 286 (correspondente ao art. 
1065, CC-16): 
 
“Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a 
lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao 
cessionário de boa fé, se não constar do instrumento da obrigação”. 
 
A cessão de crédito não poderá ocorrer, em três hipóteses: 
 
a) se a natureza da obrigação for incompatível com a cessão; 
 
6
 AZEVEDO, Álvaro Villaça. Teoria Geral das Obrigações. 9. ed. São Paulo: RT, 2001, págs. 224-225. 
7
 BEVILÁQUA, Clóvis. Theoria Geral do Direito Civil. Campinas: RED, 2000, pág. 104. 
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b) se houver vedação legal; 
c) se houver cláusula contratual proibitiva. 
 
5.2. Cessão de Débito ou Assunção de Dívida 
 
 
A cessão de débito ou assunção de dívida consiste em um negócio jurídico por meio do qual o 
devedor, com o expresso consentimento do credor, transmite a um terceiro a sua obrigação. 
Nesse sentido, o art. 299 do CC-02 é de intelecção cristalina8: 
 
“Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso 
do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era 
insolvente e o credor ignorava. 
Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na 
assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa”. 
 
 
Para que seja reputada válida, além dos pressupostos gerais do negócio jurídico, a cessão de 
débito deverá observar os seguintes requisitos: 
 
a) a existência de uma relação jurídica obrigacional juridicamente válida e 
existente; 
b) a substituição do devedor, mantendo-se a relação jurídica originária; 
c) a anuência expressa do credor; 
 
5.3. Cessão de Contrato 
 
 
Diferentemente do que ocorre na cessão de crédito ou de débito, neste caso, o cedente transfere 
a sua própria posição contratual (compreendendo créditos e débitos) a um terceiro (cessionário), 
que passará a substituí-lo na relação jurídica originária. 
 
 Tal figura não foi prevista pelo CC-02, sendo tratada especialmente pela doutrina e 
jurisprudência pátrias, conforme veremos em sala de aula. 
 
 
6. Jurisprudência Selecionada 
 
 
8
 Observe-se que o Projeto de Lei n. 6960/02, se aprovado, irá reestruturar este dispositivo legal, nos seguintes termos: 
“Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, podendo a assunção verificar-se: 
I – Por contrato com o credor, independentemente do assentimento do devedor; 
II – Por contrato com o devedor, com o consentimento expresso do credor. 
§1° - Em qualquer das hipóteses referidas neste artigo, a assunção só exonera o devedor primitivo se houver declaração 
expressa do credor. Do contrário, o novo devedor responderá solidariamente com o antigo; 
§2° - Mesmo havendo declaração expressa do credor, tem-se como insubsistente a exoneração do primitivo devedor 
sempre que o novo devedor, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava, salvo previsão em contrário no 
instrumento contratual; 
§3° - Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu 
silêncio como recusa; 
§4° - Enquanto não for ratificado pelo credor, podem as partes livremente distratar o contrato a que se refere o inciso II 
deste artigo”. Note-se, da análise dessas normas, que o legislador priorizou o consentimento do credor, protegendo-o de 
cessões de débito danosas ao seu direito. 
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Selecionamos aqui importante jurisprudência referente a temas que serão abordados nas aulas 
desta semana9: 
 
 
TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES 
 
Processual civil. Agravo no recurso especial. Contrato de mútuo do Sistema Financeiro de 
Habitação - SFH. Ação revisional. Cessão do contrato. Ausência de interveniência da instituição 
financeira. 
Ilegitimidade ativa do cessionário. 
- A interveniência da instituição financeira é obrigatória na transferência de imóvel financiado 
pelo Sistema Financeiro da Habitação pois, sem esta, não tem o cessionário legitimidade ativa 
para ajuizar ação visando discutir o contrato realizado entre o mutuário cedente e o mutuante. 
Agravo no recurso especial não provido. 
(AgRg no REsp 934.989/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 
23.08.2007, DJ 17.09.2007 p. 277) 
 
Competência. Conflito. Cessão de contrato. Cessionária: Caixa Econômica Federal. Intervenção. 
Fase Recursal. Assistência. Justiça Estadual X Justiça Federal. 
- A cessão de direitos e ações pelo Banco Meridional do Brasil à Caixa Econômica Federal, com a 
conseqüente intervenção desta, na qualidade de assistente, em embargos à execução, após a 
prolação da sentença, mas antes do julgamento da apelação, desloca a competência para a 
Justiça Federal. 
- A Justiça Federal é competente para apreciar o pedido de assistência formulado pela entidade 
federal e, caso admita a intervenção, poderá julgar o mérito do recurso. 
- Do contrário, inadmitida a Caixa Econômica como assistente, será competente, para o 
julgamento daquele recurso, a Justiça Estadual. 
(CC 35.929/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 23.10.2002, DJ 
06.10.2003 p. 200) 
 
Cessão de contrato de arrendamento mercantil. Direitos e obrigações que lhe são anteriores. 
Cessionário que pleiteia a revisão do contrato. Abrangência das prestações anteriores adimplidas 
pelo cedente. Legitimidade do cessionário reconhecida. Recurso provido. 
- A celebração entre as partes de cessão de posição contratual, que englobou créditos e débitos, 
com participação da arrendadora, da anterior arrendatária e de sua sucessora no contrato, é 
lícita, pois o ordenamento jurídico não coíbe a cessão de contrato que pode englobar ou não 
todos os direitos e obrigações pretéritos, presentes ou futuros, inclusive eventual saldo credor 
remanescente da totalidade de operações entre as partes envolvidas. 
- A cessão de direitos e obrigações oriundos de contrato, bem como os referentes a fundo de 
resgate de valor residual, e seus respectivos aditamentos, implica a transferência de um 
complexo de direitos, de deveres, débitos e créditos, motivo pelo qual se confere legitimidade ao 
cessionário de contrato (cessão de posição contratual) para discutir a validade de cláusulas 
contratuais com reflexo, inclusive, em prestações pretéritas já extintas. 
- A extinção do dever de pagamento da prestação mensal não se confunde com a possibilidade 
de revisão das cláusulas contratuais, pois esta decorre do direito de acesso ao Poder Judiciário e 
habilita a parte interessada a requerer o pagamento de diferenças pecuniárias incluídas 
indevidamente nas prestações anteriores à cessão contratual, pois foram cedidos não só os 
débitos pendentes como todos os créditos que viessem a ser apurados posteriormente. 
(REsp 356.383/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 05.02.2002, 
DJ 06.05.2002 p. 289) 
 
9
 Lembramos que outros importantes temas de obrigações serão tratados pelo excelente Prof. André Barros, aqui no Curso 
Intensivo. 
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CLÁUSULA PENAL 
 
CIVIL E PROCESSUAL. AÇÃO DE RESCISÃO DE CONTRATO DE COMPRA E VENDA. 
INADIMPLÊNCIA DO DEVEDOR. CONTRATO ANTERIOR AO CDC. 
INAPLICABILIDADE. PERDA DAS PRESTAÇÕES PAGAS PREVISTA EM CLÁUSULA PENAL. 
I. Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor a contrato celebrado antes da sua vigência, 
pelo que a cláusula penal que prevê a perda da totalidade das parcelas pagas, contratada antes 
da entrada em vigor da Lei n. 8.078/80, não pode ser afastada com base em tal diploma. 
Precedentes do STJ. 
II. Recurso especial conhecido e provido. 
(REsp 435.608/PR, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em 
27.03.2007, DJ 14.05.2007 p. 310) 
 
CIVIL E PROCESSUAL. AÇÃO DE PROMESSA DE COMPRA E VENDA E CESSÃO. 
INADIMPLÊNCIA RECONHECIDA DOS RÉUS. RESCISÃO DECRETADA. PERDA DAS IMPORTÂNCIAS 
PAGAS CONSOANTE CLÁUSULA PENAL. CONTRATO CELEBRADO ANTES DA VIGÊNCIA DO CDC. 
VALIDADE DA COMINAÇÃO. PREQUESTIONAMENTO INSUFICIENTE. SUCUMBÊNCIA. CPC, ART. 
20, § 4º. 
I. Reconhecida a inadimplência dos réus, em contrato de promessa de compra e venda e cessão 
imobiliária, válida é a cláusula que prevê a perda das parcelas pagas quando celebrado o 
contrato antes da vigência do Código de Defesa do Consumidor. Precedentes do STJ. 
II. Insuficiência de prequestionamento que impede, ao teor das Súmulas n. 282 e 356 do C. STF, 
o debate acerca do acerto ou não da extinção da ação reintegratória de posse. 
III. Ausente a condenação, a sucumbência deve ser fixada com base no art. 20, § 4º, do CPC. 
IV. Recurso especial conhecido em parte e parcialmente provido. 
(REsp 399.123/SC, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em 
07.12.2006, DJ 05.03.2007 p. 288) 
 
