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Curso NOVO CPC - MÓDULO I AULA 14 NEGÓCIOS JURÍDICOS PROCESSUAIS TÍPICOS E ATÍPICOS

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Este material de apoio foi especialmente preparado por monitores capacitados com 
base na aula ministrada. No entanto, não se trata de uma transcrição da aula e não 
isenta o aluno de complementar seus estudos com livros e pesquisas de jurisprudência. 
 
MÓDULO I 
 
AULA 14 (NEGÓCIOS JURÍDICOS PROCESSUAIS TÍPICOS E ATÍPICOS) 
PROFESSOR ROBSON GODINHO 
 
ESCLARECIMENTOS INTRODUTÓRIOS: o NCPC não inovou no tratamento dos negócios 
jurídicos processuais, que fazem parte da teoria geral do direito e têm sido previstos na 
legislação brasileira e mundial há décadas. O que o Novo Código traz como verdadeira 
novidade é a previsão de uma cláusula geral de negociação processual atípica e uma 
conformação normativa que coloca em relevo o autorregramento da vontade das partes. 
Estas, sim, grandes inovações da nova sistemática processual civil de 2015. 
 
Essa mudança de paradigma não trará uma revolução processual, mas faz parte de uma 
nova sistemática de maior prestígio à participação das partes no processo, ao lado, por 
exemplo, do contraditório efetivo (arts. 9º e 10) e do saneamento consensual (art. 357, 
§2º). 
 
Art. 9º. Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja 
previamente ouvida. 
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica: 
I - à tutela provisória de urgência; 
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III; 
III - à decisão prevista no art. 701. 
 
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em 
fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se 
manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. 
 
Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o 
juiz, em decisão de saneamento e de organização do processo: 
I - resolver as questões processuais pendentes, se houver; 
II - delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória, 
especificando os meios de prova admitidos; 
	
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III - definir a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373; 
IV - delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do mérito; 
V - designar, se necessário, audiência de instrução e julgamento. (...) 
§2º As partes podem apresentar ao juiz, para homologação, delimitação 
consensual das questões de fato e de direito a que se referem os incisos II e 
IV, a qual, se homologada, vincula as partes e o juiz. (...) 
 
Após uma grande evolução cultural, a predominância do poder estatal (protagonismo do 
juiz) sobre o processo dá lugar ao respeito à autonomia da vontade das partes e a uma 
divisão de tarefas e de responsabilidades entre os sujeitos processuais. E o 
estabelecimento de uma cláusula geral de negociação processual atípica no art. 190 é, 
sem dúvida, a cristalização máxima dessa constatação. 
 
Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, 
é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento 
para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, 
poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo. 
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade 
das convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos 
casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que 
alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade. 
 
O mencionado art. 190 trata da cláusula geral de negociação processual atípica. Por 
outro lado, existem inúmeros outros dispositivos que tratam de negócios processuais 
típicos que estavam previstos na sistemática processual civil de 1973 e são, inclusive, 
muitos deles, bastante conhecidos na prática forense (exs.: convenções sobre ônus da 
prova; cláusula de eleição de foro; desistência de ação; renúncia de recurso; acordo 
sobre prazo e suspensão do processo etc.). 
 
O NCPC, mantém esses negócios processuais típicos já conhecidos e, inclusive, os 
amplia, como ocorre com o calendário processual (art. 191) e a escolha consensual do 
perito (art. 471). 
 
Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a 
prática dos atos processuais, quando for o caso. 
§1º O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele previstos somente 
serão modificados em casos excepcionais, devidamente justificados. 
§2º Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a 
realização de audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário. 
 
	
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Art. 471. As partes podem, de comum acordo, escolher o perito, indicando-o 
mediante requerimento, desde que: I - sejam plenamente capazes; II - a causa 
possa ser resolvida por autocomposição. 
§1º As partes, ao escolher o perito, já devem indicar os respectivos 
assistentes técnicos para acompanhar a realização da perícia, que se realizará 
em data e local previamente anunciados. 
§2º O perito e os assistentes técnicos devem entregar, respectivamente, laudo 
e pareceres em prazo fixado pelo juiz. 
§3º A perícia consensual substitui, para todos os efeitos, a que seria realizada 
por perito nomeado pelo juiz. 
 
Não se trata de um retorno ao processo liberal, mas de uma necessária compatibilização 
entre o respeito à autonomia da vontade das partes e as conquistas fundamentais do 
publicismo processual. Temos que pensar num processo com partes, e não numa “coisa” 
sem partes. A experiência com a arbitragem também influenciou esse modelo 
jurisdicional estatal voltado a uma maior e efetiva participação das partes no processo. 
 
