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Trajetória para o primeiro Código Civil brasileiro: Inicialmente a sociedade brasileira foi regulada por ordenações Manuelinas, Afonsinas e principalmente Filipinas. Mas, era urgente a necessidade de um código. A sociedade regulada por ordenações portuguesas queria que isso acabasse. As tentativas de construir o código iniciaram em 1824. Na sexta tentativa, Clóvis Bevilaqua, ajudado por uma comissão, consegue terminar o código -> Lei 3071 de 01/01/1916. O Código Civil de 1916 (ou Código de Beviláqua) entra em vigor no dia 01/01/1917. Características do CC de 1916: Era muito individualista e patrimonialista. O homem era considerado o chefe da família. Ele possuía o pátrio poder. Ele tem o poder sobre os filhos e administra o lar. Desigualdade entre homens e mulheres. Desigualdade entre os filhos. (a própria lei diferencia os filhos adotivos, dos biológicos e dos fora do casamento). A expressão pacta sunt servanda (a palavra dada deve ser cumprida) era muito significativa, era levada a ferro e fogo. Ela traduz a força do contrato. Prevalecia a função econômica dos contratos. (o que importava era a circulação da riqueza, dos bens e serviços). Característica do CC de 2002: Ainda é um código patrimonialista, mas preocupado e atento com as questões da coletividade, com os anseios da sociedade. (As famílias podem ser formadas de múltiplas maneiras e não só pelo casamento). Com a CRFB o CC de 2002 trouxe a igualdade entre homens e mulheres e a expressão poder pátrio foi substituída pela poder familiar (ambos os pais têm poder sobre os filhos). Com a CRFB veio a igualdade entre os filhos. Os contratos continuam a ter uma função econômica, mas passam a ter também uma função social. (Função social = eles devem respeitar a dignidade humana, bem como os direitos individuais e coletivos). A propriedade passa a ter também uma função social. Trouxe a boa – fé objetiva. (A boa – fé objetiva é um princípio que determina que as partes contratantes devem atuar tanto na formação do contrato como na sua execução com transparência, ética, informação, segurança e honestidade. Trouxe a previsão de cláusulas contratuais nulas (cláusulas contratuais absurdas que não geram efeitos). Poderiam alegar “Rubus sic Standibus” – Teoria da imprevisão. (nesse caso quando serviços contratados sofrem algum “acidente de vida”, não permitindo que as pessoas cumpram o contrato, é permitido a quebra de contrato do modo como ele foi celebrado). Mundo pós 1917: Descoberta do DNA e técnicas de recombinação. Crescimento acelerado da biotecnologia. Tempos atuais: Novos tipos de relações familiares. Pessoas inférteis e morras se reproduzem (adoção de material genético). Modificam – se os caracteres sexuais a ponto de permitirem a mudança de gênero. Existe direito a identidade genética Não há respostas no Código Civil. A CRBF trouxe: Igualdade entre homens e mulheres e entre os filhos (igualdade material). Função social da propriedade privada. Veio para proteger os vulneráveis C. D do consumidor, idoso, criança e adolescente Casamento União Estável Família Direitos fundamentais Função social. Constitucionalização do Direito Civil ou DC Constitucional. Marco: Constituição Federal de 1988. Características da metodologia: O ordenamento jurídico brasileiro é uno e indivisível, complexo (é um todo indivisível). A dignidade da pessoa humana é o seu principal valor (da CRFB) – Art. 1, iii da CRFB Deve – se privilegiar o perfil funcional em detrimento do estrutural. Estrutura: elementos que compõem um instituto jurídico = como é, o que é. Função: Finalidade, efeitos = para que serve. Reconhecer a historicidade dos conceitos jurídicos (parar para pensar em uma época). Ex.: o casamento já foi indissolúvel, uma época na qual o casamento era sagrado. Conferir proeminência as situações existenciais (não patrimoniais) em relação as patrimoniais. Entre questões existenciais e patrimoniais deve prevalecer as existenciais. Relação