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Anais Alagoas

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II SIMPÓSIO ALAGOANO DE MEDICINA EQUINA
12 E 13 DE ABRIL 2012
1
GRUPO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM EQUÍDEOS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
Suplemento I – VOL. 40
ANAIS
II SIMPÓSIO ALAGOANO
DE MEDICINA EQUINA
MACEIÓ, AL.
12 e 13 de Abril de 2012
II SIMPÓSIO ALAGOANO DE MEDICINA EQUINA
12 E 13 DE ABRIL 2012
3
REALIZAÇÃO
GRUPO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM EQUÍDEOS-UFAL
ORGANIZAÇÃO: M.A. CURSOS VETERINÁRIOS
APOIO INSTITUCIONAL: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS MÉDICOS
VETERINÁRIOS DE EQUÍDEOS (ABRAVEQ), UNIVERSIDADE FEDERAL DE
ALAGOAS,CRMV-AL,CNPq,REVISTA BRASILEIRA DE MEDICINA EQUINA,VETNIL.
COMISSÃO ORGANIZADORA DO EVENTO:
COORDENADOR: Prof. Dr. Pierre Barnabé Escodro-UFAL
VICE-COORDENADOR: Prof. Msc. Thiago Moraes-UNEAL
TESOUREIRO: M.V. Marcelo de Araujo Silva
COMISSÃO CIENTÍFICA:
Prof. Dr. Armen Thomassian- FMVZ-UNESP-Botucatu
Prof. Dr. Carlos Aberto Hussni- FMVZ-UNESP-Botucatu
Prof. Dr. Diogo Ribeiro Câmara- UFAL
Prof. Msc. Domingos Cachinero- UFBA
Prof. Dr. Geraldo Eleno S. Alves- EV-UFMG
Prof. Dr. João Ricardo Dittrich- UFPR
Prof. Dr. Pierre Barnabé Escodro- UFAL
Prof. Msc. Thiago Moraes- UNEAL
Prof. Dr. Tobyas Maia Albuquerque Mariz- UFAL
Prof. Dr. Wagnner J. Nascimento Porto- UFAL
COMISSÃO DISCENTE-UFAL:
Aline Saraiva de Oliveira
Thiago Jhonatha Fernandes da Silva
Juliana de Oliveira Bernardo
Waldelucy Felix
Lucas Fonseca
Emikael da S. Lima
David Castro
Laura Monique Gonçalves da Silva
Ítallo R.V. da Silva
José Valmir Tenório Ferreira Jr.
II SIMPÓSIO ALAGOANO DE MEDICINA EQUINA
12 E 13 DE ABRIL 2012
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PREFÁCIO
O Grupo de Pesquisa e Extensão em Equídeos da Universidade Federal de Alagoas
(GRUPEQUI-UFAL) foi fundado em 2009 e é cadastrado no Conselho Nacional de Desen-
volvimento Científico e Tecnológico (CNPq), atualmente com sete linhas de pesquisas e pesqui-
sadores de vários centros de renome nacional. A sede do GRUPEQUI-UFAL é no Campus de
Medicina Veterinária da Universidade Federal de Alagoas, na cidade de Viçosa, curso criado
em 2006, através do Programa de Interiorização das Universidades Federais.
Apesar da imensa dificuldade na implantação do único Curso de Medicina Veterinária
público de Alagoas, os Equídeos tornaram-se uma das principais motivações dos discentes para
continuarem firmes e dedicados no curso, visto a falta de infra-estrutura e número reduzido de
professores ( problemas associados ao mal planejamento de implantação e falta de conheci-
mento institucional acerca do curso de medicina veterinária).Dessa forma o GRUPEQUI-UFAL,
através de suas atividades, vem sendo referência aos alunos de como o Amor ao Labor e a
vontade do conhecer podem “fazer nascer e crescer orquídeas nos lugares mais áridos
já habitados”.
O grupo atua na pesquisa em diversas áreas, tendo destaque no desenvolvimento de
combinações farmacológicas de caráter inovador (inclusive com patente depositada), técnicas
anestésicas e cirúrgicas a campo e empreendedorismo da medicina veterinária na tríade educa-
cional universitária. Outra área de atuação do grupo é a Extensão, sendo o GRUPEQUI-UFAL
é o mantenedor e organizador do Projeto de Extensão Carroceiro Vet Legal, que presta
serviços veterinários aos eqüídeos carroceiros do estado de Alagoas e busca melhorar a quali-
dade de vida da comunidade que sobrevive do eqüídeo, promovendo ações
multidisciplinares.Atualmente o GRUPEQUI-UFAL possui mais de dez bolsistas de graduação,
entre bolsas de programas de Extensão, Pesquisa, Inovação Tecnológica e Auxílio Institucional,
sendo um dos mais atuantes do País.
O SIMPÓSIO ALAGOANO DE MEDICINA EQUINA (SIMPALMEQ), de caráter
bienal, foi uma conquista do GRUPEQUI-UFAL em 2010 e esta segunda edição, com apresen-
tação de trabalhos científicos, vem alicerçar este evento regional que vem fortalecendo-se e
transformando o Estado de Alagoas como sede dos grandes eventos científicos de medicina
equina nacional. Assim, para nós que o organizamos, é uma felicidade poder unir tantos profis-
sionais renomados e participantes de nove estados do Brasil, nos presenteando com o banquete
de conhecimento que o evento propiciará. Para tanto contamos com parceiros inseparáveis, que
não podem ser esquecidos e que são tão responsáveis pelo evento quanto o GRUPEQUI-
UFAL, são eles: Universidade Federal de Alagoas, Conselho Regional de Medicina Veterinária
do Estado de Alagoas, CNPq, M.A. Cursos Veterinários, Associação Brasileira dos Médicos
Veterinários de Equídeos, Revista Brasileira de Medicina Equina, Centrovet, Vetnil, Guabi e
todos os alunos que nos dão apoio nesta árdua e apaixonante caminhada.
Prof. Dr.Pierre Barnabé Escodro
Coordenador e Presidente da Comissão Científica II SIMPALMEQ
II SIMPÓSIO ALAGOANO DE MEDICINA EQUINA
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S U M Á R I O
P A L E S T R A S
Estresse Oxidativo na Fisiopatologia das Enfermidades dos Equinos ........................................................ 11
Prof. Ms. Domingos Cachineiro Rodrigues Dias -UFBA
Equinocultura e Meio Ambiente ................................................................................................................. 27
Prof. Dr. João Ricardo Dittrich- UFPR
Neosporose em equinos .............................................................................................................................. 33
Profº Dra. Rosangela Locatelli- Dittrich-UFPR
Exames Laboratoriais de Avaliação Hepática nos Equinos-Perfil Bioquímico Sanguíneo ........................ 49
Profª Dra.Rosangela Locatelli- Dittrich-UFPR
Indicadores de doença inflamatória em cavalos-proteínas de fase aguda e ferro sérico ........................... 67
Profª Dra.Rosangela Locatelli- Dittrich-UFPR
Tromboflebite Jugular em Equinos ............................................................................................................ 73
Prof. Dr.Carlos Alberto Hussni- FMVZ-UNESP -Botucatu
Sindrome Cólica em Equinos: do Tratamento Clínico à Opção pela Cirurgia .......................................... 80
Prof. Dr. Armen Thomassian-FMVZ-UNESP
Tendopatias e Desmopatias em Equinos ..................................................................................................... 90
Prof. Dr. Carlos A. Hussni- FMVZ-UNESP -Botucatu
Exame transretal: importância, realidade do ensino, riscos, necessidade,viabilidade e estágios de
competência ................................................................................................................................................ 95
Prof. Dr. Geraldo Eleno S. Alves-EV-UFMG
Principais Processos Restritivos das Vias Respiratórias Anteriores em Equinos ............................... 106
Prof. Dr. Armen Thomassian- FMVZ-UNESP-Botucatu
Acupuntura em Equinos .......................................................................................................................... 115
Jean Guilherme Fernandes Joaquim
R E S U M O S
ADERÊNCIA DE FLEXURA PÉLVICA EM EQUINO: RELATO DE CASO ............................................ 122
Nantes,J.H.;Ferreira,H.N.;Rizzo,H.;Cabral,S.S.;Monteiro,A.