Os artigos 190 e 200 do NCPC estabelecem as linhas-mestras da negociação processual 
atípica na nova sistemática processual civil brasileira, cujos balizamentos normativos 
devem ser estudados com maior profundidade. Quando a lei trata dos negócios 
processuais típicos (exs.: convenção sobre competência, ônus da prova ou perito), ela já 
limita, com outros requisitos, a formação desses negócios processuais. 
 
Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, 
é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento 
para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, 
poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo. 
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade 
das convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos 
casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que 
alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade. 
 
Art. 200. Os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou 
bilaterais de vontade produzem imediatamente a constituição, modificação ou 
extinção de direitos processuais. 
Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeitos após 
homologação judicial. 
 
BALIZAMENTOS NORMATIVOS DA NEGOCIAÇÃO PROCESSUAL: negócio jurídico 
processual não se confunde com autonomia da vontade desregrada, sem balizamentos. 
Não é e nunca foi assim no direito privado (Emílio Betti). E com muito mais razão não 
poderia ser no direito público. Porém, por outro lado, não há incompatibilidade entre 
	
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negociação jurídica e direito público. Basta pensar, por exemplo, nos contratos 
administrativos ou na delação premiada do direito penal (verdadeiro exemplo de 
contrato no direito processual penal). E nem por isso se fala que o direito penal está 
sendo privatizado. É um negócio processual a serviço do interesse público. 
 
PUBLICISMO PROCESSUAL: superado o maniqueísmo e o trauma epistemológico que se 
teve com a passagem do processo liberal para o processo social, aliado às inegáveis 
contribuiçõesdo publicismo processual e aos avanços da teoria da instrumentalidade do 
processo, o negócio jurídico processual vem ao encontro desse contexto. Até 2014, 
pode-se dizer que a história do direito processual codificado é a história do 
protagonismo judicial. A história do publicismo é, portanto, a história do alijamento da 
parte e do protagonismo estatal por meio dos poderes do juiz. O NCPC mantém os 
poderes do juiz (art. 139), como não poderia deixar de ser, mas, ao mesmo tempo, 
aumenta o espectro da autonomia da vontade das partes. 
 
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, 
incumbindo-lhe: 
I - assegurar às partes igualdade de tratamento; 
II - velar pela duração razoável do processo; 
III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e 
indeferir postulações meramente protelatórias; 
IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou 
sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, 
inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária; 
V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com 
auxílio de conciliadores e mediadores judiciais; 
VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de 
prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior 
efetividade à tutela do direito; 
VII - exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força 
policial, além da segurança interna dos fóruns e tribunais; VIII - determinar, a 
qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las sobre 
os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso; 
IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de 
outros vícios processuais; 
X - quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar 
o Ministério Público, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros 
legitimados a que se referem o art. 5º da Lei no 7.347, de 24 de julho de 
1985, e o art. 82 da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, para, se for o 
caso, promover a propositura da ação coletiva respectiva. 
Parágrafo único. A dilação de prazos prevista no inciso VI somente pode ser 
determinada antes de encerrado o prazo regular. 
 
	
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Mas o Novo Código, quando entende necessário, também reduz essa autonomia da 
vontade das partes, como ocorre, por exemplo, no incidente de resolução de demandas 
repetitivas (IRDR), no bojo do qual a desistência da ação não impede que o tribunal fixe 
a tese a partir da causa-piloto (art. 976, § 1º). Esse é uma clara demonstração da boa 
convivência entre autonomia da vontade e interesse público. 
 
Art. 976. É cabível a instauração do incidente de resolução de demandas 
repetitivas quando houver, simultaneamente: 
I - efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre a mesma 
questão unicamente de direito; 
II - risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica. 
§1º A desistência ou o abandono do processo não impede o exame de mérito 
do incidente. 
§2º Se não for o requerente, o Ministério Público intervirá obrigatoriamente 
no incidente e deverá assumir sua titularidade em caso de desistência ou de 
abandono. 
§3º A inadmissão do incidente de resolução de demandas repetitivas por 
ausência de qualquer de seus pressupostos de admissibilidade não impede 
que, uma vez satisfeito o requisito, seja o incidente novamente suscitado. 
§4º É incabível o incidente de resolução de demandas repetitivas quando um 
dos tribunais superiores, no âmbito de sua respectiva competência, já tiver 
afetado recurso para definição de tese sobre questão de direito material ou 
processual repetitiva. 
§5º Não serão exigidas custas processuais no incidente de resolução de 
demandas repetitivas. 
 