Jurídica = é a relação que produz efeitos jurídicos. EX.: casamento, união estável. Se dá entre pessoas (corrente majoritária) e se dá também entre pessoas e objetos (corrente minoritária). Sujeitos da relação jurídica: Pessoa Natural (pessoa física) Pessoa jurídica. Estudo da Pessoa Natural Personalidade civil ou jurídica: (1 efeito jurídico ao nascer e para alguns na concepção). É aptidão para adquirir direitos e deveres (obrigações), e tomar parte nas relações jurídicas. Em que momento a pessoa natural adquire personalidade jurídica? É um tema controverso. Varia de acordo com as correntes. Teoria ou corrente natalista (majoritária): defende que a personalidade jurídica da pessoa natural começa do nascimento com vida. O nosso CC/02 adotou essa corrente. Para nascer com vida é precido que tenha havido uma troca oxicarbonica (respirado pelo menos uma vez). Se a criança nasce, respira e depos morre, ela tem certidão de nascimento e certidão de óbito. *Natimorta: nasce morta, e ela não tem certidão de nascimento. Teoria ou corrente concepcionista (minoritária): defende que o nascituro já possui personalidade jurídica. *Nascituro: é o ser já concebido, mas que ainda se encontra no ventre materno com a expectativa de nascer com vida. Mas, o nascituro não tem personalidade jurídica, logo, não pode ter relações jurídicas. Legitimidade processual o nascituro tem. Teoria da personalidade condicional: defende que o nascituro tem personalidade jurídica, contudo, essa personalidade está condicionada ao nascimento com vida, que se houver os efeitos da personalidade retroagiram a data da concepção, mas se não houver nascimento com vida os direitos que teria adquirido não serão confirmados. - O nascituro tem personalidade formal, se ele nasce com vida isso se confirma. Capacidade Jurídica Capacidade é um gênero e tem duas espécies: Capacidade de direito ou de gozo: para alguns autores é sinônimo de personalidade jurídica. Para o professor Carlos Mario é uma decorrência da personalidade jurídica, isto é, se a pessoa tem personalidade jurídica, pode usufruir dos direitos e deve cumprir as obrigações. Esse tipo de capacidade todas as pessoas possuem (até morrer). Capacidade de exercício ou de fato: (plena) consiste na possibilidade de a pessoa sozinha exercer atos da vida civil. – Todos querem, mas nem todos possuem. Ex.: Casar, contratar e etc. - Quem tem capacidade civil plena (de exercício ou de fato) no Brasil? Quem tem 18 anos completos (maioridade civil) ou os emancipados. Emancipação É a antecipação da capacidade de exercício ou de fato antes da idade legal. A emancipação é impossível de ser revogada, pode ser anulada apenas pelo Estado. Ela é feita em cartórios de ofício de provas. E não afeta o direito penal (o menor continuará imputável para o direito penal). Espécies da emancipação: Emancipação Voluntária: - ART. 5, ÚNICO, i, 1 parte - quem decide são os pais. O direito de emancipar é dos pais e não dos filhos, logo, em alguns cartórios os filhos não precisam estar presentes. A emancipação cessa o poder familiar, e, portanto, as obrigações. Ex.: depois de emancipar o filho, os pais ficam isentos da pensão alimentícia. Requisitos acumulativos para a emancipação voluntária: - Tem que ter 16 anos, não pode ser antes. - Concessão/ concordância de ambos os pais. Exceção: “Na falta do outro” *Falecimento de um dos pais; *Não constar o nome de um dos pais na certidão; *Um dos pais está declarado ausente pelo juiz; *Um dos pais perder o poder familiar (em casos muito graves). - Escritura pública (= instrumento público). - Documento feito em cartório. *Para provar a emancipação voluntária, utiliza – se a escritura pública, e fica comprovado no verso da certidão de nascimento. Questão: Se o menor emancipado cometer umato ilícito causando dano a uma pessoa, quem deve pagar pelo dano, o menor ou os pais? Quem deve ser responsabilizado civilmente pelo dano? Tanto o menor emancipado quanto os seus pais podem ser responsabilizados civilmente