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RESPONSABILIDADE DO ADVOGADO

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Prévia do material em texto

ALESSANDRA DA SILVA BUENO
ANA CAROLINA ORTOLANI SORGENFREI
FERNANDA MULLER DE SOUZA
LAISA FERNANDA ALVES VIEIRA
 LUCAS HENRIQUE MUNIZ DA CONCEIÇÃO
MARCOS AUGUSTO BERNARDES BONFIM
RESPONSABILIDADE DO ADVOGADO
CURITIBA
2013
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SETOR DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
FACULDADE DE DIREITO
Alessandra Da Silva Bueno
Ana Carolina Ortolani Sorgenfrei
Fernanda Muller De Souza
Laisa Fernanda Alves Vieira
 Lucas Henrique Muniz Da Conceição
Marcos Augusto Bernardes Bonfim
RESPONSABILIDADE DO ADVOGADO 
Relatório elaborado para avaliação na disciplina de Direito Civil B, do curso de Direito, turno diurno, da Universidade Federal do Paraná ministrada pela Profª. Drª. Maria Cândida Pires Vieira do Amaral Kroetz. 
CURITIBA
2013
Introdução 
Ocupando posição primordial para a operalização da justiça (como bem coloca o art. 133 da Constituição Federal de 88), o advogado se vê envolto por diversos princípios éticos-morais e por toda uma carga de expectativas sociais de que ele cumprirá seu dever, valendo-se de todas as previsões legais possíveis para oferecer àquele que defende o que é seu por direito.
Independentemente de atuar de forma autônoma ou associada, no plano público ou privado, o advogado está sempre revestido do instituto da responsabilidade civil, seja qual for a natureza desta, em todas as suas ações.
A responsabilidade civil é uma construção histórica advinda, inicialmente do direito romano e sofrendo grandes transformações com essencialmente, dos direitos francês . Define Silvio Rodrigues tal instituto como sendo “ a obrigação que pode incumbir uma pessoa a reparar o prejuízo causado a outra, por fato próprio, ou por fato de pessoas ou coisas que dela dependam”. Desta forma, a responsabilidade vem no sentido de incumbir a alguém, gerador de dano, o dever de recompor o que foi perdido.[1: RODRIGUES, Silvio. Direito Civil, v4, responsabilidade civil. 20 ed. rev. E atual. de acordo com o Novo Código Civil (Lei n. 10406, de 10-1-2002). São Paulo: Saraiva. 2003, p.06.]
Podendo ser de natureza contratual ou extracontratual e ainda, objetiva ou subjetiva, a responsabilidade civil prevê a existência de 4 requisitos para que se configure: ato ilícito, culpa ou dolo do agente, nexo de casualidade e produção de danos (sendo este ultimo elemento o estruturador e norteador de todas as formulações acerca da responsabilidade civil).
No presente trabalho, procurar-se-á analisar os principais pontos que concernem à atividade advocatícia e seu envolvimento com a responsabilidade civil. Primeiramente, irá se buscar um aprofundado exame sobre como a atuação do advogado, sob o prisma da responsabilidade civil, se vê respaldado em substratos legais. Posteriormente, tratar-se-á da natureza da responsabilidade civil que o advogado encontra nas diversas funções que exerce, bem como da possibilidade de presunção de culpa (justamente por ocupar posição tão primordial na jurisdição).
Adiante, focando na responsabilidade contratual, a relação advogado – parte será examinada sob a ótica de uma relação de consumo, visto que nos casos em que atende a população, e não o Estado, o advogado se coloca como prestador de serviço sendo, então, submetidos às regras do Código de Defesa do Consumidor.
A responsabilidade por perda de uma chance também será aqui discutido. Finalmente, vai se expor uma parte da jurisprudência sobre tema.
O exercício da advocacia e a legislação aplicável
A advocacia está disposta na Constituição como função essencial da Justiça, ao lado do Ministério Público e da Defensoria Pública. Está disposto no artigo 133 da Constituição Federal:
Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.
A Lei nº. 8.906, de 04.07.1994 regulamenta o exercício da advocacia no Brasil. Em seu art. 7º, estabelece os direitos do advogado e dentre eles: “ter respeitada, em nome da liberdade de defesa e do sigilo profissional, a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, de seus arquivos e dados, de suas correspondências e de suas comunicações, inclusive telefônicas ou afins, salvo caso de busca ou apreensão determinada por magistrado e acompanhada de representante da OAB; Comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração, quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou militares, ainda que considerados incomunicáveis; acessar a autos de inquérito administrativo ou e judicial; ingressar livremente nas salas e sessões dos tribunais; e tantas outras prerrogativas.
As prerrogativas do advogado, previstas em lei (Lei 8.906/94, artigos 6º e 7º), não devem ser confundidas com privilégios, pois tratam de estabelecer garantias para o advogado enquanto representante dos interesses de seu cliente. A lei garante que o advogado possa realizar suas atividades com autonomia, independência e em situação de igualdade perante as autoridades, contudo, por vezes violadas.
O exercício da advocacia também está expresso no “Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB”. Lá está disposto que estão impedidos de exercer o ato de advocacia referido neste artigo os advogados que prestem serviços a órgãos ou entidades da Administração Pública direta ou indireta. Também proibiu-se a prática de atos privativos de advocacia, por profissionais e sociedades não inscritos na OAB. Isso constitui exercício ilegal da profissão
A atividade do advogado consiste em dar orientações, pareceres e conselhos em diversas matérias jurídicas. Também possui um trabalho intenso, onde utiliza-se de grande esforço intelectual e físico para encontrar fissuras em causas aparentemente perdidas. 