Tanto no CPC/39 quanto no CPC/73, havia a previsão de negócios processuais típicos, 
ainda que sem a menção expressa a essa nomenclatura. Falava-se somente em 
convenção processual (que, em verdade, é uma espécie de negócio jurídico processual), 
parecendo que havia certo mito em torno da expressão “negócio jurídico processual”, 
tendo em vista que isso poderia dar um ar privatístico ao processo civil, fato que se 
queria afastar. Isso fazia muito sentido naquela época (especialmente na primeira 
metade do século XX), mas hoje não faz mais. Nas edições (anteriores a 2015) da obra 
“Instituições de Direito Processual Civil”, do Professor Cândido Rangel Dinamarco, por 
exemplo, afirma-se categoricamente que não existem negócios jurídicos no âmbito do 
direito processual civil, o que demonstra um compromisso cultural muito coerente, mas 
que, agora, deve ser submetido a uma releitura. 
 
NEGÓCIOS JURÍDICOS PROCESSUAIS NO CPC/73: uma das convenções processuais 
típicas do CPC/73, sobre a qual pouca doutrina se produziu, sob o argumento de que 
	
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não era comum na prática, era a convenção sobre o ônus da prova prevista no art. 333, 
parágrafo único, agora reproduzida no art. 373, §§ 3º e 4º do NCPC. 
 
CPC/73: Art. 333. O ônus da prova incumbe: 
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; 
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo 
do direito do autor. 
Parágrafo único. É nula a convenção que distribui de maneira diversa o ônus 
da prova quando: 
I - recair sobre direito indisponível da parte; 
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito. 
 
 
NCPC: Art. 373. (...) 
§3º A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por 
convenção das partes, salvo quando: 
I - recair sobre direito indisponível da parte; 
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito. 
§4º A convenção de que trata o §3º pode ser celebrada antes ou durante o 
processo. 
 
A primeira pergunta que se deve fazer sobre essa convenção típica é: não existia na 
prática porque realmente não se tratava de uma convenção muito relevante ou não 
existia estímulo algum por parte da cultura jurídica para que ela ocorresse? 
 
No início da década de 1990, começou uma discussão na América do Sul, iniciada na 
Argentina e depois refletida no Brasil, acerca da dinamização da carga probatória (ou 
distribuição dinâmica do ônus probatório), também prevista expressamente no art. 373, 
§§ 1º e 2º do Novo Código. Houve certa euforia da doutrina e da jurisprudência sobre o 
assunto, que via no juiz o sujeito processual apto a distribuir dinamicamente o ônus da 
prova em determinadas situações. 
 
Houve também o debate sobre o momento oportuno para a dinamização. Muitos 
opinaram que deveria ser no momento da sentença, por se tratar de regra de julgamento. 
Na opinião do Professor, isso é um absurdo, porque surpreende as partes e não dá 
oportunidade para o efetivo contraditório. O NCPC, de seu turno, também dispõe 
expressamente no sentido de que a dinamização deve ser feita no momento do 
saneamento processual (art. 357, III). 
	
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Art. 373. O ônus da prova incumbe: 
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; 
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo 
do direito do autor. 
§1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa 
relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o 
encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do 
fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde 
que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a 
oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. 
§2º A decisão prevista no § 1o deste artigo não pode gerar situação em que a 
desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamentedifícil. (...) 
 
Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o 
juiz, em decisão de saneamento e de organização do processo: 
I - resolver as questões processuais pendentes, se houver; 
II - delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória, 
especificando os meios de prova admitidos; 
III - definir a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373; 
IV - delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do mérito; 
V - designar, se necessário, audiência de instrução e julgamento. (...) 
 
Essa inegável contradição da nossa cultura jurídica em se prestigiar a dinamização feita 
pelo juiz e silenciar acerca da negociação processual entre as partes sobre ônus da prova 
revela um verdadeiro compromisso com a autoridade estatal. 
 
O saneamento consensual e o saneamento compartilhado, previstos no art. 357, §§ 2º e 
3º, trazem, juntamente com outros mecanismos do NCPC, ao menos uma tentativa de se 
mudar a cultura jurídica brasileira e prestigiar a participação processual de todos os 
sujeitos processuais. A lei é, sim, um fator que contribui para as mudanças culturais 
(exs.: lei da ação civil pública; Código de Defesa do Consumidor; Estatuto do Idoso; 
Estatuto da Criança e do Adolescente etc.). 
 
