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Curso NOVO CPC - MÓDULO I AULA 11 - INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

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Este material de apoio foi especialmente preparado por monitores capacitados com 
base na aula ministrada. No entanto, não se trata de uma transcrição da aula e não 
isenta o aluno de complementar seus estudos com livros e pesquisas de jurisprudência. 
 
MÓDULO I 
 
AULA 11 (INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE 
JURÍDICA) 
PROFESSOR ALEXANDRE CÂMARA 
 
ESCLARECIMENTOS INTRODUTÓRIOS: o NCPC inova ao tratar especificamente do 
incidente de desconsideração da personalidade jurídica nos arts. 133 a 137, 
corretamente alocado como uma modalidade de intervenção de terceiros no processo 
civil, ao lado da assistência, do chamamento ao processo, da denunciação da lide e do 
amicus curiae. 
 
CAPÍTULO IV 
DO INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE 
JURÍDICA 
Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será 
instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber 
intervir no processo. 
§1º O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os 
pressupostos previstos em lei. 
§2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa 
da personalidade jurídica. 
 
Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do 
processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução 
fundada em título executivo extrajudicial. 
§1º A instauração do incidente será imediatamente comunicada ao 
distribuidor para as anotações devidas. 
§2º Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da 
personalidade jurídica for requerida na petição inicial, hipótese em que será 
citado o sócio ou a pessoa jurídica. 
§3º A instauração do incidente suspenderá o processo, salvo na hipótese do 
§2º. 
§4º O requerimento deve demonstrar o preenchimento dos pressupostos 
legais específicos para desconsideração da personalidade jurídica. 
 
	
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Art. 135. Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para 
manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias. 
 
Art. 136. Concluída a instrução, se necessária, o incidente será resolvido por 
decisão interlocutória. 
Parágrafo único. Se a decisão for proferida pelo relator, cabe agravo interno. 
 
Art. 137. Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração 
de bens, havida em fraude de execução, será ineficaz em relação ao 
requerente. 
 
Por meio desse incidente, um terceiro, estranho ao rol de sujeitos processuais, passará a 
participar da demanda proposta, o que justifica a sua colocação dentre as modalidades 
de intervenção de terceiros. 
 
O Novo Código vem resolver um antigo problema da praxe forense relacionado ao fato 
de um terceiro, normalmente um sócio da pessoa jurídica cuja personalidade será 
desconsiderada, ser afetado por uma decisão judicial sem que tenha tido a oportunidade 
de participar da sua construção. Diante do CPC/73, o que se via era uma 
desconsideração da personalidade jurídica sem o devido respeito ao contraditório e, por 
consequência, uma violação do devido processo legal. Por isso, a partir do NCPC, 
busca-se um contraditório prévio, efetivo, substancial, nessas situações. 
 
A exposição terá como foco os aspectos processuais do incidente de desconsideração da 
personalidade jurídica, e não os materiais (requisitos necessários para a 
desconsideração). 
 
INSTAURAÇÃO DO INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA: 
segundo o art. 133, caput, do NCPC, o incidente não se instaura de ofício, mas por meio 
de provocação de uma das partes ou do Ministério Público, nos processos em que seja 
parte ou atue como fiscal da ordem jurídica (art. 178). 
 
Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será 
instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber 
intervir no processo. 
§1º O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os 
pressupostos previstos em lei. (...) 
 
	
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Art. 178. O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) 
dias, intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou 
na Constituição Federal e nos processos que envolvam: 
I - interesse público ou social; 
II - interesse de incapaz; 
III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana. 
Parágrafo único. A participação da Fazenda Pública não configura, por si só, 
hipótese de intervenção do Ministério Público. 
 
Não se pode cogitar desconsiderar a personalidade jurídica sem a instauração desse 
incidente processual próprio. O NCPC regula o incidente, mas não estabelece quais são 
os requisitos necessários para que se acolha o pedido de desconsideração da 
personalidade jurídica, que são relacionados às normas de direito material e variam de 
acordo com a natureza da relação jurídica subjacente ao processo (NCPC, art. 133, § 1º 
e 134, § 4º; CDC, art. 28; CC, art. 50; Lei Federal nº 9.605/98 – Lei de Crimes 
Ambientais –, art. 4º etc.). 
 