AMPUTAÇÃO PARCIAL DE MEMBRO EM EQUINOS – RELATO DE CASO .................................... 123
Sobral,J.C.;Iamaguti,L.S.;Pereira,R.M.C.;Silva,T.M.M.
COLETA AUTOMATIZADA DE CÉLULAS PROGENITOR AS PERIFÉRICA S EM EQUINO: RELATO DE
PROCEDIMENTO ................................................................................................................................... 124
Fonseca,L.S.;Bernardo,J.O.;Escodro,P.B.;Escodro,L.O.;Roveri,E.G.;Vieira,I.R.S.;Oliveira,A.S.
HABRONEMOSE CUTÂNEA EM EQUINO – RELATO DE CASO ....................................................... 125
Silva,M.C.P.;Aguiar,B.F.;Jabour,F.F.;Teixeira,L.G.;Carvalho,K.S.
ISOERITRÓLISE EQUINA NEONATAL: RELATO DE CASO ............................................................. 126
Ferreira,H.N.;Brito,T.A.T.;Neto,L.M.F.;Nantes,J.H.
PERFIL ZOOMÉTRICO DE MUARESDE TRAÇÃO NO MUNICÍPIO DE ARAPIRACA .................... 127
Neto,M.S.;Mariz,T.M.A.;Escodro,P.B.;Lima,C.B.;Sousa,M.F.;Sá,A.L.;Oliveira,M.P.;Santos,W.K.;Ferreira
Junior,J.V.
PODODERMATITE HIPERTRÓFICA EM DOIS EQUINOS: RELATO DE CASO ............................... 128
Ferreira,H.N.;Silva,A.F.;Nantes,J.H.
PRIMEIRO RELATO DE COLAPSO TRAQUEAL EM CAVALO MINIATURA (MINI-HORSE) NA REGIÃO
NORDESTE DO BRASIL ....................................................................................................................... 129
d’Utra Vaz, B. B.; Maia, F.C. L.; Fagundes, R. H. S.; Santos Júnior, D. A.
SARCÓIDE FIBROMATOSO EM CAVIDADE ORAL DE EQUINO: RELATO DE CASO ................... 130
Cavalcanti,M.O.;Nantes,J.H.;Menezes,M.C.;Cavalcanti,B.M.
USO E INTERPRETAÇÃO DO TESTE DE MALEÍNA PARA O DIAGNÓSTICO DE MORMO: ASPECTOS
CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICOS - RELATO DE CASO ......................................................................... 131
Lima,A.R.L.;Albuquerque,R.M.S.;Almeida,J.
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PALESTRAS
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ESTRESSE OXIDATIVO NA FISIOPATOGENIA DE
ENFERMIDADES DE EQUINOS
Prof. MSc. Domingos Cachineiro Rodrigues Dias
Curso de Medicina Veterinária –Universidade Federal da Bahia
Email: domingosdiasvet@hotmail.com
O interesse pela fisiologia do exercício dos equinos aumentou significativamente em todas
as partes do mundo. Este interesse foi inicialmente gerado pelo papel do cavalo na agricultura e
intensificado pela larga utilização dos equinos no lazer, e mais atualmente devido à utilização
desses animais para o esporte (HODGSON e ROSE, 1994), o que leva a exigências por níveis
extremos de desempenho atlético devido principalmente à cultura do esporte atrelada à valori-
zação econômica de animais de alto desempenho esportivo. Para alcançar tal desempenho, os
trabalhos físicos e técnicos aos quais são submetidos os cavalos atletas são cada vez mais
intensificados, o que pode levar ao desenvolvimento de lesões oxidativas que podem ocorrer
quando há excesso de produção de radicais livres e/ou quando os sistemas antioxidantes celu-
lares se tornam ineficazes no controle e eliminação dessas substâncias (SILVEIRA, 2005) Esse
desequilíbrio entre a produção de radicais livres e a defesa gerada pelos antioxidantes é conhe-
cido como estresse oxidativo (URSO e CLARKSON, 2003).
Dentre os mecanismos bioquímicos mais estudados atualmente para esclarecer a
fisiopatologia de diversas enfermidades de equinos está o desenvolvimento do estresse oxidativo.
Esse fenômeno bioquímico é definido como o desequilíbrio entre a produção de espécies reativas
de oxigênio, um grupo de radicais livres oriundos do oxigênio molecular, e as defesas antioxidantes
do organismo animal, levando a importantes lesões nas biomoléculas teciduais nobres tais como
lipídeos, proteínas e ácidos nucléicos. Essas lesões oriundas do estresse oxidativo têm sido
incriminadas na fisiopatologia de importantes enfermidades dos cavalos, sendo que a principal
estratégia terapêutica e preventiva, principalmente para cavalos de esporte, é a suplementação
com substâncias consideradas antioxidantes. Apesar da vasta literatura acerca desse campo de
estudo na espécie equina, ainda não há bases científicas sólidas para sustentar tais hipóteses.
A produção e a utilização de energia são essenciais para o equino exercer todo seu poten-
cial atlético (EATON, 1994). O desempenho esportivo exige eficiência na utilização de grandes
quantidades de energia através da transformação de energia química em energia mecânica
(SJÖDIN et al., 1990). A manutenção do balanço energético é gerada por complexas cadeias
bioquimicamente interligadas de reações de oxidação e redução. Existem duas vias principais
para a formação de energia: a aeróbica e a anaeróbica, sendo que ambas têm o mesmo objetivo
de produzir a Adenosina Trifosfato (ATP), que é a principal fonte de energia biodisponível,
através da clivagem da ligação fosfato de alta energia, sendo essa síntese realizada pela reciclagem
de Adenosina Difosfato (ADP). O potencial para o exercício físico do cavalo atleta também
pode ser traduzido pela grande capacidade aeróbica e anaeróbica dessa espécie
(EATON, 1994).
O oxigênio molecular (O2) é o aceptor universal de elétrons que possibilitou aos organis-
mos aeróbicos utilizarem a energia contida nos nutrientes tais como os carboidratos, gorduras e
proteínas. O processo oxidativo aeróbico é mais eficiente do que o processo anaeróbico na
produção de energia, o que possibilitou o surgimento na natureza de organismos cada vez mais
complexos. Mesmo sendo vantajosa em termos energéticos, a utilização do oxigênio molecular
no processo de respiração aeróbica leva à produção de compostos altamente reativos e poten-
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cialmente nocivos aos sistemas biológicos. A formação desses agentes oxidantes pode ser mais
bem entendida quando se analisa a evolução das espécies. Os seres primitivos unicelulares
mantinham-se vivos pela formação do ATP independente do oxigênio. Ao longo de milhões de
anos a evolução das espécies e as alterações ambientais determinaram o aparecimento de seres
pluricelulares e dependentes de oxigênio. Porém, algumas etapas do metabolismo anaeróbico
permaneceram nos animais superiores, originando uma não-utilização de pelo menos de 5% do
oxigênio admitido na célula, produzindo assim uma redução monovalente intramitocondrial e
gerando uma estrutura molecular alterada, eletricamente instável e muito reativa, denominada
radical livre (JI, 1999).