Agravo regimental. Recurso especial não admitido. Prequestionamento. 
Cláusula penal. 
1. O Tribunal não afastou a incidência da cláusula penal, mas, apenas, considerou que a multa, 
como ajustada, ficou mais onerosa do que a própria prestação devida na normalidade. Nesse 
caso, houve a regular aplicação do artigo 920 do Código Civil, adequando-se a multa a 
patamares admitidos pela legislação. 
2. Agravo regimental desprovido. 
(AgRg no Ag 793.058/RS, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, TERCEIRA 
TURMA, julgado em 29.11.2006, DJ 07.05.2007 p. 318) 
 
Direito civil. Obrigações. Ação anulatória de contrato de cessão de obras literárias por 
encomenda (elaboração de duas telenovelas). 
Reconvenção. Indenização por perdas e danos. Descumprimento integral do contrato. Redução 
da multa contratual. Cláusula penal. Função compensatória. 
- Inviável a revisão do julgado, por força das Súmulas 5 e 7 do STJ, se o Tribunal de origem, ao 
analisar o processo, atento ao teor do contrato objeto da controvérsia e ao acervo probatório 
juntado pelas partes, concluiu pela inexistência de qualquer ato omissivo ou comissivo passível 
de macular o negócio jurídico. 
- A redução da multa compensatória, de acordo com o Código Civil, somente pode ser concedida 
nas hipóteses de cumprimento parcial da prestação ou, ainda, quando o valor da multa exceder o 
valor da obrigação principal. 
- Considerando-se que estipulada a cláusula penal em valor não excedente ao da obrigação e que 
foi total o inadimplemento contratual, não cabe a redução do seu montante, que deve servir 
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como compensação pela impossibilidade de obtenção da execução específica da prestação 
contratada, na hipótese, a elaboração de duas telenovelas. 
Recurso especial não conhecido. 
(REsp 687.285/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 25.09.2006,DJ 09.10.2006 p. 287) 
CIVIL E PROCESSUAL. COTAS DE CONSÓRCIO ADQUIRIDAS DE EMPRESA VENDEDORA DE 
VEÍCULOS. CARACTERIZAÇÃO COMO COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA. DESISTÊNCIA PELO 
ADQUIRENTE. CLÁUSULA PENAL. CDC, ART. 53. 
MITIGAÇÃO. RETENÇÃO PARCIAL PARA RESSARCIMENTO DE DESPESAS. 
I. Reconhecido pelo Tribunal estadual que se cuidou, na espécie, de compromisso de compra e 
venda de quotas de consórcio, a desistência, pelo adquirente, sob alegação de dificuldades 
econômicas, implica na aplicação parcial da cláusula penal, cabendo a retenção de parte dos 
valores a serem restituídos, para ressarcimento de despesas administrativas da vendedora. 
II. Recurso especial conhecido e parcialmente provido. 
(REsp 165.304/SP, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em 
07.02.2006, DJ 20.03.2006 p. 273) 
 
7. Enunciados – Jornadas de Direito Civil (Obrigações)10 
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – I JORNADA 
15 - Art. 240: as disposições do art. 236 do novo Código Civil também são aplicáveis à hipótese 
do art. 240, in fine. 
16 - Art. 299: o art. 299 do Código Civil não exclui a possibilidade da assunção cumulativa da 
dívida quando dois ou mais devedores se tornam responsáveis pelo débito com a concordância 
do credor. 
17 - Art. 317: a interpretação da expressão “motivos imprevisíveis”, constante do art. 317 do 
novo Código Civil, deve abarcar tanto causas de desproporção não previsíveis como também 
causas previsíveis, mas de resultados imprevisíveis. 
18 - Art. 319: a “quitação regular”, referida no art. 319 do novo Código Civil, engloba a quitação 
dada por meios eletrônicos ou por quaisquer formas de “comunicação à distância”, assim 
entendida aquela que permite ajustar negócios jurídicos e praticar atos jurídicos sem a presença 
corpórea simultânea das partes ou de seus representantes. 
19 - Art. 374: a matéria da compensação, no que concerne às dívidas fiscais e parafiscais de 
Estados, do Distrito Federal e de Municípios, não é regida pelo art. 374 do Código Civil. 
20 - Art. 406: a taxa de juros moratórios a que se refere o art. 406 é a do art. 161, § 1º, do 
Código Tributário Nacional, ou seja, 1% (um por cento) ao mês. 
A utilização da taxa SELIC como índice de apuração dos juros legais não é juridicamente segura, 
porque impede o prévio conhecimento dos juros; não é operacional, porque seu uso será inviável 
sempre que se calcularem somente juros ou somente correção monetária; é incompatível com a 
regra do art. 591 do novo Código Civil, que permite apenas a capitalização anual dos juros, e 
pode ser incompatível com o art. 192, § 3º, da Constituição Federal, se resultarem juros reais 
superiores a 12% (doze por cento) ao ano. 
21 - Art. 421: a função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, constitui 
cláusula geral, a impor a revisão do princípio da relatividade dos efeitos do contrato em relação a 
terceiros, implicando a tutela externa do crédito. 
22 - Art. 421: a função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, constitui 
cláusula geral, que reforça o princípio de conservação do contrato, assegurando trocas úteis e 
justas. 
23 - Art. 421: a função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, não elimina 
o princípio da autonomia contratual, mas atenua ou reduz o alcance desse princípio quando 
presentes interesses metaindividuais ou interesse individual relativo à dignidade da pessoa 
humana. 
 