Art. 133. (...) 
§1º O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os 
pressupostos previstos em lei. (...) 
 
Art. 134. (...) 
§4º O requerimento deve demonstrar o preenchimento dos pressupostos 
legais específicos para desconsideração da personalidade jurídica. 
 
CDC: Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da 
sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, 
excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos 
ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver 
falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa 
jurídica provocados por má administração. 
§1° (Vetado). 
§2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades 
controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes 
deste código. 
§3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas 
obrigações decorrentes deste código. 
§4° As sociedades coligadas só responderão por culpa. 
§5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua 
personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos 
causados aos consumidores. 
 
	
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CC: Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo 
desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a 
requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir 
no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações 
sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da 
pessoa jurídica. 
 
Lei Federal nº 9.605/98: Art. 4º. Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica 
sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos 
causados à qualidade do meio ambiente. 
 
DESCONSIDERAÇÃO INVERSA DA PERSONALIDADE JURÍDICA: O incidente deverá ser 
utilizado nos casos de desconsideração direta da personalidade jurídica (ex.: 
desconsideração da personalidade jurídica da pessoa jurídica para se atingir a esfera de 
direitos dos sócios), como também nos de desconsideração inversa da personalidade 
jurídica (ex.: desconsideração da personalidade jurídica de uma pessoa física para se 
atingir a esfera de direitos de determinada pessoa jurídica da qual é sócio), tal como 
autorizado pelo art. 133, § 2º, do NCPC. 
 
Art. 133. (...) 
§2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa 
da personalidade jurídica. 
 
Essa observação será importante para bem compreender outros dispositivos do Novo 
Código, que muitas vezes tratarão indistintamente dos sócios atingidos (terceiros na 
desconsideração direta), bem como da pessoa jurídica atingida (terceiro nadesconsideração inversa). 
 
CABIMENTO DO INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA: é 
cabível em todas as fases do processo de conhecimento (a qualquer tempo), no 
cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial (art. 
134). Admite-se, inclusive, a instauração do referido incidente originalmente perante os 
tribunais (em grau de recurso). 
 
Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do 
processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução 
fundada em título executivo extrajudicial. 
§1º A instauração do incidente será imediatamente comunicada ao 
distribuidor para as anotações devidas. 
	
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§2º Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da 
personalidade jurídica for requerida na petição inicial, hipótese em que será 
citado o sócio ou a pessoa jurídica. (...) 
 
O §1º, do art. 134 estabelece que a instauração do incidente seja imediatamente 
comunicada ao distribuidor para as anotações devidas. Isso será muito importante para 
fins de registro procedimental do incidente, publicidade perante terceiros e segurança 
jurídica de determinados negócios jurídicos (ex.: extração de certidões cíveis em nome 
de um sócio que está vendendo um imóvel e passou a ser parte num incidente de 
desconsideração da personalidade jurídica). 
 
De seu turno, o § 2º, do art. 134 vem dizer o óbvio, que a instauração do incidente de 
desconsideração da personalidade jurídica é dispensável quando a desconsideração é 
objeto de pedido já na petição inicial, ocasião na qual os sócios ou a pessoa jurídica (no 
caso de desconsideração inversa) serão regularmente citados para a demanda. 
 
SUSPENSÃO (IMPRÓPRIA) DO PROCESSO A PARTIR DA INSTAURAÇÃO DO INCIDENTE DE 
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA: o § 3º, do art. 134 dispõe que a 
instauração do incidente suspenderá o processo, em qualquer fase na qual esteja, até que 
seja julgado o incidente. 
 
Art. 134. (...) 
§3º A instauração do incidente suspenderá o processo, salvo na hipótese do §2º. 
§4º O requerimento deve demonstrar o preenchimento dos pressupostos legais 
específicos para desconsideração da personalidade jurídica. 
 