pelo pagamento de danos em uma ação de responsabilidade civil. STF: “ A emancipação voluntária por si só não exclui a responsabilidade dos pais” Responsabilidade solidária: é escolhido quem vai ser responsabilizado, o pai ou o filho, geralmente, responde quem tem mais patrimônio. Nos outros tipos de emancipação quem responde é o menor Conclusão: Emancipação voluntária, por outorga ou concessão dos pais: Os filhos não podem requerer a emancipação; A emancipação é irrevogável (revogar é diferente de anular.); A emancipação voluntária pode ser INVALIDADA perante Poder Judiciário se for provado que os pais emanciparam os filhos para fugir do poder – dever familiar. Emancipação Judicial: ocorre nas hipóteses em que o menor está sob tutela. Se chama judicial pois deve passar pelo Poder Judiciário. Art. 1728 -> Hipóteses para tutela Art. 5, S único, i Requisitos para a emancipação judicial: (quando o tutelado quer ser emancipado ou o tutor quer emancipar) - O menor deve estar sob tutela. - O menor deve ter no mínimo 16 anos. - O tutor é ouvido. - O Ministério Público é ouvido. ( - zela pelos interesses dos incapazes, é o fiscal da lei) - Sentença do Juiz *A emancipação judicial é provada com a sentença do juiz. Curatela é diferente de tutela. Quem está sob tutela é chamado de tutelando, tutelado ou pupilo. Emancipação Legal: é o tipo de emancipação automática pois basta preencher os requisitos da lei que a pessoa está imediatamente emancipada. Art 5, S único, II ao V – Hipóteses para a emancipação legal: II) pelo casamento -> Art 1.520 do CC: (quem pode casar antes da idade núbil): Excepcionalmente pode casar aqueles para se livrar de cumprimento de imputação penal, ou em caso de gravidez. Art 1517 do CC: Homem e mulher com 16 anos podem casar, com autorização de ambos os pais ou representantes. *A emancipação é provada com a certidão de nascimento. III) exercício de emprego público efetivo: tanto faz para homem ou para mulher. Lei 8112 -> não pode menor de 18 anos tomar posse em emprego público efetivo. Mas se o menor tomar posse no serviço militar, a lei o emancipa se tiver 17 anos, cessando a sua incapacidade nessa data. Lei 4375/64. IV) colação de grau em instituição de ensino superior (faculdade, curso técnico superior). *Para provar a emancipação, vai depender do que a pessoa pedir para o emancipado. Geralmente, é provado com o certificado. V) é emancipado o menor que possui 16 anos e tem um emprego ou comércio que lhe traz economia própria (independência financeira). *Para provar essa emancipação é mais difícil, pois em uma relação de contrato, vai depender do que a pessoa vai pedir. Mas caso a emancipação se dê por emprego que lhe traga economia própria é provado com a carteira de trabalho. Se for pelo comércio, todo comerciante é registrado, logo, se prova com o registro. Teoria das Incapacidades (a incapacidade é sempre para maiores de 18 anos) Art. 3 e 4 do CC. Todos têm direitos e deveres mas nem todos podem exerce – los sozinhos, é preciso ás vezes um curador. Fundamento da teoria das incapacidades: proteger aquele que não possui o discernimento necessário para os atos da vida civil e também aqueles que tenham o discernimento reduzido pelos motivos elencados na lei. Graus de incapacidade: Absolutamente Incapaz: não tem discernimento algum, por isso, demanda a figura de um representante. (Art. 3 do CC) Relativamente Incapaz: por alguma razão perdeu parte do discernimento. Logo, demanda apenas da figura de um assistente. Código Civil de 1916 Absolutamente incapazes Relativamente incapazes. Código Civil de 2002 Absolutamente Incapaz: (aqueles que não podem realizar sozinho atos da vida civil) Menores de 16 anos (automática); Os que não possuírem o necessário discernimento para os atos da vida civil, por enfermidade ou deficiência mental; Aqueles que, ainda que por causa transitória não puderem transmitir a sua vontade. (Coma, boa noite cinderela e etc.) Observação: 2- Para ser considerada incapaz é preciso que