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Curso NOVO CPC - MÓDULO I AULA 12 - PODERES DO JUIZ

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Este material de apoio foi especialmente preparado por monitores capacitados com 
base na aula ministrada. No entanto, não se trata de uma transcrição da aula e não 
isenta o aluno de complementar seus estudos com livros e pesquisas de jurisprudência. 
 
MÓDULO I 
 
AULA 12 (PODERES DO JUIZ) 
PROFESSOR CLAYTON MARANHÃO 
 
ESCLARECIMENTOS INTRODUTÓRIOS: para iniciar os estudos acerca dos poderes do 
juiz, é necessário saber de onde eles se originam. Antes da teoria da tripartição dos 
poderes do Estado, era o soberano quem concentrava todos os poderes de forma 
absoluta. Somente a partir dos movimentos democrático, liberal e racionalista iluminista 
isso se alterou, passando-se ao constitucionalismo e ao Estado de Direito. É importante 
também registrar que a Declaração de Direitos de 1791, em seu art. 16, vinculava a ideia 
de Constituição à separação dos poderes e à garantia dos direitos. 
 
Declaração de Direitos de 1791: art. 16. A sociedade em que não esteja 
assegurada a garantia dos direitos nem estabelecida a separação dos poderes 
não tem Constituição. 
 
Portanto, o equilíbrio e a interdependência entre os poderes garantem e evitam a 
concentração de atribuições e criam um governo protetivo do cidadão contra o arbítrio 
estatal. Em verdade, a soberania do Estado não foi dividida, mas sim as funções do 
poder estatal. Há também a ideia de impessoalidade dos órgãos que exercem as funções 
do poder estatal (das pessoas jurídicas de direito público), em oposição à pessoalidade 
da vontade do soberano. 
 
A fórmula tripartite dos poderes do Estado, equivalente político das trindades 
mitológicas ou teológicas, é uma tendência desde as primeiras civilizações. Os 
pitagóricos, na origem do pensamento grego, já haviam estimado o número 03. Carl 
Schimdt afirmava que as grandes concepções políticas são sempre correlatas de 
concepções teológicas. Em princípio, não haveria hierarquia entre os poderes, embora 
exista certa prevalência de um dos entes em determinadas trindades mitológicas ou 
religiosas (ex.: na trindade cristã, dá-se primazia ao Pai). 
 
	
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No iluminismo, quando se teorizou a tripartição de poderes, deu-se primazia ao 
Legislativo, em detrimento do Executivo e do Judiciário, muito embora se afirmasse 
que os poderes eram harmônicos e interdependentes. Montesquieu, Locke e mesmo 
Rousseau deram também essa primazia ao Legislativo em seus textos e escritos. 
 
Assim, podemos imaginar que, no século XVIII, embora se falasse em tripartição de 
poderes, o Legislativo tinha uma preponderância sobre o Executivo e o Judiciário. E 
isso prevaleceu durante um bom tempo. No início do século XX, houve um 
superdimensionamento do Poder Executivo, com a criação de diversos órgãos e serviços 
públicos. 
 
Após a Segunda Guerra Mundial, na segunda metade do século XX, com os direitos de 
segunda e terceira dimensões, houve um protagonismo do Poder Judiciário, 
notadamente em função dos direitos sociais e dos direitos humanos. O Judiciário, então, 
passa a exercer importante papel na implementação de políticas públicas. Dessa mesma 
época são as teorias sobre a criação ou não, pelo Judiciário, de normas jurídicas gerais e 
abstratas (poder criativo do direito). 
 
Há também um sentido político na separação dos poderes, que pode ser resumido em 
três aspectos, quais sejam: (i) a organização (regras, formalidade e estabilidade); (ii) o 
exercício fático (posse, decisão e vontade); e (iii) a fundamentação (valores). E aqui se 
percebe, inclusive, uma tridimensionalidade da ideia de poder (fato, valor e norma), 
própria do pensamento de Miguel Reale. 
 