O termo radical livre é usado para designar qualquer átomo ou molécula com existência
independente, contendo um ou mais elétrons não pareados nos seus orbitais externos
(VANUCCHI et al., 1998), ou seja, o termo radical livre refere-se a átomo ou molécula alta-
mente reativo que contêm número ímpar de elétrons em sua última camada eletrônica (FERREIRA
e MATSUBARA, 1997). A maioria dos radicais livres é extremamente reativa, altamente tóxica
e capaz de reagir com diversas moléculas orgânicas como lipídeos, proteínas, além de ácidos
nucléicos, mecanismo pelo qual eles provocam danos em nível celular e tecidual, levando a
alterações estruturais (JIMÉNEZ et al., 2005). Essa alta reatividade é devida ao não-empare-
lhamento de elétrons da última camada (FERREIRA e MATSUBARA, 1997) que confere
uma alta atração por um elétron de número de spin em direção oposta (DEATON e
MARLIN, 2003).
Alguns radicais livres se formam durante o metabolismo aeróbico na respiração celular
(JIMÉNEZ, 2005). A molécula de oxigênio, naturalmente, se qualifica como um radical, pois ela
possui dois elétrons não pareados, cada um deles em orbitais diferentes. Esses elétrons têm o
mesmo número de spin e rotação paralela, sendo este o estado mais estável do oxigênio. Essa
estrutura molecular única dá a essa substância um perfil oxidante, ou seja, uma atividade receptora
de elétrons, com a particularidade de que o oxigênio aceita somente um elétron por vez e, por
esta razão, reage vagarosamente com muitos não-radicais (VANUCCHI et al., 1998). Isso
ocorre pois o oxigênio oxida outra molécula pela recepção de um par de elétrons somente se
ambos os elétrons desse par possuírem número de spin anti-paralelos em relação aos seus
próprios elétrons não pareados (LEEUWENBURGH e HEINECKE, 2001).
O processo catabólico de oxidação pode gerar radicais livres oriundos do oxigênio (LI,
1999). O oxigênio utilizado na respiração é metabolizado da seguinte maneira: 85 a 95% são
utilizados pela mitocôndria, através da cadeia de transporte de elétrons, e os 10 a 15 % restan-
tes são utilizados por diversas enzimas oxidases e oxigenases e também para reações de oxida-
ção diretas. Na parte terminal da cadeia de transporte de elétrons a enzima citocromo oxidase
remove um elétronde cada uma das quatro moléculas reduzidas de citocromo C, oxidando-as,
e adiciona esses quatro elétrons ao oxigênio para formar água (em torno de 95 a 98 % dos 85
a 90 % citados acima). Os 2 a 5 % restantes são reduzidos univalentemente em metabólitos
denominados de Espécies Reativas de Oxigênio (EROs). Esses compostos são produzidos
naturalmente nos organismos através de processos metabólicos oxidativos e, muitas vezes, são
de extrema utilidade, como nas situações em que há a necessidade de ativação do sistema
imunológico, na desintoxicação de drogas e na produção de óxido nítrico pelo endotélio vascular
(SCHNEIDER e OLIVEIRA, 2004). Outras funções das EROs podem estar na atividade de
combate a patógenos, limpeza de tecidos mortos e neoplásicos, manutenção da integridade do
sistema nervoso, além de estímulo da função espermática, sendo que essas EROs normalmente
não representam problema no organismo em repouso uma vez que o sistema de defesa antioxidante
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está a postos para neutralizar a sua produção (WILLIAMS, 2004).
Por outro lado, mesmo tendo as funções fisiológicas fundamentais descritas, os radicais
livres têm chamado a atenção dos pesquisadores de forma multidiciplinar, pois estes podem
estar envolvidos na fisiopatologia de doenças em humanos como o enfisema pulmonar, doenças
inflamatórias, arteriosclerose, câncer, e no processo natural de envelhecimento (SCHNEIDER
e OLIVEIRA, 2004). Existem evidências de que as EROs possam estar envolvidas em mais de
50 doenças ou eventos nosológicos em humanos (ZWART et al., 1999). Ferreira e Matsubara
(1997) listaram alguns eventos relacionados com a atividade das EROs em humanos. Entre os
principais foram citadas as mutações, lesão de isquemia-reperfusão, artrite reumatóide, doenças
auto-imunes, disfunção renal pós-transplante, síndrome demencial e doenças respiratórias. Além
disso, esses autores reafirmaram que o processo de envelhecimento também é um evento que
pode estar relacionado com as EROs.
A redução do oxigênio molecular, resumidamente, se dá através da seguinte equação
química:
O2 + 4 e- + 4 H+ ’! 2 H2O + energia
A formação das EROs acontece em fases intermediárias dessa reação. Como o oxigênio
molecular só recebe um elétron por vez, podemos identificar cada passo desse processo e
determinar quais radicais são gerados em cada um deles. A adição de um elétron a uma molécula
de oxigênio no estado fundamental gera a formação do radical Superóxido (O2.-) (SCHNEIDER
e OLIVEIRA, 2004):
O2 + e- = O2.-.
O ânion superóxido possui tanto uma função oxidativa, sendo reduzido a peróxido de
hidrogênio (H2O2), quanto uma função redutora, sendo oxidado de volta a oxigênio (DEATON
e MARLIN, 2003). O superóxido ao receber mais um elétron e dois íons hidrogênio (H+), gera
o peróxido de hidrogênio através da reação denominada dismutação, que ocorre espontanea-
mente, mas que em condições fisiológicas é catalisada pela enzima Superóxido Dismutase (SOD):
2 O2.- + 2 H+ -’! O2 + H2O2
O peróxido de hidrogênio não é um radical livre, no entanto, representa um metabólito de
oxigênio parcialmente reduzido. Este composto pode gerar um número variável de oxidantes,
porém, os dois mais reativos são o radical hidroxil (OH.) e o ácido hipocloroso. Quando o
peróxido de hidrogênio recebe mais um elétron e um íon hidrogênio é formado o radical hidroxil,
que é o mais reativo dos intermediários, pois pode reagir e alterar qualquer estrutura celular que
esteja próxima e assim influenciar enzimas, membranas ou ácidos nucléicos. O radical hidroxil
também pode ser formado quando o peróxido de hidrogênio reage com íons Ferro (Fe2+) ou
Cobre (Cu+). Essa reação é conhecida como Reação de Fenton:
Fe2+ / Cu+ + H2O2 ’! OH. + OH- + Fe3+ / Cu2+
Os íons de metais de transição podem também catalisar a reação entre o
peróxido de hidrogênio e o superóxido conduzindo á formação de radical hidroxil
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pela Reação de Haber – Weiss.