pessoa passe por uma ação de interdição. - O mínimo que se deve ter é uma declaração médica atestando que ela não é capaz. -Feito ela, é marcada uma audiência impressão pessoal ou audiência de interrogatório. - Pode oferecer contestação. - Nomear um perito médico, um psiquiatra de confiança dele para examinar o interditando. - Laudo parcial (pode ser contestado) -Ministério Publico oferecendo parecer. - Sentença do juiz (é possível recorrer). * Na sentença o juiz dirá se será uma interdição absoluta ou relativa. -> Absolutamente incapaz não pratica atos da vida civil. Relativamente Incapaz: Art. 4º do CC/02 Maiores de 16 anos e menores de 18 anos; Eles podem fazer 2 tipos de atos: Art 1860, único do CC: eles podem fazer testamentos. Art. 666 do CC: podem ser mandatários, podem ser representantes de alguém. Mas, eles não se obrigam, eles não são obrigados a prestarem conta, se eles fizerem alguma coisa errada eles não serão responsabilizados por causa da incapacidade relativa. Não vão ter que pagar nenhum tipo de indenização. II e III) Os ébrios habituais: são pessoas que perderam o discernimento em função do CONSTANTE contato com a bebida. (Bebe sempre e perde parte do discernimento); Os que por doença mental tiveram o seu discernimento reduzido. (Pode vir do nascimento ou não). Toxicômanos: são dependentes químicos, usuários de drogas ilícitas. Nesses 3 casos o discernimento foi reduzido. E é preciso ter uma ação de interdição. IV) Os pródigos: o problema do discernimento dessa pessoa está na administração do seu patrimônio. O pródigo é a pessoa que gasta desordenadamente o seu patrimônio. Isto é, tudo o que tem e, às vezes, até atinge o patrimônio da própria família. Por isso, a sua interdição só se dá para atos patrimoniais que devem ter assistência de um curador e, na maior parte dos casos, autorização do juiz. Ele pode casar, o que o torna relativamente incapaz, mas ficando o seu patrimônio interditado pelo juiz, podendo ser mexido apenas com o auxílio de um assistente. O pródigo pode vender, mas com autorização judicial e assinatura do curador. Os atos civis são proibidos ao pródigo e se feitos são anulados. Art. 4º único: A capacidade dos índios será regulada por lei especial. (Mas ainda não foi criada). Então utiliza – se o Estatuto do Índio – Lei 6001/73 “o índio será capaz, dependendo do quanto ele está adaptado a vida civilizada. OBS. Importante: - Diferença entre capacidade de exercício e legitimação ou legitimidade: Capacidade de exercício é a possibilidade de a pessoa praticar sozinha atos da vida civil bem como, exercer seus direitos e deveres sem a ajuda de um assistente ou representante. A legitimação ou legitimidade é uma característica exigida para a pratica de determinados atos. Dependendo da situação é exigido algo a mais do que você é capaz. Ex.: não sou a dona do celular e não estou autorizada a vende – lo. Então não tenho legitimidade para vender o celular (mas, possua capacidade civil plena para isso). - Não pode haver conflito de interesse entre o representante e o absolutamente incapaz, pois a lei é muito clara ao dizer que o absolutamente incapaz não pode exercer pessoalmente atos da vida civil. Logo, para o direito ele não opina. - Representação é o poder para atuar em nome de outrem, e esse poder no caso da incapacidade decorre da própria lei. O representante é o sujeito que atua em nome do absolutamente incapaz e com isso, sempre a sua vontade. Os representantes para: Menores de 16 anos (impúberes): geralmente são os pais ou a pessoasque está com a guarda. Quem detém o poder familiar que representa o menor de 16 anos. (se um dos pais estiver com a guarda, o outro NÃO perde o poder familiar, tem o mesmo poder do que está com a guarda). Se os pais estiverem ausentes, mortos, ou perderam o poder familiar, quem representa o menor é o tutor. Pessoa interditada: quem representa é o curador, que é o conjugue, quando a pessoa for casada, ou o companheiro (união estável). Se a pessoa não for casada, o