Percebemos que o exercício da advocacia é um desafio constante, onde os advogados encontram dificuldades enfrentadas no exercício da advocacia como aviltamento dos honorários e o desrespeito às prerrogativas profissionais. O advogado que presenciar a violação de suas prerrogativas deve insurgir contra o ofensor e procurar o apoio da OAB para fazer valer seus direitos de independência e dignidade.
Diante dos novos tempos, onde a cada ano criam-se novos cursos jurídicos no país, aumenta-se a relevância social do advogado. Deve-se privilegiar a formação de profissionais aptos a exercer a advocacia, privando-se pela excelência, ética e competência, pois os volumes das demandas aumentam exponencialmente. O advogado tem uma função social da maior relevância, com dimensão constitucional, indispensável à administração da justiça.
A natureza da responsabilidade civil do advogado 
Quanto à natureza jurídica da responsabilidade do advogado, deve-se atentar para as divisões construídas pela doutrina acerca o instituto da Responsabilidade Civil. Primeiro, analisa-se se a responsabilidade é contratual ou extracontratual, para depois analisar se ela é objetiva ou subjetiva.
Para defender seu cliente judicialmente, o advogado trabalha por meio de uma outorga de mandato, forma de contrato previsto pelo ordenamento no artigo 653 do Código Civil brasileiro de 2002 em que estabelece:
“Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesse. A procuração é o instrumento do mandato.”
Sendo então o mandato uma forma contratual, o labor que dele deriva enseja a uma responsabilidade contratual, em que apenas o inadimplemento do contrato já é suficiente para a caracterização da indenização e responsabilização por dano.
CAVALIERI FILHO afirma que a regra geral é de que a responsabilidade do advogado perante seu cliente é então contratual, eximindo-se a busca demorada e complexa da culpa, sendo essa presumida e estruturando uma inversão do ônus da prova. Porém, se constitui exceções a essa regra quando o advogado atua como defensor público e procurador de entidades públicas ( Estado, Município, autarquias, advogado daUnião, etc.) uma vez que nesses casos quem responde pelos danos causados por seus procuradores são as pessoas jurídicas de direito público a qual ele defende.[2: CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007, p. 377.]
Por ser contratual, portanto, a indenização imputada ao advogado deverá ser equivalente ao montante da contratação, regendo aqui o instituto de perda de uma chance e não o valor total que se poderia ganhar com uma decisão favorável perante o juízo. 
Também se caracteriza como contratual a responsabilidade por causa da apuração do conteúdo obrigacional da relação entre o advogado e seu cliente. Aos profissionais liberais, se aplica o estudo de suas obrigações como de meio e de resultado.
A obrigação de meio, mais comum na atividade dos advogados, se constitui como a vinculação do advogado de um agir com prudência e diligência ao defender o seu cliente perante as instâncias judiciais. Ou seja, a contratação visa apenas a forma que o representante deve agir em relação aos problemas jurídicos do representado, não caracterizando inadimplência o resultado negativo do processo. O inadimplemento se caracteriza quando o advogado age com dolo ou culpa, sendo ele insuficiente para dar ao credor uma chance de obter resultado por sua culpa em sentido amplo.
Podendo o juiz, mesmo com um ótimo serviço de advocacia, não acatar o pedido feito pela parte, não cabe ao advogado se responsabilizar pelo desenvolver e caminhar do processo.
Já, as obrigações de resultado são aquelas que se caracterizam pela vinculação das partes ao resultado desejado. A inadimplência, que enseja a responsabilidade se relaciona com o não alcance do resultado esperado. O advogado trabalha sob o paradigma da obrigação de resultado quando são demandados extrajudicialmente, fora do juízo, por exemplo como jurisconsulto, parecerista, conselheiro ou contratado para tarefa certa, como a redação de um contrato, estatuto, ou ato constitutivo. 
O contrato advocatício, quando permeado pelo conceito de obrigação de resultado, objetiva a finalidade do negócio jurídico, e estabelece os parâmetros para que o inadimplemento se considere desde o momento em que não se configura o resultado esperado do cliente.
Devido ao caráter de culpa e dolo na inadimplência do advogado nas obrigações de meio, pode se afirmar que a responsabilidade civil do mesmo se situa no campo subjetivo, ao mesmo tempo em que contratual. O erro do profissional, porém deve ser explícito, como explicita Venosa, um erro grave, inescusável e lesivo, inaceitável para um profissional médio. [3: VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: responsabilidade civil. v.4.  8.ed. São Paulo: Atlas, 2008.]
Sendo o advogado um profissional liberal, com as aptidões devidas e necessárias para defender os interesses de seu cliente perante o juízo, o contrato celebrado entre ele e seu cliente (mandato) configura a sua responsabilidade civil de âmbito contratual. 
Cabe ao cliente provar a existência da relação de serviço e o defeito no mesmo, sendo presumida a culpa do advogado e tendo ele o ônus de defender e provar quer não agiu com culpa (em sentido amplo, incluindo o dolo) causadora de danos. 
A verificação da culpa para responsabilizar o profissional liberal pelos defeitos do serviço que prestou é extraível da interpretação do §4 do art. 14 do CDC. Fazendo a natureza do instituto ser subjetiva, ao mesmo tempo que contratual.
Presunção da culpa e imputação de responsabilidade ao advogado 
Primeiramente, há que se considerar que não há responsabilização do advogado sem a comprovação de sua culpa lato sensu (dolo, negligência, imprudência ou imperícia). Essa afirmativa é cabível no sentido de que a simples alegação de insucesso em uma demanda não pode servir de mote para qualquer responsabilização de advogado, uma vez que quando se entra com uma determinada ação, por exemplo, não é possível ter como garantidos determinados resultados a favor de alguma das partes. A obrigação do advogado é a de empregar bem os meios para que tal resultado possa ocorrer.