10
 Fonte: site http://www.professorsimao.com.br/, do amigo e professor José Simão. 
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- 9 – 
24 - Art. 422: em virtude do princípio da boa-fé, positivado no art. 422 do novo Código Civil, a 
violação dos deveres anexos constitui espécie de inadimplemento, independentemente de culpa. 
25 - Art. 422: o art. 422 do Código Civil não inviabiliza a aplicação, pelo julgador, do princípio da 
boa-fé nas fases pré e pós-contratual. 
26 - Art. 422: a cláusula geral contida no art. 422 do novo Código Civil impõe ao juiz interpretar 
e, quando necessário, suprir e corrigir o contrato segundo a boa-fé objetiva, entendida como a 
exigência de comportamento leal dos contratantes. 
27 - Art. 422: na interpretação da cláusula geral da boa-fé, deve-se levar em conta o sistema do 
Código Civil e as conexões sistemáticas com outros estatutos normativos e fatores metajurídicos. 
28 - Art. 445 (§§ 1º e 2º): o disposto no art. 445, §§ 1º e 2º, do Código Civil reflete a 
consagração da doutrina e da jurisprudência quanto à natureza decadencial das ações edilícias. 
29 - Art. 456: a interpretação do art. 456 do novo Código Civil permite ao evicto a denunciação 
direta de qualquer dos responsáveis pelo vício. 
30 - Art. 463: a disposição do parágrafo único do art. 463 do novo Código Civil deve ser 
interpretada como fator de eficácia perante terceiros. 
31 - Art. 475: as perdas e danos mencionadas no art. 475 do novo Código Civil dependem da 
imputabilidade da causa da possível resolução. 
32 - Art. 534: no contrato estimatório (art. 534), o consignante transfere ao consignatário, 
temporariamente, o poder de alienação da coisa consignada com opção de pagamento do preço 
de estima ou sua restituição ao final do prazo ajustado. 
33 - Art. 557: o novo Código Civil estabeleceu um novo sistema para a revogação da doação por 
ingratidão, pois o rol legal previsto no art. 557 deixou de ser taxativo, admitindo, 
excepcionalmente, outras hipóteses. 
34 - Art. 591: no novo Código Civil, quaisquer contratos de mútuo destinados a fins econômicos 
presumem-se onerosos (art. 591), ficando a taxa de juros compensatórios limitada ao disposto 
no art. 406, com capitalização anual. 
35 - Art. 884: a expressão “se enriquecer à custa de outrem” do art. 884 do novo Código Civil 
não significa, necessariamente, que deverá haver empobrecimento. 
36 - Art. 886: o art. 886 do novo Código Civil não exclui o direito à restituição do que foi objeto 
de enriquecimento sem causa nos casos em que os meios alternativos conferidos ao lesado 
encontram obstáculos de fato. 
 DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – II JORNADA 
159 – Art. 186: O dano moral, assim compreendido todo o dano extrapatrimonial, 
não se caracteriza quando há mero aborrecimento inerente a prejuízo material. 
160 – Art. 243: A obrigação de creditar dinheiro em conta vinculada de FGTS é 
obrigação de dar, obrigação pecuniária, não afetando a natureza da obrigação a 
circunstância de a disponibilidade do dinheiro depender da ocorrência de uma das 
hipóteses previstas no art. 20 da Lei n. 8.036/90. 
161 – Arts. 389 e 404: Os honorários advocatícios previstos nos arts. 389 e 404 
do Código Civil apenas têm cabimento quando ocorre a efetiva atuação 
profissional do advogado. 
162 – Art. 395: A inutilidade da prestação que autoriza a recusa da prestação por 
parte do credor deverá ser aferida objetivamente, consoante o princípio da boa-fé 
e a manutenção do sinalagma, e não de acordo com o mero interesse subjetivo do 
credor. 
163 – Art. 405: A regra do art. 405 do novo Código Civil aplica-se somente à 
responsabilidade contratual, e não aos juros moratórios na responsabilidade 
extracontratual, em face do disposto no art. 398 do novo CC, não afastando, pois, 
o disposto na Súmula 54 do STJ. 
164 – Arts. 406, 2.044 e 2.045: Tendo a mora do devedor início ainda na vigência do Código 
Civil de 1916, são devidos juros de mora de 6% ao ano até 10 de janeiro de 2003; a partir de 11 
de janeiro de 2003 (data de entrada em vigor do novo Código Civil), passa a incidir o art. 406 do 
Código Civil de 2002. 
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- 10 – 
165 – Art. 413: Em caso de penalidade, aplica-se a regra do art. 413 ao sinal, 
sejam as arras confirmatórias ou penitenciais. 
166 – Arts. 421 e 422 ou 113: A frustração do fim do contrato, como hipótese que 
não se confunde com a impossibilidade da prestação ou com a excessiva 
onerosidade, tem guarida no Direito brasileiro pela aplicação do art. 421 do Código 
Civil. 
167 – Arts. 421 a 424: Com o advento do Código Civil de 2002, houve forte 
aproximação principiológica entre esse Código e o Código de Defesa do 
Consumidor, no que respeita à regulação contratual, uma vez que ambos são 
incorporadores de uma nova teoria geral dos contratos. 
168 – Art. 422: O princípio da boa-fé objetiva importa no reconhecimento de um 
direito a cumprir em favor do titular passivo da obrigação. 
169 – Art. 422: O princípio da boa-fé objetiva deve levar o credor a evitar o 
agravamento do próprio prejuízo. 
170 – Art. 422: A boa-fé objetiva deve ser observada pelas partes na fase de 
negociações preliminares e após a execução do contrato, quando tal exigência 
decorrer da natureza do contrato. 
171 – Art. 423: O contrato de adesão, mencionado nos arts. 423 e 424 do novo 
Código Civil, não se confunde com o contrato de consumo. 
172 – Art. 424: As cláusulas abusivas não ocorrem exclusivamente nas relações 
jurídicas de consumo. Dessa forma, é possível a identificação de cláusulas 
abusivas em contratos civis comuns, como, por exemplo, aquela estampada no 
art. 424 do Código Civil de 2002. 
173 – Art. 434: A formação dos contratos realizados entre pessoas ausentes, por 
meio eletrônico, completa-se com a recepção da aceitação pelo proponente. 
174 – Art. 445: Em se tratando de vício oculto, o adquirente tem os prazos do 
caput do art. 445 para obter redibição ou abatimento de preço, desde que os 
vícios se revelem nos prazos estabelecidos no parágrafo primeiro, fluindo, 
entretanto, a partir do conhecimento do defeito. 
175 – Art. 478: A menção à imprevisibilidade e à extraordinariedade, insertas no 
art. 478 do Código Civil, deve ser interpretada não somente em relação ao fato 
que gere o desequilíbrio, mas também em relação às conseqüências que ele 
produz. 
176 – Art. 478: Em atenção ao princípio da conservação dos negócios jurídicos, o 
art. 478 do Código Civil de 2002 deverá conduzir, sempre que possível, à revisão 
judicial dos contratos e não à resolução contratual. 
177 – Art. 496: Por erro de tramitação, que retirou a segunda hipótese de 
anulação de venda entre parentes (venda de descendente para ascendente), deve 
ser desconsiderada a expressão “em ambos os casos”, no parágrafo único do art. 
496. 
178 – Art. 528: Na interpretação do art. 528, devem ser levadas em conta, após a 
expressão “a benefício de”, as palavras ”seu crédito, excluída a concorrência de”, 
que foram omitidas por manifesto erro material. 
179 – Art. 572: A regra do art. 572 do novo CC é aquela que atualmente 
complementa a norma do art. 4º, 2ª parte, da Lei n. 8245/91 (Lei de Locações), 
balizando o controle da multa mediante a denúncia antecipada do contrato de 
locação pelo locatário durante o prazo ajustado. 
180 – Arts. 575 e 582: A regra do parágrafo único do art. 575 do novo CC, que 
autoriza a limitação pelo juiz do aluguel-pena arbitrado pelo locador, aplica-se 
também ao aluguel arbitrado pelo comodante, autorizado pelo art. 582, 2ª parte, 
do novo CC. 
181 – Art. 618: O prazo referido no art. 618, parágrafo único, do CC refere-se 
unicamente à garantia prevista no caput, sem prejuízo de poder o dono da obra, 
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- 11 – 
com base no mau cumprimento do contrato de empreitada, demandar perdas e 
danos. 
182 – Art. 655: O mandato outorgado por instrumento público previsto no art. 655 
do CC somente admite substabelecimento por instrumento particular quando a 
forma pública for facultativa e não integrar a substância do ato. 
183 – Arts. 660 e 661: Para os casos em que o parágrafo primeiro do art. 661 
exige poderes especiais, a procuração deve conter a identificação do objeto. 
184 – Art. 664 e 681: Da interpretação conjunta desses dispositivos, extrai-se que 
o mandatário tem o direito de reter, do objeto da operação que lhe foi cometida, 
tudo o que lhe for devido em virtude do mandato, incluindo-se a remuneração 
ajustada e o reembolso de despesas. 
185 – Art. 757: A disciplina dos seguros do Código Civil e as normas da 
previdência privada que impõem a contratação exclusivamente por meio de 
entidades legalmente autorizadas não impedem a formação de grupos restritos de 
ajuda mútua, caracterizados pela autogestão. 
186 – Art. 790: O companheiro deve ser considerado implicitamente incluído no 
rol das pessoas tratadas no art. 790, parágrafo único, por possuir interesse 
legítimo no seguro da pessoa do outro companheiro. 
187 – Art. 798: No contrato de seguro de vida, presume-se, de forma relativa, ser 
premeditado o suicídio cometido nos dois primeiros anos de vigência da cobertura, 
ressalvado ao beneficiário o ônus de demonstrar a ocorrência do chamado 
"suicídio involuntário”. 
188 – Art. 884: A existência de negócio jurídico válido e eficaz é, em regra, uma 
justa causa para o enriquecimento. 
189 – Art. 927: Na responsabilidade civil por dano moral causado à pessoa 
jurídica, o fato lesivo, como dano eventual, deve ser devidamente demonstrado. 
190 – Art. 931: A regra do art. 931 do novo CC não afasta as normas acerca da 
responsabilidade pelo fato do produto previstas no art. 12 do CDC, que continuam 
mais favoráveis ao consumidor lesado. 
191 – Art. 932: A instituição hospitalar privada responde, na forma do art. 932 III 
do CC, pelos atos culposos praticados por médicos integrantes de seu corpo 
clínico. 
192 – Arts. 949 e 950: Os danos oriundos das situações previstas nos arts. 949 e 
950 do Código Civil de 2002 devem ser analisados em conjunto, para o efeito de 
atribuir indenização por perdas e danos materiais, cumulada com dano moral e 
estético. 
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – IV JORNADA 
347 – Art. 266. A solidariedade admite outras disposições de conteúdo particular além do rol 
previsto no art. 266 do Código Civil. 
 
348 – Arts. 275/282. O pagamento parcial não implica, por si só, renúncia à solidariedade, a qual 
deve derivar dos termos expressos da quitação ou, inequivocadamente, das circunstâncias do 
recebimento da prestação pelo credor. 
 
349 – Art. 282. Com a renúncia da solidariedade quanto a apenas um dos devedores solidários, o 
credor só poderá cobrar do beneficiado a sua quota na dívida; permanecendo a solidariedade 
quanto aos demais devedores, abatida do débito a parte correspondente aos beneficiados pela 
renúncia. 
 
350 – Art. 284. A renúncia à solidariedade diferencia-se da remissão, em que o devedor fica 
inteiramente liberado do vínculo obrigacional, inclusive no que tange ao rateio da quota do 
eventual co-devedor insolvente, nos termos do art. 284. 
 
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351 – Art. 282. A renúncia à solidariedade em favor de determinado devedor afasta a hipótese 
de seu chamamento ao processo. 
 