Art. 357. (...) 
§2º As partes podem apresentar ao juiz, para homologação, delimitação 
consensual das questões de fato e de direito a que se referem os incisos II e 
IV, a qual, se homologada, vincula as partes e o juiz. 
§3º Se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou de direito, 
deverá o juiz designar audiência para que o saneamento seja feito em 
	
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cooperação com as partes, oportunidade em que o juiz, se for o caso, 
convidará as partes a integrar ou esclarecer suas alegações. 
 
A Alemanha, por exemplo, estuda negócios jurídicos processuais há muito tempo (sobre 
a evolução histórica das negociações processuais no mundo, recomenda-se a leitura da 
obra do Professor Antonio do Passo Cabral). Trata-se, portanto, de algo que encontra 
paralelo em outros países, sendo que o Brasil tem amadurecido essa ideia 
principalmente a partir da arbitragem, que também foi muito criticada no início, 
justamente por não fazer parte, à época, da nossa cultura jurídica. 
 
Entretanto, não se pode imaginar que o processo estatal não seja também um ambiente 
fértil para as negociações processuais, notadamente aquelas convenções mais simples e 
práticas que podem, muito bem, fazer parte de qualquer demanda judicial e facilitar o 
acesso à justiça (exs.: convenções envolvendo a comunicação dos atos processuais, a 
alteração de prazos e a distribuição dinâmica do ônus da prova; acordos probatórios; 
acordos sobre recursos; acordo sobre a estabilização objetiva do processo etc.). 
 
Também nos processos coletivos existe o termo de ajustamento de conduta (TAC), que 
é uma espécie de negócio jurídico que pode conter cláusulas de negócios processuais, 
por exemplo. 
 
É preciso também destacar que instrumento não se confunde com conteúdo do ato 
praticado. Houve uma época na qual a doutrina chegou a considerar que somente era 
processual o ato praticado dentro de um processo. Atualmente já não se entende mais 
assim (e o art. 190 do NCPC deixa muito claro que o negócio jurídico processual pode 
ser praticado antes ou durante o processo). Uma cláusula inserida num contrato que 
contém um negócio jurídico processual não deixa de ter natureza processual, mesmo 
que a demanda nunca chegue a existir (ex.: cláusula de eleição de foro). 
 
Antes do advento do NCPC, pouco se produziu acerca dos negócios jurídicos 
processuais. Há um texto clássico da década de 1980 do Professor José Carlos Barbosa 
Moreira e uma produção doutrinária mais recente, do final da década de 1990 (Leonardo 
Greco e Fredie Didier Jr). Mas é a partir do NCPC que novos estudos sobre o tema 
surgiram, com elogios, críticas, enfim, tudo para fomentar o debate acerca de um ponto 
cuja possibilidade jurídica agora, pelo menos, parece ter sido superada. 
 
	
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CONCEITO DE NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL: a tônica do conceito de negócio 
jurídico processual é a vontade, o aspecto volitivo, seja no antecedente (na formação do 
negócio jurídico processual), seja no consequente (na escolha da consequência que 
advirá daquela convenção processual, dentro, por óbvio, das balizas legais do 
ordenamento jurídico). O suporte fático do negócio jurídico processual, portanto, é uma 
norma jurídica processual (art. 190 do NCPC, por exemplo, para os negócios 
processuais atípicos) mais vontade. O segundo elemento do conceito é justamente o de 
se tratar de um ato que se refere a um processo, atual ou futuro. 
 
O negócio jurídico processual é, pois, uma escolha dentro de limites, uma “escolha 
regrada”. O Professor Souto Maior Borges, por exemplo, definia o processo como um 
“diálogo regrado”. 
 
MOMENTO ADEQUADO PARA A NEGOCIAÇÃO PROCESSUAL: o art. 190 do Novo Código 
diz expressamente que os acordos processuais podem ser feitos antes ou durante o 
processo. Entretanto, o art. 357 estabelece o saneamento como um momento muito 
propício e adequado para a negociação processual, notadamente em função do princípio 
da cooperação e da divisão de responsabilidades entre os sujeitos processuais, aí 
incluindo o próprio juiz. 
 
Por óbvio que os negócios jurídicos processuais afetam, legitimamente (de modo 
autorizado por lei), os poderes do juiz de alguma forma. E isso ocorre com qualquer tipo 
de negócio jurídico. Basta pensar, por exemplo, na conhecida cláusula de eleição de 
foro, através da qual as partes escolhem o juízo competente para tratar de determinada 
questão. 
 
Outra questão que se coloca desde os comentários doutrinários do Professor Egas 
Moniz de Aragão é a ligada à desnecessidade, como regra, de homologação judicial dos 
negócios jurídicos processuais (v. art. 158 do CPC/73 e art. 200 do NCPC). 
 