Presume-se que o advogado autônomo é culpado pelo defeito do serviço, salvo prova em contrário, por ser a presunção juris tantum (aquela que se refere a uma situação hipotética, algo que deve ser, mas ainda não foi confrontado ou comprovado por fatos concretos). Não se pode cogitar, em hipótese de culpa presumida, de se atribuir o ônus da prova ao cliente, porque tornaria ineficaz a presunção.
Portanto, cabe ao cliente provar a existência do serviço, a relação negocial entre ambos, junto ao defeito na execução do serviço prestado, a qual tenha lhe causado danos. Ao advogado cabe, aplicando-se o Código de Defesa do Consumidor, o ônus da prova para contestar as primeiras alegações. Deve comprovar judicialmente, portanto: a) ter agido de acordo com a legislação vigente; b) ter aplicado seu conhecimento técnico profissional em favor dos interesses do seu cliente; c) ter agido nos limites dos poderes outorgados pelo cliente, sem excessos; d) não ter cometido erro grosseiro, de fato ou de direito.
Essa é a inteligência possível do $ 4º do art. 14 do Código do Consumidor, que impõe a verificação da culpa, para responsabilizar o profissional liberal pelos defeitos do serviço que prestou.
A tendência mundial da legislação de proteção do consumidor é da responsabilidade extra negocial do fornecedor, fazendo-se abstração do negócio jurídico que está subjacente a qualquer relação de consumo. A mudança de rumo é aguda, com relação ao direito comum das obrigações, pois neste seria enquadrada na responsabilidade negocial, originando-se a indenização por perdas e danos do inadimplemento culposo ou do adimplemento incompleto ou defeituoso. O direito do consumidor rompe o princípio da relatividade subjetiva das obrigações negociais, projetando uma trans eficácia que alcança terceiros atingidos pelo dano provocado pelo produto ou serviço, não figurantes do negócio jurídico.
Outra tendência do direito do consumidor, nessa área, é a franca adoção da responsabilidade (extra negocial) objetiva. A culpa esteve sempre no centro da construção doutrinária liberal da responsabilidade civil, tendendo à socialização dos riscos, como preço a pagar por todos para o desenvolvimento da livre iniciativa. O advento do direito do consumidor revelou uma face do problema que se desconsiderava: o consumidor não dispõe das mesmas condições de defesa do fornecedor, no mercado de consumo. Uma das características do consumidor (o cliente do advogado o é) diz respeito à vulnerabilidade jurídica, que o direito presume, independente de ser o fornecedor de serviços uma macro empresa ou um prestador isolado. De qualquer forma, a responsabilidade objetiva, na relação de consumo, não é absoluta ou integral, uma vez que admite exonerações, em benefício do fornecedor de serviços, tais como a culpa exclusiva da vítima, a prova de não prestação do serviço, a prova da inexistência do defeito do serviço que teria causado o dano, o caso fortuito e a força maior e, conquanto muitos não admitam, o risco do desenvolvimento (o Código do Consumidor refere a "adoção de novas técnicas"). Assim, surpreende que o Código do Consumidor brasileiro tenha excepcionado os profissionais liberais dessa linha de tendência, ao exigir a verificação da culpa.
A culpa presumida constitui um avanço na tendência evolutiva que aponta para a necessidade de não se deixar o dano sem reparação, interessando menos a culpa de quem o causou e mais a imputar a alguém a responsabilidade pela indenização. Por isso, cresceram as hipóteses em que a lei, ou a jurisprudência, consideram que a culpa é presumida, cabendo ao imputável contraditá-la. Para o Código do Consumidor, havendo dano em virtude do fato do serviço, imputável (responsável) é o fornecedor, sem consideração à culpa. Sendo profissional liberal, é o responsável presumido.
Pontes de Miranda, ressalta a conexão entre culpa presumida e inversão do ônus da prova, ao afirmar que aqueles que são apontadoscomo devedores de reparação, no artigo 1.521, III, do Código Civil, têm o ônus da prova de não-culpa; os que o apontaram têm de dar prova de que havia o vínculo contratual entre o agente e o responsável e o dano derivasse de ato previsto no artigo referido. 	
Embora não seja pacificada a doutrina a respeito dos elementos constitutivos da responsabilidade civil, tem-se que, acompanhando a doutrina e a jurisprudência modernas, são imprescindíveis à configuração da responsabilidade civil do profissional liberal os pressupostos da ação culposa em sentido amplo, do dano e do nexo causal entre ambos.
Como já abordado, especificamente no que tange à responsabilização do profissional de Direito, há a necessidade de comprovação de conduta culposa, uma vez que a responsabilidade depende da apuração da culpa.
Prosseguindo, temos a necessidade da existência de um dano, uma queixa da vítima, o prejuízo que alega ter sofrido. Não há responsabilidade sem um dano a reparar, o qual pode ser material ou extrapatrimonial. 
Há que se mensurar também o nexo de causalidade, a relação entre causa e efeito entre a ação omissiva ou comissiva e o dano experimentado pela vítima. Entretanto, não há que se falar em consequência previsível, uma vez que a consequência deva ser efetiva, resultando no próprio dano. Se permanecer no campo da previsibilidade, sem se concretizar, o dano, em verdade, não ocorreu, não havendo sequer se cogitar o nexo causal entre o fato potencialmente lesivo e o dano que não se efetivou.
Tais são os pressupostos intrínsecos à responsabilização do advogado com relação aos danos causados ao seu cliente. Ausente apenas um dos pressupostos, não há que se imputar responsabilidade ao profissional de direito.
