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Tratamento dietético para pacientes com patologias do intestino (II) Profa Msc. Mariana Carvalho FIBRAS ALIMENTARES O consumo de fibras alimentares associado a uma dieta balanceada, rica em CHO e pobres em LIP, é importante para promover a saúde, diminuindo o risco de doenças crônicas RECOMENDAÇÃO DE CONSUMO: 20 a 35 g/dia de fibra alimentar Equivalentes de Fibra Alimentar Total (FAT) Frutas – 2,8 g Pães e matinais – 1,4 g Vegetais A – 0,42 g Vegetais B – 1,3 g Leguminosas – 3,11 g Cereais e outros – 1,35 g Cada porção tem valores de FAT próximos, o que permite a substituição de um alimento por outro, garantindo a equivalência das fibras alimentares CARBOIDRATOS E EFEITOS FISIOLÓGICOS Tipos de CHO Efeitos fisiológicos Fibras solúveis Pectina (maçã, casca de frutas cítricas, morango); Gomas (aveia, leguminosas secas); Algumas hemiceluloses (psyllium) Retardam o esvaziamento gástrico e diminuem a taxa de absorção de CHO Ligam-se aos ácidos biliares, retardando ou reduzindo a absorção de lipídios Aumentam o volume e a maciez das fezes Formam soluções viscosas e têm a capacidade de reter moléculas orgânicas FOS (alho, cebola, banana, tomate, alcachofra, alimentos produzidos à base de inulina) São fermentados no cólon e produzem ácidos graxos de cadeia curta (acetato, proprianato, butirato) Efeito prebiótico Fibras insolúveis Celulose (farinha de trigo integral, feijões, ervilha, maçã, farelos, repolho, raízes vegetais); hemiceluloses tipo B (farelo, cereais, soja, grãos integrais); lignina (vegetais maduros, trigo) Não são normalmente fermentados Aceleram o trânsito intestinal; reduzem obstipação Aumentam volume e maciez das fezes Fibras Solúveis Vários produtos que possuem exclusivamente este tipo Aumento do tempo de exposição dos nutrientes no estômago Provocam reações de fermentação, produzindo altas concentrações de substâncias especi ́ficas, denominadas de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC). AGCC: principais promotores da motilidade do conteúdo fecal e regularizam o trânsito intestinal de forma suave. Funcionam como fonte de energia para a mucosa e como agentes protetores de várias doenças Fibras Insolúveis Encontradas nos farelos de cereais, facilmente disponi ́veis no mercado como alimentos ou cápsulas A ação fundamental é a intestinal. Aumentam em volume e distendem a parede do cólon, facilitando a eliminação do bolo fecal. Não são fermentadas pela flora intestinal e não são praticamente metabolizadas. Dentro deste grupo, estão a lignina, a celulose e algumas hemiceluloses. CONSTIPAÇÃO Definição: Alteração no trânsito intestinal (intestino grosso) ↓ n° de evacuações com fezes endurecidas e esforço à defecação Ausência de evacuação por mais de 3 dias ou volume <100g/dia * Sonolência e cefaléia: sinal clínico Etiologia: CONSTIPAÇÃO Etiologia Principais: ausência repetida da resposta imediata ao estímulo de evacuar Vida moderna, alimentos fast-food e a falta de horários regulares para as refeições (↓fibra; ↓líquido) Secundários: Inatividade (pacientes acamados); uso crônico de laxantes (medicações anticonvulsivantes, bloqueadores de canal de Ca, depressivos, AINE, anti-heméticos, anti-Parkinson...); doenças do intestino grosso (que levam a insuficiência da propulsão ou da passagem do bolo fecal por obstrução), neuropatia (diabetes), neoplasias intestinais, gestação, síndrome do cólon irritável, hemorróidas, etc. Observar Uso de laxantes, passado e presente; frequência e dosagem Condições atuais, histórico médico, cirurgia recente, doença psiquiátrica Estilo de vida do paciente, fibra na dieta e ingestão de li ́quidos Uso de supositórios ou enemas, outras medicações (de receita o de venda livre) Causas Envelhecimento Depressão Inatividade Baixa ingestão calórica Baixa renda e baixo ni ́vel educativo Quantidade de medicação recebida Abuso fi ́sico e sexual Sexo feminino— as mulheres relatam uma maior incidência de constipaça ̃o do que os homens CONSTIPAÇÃO EM CRIANÇAS Eliminação de fezes duras, em cíbalos Dificuldade ou dor para evacuar