CPC/73: Art. 158. Os atos das partes, consistentes em declarações unilaterais 
ou bilaterais de vontade, produzem imediatamente a constituição, a 
modificação ou a extinção de direitos processuais. 
Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeito depois de 
homologada por sentença. 
 
	
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NCPC, art. 200. Os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou 
bilaterais de vontade produzem imediatamente a constituição, modificação ou 
extinção de direitos processuais. 
Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeitos após 
homologação judicial. 
 
Enunciado nº 133 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC – 
Carta de São Paulo/SP): (art. 190; art. 200, parágrafo único) Salvo nos casos 
expressamente previstos em lei, os negócios processuais do art. 190 não 
dependem de homologação judicial. (Grupo: Negócios Processuais). 
 
Somente quando existir uma convenção processual que atinja diretamente algum poder 
do juiz é que se exigirá a sua anuência e participação. Existe também um enunciado do 
Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC) a esse respeito. 
 
Enunciado nº 402 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC – 
Carta de São Paulo/SP): (Art. 190) A eficácia dos negócios processuais para 
quem deles não fez parte depende de sua anuência, quando lhe puder causar 
prejuízo. (Grupo: Negócios processuais). 
 
VALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL: como todo negócio jurídico, também 
o processual deve observar a plena capacidade das partes, o objeto lícito, possível, 
determinado ou determinável e a forma prescrita ou não defesa em lei (CC, art. 104). 
Uma diferença é que, em relação ao negócio processual, o Código de Processo Civil 
pode acrescer algum outro requisito para a validade do acordo processual, seja nos 
negócios típicos (ex.: somentese admite cláusula de eleição de foro quando se tratar de 
competência territorial ou em razão do valor – NCPC, art. 63), seja nos atípicos. 
 
CC: Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: 
I - agente capaz; 
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 
III - forma prescrita ou não defesa em lei. 
 
NCPC: Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor 
e do território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e 
obrigações. 
§1º A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito 
e aludir expressamente a determinado negócio jurídico. 
§2º O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes. 
	
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§3º Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser 
reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao 
juízo do foro de domicílio do réu. 
§4º Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de 
foro na contestação, sob pena de preclusão. 
 
Conforme já observado, a desnecessidade de homologação judicial é a regra em relação 
aos negócios jurídicos processuais, à exceção dos casos expressamente referidos em lei 
(ex.: art. 200, parágrafo único). 
 
A participação de advogado sempre ocorrerá quando se tratar de negócio jurídico 
processual celebrado no curso do processo (até por causa da capacidade postulatória). 
Em se tratando de negócio jurídico processual celebrado no bojo de um contrato 
particular, por exemplo, a participação de advogado é facultativa e recomendável, mas 
não interfere na validade do acordo processual. Pode ser considerada um indício de 
vulnerabilidade da parte, segundo entendimento do Fórum Permanente de 
Processualistas Civis (FPPC), para fins de controle judicial nos termos do art. 190. 
 
Enunciado nº 18 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC – 
Carta de São Paulo/SP): (Art. 190, parágrafo único). Há indício de 
vulnerabilidade quando a parte celebra acordo de procedimento sem 
assistência técnico-jurídica. (Grupo: Negócio Processual). 
 
Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é 
lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para 
ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, 
poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo. 
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade 
das convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos 
casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que 
alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade. 
 
À exceção dos atos que exigem poderes específicos por parte do advogado (NCPC, art. 
105), não há essa necessidade para a celebração de negócios jurídicos processuais. 
 
Art. 105. A procuração geral para o foro, outorgada por instrumento público 
ou particular assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos 
do processo, exceto receber citação, confessar, reconhecer a procedência do 
pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação, 
receber, dar quitação, firmar compromisso e assinar declaração de 
hipossuficiência econômica, que devem constar de cláusula específica. 
§1º A procuração pode ser assinada digitalmente, na forma da lei. 
	
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§2º A procuração deverá conter o nome do advogado, seu número de 
inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil e endereço completo. 
§3º Se o outorgado integrar sociedade de advogados, a procuração também 
deverá conter o nome dessa, seu número de registro na Ordem dos 
Advogados do Brasil e endereço completo. 
§4º Salvo disposição expressa em sentido contrário constante do próprio 
instrumento, a procuração outorgada na fase de conhecimento é eficaz para 
todas as fases do processo, inclusive para o cumprimento de sentença. 
 
