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Privatizações das penitenciarias

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1. Resumo da matéria publicada na Exame digital 
A impunidade dentro do sistema prisional brasileiro se tornou um grande problema 
pro país, tanto que começou a chamar atenção de órgãos que regulam a situação como o 
Subcomitê sobre a Prevenção da Tortura e outros tratamentos ou Penas Cruéis, 
Desumanos e Degradantes (SPT) que entregou no dia 24 de novembro de 2016 um relatório 
sobre as violações de direitos e a tortura praticada pelos agentes da lei dentro dos presídios 
brasileiros, a partir da data o Brasil teria 6 meses para elaborar sua resposta abrangendo 
detalhadamente como iria implementar as recomendações. 
Segundo o entrevistado da Revista Exame a tortura no Brasil é generalizada dentro 
dos presídios. Desde o momento de sua detenção, agem como punição com essas torturas 
praticadas que são variadas, onde consiste em uso de balas de borracha, sufocamento, 
espancamento com barras de ferro e palmatória. Elas podem ser usadas para obter 
informações, pagamentos de subornos ou uma forma de castigo. Dados apontam que das 
565 mortes em 2014 dentro dos presídios, metade foram mortes intencionais. Mas a 
impunidade dos agentes públicos, praticantes de tais atos, ainda é uma regra no Brasil. 
O STP constatou que a superlotação e as condições da vida em cárcere no Brasil 
são chocantes e inúmeros os problemas. Dentre eles, a falta de assistência médica, a 
dificuldade de acesso à educação, a violência entre os detentos e a supervisão inadequada 
são os problemas principais e urgentes, que levam o pais a continuar na crise prisional, uma 
possível solução é resolver essa lista de itens problemáticos. 
A superlotação agrava o stress entre os presos, o que ajuda a causar brigas e 
segundo a matéria podemos ver que até mesmo entre os encarcerados as torturas ocorrem. 
A criação de facções criminosas também é um agravante na piora do sistema, já que o 
Estado acaba não conseguindo supervisionar de maneira eficaz para que acabe com as 
formações faccionais dentro das cadeias. 
Outro problema no Brasil também é a falta de esforços colocados para documentar, 
investigar, processar e castigar os delitos de tortura, isso vai contra as disposições da 
Convenção contra a tortura e outros tratamentos e penas cruéis, desumanos ou 
degradantes, que o país faz parte. 
A crise no sistema carcerário no Brasil requer grande compromisso politico do mais 
alto nível do governo segundo o entrevistado, o SPT oferece um guia para esses projetos e 
Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura é algo positivo para mudar esse 
cenário do país, porém, a fiscalização terá que ser impactante para que em conjunto com 
todas as outras mudanças consigamos melhorar a situação dentro das cadeias. 
2. Existem presídios privatizados no Brasil? A experiência tem sido positiva ou 
negativa? Por que? 
O presídio privatizado no Brasil teve seu primeiro e único construído, com três anos 
de sua existência nunca houve nenhuma rebelião, motim ou alguma morte violenta dentro 
do ressinto, já os relatos de fugas foram contabilizados apenas dois. Algo que em nosso 
sistema prisional seja surpreendente, por conta da alta taxa de violência dentro das prisões 
que temos em nosso país. O complexo está localizado em Ribeirão das Neves, Região 
Metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais abrigando 2.016 detentos. 
O consorcio chamado Gestores Prisionais Associados (GPA), recebeu do Estado o 
terreno para a construção do complexo e a gestão dele por 27 anos. O Estado de Minas 
Gerais, passou a pagar R$ 2.700,00 por preso por mês ao GPA. No sistema público, o custo 
é de R$ 1.300,00 a R$ 1.700,00 por preso. Para aumentar o lucro, as penitenciarias 
privadas tentam ainda, reduzir este custo. 
A iniciativa privada em seu primeiro momento procurou solicitar presos em regime 
fechado e semiaberto, sendo aqueles sem participação de organização criminosa e crimes 
contra os costumes, como o estupro, assédio sexual, corrupção de menores e etc. 
objetivando o entendimento de que se fossem aceitos estes tipos de crimes cometidos, iria 
atrapalhar o projeto que está sendo construído no presidio. Com essa seleção de presos, 
acreditamos que pode ser um jeito de camuflar o sistema carcerário, com a aparência de 
que o sistema funciona de maneira eficaz, mas com presos selecionados e com menor 
incidência de grandes relatos. 