H2O2 + O2.-’! OH. + OH- + O2
Outras espécies reativas de interesse são os oxigênios singulares, que são formas de oxi-
gênio spin-alteradas. Além disso, o radical superóxido pode reagir diretamente com o Óxido
Nítrico (NO), gerando peroxinitrito. Este pode levar à formação de um oxidante com caracte-
rísticas do radical hidroxil. Cada uma das EROs tem suas próprias características, mostrando
diferentes atividades e tempos de meia-vida (SCHNEIDER e OLIVEIRA, 2004). A Figura 1
resume o processo de redução tetravalente do oxigênio molecular na mitocôndria até a forma-
ção de água e a formação de EROs (FERREIRA e MATSUBARA, 1997).
FIGURA 1: Formação de EROs (FERREIRA e MATSUBARA, 1997).
Como as EROs são continuamente produzidas em pequenas quantidades pelos proces-
sos normais do metabolismo, todas as células possuem mecanismos para mitigar seus efeitos
agressores. O sistema de defesa antioxidante está dividido em enzimático e não-enzimático. O
primeiro inclui as enzimas Superóxido Dismutase (SOD), Catalase (CAT) e a Glutatioina
Peroxidase (GPx) (SCHNEIDER e OLIVEIRA, 2004).
A enzima SOD é ligada a um mineral. A SOD ligada ao manganês esta situada exclusiva-
mente nas mitocôndrias, enquanto que a SOD ligada ao zinco e ao cobre podem estar no
citosol, sendo que 84 a 92% de sua atividade acontecem nesse ambiente. É estimado que cerca
de 80% de todo superóxido formado é neutralizado pela SOD na mitocôndria. Os 20 % restan-
tes podem escapar para o citosol (SJÖDIN et al., 1990). A catalase age na eliminação do
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peróxido de hidrogênio promovendo sua catálise em água, prevenindo assim, a formação de
radical hidroxil (SCHNEIDER e OLIVEIRA, 2004). Esta enzima se localiza predominante-
mente nos peroxisomos e possui maior atividade em altas concentrações de peróxido de hidro-
gênio, podendo estar mais envolvida na remoção de grandes quantidades desse composto du-
rante o estresse oxidativo (SJÖDIN et al., 1990):
H2O2 + H2O2 ’! O2 + 2H2O
A GPx age na conversão da Glutationa Reduzida (GSH) em Glutationa Oxidada (GSSG),
removendo o peróxido de hidrogênio e formando água (SCHNEIDER e OLIVEIRA, 2004).
Diante de um desafio oxidante a glutationa é liberada no sangue na forma oxidada (GSSG),
transferida das células para o fígado para ser reduzida, sendo a forma reduzida (GSH) liberada
na circulação para dar suporte ao aumento das necessidades celulares por esse substrato neces-
sário para a atividade da glutationa peroxidase (CHIARADIA, et al., 1998). Essa enzima está
mais localizada nas mitocôndrias e no citoplasma e possui maior afinidade ao peróxido de hidro-
gênio do que a CAT, sendo mais adaptada a neutralização desse composto em baixas concen-
trações (SJÖDIN et al., 1990):
2GSH + H2O2 ’! GSSG + 2 H2O
Dessa forma, tanto a CAT, quanto a GPx evitam o acúmulo de radicais superóxidos e de
peróxido de hidrogênio para que não haja a formação de radical hidroxil, contra o qual não há
defesa enzimática (SCHNEIDER e OLIVEIRA, 2004). WILLIAMS (2004) afirmou que os
sistemas antioxidantes de defesa são capazes de neutralizar quase todo o peróxido produzido,
sendo que muito pouca ou nenhuma quantidade desse composto consegue se difundir para o
citoplasma, apesar de considerar que durante a oxidação de ácidos graxos pode haver algum
escape de peróxido para o citosol. O perfeito equilíbrio entre as enzimas antioxidantes é impor-
tante para a manutenção da integridade celular (SCHNEIDER e OLIVEIRA, 2004).
O sistema não-enzimático de defesas antioxidantes inclui compostos sintetizados pelo
próprio organismo como a bilirrubina, ceruloplasmina, hormônios sexuais, melatonina, coenzima
Q, ácido úrico, além de substâncias oriundas da dieta regular ou suplementação alimentar, tais
como ácido ascórbico (Vitamina C), beta-caroteno (precursorda Vitamina A), grupos fenóis de
plantas (flavanóides) e o alfa-tocoferol (Vitamina E) (SCHNEIDER e OLIVEIRA, 2004). A
vitamina E é considerado o antioxidante dietético principal na quebra da reação em cadeia
lipooxidativa. O alfa-tocoferol reage com radicais peroxilas formando um hidroperóxido e um
radical alfa-tocoferoxil, prevenindo a propagação da peroxidação lipídica (DEATON e
MARLIN, 2003).
Fisiologicamente, o organismo pode defender-se da agressão mediada pelos radicais li-
vres utilizando as reservas antioxidantes celulares. Estas podem ser moléculas pequenas que
diminuem a reatividade do radical hidroxil, como as vitaminas, principalmente a vitamina E
(PERCÁRIO et al., 2001). Porém, quaisquer condições que levem ao aumento da produção
de radicais livres, ou à diminuição das defesas antioxidantes, podem gerar uma condição deno-
minada estresse oxidativo. O estresse oxidativo é definido por um desequilíbrio entre a produ-
ção de radicais livres e os sistemas de defesa antioxidantes, enzimáticos ou não enzimáticos,
devido a carências de vitaminas e minerais, processos inflamatórios, deficiências do sistema
imunológico, exercício físico intenso, além de fatores ambientais que impedem o controle das
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reações oxidativas em cadeia (JIMÉNEZ et al., 2005). O estresse oxidativo pode ser resultado do
aumento da produção de radicais livres com a manutenção da função e da atividade antioxidante
normal. Pode ocorrer com uma produção normal de radicais livres na presença de queda da capaci-
dade antioxidante. Acontece ainda a combinação de ambas as situações ou desequilíbrio em diferen-
tes componentes antioxidantes (DEATON e MARLIN, 2003). Um organismo se encontra sob estresse
oxidativo quando ocorre um desequilíbrio entre os mecanismos pró-oxidantes e antioxidantes, de
maneira que os primeiros sejam predominantes (SCHNEIDER e OLIVEIRA, 2004), ou seja, o
estresse oxidativo ocorre quando os mecanismos de defesa antioxidantes são suplantados pela pro-
dução de radicais livres (MARLIN et al., 2004). A presença do estresse oxidativo não gera automa-
ticamente lesões oxidativas. Essas alterações só podem ser verificadas com a dosagem direta de
marcadores (DEATON e MARLIN, 2003).
O desenvolvimento de estresse oxidativo como resultado da geração de radicais livres tem
sido implicado na patogênese de muitas enfermidades incluindo a síndrome de isquemia-reperfusão,
derrames cerebrais, traumas, arteriosclerose, e doenças neurodegenerativas (DURFINOVÁ et al.,
2007). Em equinos, as enfermidades comumente associadas ao estresse oxidativo são a obstrução
recorrente das vias aéreas, hemorragia pulmonar induzida pelo exercício (MOFFRARTS et al.,
2005), laminite (MCLAREN et al, 2004), doença do neurônio motor (LA RÚA-DOMENECH et
al.,1997), enfermidades reprodutivas (STRADAIOLI e MAGISTRINI, 2002), sinovites, artrites
(DE AUER e SEAWRIGTH, 1993), além de miopatias e hemólise (CHIARADIA et al., 1998). A
figura 2 ilustra as vias bioquímicas e os produtos da lesão mediada pela ação dos radicais livres
(ZWART et al., 1999).
FIGURA 2: Vias bioquímicas e os produ-
tos da lesão mediada pela ação dos radi-
cais livres (ZWART et al., 1999).