O advogado como fornecedor de serviços, na relação de consumo 
Neste capítulo, trataremos da responsabilidade do advogado enquanto profissional liberal e fornecedor de serviços, sujeito na relação de consumo, portanto. Qualificá-lo enquanto fornecedor de serviços e profissional liberal vai ser fundamental pra entender o regime de responsabilidade que recai sobre o advogado, em virtude de um eventual dano causado á seu cliente, sob a regência das regras do Código de Defesa do Consumidor (CDC).
Primeiramente, é importante entender que o CDC é uma legislação protetiva do consumidor, e incide sobre toda relação de consumo com o manifesto intuito de proteger o consumidor, parte presumivelmente mais frágil numa relação consumerista. Vale ressaltar que a relação de consumo tem em um pólo o fornecedor e em outro o consumidor. Sendo assim, nos é fundamental entender esses dois conceitos, segundo suas respectivas definições constantes no CDC. 
A definição de consumidor é trazida pelo CDC em seu Art.2°:
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Além disso, o Art.17 do mesmo código equipara a condição de consumidor aquele que não sendo consumidor, sofra um dano em decorrência de um acidente de consumo.
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.
Já o fornecedor é definido pelo CDC em seu Art.3°:	
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Deduz-se, dessa definição, que Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica que participa do ciclo produtivo-distributivo da relação de consumo. São considerados fornecedores, portanto: O produtor, o fabricante, o importador, o exportador, o comerciante, o prestador de serviços. Enfim, todo aquele que aliena bem ao consumidor, cede-lhe o uso de bem a qualquer título ou presta-lhe serviços é fornecedor. 
Mas para entendermos mais a frente a posição do Advogado enquanto um fornecedor de serviços, na relação de consumo, nos importa ainda delinear o que seria serviço, segundo o CDC.
O conceito de serviço também é dado no Art 3° do referido código:
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
De tal definição inferimos que o advogado é um fornecedor porque exerce atividade jurídica, duradoura e contínua, destinada à prestação de serviços. O que é importante destacar, ainda, é que nas relações de consumo, é o advogado autônomo, profissional liberal, quando exerce sua profissão, que é um fornecedor de serviços, sujeito a legislação protetiva do consumidor, e nesse caso seu dever de indenizar pelo dano que eventualmente causar a seu cliente será aferido conforme as normas do CDC. Diferente será a situação do profissional que exerça sua profissão com relação de emprego, uma vez que quem será considerado o fornecedor de serviços e responsabilizado será seu empregador, pois entende-se que a atividade, quando há essa relação de emprego, é exercida por seu empregador e não pelo advogado. 
Se o advogado considerado fornecedor de serviços é o profissional liberal, nos é importante, por hora, caracterizar o que seria um profissional liberal. 
A qualificação do advogado enquanto profissional liberal é trazida com maestria pelo eminente civilista Paulo lobo:
“aquele que desenvolve atividade específica de serviços, com independência técnica, e com qualificação e habilitação determinadas pela lei ou pela divisão social de trabalho”.[4: LÔBO, Paulo. Responsabilidade civil do advogado. Jus Navigandi, Teresina, ano 5, n. 42, 1 jun. 2000 . Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/663>. Acesso em: 28 nov. 2013. ]
Já o advogado Oscar Ivan destaca que:
“os profissionais liberais seriam formados por uma categoria de pessoas, que no exercício de suas atividades laborais, seriam perfeitamente diferenciada pelos conhecimentos técnicos reconhecidos em diploma de nível superior, não se confundindo com a figura do autônomo, [...] sempre que atuem de forma independente, no sentido de não serem funcionários de um empregador”.[5: PRUX, Oscar Ivan. Responsabilidade Civil do Profissional Liberal no Código de Defesa do Consumidor. Belo Horizonte: Del Rey, 1998. p. 27.]
Como visto, o que identifica o profissional liberal é preponderantemente a sua independência técnica.
E há uma fundamental importância em destacar a figura do advogado enquanto fornecedor de serviços e profissional liberal, haja vista que, o código de defesa do consumidor, apesar de consagrar nos seus artigos 12 e 14 a adoção da Teoria da responsabilidade Objetiva nas relações de consumo, com o destaque do Art. 14°, que trata da responsabilidade pelo fato do serviço:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
Consagrando, dessa forma a responsabilidade por fato do produto e do serviço, e a responsabilidade pelo vício do produto ou do serviço (que não tem a culpa como requisito), fugindo à regra geral da responsabilidade civil consagrada no artigo 186 do atual Código Civil (que consagra a responsabilidade subjetiva, que por sua vez tem a negligência ou imprudência, ou seja, o elemento culpa, como requisito para que se configure o dever de indenizar), quando exercendo sua atividade enquanto profissional liberal o advogado se viu privilegiado pelo §4° do Art.14, conservando-se a exigência de prova da culpa por parte da vítima para sua responsabilização, sendo assim uma exceção à responsabilização objetiva do fornecedor, consagrada como regra geral do nosso CDC. A responsabilidade civil doadvogado, segundo o CDC, é subjetiva, portanto.
Eis o texto do §4° Art.14 do CDC:
§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa
Sobre tal exceção, destaco a clareza com que o aborda o eminente Desembargador Sergio Cavalieri Filho:
“sendo o sistema do Código de Defesa do Consumidor – o da responsabilidade objetiva, para abrir uma exceção em favor dos profissionais liberais foi necessária regra expressa. O §4 do art. 14 diz que a responsabilidade dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa, não tendo o Código inovado porque a responsabilidade profissional é, de regra, subjetiva”.[6: CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. 2.ed. São Paulo:Malheiros, 1997]
Feita a introdução acerca da condição do advogado enquanto fornecedor de serviços, na relação de consumo, passamos, no próximo tópico, a dissecar o regime de responsabilidade que sobre ele recai, com especial ênfase na questão da discussão acerca da presunção de culpa e imputação de responsabilidade ao advogado.