Dessa forma, da segunda metade do século XX para os dias atuais, cresce a importância 
da jurisdição. E é dentro desse contexto que se precisa pensar nos poderes do juiz no 
processo civil. 
 
Deve-se lembrar de que jurisdição é a expressão do poder estatal de dizer o direito 
(recriação da norma), de decidir imperativamente (imperatividade), substituindo-se à 
vontade do cidadão (substitutividade) e tendo por fim a pacificação social. 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS PODERES DO JUIZ: não há consenso na doutrina sobre o tema. 
Entretanto, parece que as ideias de Carnelutti foram muito precisas, quais sejam: os 
poderes do juiz podem ser classificados em: 
1. PODERES INSTRUMENTAIS, subdividindo-se em: 
 
	
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a) ordinatórios: ideia de movimentação do processo (princípio do impulso oficial – 
NCPC, art. 2º); 
 
Art. 2º. O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por 
impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei. 
 
b) de direção: segundo Vicente Miranda, os poderes de direção do juiz podem ser: 
b.1) de controle da regularidade da relação processual: poder-dever de cooperação do 
juiz com as partes – arts. 6º e 139; verificação da presença dos pressupostos processuais 
de constituição válida e desenvolvimento regular da relação jurídica, além das matérias 
de ordem pública, cognoscíveis de ofício e a qualquer tempo pelo magistrado; 
saneamento da demanda a qualquer tempo, e não somente diante das hipóteses previstas 
nos dos arts. 352 e 357; sobrestamento ou desmembramento do processo, bem como a 
reunião de demandas diante da conexão, por exemplo; determinação do litisconsórcio 
ulterior e a admissão das modalidades de intervenção de terceiros; determinação de 
prazos; decretação do segredo de justiça; redefinição do valor da causa etc. 
 
Art. 6º. Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se 
obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. 
 
Ar. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, 
incumbindo-lhe: 
I - assegurar às partes igualdade de tratamento; 
II - velar pela duração razoável do processo; 
III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e 
indeferir postulações meramente protelatórias; 
IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou 
sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, 
inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária; 
V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com 
auxílio de conciliadores e mediadores judiciais; 
VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de 
prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior 
efetividade à tutela do direito; 
VII - exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força 
policial, além da segurança interna dos fóruns e tribunais; 
VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, 
para inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena 
de confesso; 
IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de 
outros vícios processuais; 
	
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X - quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar 
o Ministério Público, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros 
legitimados a que se referem o art. 5º da Lei no 7.347, de 24 de julho de 
1985, e o art. 82 da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, para, se for o 
caso, promover a propositura da ação coletiva respectiva. 
Parágrafo único. A dilação de prazos prevista no inciso VI somente pode ser 
determinada antes de encerrado o prazo regular. 
 
 
Art. 352. Verificando a existência de irregularidades ou de vícios sanáveis, o 
juiz determinará sua correção em prazo nunca superior a 30 (trinta) dias. 
 
Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o 
juiz, em decisão de saneamento e de organização do processo: I - resolver as 
questões processuais pendentes, se houver; II - delimitar as questões de fato 
sobre as quais recairá a atividadeprobatória, especificando os meios de prova 
admitidos; III - definir a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373; 
IV - delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do mérito; V - 
designar, se necessário, audiência de instrução e julgamento. (...) 
 
b.2) de fiscalização da ordem e do decoro: inspeção do processo; aplicação de sanções 
jurídico-processuais a uma das partes e terceiros; fiscalização dos atos atentatórios à 
dignidade da justiça (arts. 5º – boa-fé processual –, 77, 80 e 774); verificação da 
urbanidade e do decoro nas manifestações escritas e em audiência; questões 
concernentes à ordem processual. 
 
Art. 5º. Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-
se de acordo com a boa-fé. 
 
Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de 
seus procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma participem do 
processo: 
I - expor os fatos em juízo conforme a verdade; 
II - não formular pretensão ou de apresentar defesa quando cientes de que são 
destituídas de fundamento; 
III - não produzir provas e não praticar atos inúteis ou desnecessários à 
declaração ou à defesa do direito; 
IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória 
ou final, e não criar embaraços à sua efetivação; 
V - declinar, no primeiro momento que lhes couber falar nos autos, o 
endereço residencial ou profissional onde receberão intimações, atualizando 
essa informação sempre que ocorrer qualquer modificação temporária ou 
definitiva; 
	
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VI - não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso. 
(...) 
 
Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que: 
I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato 
incontroverso; 
II - alterar a verdade dos fatos; 
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal; 
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo; 
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo; 
VI - provocar incidente manifestamente infundado; 
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório. 
 
Art. 774. Considera-se atentatória à dignidade da justiça a conduta comissiva 
ou omissiva do executado que: 
I - frauda a execução; 
II - se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios 
artificiosos; 
III - dificulta ou embaraça a realização da penhora; 
IV - resiste injustificadamente às ordens judiciais; 
V - intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à 
penhora e os respectivos valores, nem exibe prova de sua propriedade e, se 
for o caso, certidão negativa de ônus. 
Parágrafo único. Nos casos previstos neste artigo, o juiz fixará multa em 
montante não superior a vinte por cento do valor atualizado do débito em 
execução, a qual será revertida em proveito do exequente, exigível nos 
próprios autos do processo, sem prejuízo de outras sanções de natureza 
processual ou material. 
 
b.3) material: tudo o que foi falado acerca dos poderes de direção de controle e de 
fiscalização estão afetos à poderes formais. Pouco se tem falado e escrito sobre os 
poderes de direção material do juiz no processo. O juiz sempre deve ouvir as partes a 
respeito de questões fáticas, probatórias e jurídicas (contraditório substancial e princípio 
da cooperação). Também pode trazer prova dos fatos principais alegados e determinar, 
por exemplo, a inversão do ônus da prova nos casos legalmente autorizados (para 
proteção do consumidor e do empregado, v.g.). Além disso, o magistrado também 
poderá admitir um ato processual eivado de nulidade se ele atingir a sua finalidade 
(princípio da instrumentalidade das formas – art. 277). Por fim, o juiz deverá sempre 
buscar o julgamento do mérito da demanda (arts. 282, e 488). 
 
	
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Art. 277. Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará 
válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade. 
 
Art. 282. Ao pronunciar a nulidade, o juiz declarará que atos são atingidos e 
ordenará as providências necessárias a fim de que sejam repetidos ou 
retificados. 
§1º O ato não será repetido nem sua falta será suprida quando não prejudicar 
a parte. 
§2º Quando puder decidir o mérito a favor da parte a quem aproveite a 
decretação da nulidade, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato 
ou suprir-lhe a falta. 
 
Art. 488. Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão 
for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos 
termos do art. 485. 
 
c) instrutórios: também são poderes instrumentais de acordo com a classificação 
trazida por Carnelutti. Eles têm por objeto a prova: deferem-se ou indeferem-se provas; 
controlam-se atos instrutórios; determina-se, de ofício, a realização de determinadas 
provas (poderes instrutórios do juiz – arts. 370, 421, 461 e 480, por exemplo); faz-se o 
interrogatório livre das partes a qualquer tempo etc. Também nesse ponto é importante 
mencionar a questão ligada à valoração das provas produzidas no processo. O NCPC 
traz um novo paradigma e corrige uma falsa ideia, de que o juiz tem uma íntima 
convicção e uma livre apreciação da prova. Essa liberdade do juiz não pode estar 
relacionada a uma íntima convicção, mas sim a uma convicção motivada, sempre (art. 
371). 
 
Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as 
provas necessárias ao julgamento do mérito. 
Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as diligências 
inúteis ou meramente protelatórias. 
 
Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do 
sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de 
seu convencimento. 
 