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O exercício intenso pode levar à inflamação e lesão do tecido muscular (KINNUNEN et
al., 2005a). Dentre as condições que podem gerar o estresse oxidativo, e consequente desen-
volvimento de lesões relacionadas, o exercício físico está entra as mais importantes e estudadas.
Os radicais livres podem ser produzidos durante o exercício de várias fontes celulares que tem
importância distinta dependendo do tecido, do tempo e do tipo de exercício, mas que não são
exclusivos e podem ser ativados simultaneamente (JI, 1999).
De modo geral, duas vias metabólicas estão envolvidas na produção de radicais livres
durante o exercício: o aumento da atividade da enzima xantina-oxidase durante a degradação
anaeróbica dos nucleotídeos purínicos e a redução parcial da oxigenação durante a fosforilação
oxidativa nas mitocôndrias (REED e BAYLY, 1998). Durante os primeiros segundos do exercí-
cio o músculo utiliza o metabolismo aeróbio e anaeróbio seguido da resposta fisiológica de
aumento da demanda de oxigênio, aumento da perfusão sanguínea por meio da vasodilatação
que estimula a contração cardíaca, aumentando a necessidade de oxigênio de 10 a 20 vezes. As
mudanças na concentração de oxigênio podem alterar o estado de redução da mitocôndria nas
fibras musculares favorecendo a conversão do oxigênio em EROs. (SILVEIRA, 2005).
Schneider e Oliveira (2004) consideram alguns mecanismos de formação de EROs rela-
cionadas ao exercício. Durante a atividade muscular, pode haver um acréscimo de cerca de 35
vezes na demanda energética comparado ao repouso. Assim, ocorre um grande aumento no
consumo de oxigênio, que pode chegar à ordem de 10 a 15 vezes em humanos. McArdle et al.
(2002) afirmaram que o músculo esquelético é capaz de modificar a taxa respiratória rapida-
mente durante o exercício e sendo assim, a produção de EROs aumenta consideravelmente
quando o fluxo de oxigênio através da mitocôndria é aumentado. Os autores reportaram estu-
dos que demonstraram que alguns EROs são liberadas para o espaço extracelular durante a
atividade contrátil.
A premissa de que o exercício aumenta a produção mitocondrial de EROs é suportada
pelo fato conhecido de que o consumo total de oxigênio aumenta durante o exercício extenuan-
te, sendo que a porcentagem de oxigênio revertido em EROs se mantém a mesma. Dessa forma
a produção de radicais livres nessas condições vai aumentar proporcionalmente (LI, 1999).
Essa afirmativa sugere que o aumento da produção de EROs leva ao surgimento de lesões
musculares oriundas do exercício (McARDLE et al., 2002).
McBride e Kraemer (1999) afirmaram que a correlação positiva entre a atividade plasmática
da AST e CPK com várias mensurações do estado antioxidante, especialmente os hidroperóxidos
lipídicos, é consistentes com a hipótese de que os radicais livres produzidos durante o exercício
alteram a permeabilidade da membrana das células musculares.
O estresse oxidativo induzido pelo exercício causa diferentes respostas, sendo que os
danos relacionados a essa condição vão desde queda no desempenho físico, fadiga e lesões
musculares, síndrome de sobretreinamento, alterações do sistema imune e do estado de condi-
cionamento físico do indivíduo (VANCINI et al., 2005). Os mecanismos precisos nos quais as
lesões musculares e a fadiga são geradas durante o exercício não estão bem esclarecidos, ape-
sar da provável importância dos radicais livres no desenvolvimento de tais lesões (REED e
BAYLY, 1998). Sjördin et al. (1990) afirmam que as injúrias musculares oriundas do treina-
mento físico podem se originar de reações químicas em nível sub-celular, e que a produção das
EROs pode estar envolvida no desenvolvimento de processos traumáticos aos tecidos pela
iniciação de reações em cadeia como a peroxidação lipídica.
A patogênese das miopatias induzidas pelo exercício em equinos pode estar relacionada
em alterações na peroxidação lipídica causada pelos radicais livres (AVELLINI et al., 1995). O
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aumento do metabolismo do oxigênio leva a formação de radicais livres derivados do oxigênio.
Até o exercício de intensidade moderada pode levar ao estresse oxidativo gerando assim lesões
lipídicas, protéicas e no DNA celular que estão relacionados com lesões e queda de performance
muscular (KINNUNEN et al., 2005a), podendo esse fato ser resultado também do exercício
físico extenuante (REED e BAYLY, 1998).
O exercício intenso aumenta as concentrações plasmáticas de hidroperóxidos em cavalos
(MILLS et al., 1996). Apesar de poder haver outras fontes teciduais desses compostos,a
musculatura esquelética é particularmente sensível à injúria oxidativa devida à alta exposição ao
oxigênio e a alta proporção de ácidos graxos insaturados em suas bio-membranas, podendo
esse processo ser responsável pelo aumento de CPK e AST comumente utilizados como meio
diagnóstico de lesão muscular após exercícios intensos (MILLS et al., 1997).
Devido a sua capacidade de alto consumo de oxigênio e sua aptidão ao exercício em
relação a outras espécies, os equinos podem se submeter mais facilmente ao estresse oxidativo
(ART e LEKEUX, 2005). O consumo de oxigênio em cavalos durante o repouso varia de 2 a 5
ml/kg/min para um animal de 500 kg de peso vivo, sendo que há uma relação linear entre o
consumo de oxigênio e a velocidade durante o exercício sub-máximo, onde a energia aeróbica
supre a demanda energética. O consumo de oxigênio pode ser afetado pelo peso que o animal
suporta durante o exercício, inclinação da superfície, duração do exercício, temperatura e umi-
dade ambiental, além das condições e tipos de terrenos, sendo que o consumo máximo de
oxigênio em cavalos de corrida pode atingir valores entre 140 a 187 ml/kg/min (EATON, 1994).
Butler et al (1993) estudando as adaptações respiratórias e cardiovasculares de cavalos de
corrida durante o exercício, determinaram um aumento de 29,4 vezes no consumo de oxigênio.
O exercício supramáximo ocorre quando a demanda energética supera a oferta de energia
aeróbica e dessa forma é requerida a via anaeróbica para a produção de energia. Isso pode
ocorrer quando a demanda energética aumenta subitamente e as vias aeróbicas, consideradas
lentas, não são capazes de suprir a energia requerida, e quando a demanda energética total é
maior que a suprida pela via aeróbica (EATON, 1994).
Além disso, após o exercício o metabolismo não retorna imediatamente ao estado de
repouso, havendo um período de recuperação caracterizado pelo consumo excessivo de oxigê-
nio pós-exercício (EPOC) o que também leva ao incremento do consumo e utilização do oxigê-
nio relacionado com o exercício (EATON, 1994).
Os mecanismos de formação de EROs durante o exercício foram descritos por Schneider
e Oliveira (2004):
1 – Interrupções temporárias das bombas de ATP dependentes de cálcio (Ca++) levam ao au-
mento das concentrações intracelulares desse íon, o que durante o exercício pode ativar a via da
Xantina Oxidase (XO). Essa enzima utiliza o oxigênio molecular como aceitante de elétrons,
gerando assim, o radical superóxido. Em relação a esse mecanismo bioquímico, Mills et al.