A responsabilidade do advogado pela perda de uma chance 
Até o presente momento foi analisada a responsabilidade civil do advogado de índole subjetiva, uma vez que ela exige a comprovação da culpa do profissional. Os casos mais frequentes, nessa linha de raciocínio, são os casos que o profissional age com culpa grave decorrente de erros grosseiros, de fato ou de direito, e omissão negligente no desempenho do mandato, como, por exemplo, perder o prazo para contestar, para recorrer, para fazer o preparo do recurso ou pleitear alguma diligência importante.
Todavia, para além desses exemplos a doutrina francesa desenvolveu a teoria da “perda de uma chance”. Segundo essa teoria, os advogados também são responsáveis pelas situações em que um ato ilícito inviabiliza a oportunidade do cliente de obter uma situação futura melhor. Essa perda de chance é caracterizada quando, em virtude de conduta de outrem, desaparece a probabilidade de um evento que poderia possibilitar uma vantagem futura para a vítima, como deixar de obter uma sentença favorável pela omissão do advogado. Desse modo, aplicar-se-á a teoria da perda de chance quando se tratar de ociosidade profissional referente e as diligência de natureza contenciosa, na conjectura do advogado descumprir um dever profissional técnico, ínsito à sua profissão, como nos casos que em função de não ajuizar a causa no prazo oportuno prescreve-se a pretensão do cliente ou quando perder-se o prazo para a interposição de recurso ou, ainda, quando não comparece às audiências de conciliação, por exemplo. 
Nos casos referentes à perda do prazo para recorrer, antes de adentramos na existência ou não de responsabilidade civil do advogado, deve-se analisar se haveria conveniência ou não de recorrer. Sendo o advogado o primeiro juiz da conveniência de se ajuizar ou não a ação, deve sê-lo, também, da escolha se é conveniente recorrer ou não, principalmente quando se trata de recurso especial ou extraordinário que requerem requisitos rigorosos e específicos. Com isso, o advogado de modo algum pode ser obrigado a interpor um recurso obviamente incabível, em prol da necessidade de zelar do seu bom nome nesta profissão. 
Todavia, quando se tratar de recorrer em casos que a necessidade de interpor um recurso é indiscutível ou quando o cliente exige que seja recorrido, o advogado não pode simplesmente deixar de atuar. Caso seja da escolha do profissional não recorrer, o caminho será a renúncia. Assim como vai da convicção do advogado aceitar uma causa ou não, será da sua autonomia renunciar uma ação sempre que por motivos de impedimentos pessoais ou por quaisquer outros motivos de convicção intima. Entretanto, o profissional deve dar ciência desta renúncia ao cliente para que este possa substitui-lo e até que esta substituição seja providenciada, o advogado deverá continuar praticando os atos processuais urgentes durante os próximos dez dias seguintes a renúncia, conforme o artigo 45 do Código de Processo Civil e o inciso IX, do artigo 34, do Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil transcrito abaixo:
Art. 45. O advogado poderá, a qualquer tempo, renunciar ao mandato, provando que cientificou o mandante a fim de que este nomeie substituto. Durante os 10 (dez) dias seguintes, o advogado continuará a representar o mandante, desde que necessário para Ihe evitar prejuízo.
  Art. 34. Constitui infração disciplinar: XI - abandonar a causa sem justo motivo ou antes de decorridos dez dias da comunicação da renúncia.
A teoria da perda de uma chance vem paulatinamente encontrando no direito brasileiro uma ampla aceitação. Mas como salienta Caio Mário, a “reparação da perda de uma chance repousa em uma probabilidade e uma certeza; que a chance seria realizada e que a vantagem perdida resultaria em prejuízo”. Em vista disso, não se trata de uma chance qualquer. Para o advogado ser responsabilizado pela perda de uma chance, é preciso que essa chance seja séria e real. Uma chance que segundo o princípio da razoabilidade proporcionaria ao cliente, ou ao lesado, condições efetivas de pleitear uma situação mais favorável a situação tida devido a ação do advogado contratado. Ou seja, a chance perdia para ensejar responsabilidade civil ao advogado deverá realizar um prejuízo material ou imaterial que seja produzido a partir ato ilícito. [7: Caio Mário, Responsabilidade Civil, 9ª ed., Forense, p.42]
Desse modo, o cliente deve receber uma indenização referente à chance perdida, pela eliminação de angariar alguma vantagem, somente por este motivo. O Lesado jamais pode ser indenizado pela perda da vantagem propriamente dita. Isto é, ele não deve ser recompensado pelo fato de ter perdido a disputa, mas sim pelo fato de não ter podido disputar. Assim, a indenização que o cliente fará jus na hipótese de restar caracterizada a negligência profissional não guardará observância ao valor da causa em si. O cliente terá direito a uma indenização que será arbitrada judicialmente, levando-se em conta a perda da chance de o constituinte ter tido a sua pretensão apreciada pelo Judiciário, ou mesmo a perda da chance de ter tido o seu recurso apreciado, pela perda de prazo cometida pelo advogado. O valor da indenização pela perda da chance será sempre menor do que o valor que o cliente receberia se estivesse vencida a causa. 