352 – Art. 300. Salvo expressa concordância dos terceiros, as garantias por eles prestadas se 
extinguem com a assunção de dívida; já asgarantias prestadas pelo devedor primitivo somente 
são mantidas no caso em que este concorde com a assunção. 
 
353 – Art. 303. A recusa do credor, quando notificado pelo adquirente de imóvel hipotecado, 
comunicando-lhe o interesse em assumir a obrigação, deve ser justificada. 
 
354 – Art. 395, 396 e 408. A cobrança de encargos e parcelas indevidas ou abusivas impede a 
caracterização da mora do devedor. 
 
355 – Art. 413. Não podem as partes renunciar à possibilidade de redução da cláusula penal se 
ocorrer qualquer das hipóteses previstas no art. 413 do Código Civil, por se tratar de preceito de 
ordem pública. 
 
356 – Art. 413. Nas hipóteses previstas no art. 413 do Código Civil, o juiz deverá reduzir a 
cláusula penal de ofício. 
 
357 – Art. 413. O art. 413 do Código Civil é o que complementa o art. 4º da Lei n. 8.245/91. 
Revogado o Enunciado 179 da III Jornada. 
 
358 – Art. 413. O caráter manifestamente excessivo do valor da cláusula penal não se confunde 
com a alteração de circunstâncias, a excessiva onerosidade e a frustração do fim do negócio 
jurídico, que podem incidir autonomamente e possibilitar sua revisão para mais ou para menos. 
 
359 – Art. 413. A redação do art. 413 do Código Civil não impõe que a redução da penalidade 
seja proporcionalmente idêntica ao percentual adimplido. 
 
360 – Art. 421. O princípio da função social dos contratos também pode ter eficácia interna entre 
as partes contratantes. 
 
361 – Arts. 421, 422 e 475. O adimplemento substancial decorre dos princípios gerais 
contratuais, de modo a fazer preponderar a função social do contrato e o princípio da boa-fé 
objetiva, balizando a aplicação do art. 475. 
 
362 – Art. 422. A vedação do comportamento contraditório (venire contra factum proprium) 
funda-se na proteção da confiança, tal como se extrai dos arts. 187 e 422 do Código Civil. 
 
363 – Art. 422. Os princípios da probidade e da confiança são de ordem pública, estando a parte 
lesada somente obrigada a demonstrar a existência da violação. 
 
364 – Arts. 424 e 828. No contrato de fiança é nula a cláusula de renúncia antecipada ao 
benefício de ordem quando inserida em contrato de adesão. 
 
365 – Art. 478. A extrema vantagem do art. 478 deve ser interpretada como elemento acidental 
da alteração de circunstâncias, que comporta a incidência da resolução ou revisão do negócio por 
onerosidade excessiva, independentemente de sua demonstração plena. 
 
366 – Art. 478. O fato extraordinário e imprevisível causador de onerosidade excessiva é aquele 
que não está coberto objetivament e pelos riscos próprios da contratação. 
 
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- 13 – 
367 – Art. 479. Em observância ao princípio da conservação do contrato, nas ações que tenham 
por objeto a resolução do pacto por excessiva onerosidade, pode o juiz modificá-lo 
equitativamente, desde que ouvida a parte autora, respeitada a sua vontade e observado o 
contraditório. 
 
368 – Art. 496. O prazo para anular venda de ascendente para descendente é decadencial de 
dois anos (art. 179 do Código Civil). 
 
369 - Diante do preceito constante no art. 732 do Código Civil, teleologicamente e em uma visão 
constitucional de unidade do sistema, quando o contrato de transporte constituir uma relação de 
consumo, aplicam-se as normas do Código de Defesa do Consumidor que forem mais benéficas a 
este. 
 
370 - Nos contratos de seguro por adesão, os riscos predeterminados indicados no art. 757, 
parte final, devem ser interpretados de acordo com os arts. 421, 422, 424, 759 e 799 do Código 
Civil e 1º, inc. III, da Constituição Federal. 
 
371 - A mora do segurado, sendo de escassa importância, não autoriza a resolução do contrato, 
por atentar ao princípio da boa-fé objetiva. 
 
372 - Em caso de negativa de cobertura securitária por doença pré-existente, cabe à seguradora 
comprovar que o segurado tinha conhecimento inequívoco daquela. 
 
373 - Embora sejam defesos pelo § 2º do art. 787 do Código Civil, o reconhecimento da 
responsabilidade, a confissão da ação ou a transação não retiram ao segurado o direito à 
garantia, sendo apenas ineficazes perante a seguradora. 
 
374 - No contrato de seguro, o juiz deve proceder com eqüidade, atentando às circunstâncias 
reais, e não a probabilidades infundadas, quanto à agravação dos riscos. 
 
375 - No seguro em grupo de pessoas, exige-se o quórum qualificado de 3/4 do grupo, previsto 
no § 2º do art. 801 do Código Civil, apenas quando as modificações impuserem novos ônus aos 
participantes ou restringirem seus direitos na apólice em vigor. 
 
376 - Para efeito de aplicação do art. 763 do Código Civil, a resolução do contrato depende de 
prévia interpelação. 
 
PAZ E LUZ, AMIGOS DO CORAÇÃO! 
 
Fonte: Novo Curso de Direito Civil – Obrigações, vol. II - 
Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho, Ed. Saraiva 
(www.editorajuspodivm.com.br ou www.saraivajur.com.br) 
 
Revisado.2007.2.OK 
 
2- Material Complementar: Prisão Civil na Alienação Fiduciária, no Depósito e o Supremo 
Tribunal Federal 
 
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1- Notícia do Consultor Jurídico 
Alienação fiduciária 
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Oito ministros já votaram contra prisão de devedores 
por Aline Pinheiro 
Está indo por água abaixo a tentativa dos bancos de ameaçar com prisão devedores em 
alienação fiduciária. Oito ministros do Supremo Tribunal Federal já votaram contra a prisão civil 
nestes casos. O julgamento, que aconteceu na tarde desta quarta-feira (22/11) no Plenário do 
Supremo, foi interrompido por um pedido de vista do ministro Celso de Mello. 
Os bancos Bradesco e Itaú entraram com recurso no Supremo contra a decisão do Tribunal de 
Justiça de São Paulo com a alegação de que a Lei de Alienação Fiduciária, ao equiparar o devedor 
a depositário infiel, permitiu também a prisão neste caso. O argumento dos bancos não coincide 
com o entendimento majoritário dos tribunais. A corrente nas cortes é de não permitir a prisão 
para o alienante. Os desembargadores paulistas entenderam que o contrato de alienação 
fiduciária não pode ser equiparado ao contrato de depósito de bem alheio para aplicação da 
prisão civil. 
Até o momento, já votaram os ministros Cezar Peluso (relator), Gilmar Mendes, Cármen Lúcia, 
Joaquim Barbosa, Carlos Ayres Britto, Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio e Ellen Gracie. Se o 
quadro não mudar, a prisão civil em casos de alienação fiduciária deve ser considera 
inconstitucional. 
Para o Bradesco, a interpretação do TJ-SP fere o disposto no artigo 66, da Lei nº 4.728/65, com 
a redação dada pelo artigo 1º do Decreto-lei nº 911/69, que determinou que “a alienação 
fiduciária em garantia transfere ao credor o domínio resolúvel e a posse indireta da coisa móvel 
alienada, independentemente da tradição efetiva do bem, tornando-se o alienante ou devedor 
em possuidor direto e depositário de acordo com a lei civil e penal”. O banco alega que a 
Constituição de 1988 teria recepcionado esta norma e assim seria admitida a prisão civil no caso. 
Para Cezar Peluso, depósito e alienação fiduciária não podem ser considerados a mesma coisa. 
No segundo caso, o bem alienado é usado pelo alienado. No depósito, o bem não pode ser 
usado. “Se o depositário se concede o direito de usar da coisa, já não haverá depósito.” 
Por outro lado, “a abertura de crédito com garantia de alienação fiduciária”revela a intenção de 
provisão de recursos para aquisição de bens duráveis, constituindo-se em garantia do pagamento 
do crédito. Dessa forma, o sentido de alienação fiduciária para aquisição bens é o “negócio 
jurídico em que um dos figurantes adquire, em confiança, determinado bem, com a obrigação de 
devolvê-lo, ao se verificar certa condição acordada”. Sob essa ótica, para Cezar Peluso, “é 
impossível encontrar na alienação fiduciária em garantia, resíduo de contrato de depósito e até 
afinidade de situações jurídicas subjetivas entre elas”. 
Peluso sustenta que desde a Constituição de 1934, prevalece no Brasil a doutrina jurídica que 
estabelece que ‘não haverá prisão por dívidas, multas ou custas’ sem qualquer outra restrição”. 
Ao pedir vista, o ministro Celso de Mello explicou que, ao analisar o caso, o Supremo está 
revendo antiga jurisprudência da corte. Se for considerado inconstitucional a equiparação do 
devedor em alienação fiduciária ao depositário infiel, a mudança deve refletir também na 
possibilidade de prisão civil para o depositário infiel. 
RE 466.343 
Revista Consultor Jurídico, 22 de novembro de 2006 (www.conjur.com,br) 
 