(1997) reportaram que durante a atividade intensa a via aeróbica pode ser excedida, e assim, o
metabolismo anaeróbico é que vai prevalecer. Sendo assim, há uma redução na reciclagem do
ADP na medida em que o exercício continua resultando na produção de adenosina monofosfato
(AMP), inosina monofosfato (IMP) e amônia, o que coincide com o início da fadiga. O proces-
so continua com a degradação dos nucleotídeos purínicos da hipoxantina a xantina e assim a
ácido úrico atrvés da atividade da enzima Xantina Desidrogenase (XDH). De acordo com Sjödin
et al. (1990), a isquemia muscular durante o exercício intenso leva a conversão da XDH à
xantina oxidase (XO) que durante a reperfusão, enquanto continua a catalisar a formação do
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ácido úrico, produz o radical superóxido (O2.-). O aumento das concentrações da XO e de
ácido úrico durante o exercício em cavalos foi demonstrado por Räsänen (1995) e Räsänen et
al. (1996).
2 – Hipóxia e reoxigenação temporárias. Durante a contração muscular há um quadro de isquemia,
e durante o relaxamento há reperfusão e assim a reoxigenação do tecido. Durante a hipóxia os
equivalentes reduzidos se acumulam, resultando num fenômeno conhecido como estresse redutivo.
Na reoxigenação há uma explosaão de reações monoeletrônicas levando à formação de radi-
cais superóxidos.
3 – A ativação de leucócitos pode estimular a produção de radicais livres para melhorar os
mecanismos de defesa em resposta ao dano muscular, com a produção de radicais superóxidos,
principalmente pelos neutrófilos. Korhonen et al. (2000) detectaram um aumento significativo
da capacidade total de produção de radicais livres por neutrófilos sanguíneos em cavalos de
trote após a realização de duas sessões de exercício em pista com três dias de intevalo.
4 – Ativação da enzima fosfolipase A2 devido às concentrações de Ca++ e consequente libera-
ção do ácido araquidônico que reage com a enzima cicloxigenase gerando radicais hidroxil.
5 – Aumento da produção de radicais do óxido nítrico devido às condições de hipóxia que
levam ao aumento da atividade da enzima Òxido Nítrico Sintase.
Segundo McArdle et al. (2002), a maior parte dos estudos sobre a relação entre o estresse
oxidativo oriundo do exercício e as lesões musculares não especificaram a forma de atividade
muscular, ou somente utilizaram o padrão de contração muscular isovolumétrica. Os autores
consideraram que o papel da produção de radicais livres utilizando o modelo de contração
muscular excêntrica tem sido menos estudado e os dados obtidos são conflitantes. Nesse mo-
delo de contração muscular há uma inabilidade do músculo em gerar força associada com pe-
quenas lesões focais na massa muscular. Alguns dias depois o desenvolvimento de necrose
difusa se torna evidente com a presença de grande número de neutrófilos e macrófagos. Além
disso, esses autores ainda consideraram que o trauma direto no músculo pode levar a um au-
mento secundário na atividade de radicais livres, apesar de que a fonte principal aparentemente
ser de células fagocitárias.
Mesmo sendo incriminado no aparecimento de estresse oxidativo, o exercício físico tam-
bém tem sido relacionado ao desenvolvimento e adaptação das defesas antioxidantes. Schneider
e Oliveira, (2004) reportaram que o aumento dos níveis de ferro e cobre no suor de atletas após
o exercício foi considerado um efeito protetor contra as reações oxidativas mediadas por esses
metais, levando à hipótese de que o exercício regular pode promover um aumento adaptativo
dos mecanismos de defesa do músculo esquelético capaz de proteger contra as lesões produzi-
das pelas EROs.
Ji (1995) demonstrou que em músculo esquelético submetido a uma carga isolada de
exercício exaustivo, houve aumento de hidroperóxidos lipídicos (LPO) além do aumento da
atividade de enzimas antioxidantes. Urso e Clarkson (2003) consideraram a importância da
elevação moderada na produção de radicais livres oriundas do exercício como um processo
fundamental para a adaptação e condicionamento da musculatura durante o treinamento. Esses
autores afirmaram que os radicais livres podem servir como sinalizadores para o estímulo desse
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processo adaptativo.
No mesmo sentido, Powers (1999) demonstrou que o aumento da taxa metabólica da
musculatura esquelética durante atividade contrátil resulta em aumento na produção de radicais
livres; porém, afirmou também que exercícios regulares resultariam na adaptação da capacidade
antioxidante da musculatura esquelética, protegendo os tecidos musculares dos efeitos prejudi-
ciais oriundos da formação destes radicais. Ji (1999) afirmou que os mecanismos enzimáticos de
proteção antioxidante podem ser ativados em exercícios agudos sem que haja uma nova produ-
ção enzimática, porém o exercício crônico pode ativar a síntese de novo de enzimas antioxidantes.
Em geral, os danos causados pelo estresse oxidativo são mais acentuados em indivíduos pouco
treinados, que realizam exercícios com intensidade e duração acima de seu estado de condicio-
namento físico. Por outro lado, a adaptação ao treinamento físico pode em parte ser modulada
pela geração de radicais livres, sendo já observado que o estresse oxidativo causado pelo
exercício agudo e intenso pode ser minimizado pela realizaçãode treinamento com sobrecargas
progressivamente ajustadas, antes do individua ser submetido ao estresse agudo e intenso
(VANCINI et al., 2005).
Art e Lekeux (2005) afirmaram que em humanos o exercício físico regular é crucial para
a manutenção e promoção da capacidade natural do organismo de se defender contra lesões
induzidas pelas EROs, e que por outro lado, em cavalos, o efeito do treinamento sobre a
adaptação e desenvolvimento de defesas antioxidantes ainda não foi estabelecido.
O exercício crônico de intensidade moderada altera positivamente a homeostase oxidativa de
células aumentando a resistência ao estresse oxidativo, uma vez que há adaptações na capaci-
dade antioxidante que protegem as células dos efeitos deletérios do estresse oxidativo (VANCINI
et al., 2005).
O entendimento das características e do mecanismo regulador dos vários antioxidantes
poderá guiar o desenvolvimento de estratégias próprias para aperfeiçoar a capacidade antioxidante
através de fatores fisiológicos e nutricionais. Porém, não há uma estratégia única que possa
melhorar todos os sistemas antioxidantes (JI, 1999).
Uma vez que a atividade física gera aumento no consumo de oxigênio molecular com
consequente aumento da produção de radicais livres (KINUNNEN et al., 2005a), o exercício
tem sido associado ao aparecimento e desenvolvimento de enfermidades de cavalos atletas
relacionadas ao estresse oxidativo como demonstrado na Figura 3.
Dentre essas enfermidades destacam-se a obstrução recorrente das vias aéreas, hemor-
ragia pulmonar induzida pelo exercício, laminite, doença do neurônio motor, artrites (MOFFARTS
et al, 2005a), enfermidades reprodutivas (STRADAIOLI e MAGISTRINI, 2002), além de
miopatias e hemólise (CHIARADIA et al., 1998).
A relação entre o estresse oxidativo e as alterações hematológicas oriundas do exercício
e conseqüentes injúrias nos componentes sangüíneos, têm sido alvo de estudo devido à sua
importância no desenvolvimento de patologias que geram comprometimento da higidez e do
desempenho atlético em humanos (McBRITE et al., 1998; SENTÜRK et al., 2005) e de eqüinos
(CHIARADIA et al., 1998; WHITE et al., 2001; KINUNEN et al., 2005a).