Eliminação esporádica de fezes calibrosas Frequencia inferior a 3 vezes/ semana 20 a 35 g/dia 20 a 38 g/dia ♀: 25 g/dia ♂: 38 g/dia > 50g/dia Dietoterapia: oferta de fibras na dieta prevalência que vai de 1% até mais de 20% nas populações ocidentais CONSTIPAÇÃO (ADA, 2003) (BEYER, 2006) (IOM, 2005) CONSTIPAÇÃO Anamnese Alimentar Frequência Fontes de vegetais (fibras) Quantidade Principal instrumento: A utilização de medicamentos é importante, entretanto, “viciam” a mucosa intestinal, de modo que quantidades crescentes serão necessárias ↓ FIBRAS melhor Cólon catártico há perda da inervação intrínseca e hipotrofia do músculo liso, e melanose do cólon, além de alterações hidroeletroli ́ticas que acarretarão depleção de eletrólitos, principalmente de pota ́ssio Laxantes Lactulona, Lactulosum, Supositório de Glicerina: compreende os laxantes osmóticos, substa ̂ncias pouco ou inabsorvíveis pelo intestino delgado que grac ̧as a sua osmolaridade, são retentores de água na luz intestinal Nujol, Purol, O ́leo Mineral, Laxol: óleos minerais têm ação lubrificante tanto da parede intestinal quanto do bolo fecal facilitando sua passagem pela luz colônica e são conhecidos como laxantes emolientes Enterotonus Sene, Frutalax, Guttalax: conhecidos como laxativos catárticos ou irritantes ou estimulantes compõem um grupo de substâncias derivados antraquinônicos, cuja ação se faz sobre o plexo mientérico, aumentando a motilidade colônica, assim como a secrec ̧ão de água pelo i ́leo e co ́lon. Senosídeos, cáscara sagrada, fenoftalei ́na, dioctil-sulfossuccinatos, bisacodyl, utilizados em preparados, isoladamente ou em associações, são alguns exemplos. CONSTIPAÇÃO Alternativas para aumentar o consumo de fibras Estimuladores da mobilidade intestinal (contém ácido di-hidroxifinil isotina) Essencial a ingestão de 8 copos/dia de líquidos para que as fibras possam alterar o peso e a maciez das fezes Dietoterapia: – 1 a 2 semanas para atingir a meta de fibras – Líquidos: mínimo 1.600 mL/dia (8 copos de 200mL) – FOS (prebiótico) – Frutas cruas ↑ em ácidos orgânicos (laranja; mamão; ameixa preta/suco) – Alimentos como laranja pêra e água de coco → excita SNPS (sistema nervoso parassimpático): > peristalse Fruto-oligossacarídeos (FOS) Naturalmente presente nos alimentos, adicionados e sintéticos CONSTIPAÇÃO Dietoterapia: – Azeite de oliva e gorduras emulsionadas (ex: creme de leite, margarina) ↑ peristalse – T°C: fria/gelada (se sem espasmo) – ↓Alimentos ↑enxofre (ver tolerância) - feijão, ervilha, lentilha, grão de bico, milho, pipoca, coco, verduras, frutas in natura e secas, aveia em flocos, ameixa preta. As frutas, quando possível, devem ser consumidas com casca e bagaço. - O farelo de trigo e outros produtos industrializados ricos em fibras podem ser utilizados, entretanto, nem sempre são aceitos com facilidade CONSTIPAÇÃO Dietoterapia: – Coquetel nutricional laxativo Nelzir Trindade Reis (1978 – efeitos colaterais/interações de fármacos): 5 ameixas (ácido di-hidroxifinil isotina) 1 colher de sopa cheia creme de leite (emulsificante) 1 colher de sopa de farelo de aveia 1 und M laranja (150g– ácido orgânico + celulose) 1 fatia M de mamão (papaína e ácido orgânico) 200 a 250mL de água gelada CONSTIPAÇÃO Dietoterapia: – Coquetel nutricional laxativo: Bater no liquidificador: - ameixas de molho na água de um dia para o outro sem caroço - laranja (sem casca e sem caroço) - mamão (sem casca e sem sementes) - creme de leite - farelo - Água Consumir em jejum – Outras orientações: obedecer ao menor estímulo evacuatório; evitar laxantes; água gelada em jejum (+ fibras insolúveis no desjejum = bolo fecal) CONSTIPAÇÃO Dietoterapia: – Outras orientações: banco debaixo dos pés (evacuação + fácil); atividade física (++ abdominal) - Educação, desimpactação, recondicionamento do hábito intestinal normal e prevenc ̧ão da reimpactac ̧ão CONSTIPAÇÃO Fissura anal é uma pequena ulceraça ̃o cro ̂nica infectada da margem anal, acompanhada de crise de dor e espasmo do esfi ́ncter. Destaca- se no tratamento cli ́nico: Dieta laxativa Hemorróidas são dilataço ̃es varicosas