 
2- Andamento do Recurso referido no noticiário do site do Consultor Jurídico: 
 
 RE/466343 - RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
Origem: SP 
Relator: MIN. CEZAR PELUSO 
Redator para acordão 
RECTE.(S) BANCO BRADESCO S/A 
ADV.(A/S) VERA LÚCIA B. DE ALBUQUERQUE E OUTRO(A/S) 
RECDO.(A/S) LUCIANO CARDOSO SANTOS 
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- 15 – 
 Andamentos 
 DJ 
 Jurisprudência 
 Deslocamentos 
 Detalhes 
 Petições 
 Recursos 
 
Data Andamento Observação Documento 
29/11/2006 DECISAO 
PUBLICADA, DJ: 
ATA Nº 34, de 22/11/2006 - 
28/11/2006 REMESSA DOS 
AUTOS 
AO GABINETE DO SENHOR MINISTRO CELSO DE 
MELLO DEVIDO AO PEDIDO DE VISTA DO MINISTRO. 
 
23/11/2006 JUNTADA DA CERTIDÃO DE JULGAMENTO DA SESSÃO PLENÁRIA 
DE 22/11/2006. 
 
22/11/2006 
VISTA AO 
MINISTRO 
CELSO DE MELLO. Decisão: Após o voto do Senhor 
Ministro Cezar Peluso (Relator), que negava 
provimento ao recurso, no que foi acompanhado pelo 
Senhor Ministro Gilmar Mendes, pela Senhora Ministra 
Cármen Lúcia e pelos Senhores Ministros Ricardo 
Lewandowski, Joaquim Barbosa, Carlos Britto e Marco 
Aurélio, pediu vista dos autos o Senhor Ministro Celso 
de Mello. Ausentes, justificadamente, os Senhores 
Ministros Sepúlveda Pertence e Eros Grau. Presidência 
da Senhora Ministra Ellen Gracie. Plenário, 22.11.2006. 
 
04/08/2006 
PAUTA 
PUBLICADA NO 
DJ - PLENO 
PAUTA Nº 21/2006 - 
01/08/2006 CONCLUSOS AO 
RELATOR 
 
01/08/2006 CERTIDAO 
CERTIFICO E DOU FÉ QUE, EM CUMPRIMENTO AO 
DESPACHO DE FLS. 97, FORAM REMETIDAS CÓPIAS 
DO RELATÓRIO DESTES AUTOS AOS EXELENTÍSSIMOS 
SENHORES MINISTROS DESTA CORTE. 
 
28/07/2006 PEÇO DIA PARA 
JULGAMENTO 
Pleno Em 28/07/2006 18:15:30 
16/12/2005 CONCLUSOS AO 
RELATOR 
 
15/12/2005 DISTRIBUIDO MIN. CEZAR PELUSO 
 
 
 
3- Outros julgados de interesse da matéria: 
 
 
HC90172 / SP - SÃO PAULO 
HABEAS CORPUS 
Relator(a): Min. GILMAR MENDES 
Julgamento: 05/06/2007 Órgão Julgador: Segunda Turma 
Publicação 
DJ 17-08-2007 PP-00091 
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- 16 – 
EMENT VOL-02285-04 PP-00672 
Parte(s) 
PACTE.(S) : MARIVALDO ADALBERTO ABUQUERQUE OU MARIVALDO 
 ADALBERTO ALBUQUERQUE 
IMPTE.(S) : BENEDITO DONIZETH REZENDE CHAVES 
COATOR(A/S)(ES) : RELATOR DO HC Nº 68584 DO SUPERIOR TRIBUNAL 
 DE JUSTIÇA 
Ementa 
 
EMENTA: Habeas Corpus. 1. No caso concreto foi ajuizada ação de execução sob o nº 612/2000 
perante a 3ª Vara Cível de Santa Bárbara D'Oeste/SP em face do paciente. A credora requereu a 
entrega total dos bens sob pena de prisão. 2. A defesa alega a existência de constrangimento 
ilegal em face da iminência de expedição de mandado de prisão em desfavor do paciente. 
Ademais, a inicial sustenta a ilegitimidade constitucional da prisão civil por dívida. 3. Reiterados 
alguns dos argumentos expendidos em meu voto, proferido em sessão do Plenário de 
22.11.2006, no RE nº 466.343/SP: a legitimidade da prisão civil do depositário infiel, ressalvada 
a hipótese excepcional do devedor de alimentos, está em plena discussão no Plenário deste 
Supremo Tribunal Federal. No julgamento do RE nº 466.343/SP, Rel. Min. Cezar Peluso, que se 
iniciou na sessão de 22.11.2006, esta Corte, por maioria que já conta com sete votos, acenou 
para a possibilidade do reconhecimento da inconstitucionalidade da prisão civil do alienante 
fiduciário e do depositário infiel. 4. Superação da Súmula nº 691/STF em face da configuração de 
patente constrangimento ilegal, com deferimento do pedido de medida liminar, em ordem a 
assegurar, ao paciente, o direito de permanecer em liberdade até a apreciação do mérito do HC 
nº 68.584/SP pelo Superior Tribunal de Justiça. 5. Considerada a plausibilidade da orientação 
que está a se firmar perante o Plenário deste STF - a qual já conta com 7 votos - ordem deferida 
para que sejam mantidos os efeitos da medida liminar. 
Decisão 
A Turma, por votação unânime, deferiu o pedido de habeas corpus, nos 
termos do voto do Relator. 2ª Turma, 05.06.2007. 
Indexação 
- VIDE EMENTA E INDEXAÇÃO PARCIAL: CABIMENTO, HABEAS CORPUS PREVENTIVO, 
INCONSTITUCIONALIDADE, DECRETAÇÃO, PRISÃO CIVIL, 
DEVEDOR FIDUCIANTE, CONTRATO DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA, VIOLAÇÃO, 
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE.INAPLICABILIDADE, 
LEGISLAÇÃO COMUM, PRISÃO, DEPOSITÁRIO, POSTERIORIDADE, SUBSCRIÇÃO, 
BRASIL, PACTO DE SÃO JOSÉ DA COSTA RICA. 
- FUNDAMENTAÇÃO COMPLEMENTAR, MIN. CEZAR PELUSO: AUSÊNCIA, 
CARACTERIZAÇÃO, CONTRATO DE DEPÓSITO, CONTRATO DE EMPRÉSTIMO, 
BEM FUNGÍVEL. 
Legislação 
LEG-FED LEI-003071 ANO-1916 
 ART-01287 
 CC-1916 CÓDIGO CIVIL 
LEG-FED LEI-010406 ANO-2002 
 ART-00652 
 CC-2002 CÓDIGO CIVIL 
LEG-FED DEL-000911 ANO-1969 
 ART-00004 
 DECRETO-LEI 
LEG-FED DLG-000027 ANO-1992 
 APROVA A CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS 
 DECRETO LEGISLATIVO 
LEG-FED DEC-000678 ANO-1992 
 INTENSIVO REGULAR ROTATIVO 
 Disciplina: Direito Civil 
 Aula: 11 
 Prof.: Pablo Stolze 
 Data: 16 e 18.10.2007 
 
 
 
- 17 – 
 PROMULGA A CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS 
 DECRETO 
LEG-FED SUM-000691 
 SÚMULA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF 
LEG-INT CVC 
 CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS (PACTO DE 
SÃO JOSÉ DA COSTA RICA) 
Observação 
- Acórdão citado: RE 466343 
- Veja HC 68584 do STJ. 
N.PP.: 17. 
Análise: 04/09/2007, FMN. 
Revisão: 28/09/2007, CEL. 
fim do documento 
RHC90759 / MG - MINAS GERAIS 
RECURSO EM HABEAS CORPUS 
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI 
Julgamento: 15/05/2007 Órgão Julgador: Primeira Turma 
Publicação 
DJ 22-06-2007 PP-00041 
EMENT VOL-02281-03 PP-00590 
Parte(s) 
RECTE.(S) : PAULO GORAYEB NEVES 
ADV.(A/S) : RAIMUNDO CÂNDIDO JÚNIOR E OUTRO(A/S) 
RECDO.(A/S) : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL 
Ementa 
 