Art. 421. O juiz pode, de ofício, ordenar à parte a exibição parcial dos livros 
e dos documentos, extraindo-se deles a suma que interessar ao litígio, bem 
como reproduções autenticadas. 
 
Art. 461. O juiz pode ordenar, de ofício ou a requerimento da parte: 
	
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I - a inquirição de testemunhas referidas nas declarações da parte ou das 
testemunhas; 
II - a acareação de 2 (duas) ou mais testemunhas ou de alguma delas com a 
parte, quando, sobre fato determinado que possa influir na decisão da causa, 
divergirem as suas declarações. 
§1º Os acareados serão reperguntados para que expliquem os pontos de 
divergência, reduzindo-se a termo o ato de acareação. 
§2º A acareação pode ser realizada por videoconferência ou por outro recurso 
tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real. 
 
Art. 480. O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a 
realização de nova perícia quando a matéria não estiver suficientemente 
esclarecida. 
§1º A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre os quais recaiu a 
primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados 
a que esta conduziu. 
§2º A segunda perícia rege-se pelas disposições estabelecidas para a primeira. 
§3º A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz apreciar o 
valor de uma e de outra. 
 
d) executivos: são exemplos de poderes instrumentais executivos do juiz a 
determinação das medidas necessárias previstas no art. 139, IV, do NCPC, bem como 
daquelas previstas para o cumprimento de obrigação de fazer, não fazer e entrega de 
coisa (art. 536, § 1º). Deve-se deixar claro que esses poderes instrumentais executivos 
do juiz são atípicos, isto é, meramente exemplificativos (“medidas necessárias” – ex.: 
publicação da sentença em jornal de grande circulação). 
 
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, 
incumbindo-lhe: (...) 
IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas,mandamentais ou 
sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, 
inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária; (...). 
 
Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de 
obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a 
requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela 
pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à 
satisfação do exequente. 
§1º Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determinar, entre outras 
medidas, a imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e 
coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva, 
podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de força policial. (...) 
 
	
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Art. 538. Não cumprida a obrigação de entregar coisa no prazo estabelecido 
na sentença, será expedido mandado de busca e apreensão ou de imissão na 
posse em favor do credor, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel. 
§1º A existência de benfeitorias deve ser alegada na fase de conhecimento, 
em contestação, de forma discriminada e com atribuição, sempre que possível 
e justificadamente, do respectivo valor. 
§2º O direito de retenção por benfeitorias deve ser exercido na contestação, 
na fase de conhecimento. 
§3º Aplicam-se ao procedimento previsto neste artigo, no que couber, as 
disposições sobre o cumprimento de obrigação de fazer ou de não fazer. 
 