das veias iniciais dos plexos hemorroidais do a ̂nus e do reto inferior. Destaca-se no tratamento clínico: Dieta laxativa, sem condimentos * Fazer forc ̧a para defecar, especialmente se as fezes são duras e secas. * Constipac ̧ão severa e cro ̂nica. * Doenc ̧a de Crohn e colite ulcerativa. * Mu ́sculo esfi ́ncter anal tenso. * Relac ̧ão sexual anal. COMPLICAÇÕES DA CONSTIPAÇÃO Outros fatores que contribuem para a hemorro ́ida sa ̃o gravidez e constipação cro ̂nica A hemorro ́ida pode ser dentro do a ̂nus (interna) ou abaixo da pele ao redor do ânus (externa). O sintoma mais comum da hemorro ́ida interna é sangue vermelho vivo cobrindo as fezes, sobre o papel higie ̂nico, ou na privada. COMPLICAÇÕES DA CONSTIPAÇÃO TRATAMENTO CLI ́NICO A modificação dos hábitos alimentares, com maior ingestão de li ́quidos e de fibras, objetivando diminuir o trauma e o esforço evacuatório, representa recomendações universais a todos os portadores de doença hemorroidária Complicações em crianças Escape fecal Dor abdominal recorrente Enurese Infeção urinária Sensação de esvaziamento incompleto DIARREIA Definição: – ↑ da frequência (> 3x/dia), fluidez com fezes semipastosas ou líquidas + perda excessiva de líquidos e eletrólitos (Na e K) ou volume das evacuações (> 300mL) Classificação e etiologia: – Osmótica (presença de solutos osmoticamente ativos no intestino, inadequadamente absorvidos – dumping/def. de lactase) – Secretória (secreção de eletrólitos e água pelo epitélio intestinal – exotoxinas bacterianas/vírus) – Exsudativa (lesão da mucosa – extravasa muco, PTN do plasma, sangue – RCU, Chron, enterite por radiação) – Por medicamento – ATB (↓flora colônica/inibe recaptação/MO oportunistas) – Contato mucoso limitado (exposição inadequada do quimo no epitélio intestinal que↓área absortiva saudável – DII; SIC) DIARREIA Etiologia: Segundo início e duração: – Aguda: início abrupto, duração < 14 dias (causas variadas) – perda de H2O e eletrólitos pelas fezes – Crônica: duração > 2 semanas ou recidiva – perda de nutrientes (má digestão/absorção) DIARREIA Dietoterapia: 1º Passo: identificar/tratar causa 2º: reposição de líquidos/eletrólitos – Repor líquidos e eletrólitos pela dieta (caldo, sopa, sucos de frutas e hortaliças, isotônicos, água de côco) – Evitar leite e derivados (↓lactase - enterócitos) – Dieta antifermentativa (evitar – Alimentos ↑enxofre = flatulentos: agrião, brócolis, couve-flor, pepino, alho, batata-doce, milho-verde, repolho, nabo, rabanete, pimentão, lentilha, goiabada, melão, melancia, jaca, uva, gema de ovo, leguminosas (ver tolerância) DIARREIA Dietoterapia: – +Fibras solúveis (viscosidade; AGCC – absorver H2O e eletrólitos) - fermentadas Pectinas (maçã, morango, cascas de frutas cítricas) Gomas (aveia, leguminosas secas – lentilha, grão de bico) Psyllium Fruto-oligossacarídeos (alho, cebola, banana, tomate, alcachofra) DIARRÉIA Dietoterapia: • Fibras insolúveis Celulose (farinha de trigo integral, feijões, ervilhas) Hemiceluloses tipo B (farelos; cereais e soja) Lignina (vegetais maduros, trigo) DIARREIA Dietoterapia: Período de recuperação: probióticos (recuperar flora) Limitar lactose e açúcares se diarréia osmótica (excessos: sacarose - <25-50g/refeição; frutose - <20- 25g/refeição) Período imediato pós-recuperação de episódios agudos: ausência/evitar também café e álcool (↑secreções GI) DIARREIA Dietoterapia: Diarréia + grave: NE e NP (++ secreção/DII, imunodeficiência, infecção prolongada) – Prevenção – doentes graves: realimentar precoce – Micronutrientes (atenção!): vilosidades, regeneração DIARREIA Síndrome do Intestino Irritável SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL - DEFINIÇÃO Síndrome do intestino irritável (SII) Síndrome do cólon irritável ou cólon espástico Transtorno mais comum (20 – 50% dos casos) SII ↓ Associação de sintomas GI crônicos recorrentes não explicados por anormalidades estruturais ou bioquímicas (no cólon, principalmente) Subsíndromes: Dor abdominal com constipação (alternando com diarréia) - Quadro mais habitual Diarréia indolor (quadro menos frequente) Síndorme