No período em que o detento fica preso eles obtêm o direito de trabalhar e estudar. 
O trabalho é sem regimento da CLT, recebe menos que um salário mínimo com isso se tem 
a redução de pena, sendo menos um dia preso a cada três dias trabalhados com 5% de 
imposto no salário para custear o seu encarceramento e fazem um tipo de entrevista para 
poderem trabalhar. Esse trabalho geralmente é feito para a indústria de segurança pública, 
como a produção de equipamentos de vigilância e vestuário, e também para o consorcio da 
penitenciaria. 
Para muitos especialistas na área prisional brasileira, o sistema privatizado não 
obteve nenhuma melhoria para o nosso pais e sim, para o consórcio que administra o 
presidio, utilizando o preso como uma chance maior de lucro. Esses presídios por contrato 
com o governo mineiro, precisam estar com no mínimo 90% da sua capacidade operando. 
Assim, deixa entender que o olhar deles para um detendo é mudado para que ele seja uma 
mercadoria. 
Em mais um dos seus pontos que deve haver melhoria é a assistência jurídica 
privada que é uma funcionaria contratada pelo consorcio que administra o presidio, fazendo 
com que o detento não possa escolher um advogado particular de sua preferência e sim um 
contratado pela assistência jurídica. Eles contratam, eles escolhem. Onde se caso houver 
alguma denúncia dentro do presidio pelo detento por conta de maus tratos ou algum delito 
de funcionários, não se pode ter certeza de que o caso vai se prolongar, por conta do 
advogado contratado pelo consorcio poder ter alguma relação com o próprio, já que em 
algum momento poderá subordinar e não sair dali aquele ato cometido. 
Não podemos deixar de falar dos pontos positivos que temos dentro desse sistema. 
Diferente do que acontece nas penitenciarias públicas, a privada tem todo um equipamento 
de vigilância, são limpas, organizadas, altamente automatizada com portões que abrem 
pelas torres de controle, bloqueadores de celular e scanners corporais para as revistas 
intimas dos visitantes. O presidio conta com instalações médicas e odontológicas, salas de 
aula, oficina de trabalho e áreas de lazer. 
De acordo com a GPA, dois mil presos têm atividade educacionais no presidio. As 
aulas vão da educação fundamental, passando pelo ensino técnico e universitário. Há 80 
matriculados em cursos do Pronatec e 32 fazem faculdade à distância. Outros 60 seguem 
cursos religiosos. Há também aulas de música. Em 2014, houve oficinas de teatro para a 
montagem de apresentações. 
Também, temos uma redução de custos para o Estado, melhoria na condição de vida 
dos familiares dos detentos, o incremento de atividades produtivas, redução de gastos do 
funcionalismo público e aumento de vagas na iniciativa privada. 
O ideal para uma privatização nos presídios é que a iniciativa privada tenha a função 
de administração particular da limpeza, comida, roupas, “hotelaria” do preso, enfim, serviços 
que são necessários para a penitenciaria. E o Estado permanece com a função jurisdicional 
que por meio de seu juizado possa determinar quem será preso, por quanto tempo ele irá 
permanecer, quando e como ocorrerá uma punição ou o dia em que deverá ficar livre. No 
qual será o único legitimado para o uso de força, dentro da observância da lei. 
Assim, a privatização é apenas parte de uma engrenagem que, se for completa e 
bem conduzida,resolve os problemas da criminalidade e das prisões em nosso país. Pode, 
não obstante, resolver todos os problemas causados pelo descaso histórico com que os 
estabelecimentos prisionais vêm sendo tratados, mas diante da ineficácia do estado em 
relação aos presídios, se faz necessária à privatização, para cumprimento em primazia da 
Lei de Execuções Penais. 
3. Argumentos favoráveis e argumentos contrários à privatização dos presídios 
no Brasil. 
A privatização amplia a possibilidade de garantir a aplicação e eficácia do instituto da 
pena e tem como resultados positivos a recuperação dos presos. Vislumbra-se analisar 
esses pontos positivos encontrados nesta parceria que serão abordados nos parágrafos 
seguintes, quais sejam, a ressocialização do preso, a melhor imagem do apenado na 
sociedade, a eficácia administrativa e o menor índice de fugas e rebeliões. 