2. PODERES FINAIS, que se subdividem-se em: 
a) decisórios: são poderes que objetivam a imposição de uma ordem judicial, vinda 
de uma deliberação singular (sentença) ou em colegiado (acórdão). Discute-se na 
doutrina se esses atos seriam apenas fruto da inteligência ou se também viriam da 
vontade do julgador ou dos julgadores. A corrente que melhor define o poder decisório 
é aquela que entende a ordem judicial não apenas como o ato de aplicação da norma 
jurídica ao caso concreto, mas também como um verdadeiro ato de vontade (e 
sentimento). O juiz não apenas aplica a lei, como também interpreta a norma jurídica. 
Sempre houve e sempre haverá certa dose de subjetividade no exercício do poder 
decisório. Todo julgador coloca na balança a sua filosofia, a sua lógica, as suas 
analogias, a sua história, os seus costumes e o seu senso de direito. O juiz é 
influenciado, inclusive, por forças subconscientes (simpatias e antipatias; predileções e 
prevenções; complexos de instintos, emoções, hábitos e convicções). Essa é uma 
passagem de Vicente Miranda citando, inclusive, Benjamin Cardoso. O juiz não pode 
ser um mero boca-da-lei e a sua atividade não é uma atividade mecanicista, mas sim 
criativa. A palavra “sentença”, etimologicamente, vem de “sentir”. A noção de 
precedentes obrigatórios e de transcendências dos motivos determinantes de uma 
decisão judicial é mais uma prova dessa atividade criativa do juiz. A filosofia analítica 
há muito faz a distinção entre texto e norma, esta última, fruto da interpretação judicial 
do texto normativo. Da mesma forma, também a chamada “discricionariedade judicial” 
precisa ser tratada neste momento. Norberto Bobbio partiu da ideia segundo a qual o 
ordenamento jurídico é um conjunto de normas uno, completo e coerente. Contudo, essa 
noção é superada pela visão de lacunas e incoerências no ordenamento jurídico. E o juiz 
tem o poder de correção normativa nesse contexto, interpretando a lei, atribuindo 
sentido ao texto normativo e criando norma jurídica (individual, para Kelsen; e geral, 
para Bulygin). Entre as teorias formalista (juiz decide com base na lei) e realista (juiz 
decide com base na vontade) está o debate acerca do poder discricionário do juiz. Hart e 
Dworkin divergiram a respeito da solução para os casos difíceis (hard cases). Para Hart, 
na sua clássica obra “O conceito de direito”, o direito é indeterminado e incompleto e, 
por isso, há poder discricionário do juiz ao decidir, criando a norma. Por outro lado, 
Dworkin, em “Levando os direitos a sério”, o direito é completo, estando, os juízes, 
	
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vinculados à lei e destituídos de poder discricionário. Em relação aos casos fáceis, Hart 
entende que o formalismo subsuntivo é suficiente. Quanto aos casos difíceis, ele 
entende que o melhor exemplo é o dos textos abertos, vagos e ambíguos, defendendo 
um ceticismo normativo em relação a eles e, assim, um poder discricionário judicial. 
Dworkin, todavia, entende que os casos difíceis também podem ocorrer quando há 
colisão entre princípios, mais de uma norma aplicável, casos de lacuna normativa 
(ausência de norma aplicável no sistema), a exigir métodos de integração. Para ele, 
também pode ser incluída nesse rol a situação de uma norma clara, existente e aplicável, 
mas que é injusta diante do caso concreto (caso de lacuna axiológica), permitindo um 
juízo de equidade, de interpretação corretiva, restritiva ou ampliativa da norma. Em 
suma, Hart e Dworkin divergem acerca da descrição do direito e da justificação moral 
num determinado caso concreto, influenciando o pensamento jurídico acerca da teoria 
da decisão judicial no século XX. Fato é que o juiz, no momento de decidir, deve 
sempre justificar e motivar inclusive aspectos morais que o influenciaram e que devem 
ser objeto de uma argumentação jurídica. Assim, de acordo com a corrente jusfilosófica 
adotada, os poderes decisórios discricionários do juiz podem ser encarados de forma 
mais ampla ou mais restrita. Entretanto, na visão do Professor Clayton Maranhão, um 
mínimo de discricionariedade o juiz sempre tem no processo civil, seja adotando a 
concepção de Hart ou de Dworkin (exs.: fixação de prazo nos casos de omissão legal a 
respeito – trata-se de uma discricionariedade fraca, pois não está ligada ao mérito da 
demanda, mas sim a uma questão ordinatória; e decisão por equidade nos 
procedimentos de jurisdição voluntária e no âmbito dos juizados especiais cíveis – 
discricionariedade forte, pois seria uma atividade intermediária entre a atividade 
legislativa e a atividade jurisdicional). 
 