curador é ascendentes (pais da pessoa). Se os pais não estiverem em condição ou estiverem mortos, o curador será os descendentes (filhos da pessoa). Se não tiver filho, outra pessoa da família será o curador. Se não tiver outra pessoa da família, o Defensor Público será o representante. - Assistencia é uma figura jurídica (instituto) semelhante ao da representação, mas no caso da assistência a vontade do assistente será somada à vontade do assistido, isto porque o relativamente incapaz possui um certo grau de discernimento, e, portanto, sua vontade é considerada pelo legislador. O que o assistente faz é suprir o que falta ao incapaz no que diz respeito ao discernimento, salvo no caso de testamento e quando ele atua como procurador (só para os casos do art. 4º) Extinção da Personalidade: Art. 6º - A personalidade civil termina com a morte. O 1º efeito da morte é o fim da personalidade jurídica, porém os direitos da pessoa serão preservados, como os direitos autorais. “Mors Omnia Solvit” – a morte tudo resolve. Morte (gênero) pode ser: - Real: vai ocorrer quando se tem o corpo que pode ser reconhecido como o corpo da pessoa, e tem um médico para atestar o óbito. - Presumida: não é real. * Tem - se que requerer em juízo a declaração de morte presumida. - >A morte presumida em gênero poderá ser requerida de duas formas: (Morte presumida em gênero): sem declaração de ausência e com declaração de ausência. Ausência é não saber o que aconteceu com a pessoa. Morte presumida sem declaração de ausência: Art. 88 da lei 6015/73, Art. 7º, I do CC, Art. 7º, II do CC. - Os requisitos para ser morte presumida sem declaração de ausência: 1º) Situação de tragédia ou catástrofe. Pessoa desaparecida em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto, ou qualquer outra catástrofe, provando que a pessoa estava no local. 2º) Provar que a pessoa de quem se requer a morte presumida estava presente no local da catástrofe. Provar com testemunhas, fotos no local da tragédia e etc. Além de provar que houve buscas e o corpo não foi encontrado. 3º) Provar que não foi possível encontrar o cadáver para exame. Art. 7º, II, do CC – a declaração de ausência nos casos desse artigo só será requerida no fim da guerra mais 2 anos. (Não é aplicado somente aos militares). Campanha: série de operações militares durante uma guerra. Ou está em uma expedição militar. Morte presumida com declaração de ausência: O que é? “Ausente em sentido jurídico, é aquele que não está presente porque desapareceu, afastando – se do seu domicílio, por um espaço de tempo relativamente longo, que deixa seus bens sem administração, ou com administrador que não queira exercer ou não possa exercer a administração dos seus bens. É ausente a pessoa que desaparece sem que dele se tenha qualquer notícia, sem que se saiba se ainda vive, e se vive, onde vive”. Fases do processo judicial de ausência: 1ª fase: Curadoria do ausente – Art. 22 ao 25 do CC 2ªfase: Sucessão provisória – Art. 26 ao 36 do CC 3ª fase: Sucessão definitiva – Art. 37 ao 39 do CC A grande preocupação do processo de ausência é com os bens das pessoas, para que quando elas voltem, possam administrar seus bens. 1ª Fase – Curadoria dos bens do ausente: Objetivo: resguardar o patrimônio do ausente, para que, se ele retornar, possa retornar à sua posse no estado em que estavam no momento do seu desaparecimento. *Quais são as medidas tomadas pelo juiz nessa fase? 1ª COISA: nomear um curador (é diferente dos incapazes). O curador vai administrando o bem sob “os olhos do juiz”, sobre fiscalização do juiz. Curador = Art. 25 do CC. 2ªCOISA: arrecadação dos bens do ausente. O curador providenciará uma listagem de todos os bens que o ausente deixou e se possível comprovar com documentos. Se não possuir os documentos e não conseguir obtê-los, deverá requerer ao juiz que remeta um ofício para as instituições para que remeta ao poder judiciário tais documentos. 