Começamos dizendo na ressocialização, onde cabe dizer que os presídios 
privatizados oferecem a seus detentos chances de se reintroduzir na sociedade de forma 
melhor do que um presidio de administração pública, com programas de ensino e empregos 
dentro da instituição a chance de outra perspectiva de futuro do preso é um grande fator 
positivo, o tempo que passaria ocioso vai ser usado para aprender um novo trabalho ou até 
mesmo ter a chance de se graduar abrindo novas possibilidades e instigando uma melhora 
comportamental e aumentando as chances do indivíduo conseguir ter a estabilidade que 
necessita para viver bem sem sentir que deve apelar para o crime. 
Tem-se de uma grande importância, a imagem do preso ao sair do sistema 
carcerário, que muitos são descriminados por ter passado por esta etapa já cumprida em 
sua vida, na iniciativa privada esse acontecimento a outros olhos, onde pode ser uma 
grande aliada na melhora da imagem do apenado na sociedade, o detento ocioso que 
parecia não ter aprendido nada de bom na cadeia passa a ser visto com uma melhor forma, 
pois dentro da penitenciaria, ele obteve a chance de aprender novos ofícios e concluir o 
ensino básico, mostrando que existe a possibilidade de restituição da pessoa e que nesse 
tempo em que ele esteve fora do convívio social, não esteve tanto tempo parado, mostrando 
que a todo o tempo buscou aprender e concluir metas em sua vida. 
Um dos pontos positivos que faz com que a iniciativa privada seja algo bom para os 
presídios é a eficácia administrativa, nesse panorama os presídios são como uma empresa, 
se ela não funcionar adequadamente, faz com que ela não obtenha lucros e efetividade em 
todos os seus ramos e departamentos, portanto todas as áreas devem funcionar 
perfeitamente, sem que nenhuma funcione com destreza. Pois o dinheiro deverá estar 
sendo empregado de forma correta, já que o Estado exige a prestação de contas e os 
funcionários devem saber que em caso da não realização correta serão cobrados ou 
demitidos. 
Um dos principais fatores no sistema público são o índice de fugas e rebeliões que 
se tem, mas isso não é um grande problema na iniciativa privada, pois nela se tem o menor 
índice. A justificativa dessa melhora é a segurança, por ser muito mais esquematizada e 
eficaz, onde faz com que os presos não consigam planejar nenhuma quebra de regra já que 
qualquer tipo de erro significa que o faturamento pode ser abalado. Nesses casos, a 
empresa responsável poderá ser penalizada e acabará perdendo o controle do lugar, sendo 
assim, existe o empenho em não arruinar de nenhuma forma alguma a proteção dos 
presídios. 
Além de discussões acerca da constitucionalidade das privatizações, existem fatores 
preocupantes no que diz respeito à privatização dos estabelecimentos prisionais, uma vez 
que as Unidades Prisionais perdem um pouco do controle do Estado, surgindo assim 
possibilidades para que haja enriquecimento ilícito do parceiro privado, bem como a 
ocorrência do aumento do rigor da legislação penal, conforme entendimentos dos próximos 
parágrafos. 
Entende-se que em um presidio privatizado os custos são elevados, já que a 
empresa é paga pelo Estado para manter o detento. Cada pessoa dentro da instituição 
representa uma quantia que deve ser paga para que ele possa ter o básico a uma condição 
de cárcere boa. O valor a ser pago por esse presidiário na administração pública é R$ 
1.300,00 a R$ 1.700,00, já na iniciativa privada custará R$ 2.700,00 para mantê-lo sob 
essas condições. Para aumentar o lucro, as penitenciarias privadas tentam ainda, reduzir 
este custo. 
Em relação as Atividades jurisdicional, administrativas e judiciária, permanecem 
absolutamente indelegáveis pelo Estado. A empresa deve ser responsável por todas as 
áreas e o governo não interfere, ou seja, assume-se o risco de o sistema não funcionar 
como deve e tudo cooperar somente para o bem da instituição e não no bem dos que 
residem nela. Eles contratam, eles escolhem. Onde se caso houver alguma negligencia 
dentro do presidio por conta de maus tratos ou algum delito de funcionários, não se pode ter 
certeza se o caso vai se prolongar. 
O funcionamento do trabalho dentro do presidio pode ser algo muito bom e eficiente 
para o preso para uma ressocialização, mas também corre o risco de se tornar algo 
extremamente perigoso para os envolvidos, por conta das condições, que podem se tornar 
análogas à escravidão, onde esse trabalho é sem regimento da CLT, podendo receber 
menos que um salário mínimo, e se caso o preso não aderir a esse projeto por vontade 
própria, a empresa poderá forçar de alguma forma, para que ele se submeta a aquilo.

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