do Intestino Irritável Distúrbio de motilidade intestinal que recebe o nome de si ́ndrome do cólon irritável. Algumas pessoas experimentam sensações frequentes de desconforto abdominal, cólicas, diarréia, obstipação e aumento dos movimentos intestinais Estrutura normal: funcionalidade alterada. Sintomas Distensão abdominal Flatulência em excesso Eliminação de muco nas fezes Sensação de esvaziamento retal incompleto Proctalgia fugaz (dor passageira no reto) Critérios de ROMA (mais aceitos para se definir SII) Diagnóstico Critérios de ROMA para Síndrome do Intestino Irritável (SII) Pelo menos 3 meses de sintomas contínuos ou recorrentes, que consistem em: • Dor abdominal que é: • Aliviada com a defecação ou • Associada a alteração na consistência das fezes ou • Associada a alteração na frequência de evacuações Com 2 ou mais dos seguintes achados (pelo menos em 25% das ocasiões ou dias): • Alteração da frequência de evacuações (>3x/dia ou < 3x/semana) • Alteração na consistência das fezes (pelotas fecais/duras ou semi- sólidas/aquosas) •Alteração na eliminação das fezes (esforço, urgência ou sensação de evacuação incompleta) • Eliminação de muco •Distensão abdominal Fisiopatologia Doença fisiopatológica neurobiológica Alterações nos mecanismos autônomos, neuroendócrinos e modulação da dor (hiperalgesia visceral = alteração da sensibilidade) Estresse psicológico e/ou transtornos psicológicos específicos e infecções intestinais/componente dietético (ansiedade/depressão) exacerbam os sintomas informaço ̃es exteriores ou cognitivas, mantendo conexões com centros que interferem na fun- ça ̃o gastrintestinal, tenham capacidade de influenciar a secreça ̃o, a motilidade e as sensaço ̃es digestivas. (Passos, 2006) Intolerância a alimentos na SII LEITE ÁCIDOSMILHO TRIGO CAFÉ NOZES ÁLCOOL GORDURAS Frequentemente associados à exacerbação dos sintomas MÁ ABSORÇÃO DE AÇÚCARES (lactose, sorbitol e frutose) Desenvolve os sintomas da SII (↑ fermentação) Diarreia osmótica e distensão abdominal Intolerância à lactose Consequências nutricionais SII Doença celíaca DII Neoplasias no GI Pancreatite crônica ou Ca de pâncreas Exames bioquímicos Perdade peso Deficiência nutricional Desnutrição Manejo dietético Dieta normal Restringir apenas alimentos causadores de sintomas Balanceada Dietas ricas em fibras ↓ Agravam os sintomas ↓ Grande produção de gases (fermentação) DOENÇA DIVERTICULAR DOENÇA DIVERTICULAR - DEFINIÇÃO Presença de divertículos (bolsas) que fazem protusão da parede do intestino Localizados no intestino grosso (cólon sigmóide) Muito comum nos países industrializados Prevalência maior em idosos (> 65 anos) S I N A I S 80% nunca apresentam sintomas Quando sintomáticos: • Dor no quadrante inferior do abdome • Cólica • Alteração nos hábitos intestinais • Flatulência excessiva • Náuseas e vômitos • Sangramentos Fibras dietéticas e doença diverticular Hipersegmentação colônica Hipertensão luminal CAUSA PRIMÁRIA Elevação da pressão intraluminal (miochose) Herniação da mucosa Produção de divertículos INFLUÊNCIA DA ALIMENTAÇÃO: deficiência em fibras e elevado consumo de carnes causam a doença TRATAMENTO DIETÉTICO Para doença diverticular não complicada: Dieta rica em fibras Preferir: suplementos de farelos Outras causas Diminuição da atividade fi ́sica Mau funcionamento intestinal, Idade avançada DIVERTÍCULO Uma protrusão sacular da mucosa através da parede muscular do cólon; A protrusa ̃o ocorre em áreas de fragilidade da parede intestinal onde vasos sangui ́neos podem penetrar; DOENÇA DIVERTICULAR Consiste de: Diverticulose - presença de diverti ́culos no cólon Diverticulite - inflamação de um diverti ́culo (fecalito + bactérias) Sangramento diverticular Complicadas - 25% apresentam abscessos, fi ́stulas, obstruções, peritonite ou sepse Tratamento Doença diverticular Dieta rica em fibras Diverticulite aguda ligeira - Ambulato ́rio - Antibioterapia oral (7 - 10 dias) - Dieta liquida Manutenção de Estado Nutricional Distribuição normal Volume, consistência e fracionamento adequados
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