A doutrina recente diverge muito acerca da capacidade para a celebração de negócios 
processuais, se seria a capacidade regrada pelo direito material ou processual (esta 
última é a posição do Professor Robson Godinho). Deve-se lembrar, a esse respeito, que 
o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei Federal nº 13.146/2015), que entrou em 
vigor antes do NCPC, altera o art. 3º do Código Civil para estabelecer que o 
absolutamente incapaz é só aquele definido por critério etário, isto é, somente o menor 
de 16 anos será assim considerado. A deficiência, por si só, não pode ser considerada 
uma causa de incapacidade absoluta, mas apenas relativa, nos casos trazidos pela lei 
(CC, art. 4º). Isso também influencia o estudo do negócio jurídico processual. 
 
CC: Art. 3º. São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da 
vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. (Redação dada pela Lei nº 
13.146, de 2015). 
 
Art. 4º. São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; 
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir 
sua vontade; 
IV - os pródigos. 
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação 
especial. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) 
 
A capacidade material não se confunde com a processual. Basta pensar, por exemplo, 
num autor de ação popular com 16 anos de idade e que, por opção (CF, art. 14, §1º, 
inciso I, alínea c), já seja eleitor (não tem capacidade material plena, mas tem 
capacidade processual). Ou até mesmo os entes despersonalizados (exs.: condomínio, 
espólio etc.). 
 
A doutrina diverge sobre a capacidade do menor de 16 anos para a prática de negócios 
jurídicos processuais. Mas quem a nega se esquece, por exemplo, dos casos diários de 
	
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suspensão de processos nos quais figuram incapazes em um dos polos processuais 
(negócio jurídico processual típico). Indisponibilidade do direito não é incompatível 
com autocomposição. E isso fica muito claro a partir do art. 3º, § 2º, da nova lei que 
trata de mediação (Lei Federal nº 13.140/2015). 
 
Lei Federal nº 13.140/2015: Art. 3º. Pode ser objeto de mediação o conflito 
que verse sobre direitos disponíveis ou sobre direitos indisponíveis que 
admitam transação. 
§1º A mediação pode versar sobre todo o conflito ou parte dele. 
§2º O consenso das partes envolvendo direitos indisponíveis, mas 
transigíveis, deve ser homologado em juízo, exigida a oitiva do Ministério 
Público. 
 
A novidade está nos negócios processuais atípicos em demandas nas quais um incapaz, 
por exemplo, figure como parte. Mas isso não significa que o incapaz será prejudicado 
por isso, mesmo porque, caso venha a ser, o negócio certamente será invalidado pelo 
juiz. Imagine-se um negócio jurídico processual que tenha por objeto a ampliação dos 
prazos processuais em favor do incapaz. Isso não poderia ser considerado inválido de 
antemão. Por isso a posição do Professor Robson Godinho é pela aferição da capacidade 
processual (e não material) quando da prática dos negócios jurídicos processuais pelo 
agente. 
 
Também o Poder Público poderá celebrar negócios jurídicos processuais. E isso, que já 
ocorre com certa frequência na atualidade, será incentivado pela nova lei de mediação 
(Lei Federal nº 13.140/2015), que dedica um capítulo específico para tratar do tema 
(arts. 32 a 40). 
 
CAPÍTULO II 
DA AUTOCOMPOSIÇÃO DE CONFLITOS EM QUE FOR PARTE 
PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO 
Seção I 
Disposições Comuns 
Art. 32. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão 
criar câmaras de prevenção e resolução administrativa de conflitos, no âmbito 
dos respectivos órgãos da Advocacia Pública, onde houver, comcompetência 
para: 
I - dirimir conflitos entre órgãos e entidades da administração pública; 
II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio 
de composição, no caso de controvérsia entre particular e pessoa jurídica de 
direito público; 
	
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III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de 
conduta. 
§1º O modo de composição e funcionamento das câmaras de que trata o caput 
será estabelecido em regulamento de cada ente federado. 
§2º A submissão do conflito às câmaras de que trata o caput é facultativa e 
será cabível apenas nos casos previstos no regulamento do respectivo ente 
federado. 
§3º Se houver consenso entre as partes, o acordo será reduzido a termo e 
constituirá título executivo extrajudicial. 
§4º Não se incluem na competência dos órgãos mencionados no caput deste 
artigo as controvérsias que somente possam ser resolvidas por atos ou 
concessão de direitos sujeitos a autorização do Poder Legislativo. 
§5º Compreendem-se na competência das câmaras de que trata o caput a 
prevenção e a resolução de conflitos que envolvam equilíbrio econômico-
financeiro de contratos celebrados pela administração com particulares. (...) 
 