O advogado responderá, portanto, pela negativa da possibilidade de o cliente ter a sua causa ou o seu recurso apreciado, aplicando-se a teoria da perda da chance, cuja indenização haverá de ser prudentemente arbitrada pelo magistrado no caso concreto. Nesta mesma linha de pensamento Venosa conclui na sua obra que: 
Embora o aspecto da perda de chance não seja ainda muito esmiuçado na doutrina brasileira, nota-se que os tribunais têm dado pronta resposta à tese, quando ela faz-se necessária no caso concreto. Importa examinar no caso concreto quais as chances que poderiam beneficiar a vítima. Quando há perda de chance, o que se indeniza é a potencialidade da perda e não se leva em conta a perda efetiva. De qualquer modo, é imperativo que o cliente comprove que tenha sofrido um prejuízo certo e não meramente hipotético, ainda que dentro dos pressupostos da perda da chance. [...] na perda da chance por culpa do advogado, o que se indeniza é a negativa de possibilidade de o constituinte ter seu processo apreciado pelo Judiciário, e não o valor que eventualmente esse processo poderia propiciar-lhe no final.[8: VENOSA, 2004. p. 220.][9: Ibidem, 264]
Neste contexto, esclarece Gonçalves que “utiliza-se, nesses casos, a expressão 'perda de uma chance', simbolizando a perda, pela parte, da oportunidade de obter, no Judiciário, o reconhecimento e a satisfação integral de seus direitos”. Desse modo, é relevante salientar que a indenização a ser paga ao cliente lesado pelo causídico faltoso, mesmo ainda não possuindo uma específica previsão legal já encontra bastante aderência diante dos Tribunais,que já a reconhecem e aplicam-na em diversas decisões. [10: GONÇALVES, 2009, p. 434]
Assim a respeito do valor da causa, tendo em vista que a indenização será referente somente a perda da chance, como já foi aludido, Gonçalves assevera que o “único parâmetro confiável para arbitramento da indenização, por perda de uma chance, continua sendo a prudência do juiz”. Sendo assim, este valor é impossível de ser conhecido previamente, ficando totalmente por conta dessa livre apreciação por parte do julgador, obviamente respaldado na legislação.[11: Ibidem]
Entretanto, o advogado só poderá ser responsabilizado pela perda de uma chance se, o juiz ao analisar, perceber que haveria uma mínima possibilidade de êxito na causa para o cliente. Caso contrário, ou seja, se o juiz analisar que o cliente não teria sucesso na causa, não será responsabilizado o advogado. 
 A legislação brasileira é omissa em relação à responsabilidade civil pela perda de uma chance. Com isso, Dias, afirma que por afinidade, a aplicação da parte final do artigo 399 do Código Civil pode ser aplicada para o advogado não ser responsabilizado na perda de uma chance na hipótese que este demonstre que o dano ocorreria para o cliente mesmo se tivesse praticado o ato:[12: Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada.]
o advogado não será responsabilizado na perda de uma chance se demonstrar 'que o dano sobreviria, ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada.' Em outras palavras, não será o responsabilizado se demonstrar que o cliente não teria acolhida sua pretensão mesmo se o advogado houvesse praticado a tempo o ato que se omitiu em realizar, como o ajuizamento de uma ação antes do prazo decadencial ou a interposição do recurso cabível antes de findo o prazo preclusivo.[13: DIAS, 1999, p. 62]
 A demonstração que o dano ocorreria mesmo sem a perda da chance por culpa do advogado se dá através do juízo de probabilidade, onde as partes (cliente/autor X advogado/réu) discutirão qual teria sido o provável resultado da decisão do julgamento, caso tivesse ocorrido, do ato que foi ou deixou de ser praticado pelo advogado. Nesse sentido, cabe ao cliente demonstrar que o advogado agiu ou omitiu-se na prática de um ato que lhe competia, que ocasionou a perda de uma chance, e competirá ao advogado, demonstrar que mesmo se tivesse praticado o ato, o dano sofrido pelo cliente seria o mesmo. Se ficar demonstrado que era improvável o êxito da pretensão, não há que se falar em responsabilidade do advogado, pois este demonstrou que o dano ocorreria para o cliente mesmo se tivesse praticado o ato. Com isso, o advogado provará a inexistência do nexo de causalidade, ou seja, que o dano não decorreu por meio da “falha” por ele cometida.
Referente aos danos que podem ensejar indenização, não há dúvidas de que os clientes prejudicados podem ser ressarcidos não só pelos prejuízos materiais sofridos, mas também pelos eventuais danos morais que tenham suportado, sendo que nada impede a cumulação desses dois tipos de danos, como assegura a súmula 37 do Superior Tribunal de Justiça. Esta perspectiva, a propósito, encontra vozes no âmbito jurisprudencial, pois assim já decidiram inúmeros Tribunais da Nação.[14: Súmula nº 37, Superior Tribunal de Justiça de 12 de março de 1992. Disponível em: <http://www.dji.co m.br/normas_inferiores/regimento_interno_e_sumula_stj/stj__0037.htm>. Acesso em: 23 nov. de 2013. ]
Diante do exposto, ficou mostrado que dependerá da análise de cada caso concreto para o julgador avaliar se houve dano realmente ou não. Pois, nem toda a chance perdida pelo cliente poderá caracterizar-se efetivamente como perda de uma chance, pois não vislumbra-se a possibilidade de indenizar situações hipotéticas. 
As Jurisprudências Selecionadas 
 Em referência à jurisprudência, e ainda sobre o tema, há inúmeros julgados a respeito. A maioria das decisões abordam questões atinentes à perda de prazo, que impediram a apreciação de um recurso, visando à obtenção de uma possível modificação da sentença. Contudo, observa-se que as decisões vêm seguindo a orientação da lei e da doutrina, quanto à aplicabilidade da Teoria da Responsabilidade Civil Subjetiva, ou seja, exigindo sempre a comprovação da culpa do advogado.
Adiante, apresentaremos uma seleção de julgados relacionados à Responsabilidade Civil dos Advogados.