b) executórios satisfativos: trata-se da segunda subespécie de poderes finais do juiz 
dentro da classificação de Carnelutti. São atividades que se consubstanciam na 
adjudicação do bem penhorado e na sua entrega ao credor; no pagamento de 
determinada soma em dinheiro ao credor como resultante da arrematação do bem 
penhorado; na entrega e restituição da coisa ao proprietário nas obrigações de entrega de 
coisa; na imissão ou reintegração da posse. Em todas essas situações, está-se diante de 
poderes finais executórios satisfativos do juiz. Deve-se observar que existe uma unidade 
entre os atos decisórios e os atos executórios satisfativos (sincretismo dos atos 
decorrentes dos poderes finais do juiz). Liebman já observara a unidade do processo 
cautelar, afirmando que ali o juiz desempenhava atividades cognitivas e executivas. Isso 
prevalece no NCPC no que tange às tutelas provisórias, sobretudo as urgentes. Quando 
o juiz, por exemplo, defere uma tutela provisória de urgência cautelar ou antecipatória, 
também determina a forma de efetivação delas no plano fático, real. 
 
PODERES DO RELATOR NOS TRIBUNAIS: são os mesmos poderes do juiz de primeiro 
grau que foram referidos anteriormente, sobretudo nas causas de competência originária 
	
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dos tribunais. O relator poderá, por exemplo, de ofício, converter o julgamento em 
diligência para a produção da prova de um fato superveniente, presidindo, inclusive, 
esses atos de instrução (arts. 932, I e 938, § 3º), mormente porque isso poderá, 
inclusive, culminar numa extinção superveniente do processo por falta de interesse de 
agir. 
 
Art. 932. Incumbe ao relator: 
I - dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive em relação à produção 
de prova, bem como, quando for o caso, homologar autocomposiçãodas 
partes; 
II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de 
competência originária do tribunal; (...) 
 
Art. 938. A questão preliminar suscitada no julgamento será decidida antes 
do mérito, deste não se conhecendo caso seja incompatível com a decisão. 
§1º Constatada a ocorrência de vício sanável, inclusive aquele que possa ser 
conhecido de ofício, o relator determinará a realização ou a renovação do ato 
processual, no próprio tribunal ou em primeiro grau de jurisdição, intimadas 
as partes. 
§2º Cumprida a diligência de que trata o §1º, o relator, sempre que possível, 
prosseguirá no julgamento do recurso. 
§3º Reconhecida a necessidade de produção de prova, o relator converterá o 
julgamento em diligência, que se realizará no tribunal ou em primeiro grau de 
jurisdição, decidindo-se o recurso após a conclusão da instrução. 
§4º Quando não determinadas pelo relator, as providências indicadas nos 
§§1º e 3º poderão ser determinadas pelo órgão competente para julgamento 
do recurso. 
 
Da mesma forma, também o relator possui poderes decisórios, muito embora a lógica do 
direito processual civil brasileiro seja voltada ao proferimento de decisões colegiadas. 
Devido ao grande número de demandas que chegam aos tribunais brasileiros, ao relator 
foi dado o poder de decidir monocraticamente os recursos, fato que inicialmente foi 
regulamentado pelos regimentos internos dos tribunais, estava expresso no CPC/73 e 
atualmente está consagrado no NCPC (art. 932, III a V). 
 
Art. 932. Incumbe ao relator: (...) 
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha 
impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida; 
IV - negar provimento a recurso que for contrário a: a) súmula do Supremo 
Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) 
acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal 
de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado 
	
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em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de 
competência; 
V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao 
recurso se a decisão recorrida for contrária a: a) súmula do Supremo Tribunal 
Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão 
proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de 
Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em 
incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de 
competência; (...) 
 
Excepcionalmente, o relator também poderá exercer poderes executórios satisfativos, 
sobretudo em demandas de competência originária dos tribunais, como ocorre, por 
exemplo, no julgamento de um mandado de segurança, no bojo do qual, transitado em 
julgado o acórdão, é o relator quem terá o poder de determinar a expedição de 
precatório-requisitório ou requisição de pequeno valor, se o caso. Da mesma forma, será 
o relator quem expedirá um ofício determinando a reintegração no cargo do impetrante 
que logrou anular um ato administrativo abusivo que o teria, por exemplo, exonerado do 
cargo público.

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