A suspensão não ocorrerá nos casos em que a desconsideração da personalidade jurídica 
é requerida já na petição inicial (§ 2º), uma vez que nesses casos, como dito, não há a 
instauração do incidente. Nesse sentido, destaca-se que o NCPC, no art. 313, que trata 
das hipóteses de suspensão do processo, não abordou expressamente a hipótese de 
suspensão a partir da instauração do incidente de desconsideração da personalidade 
jurídica, que passa a pertencer à hipótese genérica do inciso VIII desse dispositivo. 
 
Art. 313. Suspende-se o processo: 
I - pela morte ou pela perda da capacidade processual de qualquer das partes, 
de seu representante legal ou de seu procurador; 
II - pela convenção das partes; 
III - pela arguição de impedimento ou de suspeição; 
	
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IV- pela admissão de incidente de resolução de demandas repetitivas; 
V - quando a sentença de mérito: 
a) depender do julgamento de outra causa ou da declaração de existência ou 
de inexistência de relação jurídica que constitua o objeto principal de outro 
processo pendente; 
b) tiver de ser proferida somente após a verificação de determinado fato ou a 
produção de certa prova, requisitada a outro juízo; 
VI - por motivo de força maior; 
VII - quando se discutir em juízo questão decorrente de acidentes e fatos da 
navegação de competência do Tribunal Marítimo; 
VIII - nos demais casos que este Código regula. 
IX - pelo parto ou pela concessão de adoção, quando a advogada responsável 
pelo processo constituir a única patrona da causa; (Incluído pela Lei nº 
13.363, de 2016) 
X - quando o advogado responsável pelo processo constituir o único patrono 
da causa e tornar-se pai. (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016) 
§1º Na hipótese do inciso I, o juiz suspenderá o processo, nos termos do art. 
689. 
§2º Não ajuizada ação de habilitação, ao tomar conhecimento da morte, o juiz 
determinará a suspensão do processo e observará o seguinte: 
I - falecido o réu, ordenará a intimação do autor para que promova a citação 
do respectivo espólio, de quem for o sucessor ou, se for o caso, dos herdeiros, 
no prazo que designar, de no mínimo 2 (dois) e no máximo 6 (seis) meses; 
II - falecido o autor e sendo transmissível o direito em litígio, determinará a 
intimação de seu espólio, de quem for o sucessor ou, se for o caso, dos 
herdeiros, pelos meios de divulgação que reputar mais adequados, para que 
manifestem interesse na sucessão processual e promovam a respectiva 
habilitação no prazo designado, sob pena de extinção do processo sem 
resolução de mérito. 
§3º No caso de morte do procurador de qualquer das partes, ainda que 
iniciada a audiência de instrução e julgamento, o juiz determinará que a parte 
constitua novo mandatário, no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual 
extinguirá o processo sem resolução de mérito, se o autor não nomear novo 
mandatário, ou ordenará o prosseguimento do processo à revelia do réu, se 
falecido o procurador deste. 
§4º O prazo de suspensão do processo nunca poderá exceder 1 (um) ano nas 
hipóteses do inciso V e 6 (seis) meses naquela prevista no inciso II. 
§5º O juiz determinará o prosseguimento do processo assim que esgotados os 
prazos previstos no §4º. 
§ 6o No caso do inciso IX, o período de suspensão será de 30 (trinta) dias, 
contado a partir da data do parto ou da concessão da adoção, mediante 
apresentação de certidão de nascimento ou documento similar que comprove 
a realização do parto, ou de termo judicial que tenha concedido a adoção, 
desde que haja notificação ao cliente. (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016) 
§ 7o No caso do inciso X, o período de suspensão será de 8 (oito) dias, 
contado a partir da data do parto ou da concessão da adoção, mediante 
apresentação de certidão de nascimento ou documento similar que comprove 
	
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a realização do parto, ou de termo judicial que tenha concedido a adoção, 
desde que haja notificação ao cliente. (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016) 
 
Durante a suspensão do processo, não se praticam atos processuais, à exceção daqueles 
reputados urgentes pelo juiz, a fim de evitar dano irreparável (art. 314). 
 
Art. 314. Durante a suspensão é vedado praticar qualquer ato processual, 
podendo o juiz, todavia, determinar a realização de atos urgentes a fim de 
evitar dano irreparável, salvo no caso de arguição de impedimento e de 
suspeição. 
 