Sobre a licitude do objeto do negócio jurídico processual, podemos pensar 
concretamente em alguns exemplos, quais sejam: ilicitude da convenção processual que 
exclui a atuação do Ministério Público em demandas nas quais sua intervenção é 
obrigatória; que permite a produção de provas ilícitas (que admite a carta psicografada 
como meio de prova ou a tortura para o depoimento pessoal, por exemplo); que encerre 
uma simulação ou uma fraude à lei; que inove em matéria reservada à lei, criando, por 
exemplo, uma nova espécie recursal ou uma nova hipótese de cabimento para um 
recurso previsto (nova hipótese de cabimento para agravo de instrumento fora daquelas 
previstas no art. 1.015); que ignore o impedimento do juiz etc. 
 
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que 
versarem sobre: 
I - tutelas provisórias; 
II - mérito do processo; 
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem; 
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica; 
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de 
sua revogação; 
VI - exibição ou posse de documento ou coisa; 
VII - exclusão de litisconsorte; 
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; 
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros; 
X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos 
à execução; 
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, §1º; 
XII - (VETADO); 
	
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XIII - outros casos expressamente referidos em lei. 
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões 
interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de 
cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de 
inventário. 
 
A forma é, como regra, livre, salvo quando a própria lei exige forma especial, como 
ocorre, por exemplo, com a cláusula de eleição de foro, para a qual a lei exige a forma 
escrita (art. 63, §1º). 
 
Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do 
território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e 
obrigações. 
§1º A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito 
e aludir expressamente a determinado negócio jurídico. 
§2º O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes. 
§3º Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser 
reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao 
juízo do foro de domicílio do réu. 
§4º Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de 
foro na contestação, sob pena de preclusão. 
 
RECURSO CONTRA DECISÃO QUE CONTROLA O NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL: veja-
se um interessante exemplo de convenção processual lícita: as partes capazes, em causa 
que admita autocomposição, convencionam que a demanda terá instância única (não 
haverá recursos para os tribunais). Nesse caso, havendo recurso, poderá o juiz, de ofício, 
controlar a validade e anular a interposição? Não, pois isso dependerá da manifestação 
da parte interessada. Do contrário, o juiz entenderá que houve um distrato entre os 
sujeitos processuais. 
 
E se ocorrer o contrário, isto é, se o juiz negar validade arbitrariamente a um negócio 
processual indicado pelas partes e que exija homologação? Em princípio, por não 
constar do rol do art. 1.015, não caberá agravo de instrumento. Entretanto, já existem 
manifestações doutrinárias (artigo de Fredie Didier Jr. e Leonardo Carneiro da Cunha) 
no sentido de que seria possível a utilização do inciso III do mencionado dispositivo 
para sustentar o cabimento do recurso de agravo de instrumento nos casos de rejeição de 
negócios jurídicos processuais em geral, e não apenas da convenção de arbitragem. 
 
	
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A par desse posicionamento doutrinário, haveria a possibilidade de impugnação dessa 
decisão judicial no bojo da apelação (art. 1.009), bem como por meio de impetração de 
mandado de segurança. 
 
Art. 1.009. Da sentença cabe apelação. 
§1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu 
respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela 
preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente 
interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões. 
§2º Se as questões referidas no §1º forem suscitadas em contrarrazões, o 
recorrente será intimado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito 
delas. 
§3º O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quando as questões 
mencionadas no art. 1.015 integrarem capítulo da sentença. 
 
INTERPRETAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS PROCESSUAIS: deve seguir a disciplina de 
interpretação dos negócios jurídicos em geral, prevista nos arts. 112, 113, 114 e 423, do 
Código Civil. Nesse sentido, deve-se destacar que os contratos de adesão não são 
incompatíveis com os negócios jurídicos processuais. Eles são incompatíveis com 
abusividade, mas não com a negociação processual. 
 
CC: Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas 
consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. 
 
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e 
os usos do lugar de sua celebração. 
 
Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se 
estritamente. 
 
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou 
contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. 
 
NEGÓCIOS JURÍDICOS PROCESSUAIS ENVOLVENDO PROVAS (NEGÓCIOS 
PROBATÓRIOS): muito se tem discutido na doutrina acerca dos chamados negócios 
probatórios, que parecem atingir com mais força a atividade jurisdicional e, inclusive, 
os poderes instrutórios do juiz (Professor Robson Godinho entende que os negócios 
probatórios afetarão, sim, os poderes instrutórios do juiz). As convenções sobre provas 
podem versar, por exemplo, sobre ônus da prova, sobre escolha ou limitação dos meios 
de prova (ex.: vedação da utilização da prova testemunhal na demanda) etc. 
	