3ª COISA: o Juiz manda publicar editais no D.O.U de 2 em 2 meses pelo período de 1 ano, afirmando que corre um processo de ausência, para fulano de tal e que ele deve voltar para tomar posse dos seus bens mediante resposta da lei. 4ªCOISA: decreta preliminarmente a ausência. 2ª Fase – Sucessão provisória (Art. 26 ao 36) Suceder significa substituir alguém em uma relação jurídica, pode se dar entre vivos ou mortos. As mesmas pessoas que requereram o processo na 1ª fase podem requerer na 2ª – Art. 27 do CC. Em quais hipóteses a 2ª fase pode ser aberta? - Um ano após a arrecadação dos bens do ausente (1ª fase) – esse é o caminho natural. Ou - Se o ausente deixou procurador cuidando dos seus bens, três anos após o desaparecimento (Art. 26). Se o ausente tinha procurador, ele pode ficar administrando os bens até 3 anos. Não tem a fase da curadoria, pois os bens já foram administrados por 3 anos, logo, vai direto para a fase da sucessão provisória. Efeitos patrimoniais: - o inventário (e eventual testamento) são abertos como se o ausente estivesse falecido, embora nessa fase não ocorra a presunção de morte; - os herdeiros reservatários tomam posse dos bens sem a necessidade prestar caução (garantir – hipotecar e etc.). Os demais devem prestar caução. Os herdeiros não podem vender ou doar, porque eles estão apenas com a posse dos bens, não têm a propriedade deles. - os herdeiros reservatários podem gastar os frutos dos bens. Os demais devem capitalizar a metade (eles só podem gastar metade dos frutos). Frutos = rendimentos, caderneta de poupança, alugueis, aplicação financeira e etc. *Se o ausente voltar e não justificar sua ausência, e não ter motivo para se ausentar, a única coisa que ele perde é a metade dos bens que estão capitalizados. Efeitos pessoais: Não há. Duração da 2ª fase: 10 anos, a contar de 180 dias da sua publicação. A 2ª fase produz sentença que declara a sucessão provisória, ela só vai valer 180 dias após sua publicação. OBS.: o procurador só vai poder vender um imóvel se ele tiver uma procuração que o ausente deixou para ele, o autorizando a fazer isso. Tudo vai depender do poder que o ausente deu ao procurador. No momento que abre o processo de ausência sai a figura do procurador. É o curador quem vai administrar os bens. Nessa fase não se permite vender nenhum bem. O que se permite é transformar bens móveis e imóveis em títulos da divida pública para preservar os bens. 3ª fase – Sucessão definitiva (Art. 37 ao 39) É nessa fase que se presume a morte do ausente. Em quais hipóteses pode ser aberta? -Depois de 10 anos do trânsito em julgado da sentença que abre a sucessão provisória ou -Se o ausente desapareceu com 80 anos e que datem e 5 as ultimas notícias. Ou seja, quando não se tem mais notícias da pessoa desde quando ela tinha 75 anos. Nesse caso pode começar logo nessa fase, pois a expectativa de vida das pessoas nessa idade é baixa. Efeitos pessoais: - A morte do ausente é presumida - Se o ausente era casado, o cônjuge se torna viúvo. Efeitos patrimoniais: -Os herdeiros recebem a propriedade dos bens. -Os credores são pagos nessa fase. -Se o ausente retornar durante essa fase a certidão de óbito é anulada, a certidão de nascimento volta a valer e o viúvo volta a ser casado. Se o ausente retornar durante os 10 anos da terceira fase, ele terá direito a receber os bens no estado em que eles se encontrem ou osque foram substituídos (subrogados) em seu lugar. Durante os 10 anos dessa fase a propriedade dos bens é resolúvel, a propriedade volta para o dono. Duração: 10 anos. - os menores de 16 anos; - os loucos de todos os gêneros; - os surdo – mudos, quando não puderem exprimir a sua vontade; - os ausentes, declarados como tal pelo juiz. - os maiores de 16 anos e menores de 21 (maioridade civil); - os pródigos; - os silvícolas (a partir do momento que os índios se adaptam a sociedade civil, eles se tornam aptos a vida civil). Menores púberes: maiores de 16 e menores de 18 anos. Menores impúberes: menores de 16 anos.
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