A doutrina, nesses casos, fala em suspensão imprópria do processo, tendo em vista que 
a instauração do incidente de desconsideração da personalidade jurídica não acarreta a 
suspensão do processo no exato rigor do termo. Isso porque a suspensão de um processo 
é a sua paralização total e temporária (momento de crise processual), com a exceção dos 
atos reputados urgentes. Na suspensão imprópria, não ocorre uma paralização completa 
do processo, mas apenas de alguns atos processuais (ex.: suspensão decorrente da 
arguição de suspeição ou impedimento do juiz). 
 
No caso da suspensão do processo em decorrência da instauração do incidente de 
desconsideração da personalidade jurídica, o processo não ficará totalmente paralisado. 
Instaurado o incidente, somente poderão ser praticados os atos processuais que tenham 
relação com o referido incidente. Atos que não digam respeito ao incidente, à exceção 
dos urgentes (necessários para evitar o perecimento do direito), não poderão ser 
praticados até que ele seja decidido. 
 
CITAÇÃO DO TERCEIRO E POSSIBILIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA: uma vez 
instaurado o incidente, o juiz determinará a citação dos sócios, no casode 
desconsideração direta, ou da pessoa jurídica, no caso de desconsideração inversa da 
personalidade jurídica, para que se manifestem e requeiram as provas cabíveis no prazo 
de 15 dias (art. 135). 
 
Art. 135. Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para 
manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias. 
 
O Novo Código optou por não utilizar nenhuma nomenclatura específica para essa 
manifestação do sócio ou da pessoa jurídica (ex.: contestação, impugnação etc.). 
 
	
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Nesse momento é que se tem a integração do terceiro na demanda, abrindo-se a ele a 
possibilidade de participar em contraditório (influenciar e não ser surpreendido) da 
construção da decisão judicial que potencialmente poderá atingir a sua esfera de 
direitos. 
 
A partir daí o procedimento irá variar de acordo com a necessidade ou não de produção 
de provas (ex.: documental, testemunhal, perícias contábeis etc.). 
 
DECISÃO DO INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA: o art. 
136 estabelece que, concluída a instrução, se necessária, o incidente será resolvido por 
decisão interlocutória, contra a qual será cabível o recurso de agravo de instrumento 
(art. 1.015, IV), a menos que tenha sido instaurado originariamente perante o tribunal, 
ocasião na qual a impugnação da decisão monocrática do relator (art. 932, VI) se dará 
por meio do recurso de agravo interno (art. 136, parágrafo único e 1.021). 
 
Art. 136. Concluída a instrução, se necessária, o incidente será resolvido por 
decisão interlocutória. 
Parágrafo único. Se a decisão for proferida pelo relator, cabe agravo interno. 
 
Art. 932. Incumbe ao relator: (...) 
VI - decidir o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, quando 
este for instaurado originariamente perante o tribunal; (...). 
 
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias 
que versarem sobre: (...) 
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica; (...). 
 
Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para 
o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras 
do regimento interno do tribunal. 
§1º Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente 
os fundamentos da decisão agravada. 
§2º O agravo será dirigido ao relator, que intimará o agravado para 
manifestar-se sobre o recurso no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual, 
não havendo retratação, o relator levá-lo-á a julgamento pelo órgão 
colegiado, com inclusão em pauta. 
§3º É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão 
agravada para julgar improcedente o agravo interno. 
§4º Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou 
improcedente em votação unânime, o órgão colegiado, em decisão 
	
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fundamentada, condenará o agravante a pagar ao agravado multa fixada entre 
um e cinco por cento do valor atualizado da causa. 
§5º A interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito 
prévio do valor da multa prevista no §4º, à exceção da Fazenda Pública e do 
beneficiário de gratuidade da justiça, que farão o pagamento ao final. 
 
Deve-se atentar para o fato de que, não instaurado o incidente porque a desconsideração 
foi objeto de pedido na petição inicial, a decisão sobre ela será dada na própria sentença 
(e não por decisão interlocutória), impugnável por meio de recurso de apelação. 
 