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ENUNCIADOS DO FÓRUM PERMANENTE DE PROCESSUALISTAS CIVIS: os Enunciados nº 
19, 20 e 21 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC) veiculam exemplos 
de negócios jurídicos processuais que seriam admissíveis e inadmissíveis no direito 
brasileiro. São de fácil consulta pela internet e representam forte tendência doutrinária 
por parte dos processualistas brasileiros que participam do Fórum, tendo em vista que 
somente são aprovados os enunciados seobtiverem unanimidade na votação feita pela 
Plenária. 
 
Enunciado nº 19 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC – 
Carta de São Paulo/SP): (art. 190) São admissíveis os seguintes negócios 
processuais, dentre outros: pacto de impenhorabilidade, acordo de ampliação 
de prazos das partes de qualquer natureza, acordo de rateio de despesas 
processuais, dispensa consensual de assistente técnico, acordo para retirar o 
efeito suspensivo de recurso, acordo para não promover execução provisória; 
pacto de mediação ou conciliação extrajudicial prévia obrigatória, inclusive 
com a correlata previsão de exclusão da audiência de conciliação ou de 
mediação prevista no art. 334; pacto de exclusão contratual da audiência de 
conciliação ou de mediação prevista no art. 334; pacto de disponibilização 
prévia de documentação (pacto de disclosure), inclusive com estipulação de 
sanção negocial, sem prejuízo de medidas coercitivas, mandamentais, sub-
rogatórias ou indutivas; previsão de meios alternativos de comunicação das 
partes entre si; acordo de produção antecipada de prova; a escolha consensual 
de depositário-administrador no caso do art. 866; convenção que permita a 
presença da parte contrária no decorrer da colheita de depoimento pessoal. 
(Grupo: Negócio Processual; redação revista no III FPPC- RIO, no V 
FPPC-Vitória e no VI FPPC-Curitiba) 
 
Enunciado nº 20 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC – 
Carta de São Paulo/SP): (art. 190) Não são admissíveis os seguintes negócios 
bilaterais, dentre outros: acordo para modificação da competência absoluta, 
acordo para supressão da primeira instância, acordo para afastar motivos de 
impedimento do juiz, acordo para criação de novas espécies recursais, acordo 
para ampliação das hipóteses de cabimento de recursos. (Grupo: Negócio 
Processual; redação revista no VI FPPCCuritiba) 
Enunciado nº 21 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC – 
Carta de São Paulo/SP): (art. 190) São admissíveis os seguintes negócios, 
dentre outros: acordo para realização de sustentação oral, acordo para 
ampliação do tempo de sustentação oral, julgamento antecipado do mérito 
convencional, convenção sobre prova, redução de prazos processuais. 
(Grupo: Negócio Processual; redação revista no III FPPC-Rio) 
 
São exemplos de negócios jurídicos processuais admitidos pela doutrina: acordo de 
impenhorabilidade; acordo de instância única; acordo de ampliação ou redução de 
prazos processuais; acordo para a superação de preclusão; acordo de substituição de 
bem penhorado; acordo de rateio de despesas processuais; dispensa consensual de 
assistente técnico; escolha consensual de perito (negócio processual típico no NCPC); 
	
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acordo para retirar o efeito suspensivo da apelação; acordo para não promover a 
execução provisória; acordo para a dispensa de caução em execução provisória; acordo 
para limitar número de testemunhas (ou até para dispensar esse meio de prova); acordo 
para autorizar a intervenção de terceiros fora das hipóteses legais (ou para modificar o 
procedimento de intervenção de terceiros); acordo para decisão por equidade ou por 
direito estrangeiro ou consuetudinário; acordo para a execução negociada de obrigação; 
calendário processual (art. 191); entre outros. 
 
SUGESTÕES DE REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Diogo Assumpção Rezende de 
Almeida (“A Contratualização do processo” – Editora LTr); Pedro Henrique Pedrosa 
Nogueira (“Negócios jurídicos processuais” – Editora JusPodivm); Robson Renault 
Godinho (“Negócios processuais sobre o ônus da prova no Novo Código de Processo 
Civil – Editora RT); Paulo Osternack Amaral (“Provas: atipicidade, liberdade e 
instrumentalidade” – Editora RT); Antonio do Passo Cabral (“Convenções processuais” 
– Editora JusPodivm); Coleção “Grandes Temas do Novo CPC”, Volume 01 – 
“Negócios processuais”, coordenada por Antonio do Passo Cabral e Pedro Henrique 
Pedrosa Nogueira (Editora JusPodivm).

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