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. 
PRISÃO CIVIL. DEPOSITÁRIOJUDICIAL INFIEL. FURTO DOS BENS PENHORADOS. 
DEPÓSITO NECESSÁRIO. SÚMULA 619 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. EFICÁCIA DA 
DECISÃO JUDICIAL. COAÇÃO ILEGAL. INOCORRÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO. I - O 
depósito judicial é obrigação legal que estabelece relação de direito público entre o 
juízo da execução e o depositário, permitindo a prisão civil no caso de infidelidade. II - 
A via eleita necessita de comprovação pré-constituída acerca dos elementos de 
convicção que, de forma inequívoca, comprove as alegações apresentadas. III - A 
substituição de bens penhorados, nos termos do art. 668 do Código de Processo Civil, 
depende da comprovação da impossibilidade de prejuízo para o exeqüente, o que não 
ocorre no caso em análise. IV - Recurso improvido. 
Decisão 
Por maioria de votos, a Turma negou provimento ao recurso ordinário em 
habeas corpus; vencido o Ministro Marco Aurélio, que lhe dava 
provimento. 1ª. Turma, 15.05.2007. 
Indexação 
- VIDE EMENTA E INDEXAÇÃO PARCIAL: DEPÓSITO JUDICIAL, DEPOSITÁRIO, 
QUALIDADE, ÓRGÃO AUXILIAR, JUSTIÇA, GUARDA, BEM PENHORADO, RELAÇÃO, 
DIREITO PÚBLICO, NATUREZA PROCESSUAL, AUSÊNCIA, RELAÇÃO CONTRATUAL. 
DIFERENÇA, CASO, PRISÃO CIVIL, DEVEDOR FIDUCIÁRIO, ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA 
EM GARANTIA. 
- VOTO VENCIDO, MIN. MARCO AURÉLIO: PACTO SÃO JOSÉ DA COSTA RICA, 
AUSÊNCIA, DERROGAÇÃO, CONSTITUIÇÃO FEDERAL. RESTRIÇÃO, POSSIBILIDADE, 
PRISÃO CIVIL, CASO, INADIMPLEMENTO, OBRIGAÇÃO, PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA. 
Legislação 
LEG-FED CF ANO-1988 
 INTENSIVO REGULAR ROTATIVO 
 Disciplina: Direito Civil 
 Aula: 11 
 Prof.: Pablo Stolze 
 Data: 16 e 18.10.2007 
 
 
 
- 18 – 
 ART-00005 INC-00067 PAR-00002 PAR-00004 
 CF-1988 CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
LEG-FED LEI-005869 ANO-1973 
 ART-00668 
 CPC-1973 CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
LEG-FED LEI-006071 ANO-1974 
 LEI ORDINÁRIA 
LEG-FED DEL-000911 ANO-1969 
 ART-00004 
 REDAÇÃO DADA PELA LEI-6071/1974 
 DECRETO-LEI 
LEG-FED SUM-000619 
 SÚMULA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF 
LEG-FED DLG-000027 ANO-1992 
 APROVA A CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS 
 DECRETO LEGISLATIVO 
LEG-FED DEC-000678 ANO-1992 
 PROMULGA A CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS 
 DECRETO 
LEG-INT CVC 
 CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS (PACTO DE 
SÃO JOSÉ DA COSTA RICA) 
Observação 
- Acórdãos citados: RHC 55271 (RTJ 85/97), RHC 80035, HC 
83617, HC 84484. 
N.PP.: 30. 
Análise: 29/06/2007, AAC. 
fim do documento 
 
 
 
Classe / Origem 
RE 441719 / MT 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
 
Relator(a) 
Min. - MARCO AURÉLIO DJ DATA-05/09/2005 P OOO92 
 
Julgamento 
22/08/2005 
Despacho 
DECISÃO PROCESSO - SOBRESTAMENTO. 1. Encontra-se pendente de julgamento no Pleno o 
Recurso Extraordinário nº 349.703-RS, a versar sobre a inconstitucionalidade, ou não, da prisão 
civil do depositário infiel na alienação fiduciária em garantia. 2. Ante a possibilidade de revisão 
do entendimento sobre a matéria, tendo em vista a nova composição da Corte, determino o 
sobrestamento deste processo. 3. À Assessoria, para o devido acompanhamento. 4. Publique-se. 
Brasília, 22 de agosto de 2005. Ministro MARCO AURÉLIO Relator 
 
Partes 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO N. 441.719-7 
PROCED.: MATO GROSSO 
RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO 
RECTE.(S): BANCO BRADESCO S/A 
 INTENSIVO REGULAR ROTATIVO 
 Disciplina: Direito Civil 
 Aula: 11 
 Prof.: Pablo Stolze 
 Data: 16 e 18.10.2007 
 
 
 
- 19 – 
ADV.(A/S): MAURO PAULO GALERA MARI E OUTRO(A/S) 
RECDO.(A/S): EDI CLEBER RODRIGUES MARTINS 
ADV.(A/S): DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO 
 
Classe / Origem 
RE 458931 / MG 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
 
Relator(a) 
Min. - CARLOS VELLOSO DJ DATA-09/09/2005 P OO146 
 
Julgamento 
26/08/2005 
Despacho 
DECISÃO: - Vistos. A Oitava Câmara Cível do Tribunal de Alçada do Estado de Minas Gerais, em 
ação de busca e apreensão fundada no D.L. 911/69 e convertida em ação de depósito, entendeu 
não ser possível a prisão civil do devedor-fiduciante. Daí o RE, interposto por MULTIMARCAS 
ADMINISTRADORA DE CONSÓRCIOS LTDA, fundado no art. 102, III, a, da Constituição Federal, 
sustentando, em síntese, que a decisão recorrida violou o art. 5º, LXVII, da mesma Carta, 
porquanto o referido dispositivo permitiria a prisão civil do depositário infiel. Admitido o recurso, 
subiram os autos, que me foram conclusos em 19.8.2005. Decido. EMENTA: - CONSTITUCIONAL. 
PRISÃO CIVIL. DEPOSITÁRIO INFIEL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA. Dec-lei nº 911, de 
1969. I. - D.L. 911, de 1969, art. 4º: equiparação do devedor-fiduciante ao depositário infiel: 
prisão civil: legitimidade constitucional. C.F., art. 5º, LXVII. II. - Precedentes do S.T.F.: HC 
72.131/RJ, Plenário, 22.11.1995; RE 206.482/SP e HC 76.561/SP, Plenário, 27.05.98. III. - Voto 
vencido, Min. C. Velloso: não recepção, pela CF/88, do art. 4º do D.L. 911/69. Não subsistência, 
ademais, da prisão civil do devedor-fiduciante diante da Convenção Americana sobre Direitos 
Humanos de São José da Costa Rica, da qual o Brasil é signatário. Ressalva do entendimento 
pessoal. IV. - R.E. conhecido e provido. O Supremo Tribunal Federal, pelo seu Plenário, no 
julgamento do HC 72.131/RJ, em 23.11.95, -- acórdão ainda não publicado -- decidiu no sentido 
de que o art. 4º, do D.L. 911/69, que equipara o devedor-fiduciante ao depositário infiel, foi 
recebido pela Constituição de 1988. O Tribunal decidiu, também, no citado julgamento, que a 
Convenção Americana de Direitos Humanos, de São José da Costa Rica, a que aderiu o Brasil, em 
1992, já na vigência da CF/88, não revogou, no ponto em discussão, o D.L. 911, de 1969. Fiquei 
vencido. Posteriormente, no julgamento do RE 206.482/SP, Relator o Ministro Maurício Corrêa, e 
no HC 76.561/SP, o Plenário reiterou o entendimento anterior. Reiterei, na oportunidade, o meu 
entendimento em sentido contrário, nos termos do seguinte voto, proferido no RE 206.482/SP: 
"O acórdão recorrido, do Superior Tribunal de Justiça, decidiu que 'constitui-se em ilegalidade o 
ato de prisão civil do devedor-fiduciante face à circunstância de não estar o mesmo equiparado 
ao depositário infiel'. No voto que serviu de base para o acórdão, do Ministro Anselmo Santiago, 
invocaram-se duas decisões daquela Corte, tomadas nos HHCC 3.552-SP e 3.545-DF, assim 
ementados os respectivos acórdãos: 'CONSTITUCIONAL. CIVIL. PROCESSUAL PENAL. CONTRATO 
DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. DEVEDOR-FIDUCIANTE. INADIMPLEMENTO DE OBRIGAÇÃO. 
PRISÃO CIVIL COMO DEPOSITÁRIO INFIEL. IMPOSSIBILIDADE. CF, ART. 5º, LXVII. CC, ARTS. 
1.265/87. DL Nº 911/69. - Segundo a ordem jurídica estabelecida pela Carta Magna de 1988, 
somente é admissível prisão civil por dívida nas hipóteses de inadimplemento voluntário e 
inescusável de obrigação alimentícia e de depositário infiel (CF, art. 5º, LXVII). - O devedor-
fiduciante que descumpre a obrigação pactuada e não entrega a coisa ao credor-fiduciante não 
se equipara ao depositário infiel, passível de prisão civil, pois o contrato de depósito, disciplinado 
nos arts. 1.265 a 1.287, do Código Civil, não se equipara, em absoluto, ao contrato de alienação 
fiduciária. - A regra do art. 1º do DL nº 911/69, que equipara a alienação fiduciária em garantia 
ao contrato de depósito, perdeu a sua vitalidade jurídica em face da nova ordem constitucional. - 
Habeas corpus concedido.' (STJ, 6ª T., HC nº 3.552-6/SP, Rel. Min. Vicente Leal, julg. em 
 INTENSIVO REGULAR ROTATIVODisciplina: Direito Civil 
 Aula: 11 
 Prof.: Pablo Stolze 
 Data: 16 e 18.10.2007 
 