Quanto à obrigação de meio do advogado já se posicionou a jurisprudência: 
EMENTA: RESPONSABILIDADE CIVIL DO ADVOGADO - NATUREZA SUBJETIVA. OBRIGAÇÃO DE MEIO E NÃO DE RESULTADO.DESÍDIA DO ADVOGADO NÃO CONFIGURADA. A Responsabilidade Civil do Advogado é de natureza subjetiva, sendo sua obrigação de meio e não de resultado e só pode ser reconhecida por desídia, quando deixar de praticar os atos judiciais de interesse da parte. Cabe ao profissional do Direito avaliar as possibilidades e adequação quanto à interposição ou não de recursos, não lhe sendo exigível interpor recursos meramente procrastinatórios, visando retardar a prestação jurisdicional. Recurso improvido (TJRJ - 7ª Câm. Cível; ACi nº 2007.001.52975-RJ; Rel. Des. José Geraldo Antonio; j. 17/10/2007; v.u.).[15: TJRJ - Apelação Cível Nº 2007.001.52975- Disponível em: http://brs.aasp.org.br/netacgi/nph-brs.exe?d = AASP&f=G&l=20&p=52&r=1021&s1=em&s2=tj&u=/netahtml/aasp/aasp1.asp. Acesso em: 23 nov. 2013. 
]
Ou seja, o advogado perante as profissão não é responsável pelos resultados das causas assumidas e somente poderá ser considerado responsável quando o resultado é desfavorável ao cliente devido alguma espécie de negligência por parte do profissional, como perder o prazo para recorrer de alguma decisão judicial. 
Quando se tratar de algum ato comprovadamente ilícito realizado pelo advogado, como nos casos em que o profissional deixa de atuar em uma causa que antes era de sua responsabilidade e ,ao receber uma citação em nome do seu ex-cliente, não comunica os novos advogados responsáveis pela ação em questão, a jurisprudência claramente expõe que o profissional que assim age leva a uma falta de zelo na defesa dos interesses e dos direitos daquele que ele defendia, assumindo assim a sua culpa pelo ato ilícito cometido, como exemplifica a seguinte apelação:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ORDINÁRIA DE RESPONSABILIDADE CIVIL. ADVOGADO QUE RECEBE CITAÇÃO EM NOME DE SEUS CLIENTES. OMISSÃO E FALTA DE ZELO NA DEFESA DOS INTERESSES E DIREITOS DOS OUTORGANTES. Se recebida a citação em nome dos mesmos, e entendendo que não era mais seu procurador, seu dever era imediatamente comunicar aos clientes e a seus novos procuradores. Pretendem as apelantes obter o que não foi objeto do pedido inicial, importando em infringência ao art. 294, do CPC. Desprovimento de ambos os recursos. (TJRJ-Ap.Cív. 7931 /96 - Reg. 12/12/97 - Fls.39065/39069-Unân.-Des. JOSÉ PIMENTEL MARQUES - Julg: 30/09/97)
Quanto à perda de uma chance, as penas suportadas aos advogados desatentos estão cada vez mais presentes no senário jurídico do nosso país. Como já foi mencionado, a Teoria da Perda de uma Chance responsabiliza o advogado negligente que proporciona prejuízos reais ao cliente decorrente do seu não agir. A jurisprudência abaixo esclarece bem o que vem a ser a responsabilidade fruto de tal inadimplência:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. RESPONSABILIDADE CIVIL. ADVOGADO. PERDA DE UMA CHANCE.
A aplicação da Teoria da Perda da Chance impõe verificar se o advogado contratado foi diligente e obrou com zelo na busca do direito de sua constituinte e, se o houvesse feito, que teria evidentes probabilidades de obter êxito no pleito. Caso em que restou demonstrada a desídia do mandatário que deixou de aforar, em tempo hábil, a ação de indenização por morte decorrente de acidente de trabalho porque o tomador de serviçosagiu com culpa ao deixar de fornecer os equipamentos de proteção necessária ao labor do vitimado, além de não velar pelo cumprimento das normas de segurança infringindo a legislação que rege a matéria. Reais probabilidades de ser vencedora na demanda, a autora foi prejudicada porque quando o requerido ajuizou a ação esta já fora atingida pela prescrição. Precedentes do TRT e desta Corte. Indenização majorada.[16: Apelação Cível Nº 70041115940-RS. Disponível em: <http://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/2215 5243/apelacao-civel-ac-70041115940-rs-tjrs>. Acesso em: 23 nov. 2013.]
Ainda referente a Teoria da Perda de uma Chance a Apelação Cível abaixo se mostra bem pertinente. 
RESPONSABILIDADE CIVIL. ADVOGADO. NEGLIGENCIA NA ATUAÇÃO PROFISSIONAL. CARACTERIZAÇÃO. Ação trabalhista proposta só após o decurso de prazo de prescrição. Impossibilidade, entretanto, de avaliar o direito do reclamante. Indenização pela perda da chance de ver o pleito examinado pelo judiciário. Modalidade de dano moral. Recurso provido para julgar procedente a ação (1º TACSP – 8º C. – Ap. 680.655 – j. 23.10.1996 – Repert. IOB Jurisp. 3/12.892). (SÃO PAULO, 1996).[17: TACSP – Apelação Cível Nº 680.655]
	O que devemos perceber no julgado em tela é a data da decisão, isto é, um julgamento ocorrido em 1996 que já demostra claramente que esta teoria esta arraigada no nosso ordenamento há bastante tempo.