EFEITOS DA DECISÃO QUE ACOLHE O PEDIDO DE DESCONSIDERAÇÃO DA 
PERSONALIDADE JURÍDICA NA ESFERA JURÍDICA DO TERCEIRO: o art. 137 do NCPC 
trata dessa questão, a indicar os efeitos que a decisão, que acolhe o pedido de 
desconsideração, terá na esfera jurídica do terceiro que participou do incidente 
processual específico e cujo patrimônio o requerente pretende ver atingido. 
 
Art. 137. Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração 
de bens, havida em fraude de execução, será ineficaz em relação ao 
requerente. 
 
Obviamente que esse dispositivo deve ser interpretado de forma sistemática em relação 
a outras regras legais, tais como os arts. 789 (regra geral, à exceção dos bens 
impenhoráveis) e 790, VII, do NCPC, que tratam da responsabilidade patrimonial. 
 
Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros 
para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em 
lei. 
 
Art. 790. São sujeitos à execução os bens: (...) 
VII - do responsável, nos casos de desconsideração da personalidade jurídica. 
 
Esse é o principal efeito da desconsideração da personalidade jurídica: permitir que, na 
fase executiva, seja possível excutir também o patrimônio daquele terceiro que passou a 
integrar a demanda. 
 
Entretanto, pode acontecer que, mesmo após a desconsideração da personalidade 
jurídica, o terceiro também já tenha se desfeito dos seus bens. Daí porque o art. 137, já 
mencionado, cria uma regra de maior proteção para o credor-requerente, estabelecendo 
	
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que toda alienação ou oneração de bens, havida em fraude à execução (a partir da 
citação – art. 792, § 3º), será ineficaz em relação a ele. 
 
Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução: 
I - quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com pretensão 
reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha sido averbada no 
respectivo registro público, se houver; 
II - quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do processo 
de execução, na forma do art. 828; 
III - quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou 
outro ato de constrição judicial originário do processo onde foi arguida a 
fraude; 
IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o 
devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência; 
V - nos demais casos expressos em lei. 
§1º A alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao exequente. 
§2º No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro adquirente 
tem o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para a aquisição, 
mediante a exibição das certidões pertinentes, obtidas no domicílio do 
vendedor e no local onde se encontra o bem. 
§3º Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a fraude à 
execução verifica-se a partir da citação da parte cuja personalidade se 
pretende desconsiderar. 
§4º Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro 
adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de 15 
(quinze) dias. 
 
Esse raciocínio derruba algumas críticas que se fizeram a respeito do incidente de 
desconsideração da personalidade jurídica no sentido de que, uma vez instaurado, o 
sócio (ou a pessoa jurídica) citado iria se desfazer rapidamente de todos os seus bens. 
No entanto, conforme visto, se assim o fizer, incorrerá em fraude à execução, sendo que 
os negócios jurídicos praticados após a citação serão considerados ineficazes perante o 
credor-requerente. 
 
Além disso, pode-se cogitar também do poder-geral de cautela do juiz, a fim de arrestar, 
por exemplo, os bens do requerido no incidente de desconsideração da personalidade 
jurídica, impedindo que ele pratique atos em fraude à execução. 
 
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS: 
o art. 10 da Lei Federal nº 9.099/95 proíbe expressamente qualquer forma de 
intervenção de terceiro na sistemática dos Juizados Especiais Cíveis. 
	
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Lei Federal nº 9.099/95: Art. 10. Não se admitirá, no processo, qualquer 
forma de intervenção de terceiro nem de assistência. Admitir-se-á o 
litisconsórcio. 
 
Dessa forma, numa primeira análise, já que o NCPC colocou,corretamente, o incidente 
de desconsideração da personalidade jurídica no rol das modalidades interventivas, 
poder-se-ia concluir que não caberia a instauração do referido incidente no âmbito dos 
Juizados Especiais Cíveis, em prejuízo dos credores. 
 
Entretanto, no art. 1.062, o NCPC expressamente estabelece que o incidente de 
desconsideração da personalidade jurídica se aplica aos processos de competência dos 
juizados especiais, a permitir, numa interpretação sistemática, verdadeira exceção à 
regra insculpida no art. 10, da Lei Federal nº 9.099/95. 
 
Art. 1.062. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica aplica-
se ao processo de competência dos juizados especiais.

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