 
 
- 20 – 
18.09.95). 'CONSTITUCIONAL. HABEAS CORPUS. PRISÃO CIVIL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM 
GARANTIA. INTERPRETAÇÃO DO ART. 66 DA LEI Nº 4.728/65, ALTERADO PELO DECRETO-LEI Nº 
911/69, EM FACE DO NOVO ORDENAMENTO CONSTITUCIONAL. ORDEM CONCEDIDA. I. - O 
paciente foi condenado em ação de busca e apreensão, convertida em ação de depósito, a 
restituir bem (veículo) objeto de contrato de alienação fiduciária em garantia. Foi decretada a 
prisão civil do paciente. II. - A Constituição Federal prevê a prisão civil por dívida em apenas dois 
casos: inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e depositário infiel (art. 
5º, LXVII). No parágrafo 2º desse mesmo art. 5º, está dito que 'os direitos e garantias expressos 
nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, 
ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte'. Em 1991, foi 
incorporado em nosso ordenamento constitucional, pelo Decreto Legislativo nº 226, de 12/12/91, 
textos do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, que em seu art. 11 veda 
taxativamente a prisão civil por descumprimento de obrigação contratual. Por outro lado, no caso 
específico da 'alienação fiduciária em garantia', não se tem um contrato de depósito genuíno. O 
devedor fiduciante não está na situação jurídica de depositário. O credor fiduciário não tem o 
direito de exigir dele a entrega do bem. Nem mesmo de proprietário deve ser rotulado, pois nem 
sequer pode ficar com a coisa, mas apenas com o produto de sua venda, deduzido o montante já 
pago pelo devedor. III. - Ordem concedida. (STJ, 6ª T., HC nº 3.545-3/DF, Rel. Min. Adhemar 
Maciel, julg. em 10.10.95).' (fls. 72/73) O que se sustenta, em resumo, é que a prisão civil 
somente é permitida pela Constituição Federal nas hipóteses de inadimplemento voluntário e 
inescusável de obrigação alimentícia e de depositário infiel (C.F., art. 5º, LXVII). E que o 
devedor-fiduciante não se equipara ao depositário infiel, pois o contrato de depósito, disciplinado 
nos arts. 1265 a 1287, do Cód. Civil, não se equipara ao contrato de alienação fiduciária. E mais: 
que a regra do art. 1º, do DL 911/69, que equipara a alienação fiduciária em garantia ao 
contrato de depósito, perdeu validade em face da nova ordem constitucional (HC 3.552-SP). No 
HC 3.545-DF, invocou-se o Decreto Legislativo nº 226, de 12.12.91, que incorporou ao 
ordenamento jurídico brasileiro textos do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, de 
São José da Costa Rica, que, em seu art. 11, veda taxativamente a prisão civil por 
descumprimento de obrigação contratual. Ademais, na alienação fiduciária em garantia não se 
tem um contrato de depósito genuíno. No RE, sustenta-se ofensa ao art. 5º, LXVII, e seu § 2º, 
da C.F. O eminente Ministro Maurício Corrêa, Relator, deu pela legitimidade do Ministério Público 
para recorrer, o que foi aceito pelo Tribunal, inclusive por mim. Ficou vencido o Ministro Marco 
Aurélio. No mérito, o eminente Relator conheceu do recurso e lhe deu provimento. Divergiu o Sr. 
Ministro Marco Aurélio. Pedi vista dos autos e os trago, a fim de retomarmos o julgamento do 
recurso. Passo a votar. Quando do julgamento do HC 72.131-RJ, proferi voto sustentando que a 
prisão civil do devedor-fiduciante não tem amparo na Constituição, art. 5º, LXVII, e, mais, diante 
da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, de São José da Costa Rica, assinada pelo 
Brasil em 1969 e ratificada em 25.09.92, a referida prisão civil do devedor-fiduciante está 
afastada da ordem jurídica brasileira. Infelizmente, até o presente momento, não pude revisar as 
notas taquigráficas do referido voto, dado que elas estão retidas no gabinete de um dos 
eminentes Colegas, para revisão de apartes que me foram dados. Registro que o julgamento do 
citado HC 72.131-RJ ocorreu em 23.11.1995. No voto, que proferi no julgamento do mencionado 
HC 72.131-RJ, pretendi demonstrar que a alienação fiduciária em garantia, ao transferir ao 
credor o domínio resolúvel e a posse indireta da coisa móvel alienada (art. 66 da Lei 4.728, de 
1965, com a redação do art. 1º do DL. 911, de 1969), e, ao tornar o devedor-fiduciante em 
depositário, estabelece mera ficção jurídica. Vejamos. Alguém compra coisa móvel. O vendedor 
transfere, pela tradição, ao comprador, o domínio e a posse da coisa objeto da compra e venda. 
Em certos casos, para garantia do recebimento do preço, a venda se faz mediante o contrato de 
alienação fiduciária em garantia (Lei 4.728/65, art. 66, com a redação do art. 1º do DL 911/69). 
Esse instituto estabelece uma ficção: a alienação fiduciária em garantia transfere ao credor o 
domínio resolúvel e a posse indireta da coisa móvel alienada, independentemente da tradição 
efetiva do bem, tornando-se o alienante ou devedor em possuidor direto e depositário (D.L. 911, 
de 1º/10/69, que alterou a redação do art. 66 da Lei 4.728, de 14.07.65). E foi mais longe o D.L. 
 INTENSIVO REGULAR ROTATIVO 
 Disciplina: Direito Civil 
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- 21 – 
911/69: transformou o comprador ou devedor em depositário do bem, sujeitando-o à prisão civil, 
vale dizer, equiparando-o ao depositário infiel, sem que exista, na verdade, um contrato de 
depósito, na forma estabelecida nos arts. 1265 e seguintes do Cód. Civil, de modo a permitir a 
prisão civil prevista no art. 1287 do mesmo Código -- esta, sim, autorizada pela C.F., art. 5º, 
LXVII. No verdadeiro contrato de depósito, recebe o depositário um objeto móvel, para guardar, 
até que o depositário o reclame (Cód. Civil, art. 1265). É dizer, pelo contrato de depósito, o 
depositante, proprietário da coisa, a entrega ao depositário, para o fim de ser guardada, devendo 
o depositário restituí-la quando reclamada pelo proprietário. Destarte, depositário é aquele que, 
aceitando, expressamente, a obrigação de guardar certo objeto móvel, assume, em 
conseqüência, o dever de devolver esse objeto ao proprietário deste, quando este o reclamar. A 
finalidade do contrato de depósito, está-se a ver, é a guarda do objeto móvel. É fácil verificar, de 
outro lado, que a entrega (tradição) da coisa móvel ao depositário não transfere a este a 
propriedade da coisa. O depositário transforma-se, na verdade, em mero detentor da coisa, com 
a obrigação de restituí-la ao proprietário (depositante), logo que este a reclamar. O que 
acontece, entretanto, na alienação fiduciária em garantia? Orlando Gomes ensina que 'o 
fiduciário passa a ser dono dos bens alienados pelo fiduciante. Adquire, por conseguinte, a 
propriedade desses bens, mas, como no próprio título de constituição desse direito, está 
estabelecida a causa de sua extinção, seu titular tem apenas propriedade restrita e resolúvel. O 
fiduciário não é proprietário pleno, senão titular de um direito sob condição resolutiva'. 
("Alienação Fiduciária em Garantia", Ed. Rev. dos Tribs., 1970, p. 22). Assim também a lição do 
nosso colega, Ministro Moreira Alves: 'Examinando-se a estrutura da alienação fiduciária em 
garantia, quer no teor original do art. 66 da Lei nº 4.728, quer na nova redação que a esse 
dispositivo deu o art. 1º do Decreto-lei nº 911, verifica-se, de imediato, que se trata de negócio 
jurídico bilateral, que visa a transferir a propriedade da coisa móvel com fins de garantia 
(propriedade fiduciária)'. ("Da alienação fiduciária em garantia", 2ª. ed. Forense, p. 37). Todavia, 
esclarece José Paulo Cavalcanti, 'da chamada alienação fiduciária em garantia na verdade não 
resulta para o credor a aquisiçãode propriedade alguma'. ("O Penhor Chamado Alienação 