O estresse oxidativo é um largo campo de pesquisas na medicina humana e tem sido
implicado na fisiopatologia de várias enfermidades, desde a sepse, até a doença de Alzheimer, e
também assume importância no tratamento intensivo de pacientes críticos, uma vez que as EROs
têm papel ativo em algumas funções proinflamatórias, na proliferação celular, morte celular
progamada, mecanismos de defesa orgânicas, além de causarem lesões celulares e teciduais.
Por, outro lado, na medicina equina, apenas algumas condições e enfermidades têm sido
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investigadas em relação ao envolvimeno do estresse oxidativo em suas fisiopatologias (SOFFLER,
2007). Serteyn et al.(1990) já relatavam evidências do envolvimento dos radicas livres em
cavalos submetido a modelos de miosite pós-anestésicas.
Figura 3: Relação entre o estresse oxidativo e o desenvolvimento de lesões teciduais e enfermidades segundo Lykkesfeldt &
Svendsen (2007).
Soffler (2007) listou e descreveu algumas das enfermidades relacionadas com o estresse
oxidativo em equinos. A injúria de isquemia e reperfusão, que em seu desenvolvimento tem
como destaque a formação de EROs após a reoxigenação de um tecido isquêmico, tem sido
associada com lesões no trato gastrointestinal, principalmente nas patologias estrangulativas dos
segmentos intestinais relacionados na síndrome cólica.
Em relação a doenças respiratórias na espécie equina, o estresse oxidativo tem sido
incriminado principalmente na fisiopatologia de condições alérgicas, na síndrome da disfunção
respiratória em cavalos adultos e na obstrução recorrente das vias aéreas. Além disso, o
envolvimento do estresse oxidativo na hemorragia pulmonar induzida pelo esforço também tem
sido pesquisado.
A doença do neurônio motor equino é uma condição neurodegenerativa do sistema de
neurônio motor inferior somático de cavalos adultos. O estresse oxidativo tem sido incriminado
na atrofia da fibra muscular tipo I e deposição de lipopigmentos nos capilares da medula espi-
nhal e no epitélio da retina. Além disso, a deficiência de vitamina E também é incriminada no
surgimento dessa enfermidade.
O estresse oxidativo também pode estar envolvido na fisiopatologia de enfermidades ar-
ticulares em cavalos, apesar dos resultados pouco conclusivos dos estudos mais recentes.
A síndrome de Cushing equina, também chamada de disfunção da pars intermedia da glândula
pituitária, é outra enfermidade onde o envolvimento do estresse oxidativo tem sido pesquisado,
apesar de essa ser uma condição pouco esclarecida pelas pesquisas.
Em relação ao envolvimento do estresse oxidativo nas lesões sobre espermatozóides
equinos, Baumber et al. (2000) afirmaram que o peróxido de hidrogênio é a principal ERO
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responsável por lesões espermáticas em cavalos. Os autores concluíram que a motilidade
espermática pode ser afetada por vias bioqímicas com o envolvimento desses radicais livres.
Além dessas condições e enfermidades, Soffler (2007) ainda cita a colite aguda e queimaduras
cutâneas como enfermidades relacionadas com o estrese oxidativo em equinos. O autor afirma
ainda que apesar de haver muito que se aprender sobre o envolvimento do estresse oxidativo na
fisiopatologia de enfermidades equinas, é quase certo que esse processo vai ser ainda incriminado
em um número cada vez maior de enfermidades de cavalos de acordo com o surgimento de
novas descobertas no estudo dessas condições.
Apesar das evidências atuais sugerirem de forma bastante consistente que o desbalanço
entre a produção de EROs e as defesas antioxidantes, e o consequente desenvolvimento do
estresse oxidativo, na espécie equina ser um mecanismo fundamental para o surgimento de
variadas lesões nos níveis moleculares, celulares e teciduais, gerando assim enfermidades nessa
espécie, é preciso que se intensifiquem os estudos em relação a todos os aspectos relacionados
com esse mecanismo fisiopatológico.
Somente a determinação precisa dos vários aspectos bioquímicos que estão envolvidos
com o estresse oxidativo poderá indicar o seu real papel no desenvolvimento de enfermidades,
assim como possibilitará a aplicação de medidas terapêuticas e preventivas eficazes para o seu
controle e neutralização.
Apesar da constante busca por conhecimento científico em relação ao estresse oxidativo
na medicina humana e na espécie equina, os resultados conflitantes dos estudos mais atuais
situam essas pesquisas num estágio ainda inicial na determinação de dados precisos, o que o
torna esse campo de estudo uma promissora área para o desenvolvimento de pesquisas, ainda
que os resultados atuais não possibilitem uma perspectiva por resultados promissores num
curto prazo.
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EQUINOCULTURA E SAÚDE AMBIENTAL
EQUINE PRODUCTION AND ENVIRONMENTAL HEALTH
João Ricardo Dittrich
Professor Associado do Departamento de Zootecnia da UFPR; dittrich@ufpr.br - Coordenador do
Laboratório e Grupo de Pesquisa e Ensino em Equinocultura (GRUPEEQUI) – www.gege.agrarias.ufpr.br
Introdução
A Equinocultura, como qualquer atividade antrópica, promove efeitos negativos sobre os
sistemas. A tentativa da ampla compreensão destes efeitos e as relações dos mesmos com a
saúde humana e animal é recente e de contexto transdisciplinar, incluindo a medicina humana,
saúde pública, epidemiologia, medicina veterinária, toxicologia, ecologia, biologia e medicina da
conservação (Tabor, 2002). Desta forma, o entendimento da Saúde Ambiental traz a resposta
da funcionalidade do sistema, aqui denominado Haras ou Centro de Treinamento. A saúde
ambiental é dinâmica e seus efeitos sobre a saúde humana, animal e vegetal são interdependentes
(Mangini e Silva, 2006) e compreendem as relações entre os componentes de um determinado
organismo ou sistema, em escala ampla desde a química molecular até as relações ecossistêmicas
(Tabor, 2002). A saúde dos sistemas é conhecida como Medicina da Conservação e quando a
saúde humana, animal e vegetal se sobrepõem, ao menos parcialmente, a saúde do sistema é
abordada de forma completa e serve de base para Saúde Ambiental (Mangini, 2010) (Figura 1).
Sendo assim, pode-se verificar que a ocorrência sucessiva de doenças nos componentes do
sistema pode indicar a saúde do mesmo e que o conceito de saúde ultrapassa os limites do
organismo individual ou das populações de maior interesse, no caso cavalos, que ocupam deter-
minado sistema. Assim, a complexidade das condições de saúde podem afetar simultaneamente
animais e pessoas e o conceito de Saúde Ambiental deve ser ampliado em escala local ou global.
Figura 1: Diagrama conceitual
revisado da interação entre as
diferentes esferas da saúde asso-
ciadas ao ambiente, proposto
como base para ações em medi-
cina da conservação (Mangini,
2010).
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Na maioria dos casos, a Equinocultura ocupa sistemas já alterados por práticas de mane-
jo dos componentes como o solo, as espécies vegetais, a utilização da água o manejo dos
resíduos animais, dos insumos agrícolas, dos medicamentos veterinários, entre outros, os quais
são determinantes nas alterações que afetam positiva ou negativamente o estado de saúde
ambiental. Neste contexto, uma abordagem do manejo que entenda o centro de criação (haras)
ou detreinamento, mesmo alterado, deve ser entendido como um sistema em que os cavalos e o
homem participam, permite obter melhores resultados zootécnicos ao mesmo tempo em que
contribui positivamente para a melhoria das condições ambientais. O entendimento atual das
práticas de manejo sanitário, alimentar, reprodutivo e de criação deve estar embasado em con-
ceitos transdiciplinares, os quais nos trazem a percepção do cavalo relacionado estreitamente
com os componentes do sistema. Estes por sua vez, refletem a saúde ambiental e,
consequentemente, a saúde animal e humana.