	Não havendo culpa por erro grave que cause prejuízos ao cliente ou não sendo esta provada, o advogado não pode ser culpado por eventuais perdas que seu cliente sofreu, como esclarece o Recurso abaixo: 
 EMENTA: RESPONSABILIDADE CIVIL. ADVOGADO. SENTENÇA DESFAVORÁVEL. OBRIGAÇÃO DE MEIO, NÃO DE RESULTADO. AUSÊNCIA DO CAUSÍDICO À AUDIÊNCIA.
 Para fixar-se a responsabilidade civil do advogado o juiz deve examinar a repercussão da omissão ou ato praticado e sua influência no resultado da demanda. Ainda, deve verificar as possibilidades de êxito do cliente. Confissão ficta aplicada em causa solvida em prova documental, exceto quanto à ocorrência de justa causa para a despedida. Todavia, é sabido que o depoimento pessoal, sem outros elementos, faz prova contra o depoente. Assim, conclui-se que a omissão do advogado não acarretou o decaimento. Não reconhecimento da responsabilidade civil. Recurso provido. (Recurso Cível Nº 71000513929, Terceira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Maria José Schmitt Santanna, Julgado em 08/06/2004).[18: TJRS - Recurso Cível Nº 71000513929]
	Quanto ao não comparecimento do profissional na audiência devida a Jurisprudência adota a seguinte posição:
RESPONSABILIDADE CIVIL. ADVOGADO. PATROCÍNIO EM MEDIDA CAUTELAR. NÃO COMPARECIMENTO À AUDIÊNCIA. DESERÇÃO DO RECURSO POR FALTA DE PREPARO. CUSTAS ADIANTADAS. NEGLIGENCIA CONFIGURADA. DEVER DE INDENIZAR. RESTITUIÇÃO DOS VALORES RECEBIDOS. LIMITAÇÃO NA HIPÓTESE. Age com negligencia no exercício do mandato o advogado que, em medida cautelar de arrolamento de bens, não comparece à audiência designada e deixa ocorrer, por falta de preparo, a deserção do recurso interposto, apesar de ter recebido, adiantadamente, a importância total das custas relativas à causa sob seu patrocínio. Em tal hipótese, considerando a espécie do processo patrocinado, de nítida característica preparatória, cuja possibilidade jurídica de reconhecimento do direito de seu cliente dependeria, então, da propositura de ação principal, o dever de indenizar do advogado, tendo-se em conta que é de meio a obrigação profissional que assume, limita-se a restituir os valores recebidos à título de honorários e de adiantamento das custas, não podendo, por conseguinte, abranger a reparação de suposto prejuízo decorrente da ação que restou inexistosa pela atuação negligente, visto que não é nesta que se faz presente o provável direito maculado e caracterizador de tal prejuízo, mas sim na ação principal. (TJRJ-Ap. Cív. 590 /97 - Reg. 18/07/97 - Fls.21023/21032-Unân.-DES. ANTONIO EDUARDO F. DUARTE - Julg: 29/04/97).
Como já foi esclarecido a obrigação do advogado não é de resultado, mas sim de meio. Sendo assim, é se suma importância o comparecimento dos advogados nas audiências agendadas para efetivar a possibilidade jurídica de ter os direitos dos seus clientes reconhecidos. Caso essa possibilidade não seja efetivada devido a ausência do profissional na audiência para defender o seu cliente, o mesmo terá nítida obrigação de indenizar o lesado. 
Essas são apenas algumas das posições dotadas pelo nosso ordenamento referente a Responsabilidade Civil do Advogado. Todavia, esse tema é muito mais amplo do que o que foi abordado neste trabalho, mas como esmiuçar cada tópico referente a este tema seria totalmente inviável, buscamos a partir desses seis casos exemplificados demostrar um pouco de como é aplicado na prática forense às teorias referentes à temática em questão. 
Conclusão 
A partir do que foi aqui exposto, verifica-se que o apresentado na parte introdutória é condizente com a analise da responsabilidade civil na profissão advocatícia: sua relevância no exercício do poder judiciário, reveste-se de deveres éticos e legais que formatam como tal atividades será exercida.
Sintetizando algumas das principais ideias aqui trabalhamos, citamos SERGIO CAVALIERI que afirma serem 2 as perspectivas da responsabilidade advocatícia no âmbito cível: a condizente a seu cliente e a outra, a terceiros.[19: FILHO,Sergio Cavalieri. A responsabilidade do advogado. Revista Direito ao ponto, n.3. Disponível em: < http://www.femperj.org.br/documentos/pesquisas/resp_do_advg_dir_ao_ponto3.rtf>. Acesso em 23 nov 2013.]
A primeira delas se enquadraria no tipo objetivo no sentido que, como fornecedor de serviços, a profissão advocatícia está arraigada ao Código de Defesa do Consumidor e os deveres que tal lei impõe ( boa fé objetiva, informação, transparência e sigilo profissional). Além disso, a responsabilidade também se caracterizaria por seu aspecto contratual.
Cabe reiterar, igualmente, o caráter obrigacional de meio que o advogado assume ao aceitar determinada causa, nunca sendo responsável por resultados negativos que possam vir a acontecer (salvo nos casos que, como foi aqui tratado, houver perda de uma chance).
No que toca o aspecto subjetivo, explica o citado autor que ela se faz presente na relação do advogado com terceiros, configurando-se em responsabilidade extracontratual. Este tipo de responsabilidade vincula o advogado a zelar por direitos (personalíssimos, principalmente) de outras pessoas participantes do processo (juiz, testemunha, parte oposta), o que implica dizer que, apesar de revestido de algumas garantias para o exercício do trabalho, o advogado recobre-se de limitações instituidas pela força da lei.
Finalizando, cabe aqui salientar a impossibilidade de se esgotar o estudo sobre tal tema, visto que há muitos outros possíveis pontos e casos concretos passiveis de exame mais profundo.
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