Fiduciária em Garantia", Recife, 1989, pág. 4). É dizer, na realidade, não há transferência de 
propriedade para o credor, nem antes e nem depois de vencido o crédito. Leciona José Paulo 
Cavalcanti: o que o credor pode fazer é 'apenas vender extrajudicialmente a propriedade da 
coisa, se o contrato não excluir essa venda extrajudicial (art. 2º do Decreto-lei 911/1969); e 
efetuada a venda judicial ou extrajudicial, ao credor caberá apenas o valor correspondente a seu 
crédito, cabendo toda a parte porventura excedente ao devedor (art. 1º, § 4º, art. 2º do 
Decreto-lei 911/1969); que somente a recebe porque efetivamente era a ele, e não ao credor, 
que pertencia a propriedade móvel objeto da venda'. (José Paulo Cavalcanti, ob. cit., págs. 5/9). 
Noutras palavras: o § 6º do art. 1º do DL 911/69 torna nula a cláusula do contrato que reserva 
para o credor a propriedade do bem. A única coisa que o credor pode fazer é vender o bem. 
Efetuada a venda judicial ou extrajudicial, ao credor caberá apenas o valor correspondente ao 
seu crédito, certo que o excedente será do devedor (DL. 911/69, art. 2º). Ora, se o credor fosse, 
na verdade, proprietário, poderia ele dispor da coisa. O credor, bem leciona José Paulo 
Cavalcanti, na alienação fiduciária em garantia, não é proprietário nem antes e nem depois do 
inadimplemento do devedor. O que o credor-fiduciário tem, na verdade, o que é, aliás, 
acentuado por José Paulo Cavalcanti, é a posse indireta da coisa (D.L. 911/69, art. 1º). Todavia, 
posse não é propriedade e posse indireta não é posse, é uma ficção. É de Gondim Neto a lição: 
'Discutem vivamente os juristas tedescos a respeito da natureza jurídica da posse indireta. 
Alguns pensam que se trata de uma relação artificial -- einen fingierten Besitz pura criação da 
lei, com o fim de atribuir ao chamado possuidor indireto certos efeitos jurídicos da posse.' E 
acrescenta: 'A posse indireta não é, na realidade, aquilo que as palavras parecem indicar, não é 
posse como a dos outros possuidores, constitui unicamente uma ficção, que se reduz ao direito 
de exercer, subsidiariamente, as ações possessórias, para reprimir atos ilegais praticados contra 
o verdadeiro possuidor. Não vai além a importância da posse indireta.' ("Posse Indireta", Univ. 
Federal do Rio de Janeiro, 1972, págs. 15/17). A posse indireta, portanto, não passa de uma 
ficção. E as ficções, adverte Ferrara, citado por José Paulo Cavalcanti, se 'são toleráveis na lei, 
 INTENSIVO REGULAR ROTATIVO 
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- 22 – 
das ficções deve fugir a ciência. Ficções são mascaramentos da verdade, e a ciência, que tem por 
missão descobrir a verdade não pode contentar-se com um artifício. Toda ficção doutrinária é um 
problema não resolvido (Bulow, Civilprozess. Fictionem und Wahreiten) (Arq. f. civ. Prax, 62, p. 
1-6. Biermann, B.R.92)' ("Trattato", Athen., Roma, 1921, nº 9, pág. 50; apud José Paulo 
Cavalcanti, ob. cit., págs. 13-14). Temos, então, na alienação fiduciária em garantia, mais de 
uma ficção: a ficção que leva à falsa propriedade do credor-fiduciário, a ficção do contrato de 
depósito, em que o devedor é equiparado ao depositário, certo que o credor tem, apenas, a 
posse indireta do bem, posse indireta que não passa, também, de outra ficção. E a partir dessas 
ficções, fica o comprador-devedor, na alienação fiduciária, sujeito à prisão civil. Mas o que deve 
ficar esclarecido é que a Constituição autoriza a prisão civil apenas do depositário infiel, ou seja, 
daquele que, recebendo do proprietário um certo bem para guardar, se obriga a guardá-lo e a 
devolvê-lo quando o proprietário pedir a sua devolução (Cód. Civil, arts. 1265 e segs., art. 
1287). A Constituição, no art. 5º, LXVII, não autoriza a prisão civil de quem não é depositário e, 
porque não é depositário, na sua exata compreensão jurídica, não pode ser depositário infiel; 
noutras palavras, a Constituição autoriza a prisão civil -- art. 5º, LXVII -- apenas do depositário 
infiel, vale dizer, daquele que se tornou depositário mediante contrato de depósito, não de 
devedor que se torna depositário em razão de uma equiparação baseada numa mera ficção legal. 
Se isso fosse possível, amanhã, mediante outras equiparações, fortes em outras ficções legais, 
poderíamos ter uma prisão excepcional -- CF, art. 5º, LXVII -- transformada em regra, 
fraudando-se, assim, a Constituição. Mas o que deve ser acentuado é que a prisão civil do 
devedor-fiduciante, mediante a equiparação mencionada, não é tolerada pela Constituição, art. 
5º, LXVII. Com efeito. Ressalte-se, por primeiro, que a ficção instituída pelo D.L. 911/69 nem foi 
objeto de discussão no Congresso Nacional. Trata-se de decreto-lei editado por uma Junta Militar 
que foi levada a isso, certamente, pelos que tinham interesse econômico na questão, o interesse 
de resolver uma obrigação civil com a prisão do comprador inadimplente. Não basta, para o D.L. 
911/69, as garantias próprias da alienação fiduciária. Inventou-se a prisão do devedor, 
equiparado, por mera ficção legal, ao depositário infiel. Escrevendo a respeito do tema, sob o 
ponto de vista puramente civil, registra José Paulo Cavalcanti que o D.L. 911/69, que 
estabeleceu garantias para o credor-fiduciário, a partir de ficções legais, certamente que não 
seria aprovado pelo Congresso Nacional. E que dizer da equiparação do devedor-fiduciante ao 
depositário, para o fim de resolver uma obrigação civil mediante prisão? Vale transcrever o 
registro de José Paulo Cavalcanti: 'Constituindo essa falsa propriedade resolúvel que o texto da 
lei atribui ao credor na chamada alienação fiduciária em garantia, um expediente para fraudar a 
justa preferência de outros créditos sobre todos os créditos com garantia real; preferência que, 
diretamente, sem aquele artifício, seria odioso preterir: como, principalmente, a preferência dos 
créditos correspondentes às indenizações por acidentes do trabalho, a preferência dos créditos 
correspondentes às demais indenizações trabalhistas e a preferência dos créditos 
correspondentes aos salários. E não somente seria odiosa a expressa declaração da absoluta 
precedência do credor na chamada alienação fiduciária em garantia: essa precedência iníqua 
provavelmente não seria aprovada, pelo Congresso Nacional (quanto à Lei 4.728/85), e, talvez, 
nem mesmo pelo posterior governo ditatorial (quanto ao Decreto-lei nº 911/1969), considerando 
que seriam também preteridos os créditos tributários.' (Ob. cit., pág. 15). Mas, repete-se, a 
prisão civil é autorizada, em caráter excepcional, pela Constituição, art. 5º, LXVII. Ora, a 
Constituição vigente, reconhecidamente uma Constituição liberal, que estabelece uma série de 
garantias à liberdade, não tolera, certamente, equiparações com base em ficções, para o fim de 
incluir na autorização constitucional, a prisão. O que deve ser entendido é que a prisão civil 
somente cabe relativamente ao verdadeiro depositário infiel, não sendo toleradas equiparações 
que têm por finalidade resolver, com a prisão, uma obrigação civil. As normas 
infraconstitucionais interpretam-se no rumo da Constituição. No caso, permitir a prisão do 
alienante fiduciário, equiparado ao depositário infiel, é interpretar a Constituição no rumo da 
norma infraconstitucional. A Constituição, que deixa expresso que o Estado Democrático de 
Direito tem como fundamento, dentre outros, o princípio da dignidade da pessoa humana, -- art. 
1º, III --, não pode tolerar que, em seu nome, seja autorizada a prisão do comprador de um 
 INTENSIVO REGULAR ROTATIVO 
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