Sistemas da Produção de Equinos
A relação dos componentes do sistema na produção de equinos é de grande complexida-
de e de estreita relação. Os cavalos evoluíram em diferentes ambientes, desde amplas pradarias
até florestas, há aproximadamente 55.000.000 de anos. Esta evolução permitiu adaptações
anatômicas, fisiológicas e comportamentais próprias da espécie. Estas particularidades devem
ser conhecidas e respeitadas para adequado manejo dos ambientes de criação e treinamento,
mantidos pela sociedade atual.
Há pelo menos três formas de utilização e de manejo dos animais na equinocultura que
podem refletir em consequências ao ambiente. A primeira forma é denominada Haras, locais
onde se faz a reprodução dos cavalos. Nestes ambientes a maioria das propriedades apresenta
áreas de pastagens nativas ou introduzidas, após a substituição do ecossistema anterior. Neste
caso, o impacto maior da criação está relacionado ao mau manejo dos recursos disponíveis
como solo, água e vegetais. A segunda forma são os centros de treinamento, onde as áreas de
pastagens são inexistentes, toda alimentação é fornecida em cocheiras e há concentração de
alimentos e resíduos. A terceira são as duas situações em um único sistema, onde uma parte dos
animais está livre no ambiente com objetivos reprodutivos e outra parte fechada em cocheiras.
Os componentes de ambas situações sofrem impactos distintos, mas interrelacionados, fruto da
interferência humana, por meio do manejo, nas práticas diárias de utilização dos componentes.
Independente da forma de utilização, a saúde ambiental nos sistemas de equinocultura pode ser
avaliada nos componentes atmosfera, água, solo, espécies vegetais das pastagens e nos animais
individualmente, ou em grupos. A complexidade deste sistema é potencializada pelas transfor-
mações impostas ao meio com a atividade humana, como a utilização de cercas que limitam as
áreas, utilização de cocheiras, atividades de manejo que concentram os animais, utilização da
água, enfim, todas as práticas de criação e de treinamento. Algumas destas práticas trazem
sérios prejuízos à saúde do sistema e, consequentemente, impactos ao ambiente são inevitáveis
que afetam os componentes individualmente e de forma sistêmica, local e até global. As práticas
de manejo e suas consequências podem ser avaliadas de forma independente nos sistemas, mas
apresentam-se interrelacionadas e têm o cavalo e o homem como os atores principais.
Sistema Sócio Ecológico Centro de Treinamento
O principal problema relacionado ao manejo dos componentes do centro de treinamento
é a concentração das ações necessárias à manutenção e utilização dos cavalos. Na maioria dos
casos, cocheiras são utilizadas como ambiente permanente dos indivíduos, o que concentra
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resíduos dos próprios animais como fezes, urina, cama e resíduos originados do manejo sanitá-
rio como seringa, agulhas, bisnagas de vermífugo, etc. O manejo destes resíduos não tem sido
motivo de preocupação por parte de proprietários, profissionais e poder público envolvidos
com a Equinocultura. Apesar de que a maioria dos centros de treinamento está localizada em
áreas urbanas ou metropolitanas das grandes cidades, não há normatizações para armazenamento,
tratamento e correta utilização deste material e, na maioria dos casos, são depositados a céu
aberto (Silveira et al., 2012).
A característica dos resíduos das cocheiras é reflexo da dieta, do material utilizado para
cama e do manejo empregado na limpeza diária. Deve-se lembrar que o alimento e os elementos
químicos nele contidos são provenientes de outros ambientes e fornecidos aos animais que os
aproveitam ou eliminam juntos aos resíduos de cocheira, dependendo da digestibilidade dos
nutrientes e das necessidades dos animais.
Os níveis de nitrogênio e fósforo na dieta determinam a quantidade excretada diaria-
mente e, consequentemente, os efeitos destes elementos são importantes na saúde animal,
saúde humana e saúde ambiental. Altas concentrações de amônia no ambiente da cocheira
têm sido associadas com doenças respiratórias, baixo desempenho dos cavalos e tóxicaspara humanos (Pratt et al., 1999), além da liberação deste composto na atmosfera. O
nitrato é outra forma de nitrogênio encontrada nos resíduos, que são, na maioria das vezes,
depositados sem critério no ambiente o que permite a lixiviação deste composto para águas
de lençóis freáticos e rios. O nitrato tem sido associado com a síndrome do “bebê azul” em
humanos (EPA,1999). Entre os minerais encontrados na matéria fecal o fósforo é o de
maior importância, pois é encontrado em grandes concentrações e é o mais estável e mais
solúvel em água na forma de fosfato. Esta solubilidade tem ocasionado contaminação das
águas de superfície manifestada pelo crescimento de algas o que ocasiona a eutrofização de
lagos e rios.
As bactérias de origem fecal são de interesse na saúde humana e animal. A morte de
crianças e idosos tem sido atribuída às bactérias de origem fecal Escherichia coli, Lesteria
e Salmonella (NRC, 2007). Em revisão da Environmental Protection Agency - USA
vários patógenos zoonóticos tem sido de interesse para a qualidade da água e tem o cavalo
como um dos hospedeiros. Os autores citam as bactérias Bacillus anthracis, Clostridium
tetani, Eschirichia coli, Leptospira sp. Salmonella spp., os protozoários
Cryptosporidium parvum, Giardia lamblia, o helminto Schistosoma spp e os vírus He-
patite E vírus e Inluenza A vírus (EPA, 2005). Fujii (2012) identificou relação positiva entre
a prevalência de patógenos como Cryptosporidium sp. e as características de manejo dos
resíduos de cocheira em centros de treinamento.
Além dos patógenos, a presença de hormônios e agentes antimicrobianos utilizados
na sanidade animal são de igual importância, pois a Gentamicina, Ampicilina, Amoxicilina,
Cefalosporinas, entre outros, são utilizados amplamente nos centros de criação (haras) e treina-
mento de cavalos e este agentes tem sido identificados na água (EPA, 2005). A identificação
destes compostos no ambiente pode ter origem na utilização dos mesmos para tratamento dos
animais, que os eliminam nas fezes e urina ou pela presença de resíduos do manejo sanitário,
como seringas, agulhas, frascos, etc., depositados de forma inapropriada. É crescente e impor-
tante a implantação de programas governamentais de reciclagem nas mais diversas atividades e
a Equinocultura deve estar contemplada nestas ações. Além da reciclagem é importante também
a responsabilidade individual no consumo de hormônios e fármacos, muitas vezes utilizados em
grandes quantidades, sem critério médico e com objetivos inconsistentes.
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Sistema Sócio Ecológico Haras
A complexidade e as interrelações dos componentes são bem maiores em sistemas de
criação de cavalos, que na maioria das vezes se encontram alterados por práticas de manejo
dos componentes como o solo, as espécies vegetais, a utilização da água, o manejo dos resídu-
os animais, dos insumos agrícolas, dos medicamentos veterinários, entre outros. Estas práticas,
adequadas ou não, afetam positiva ou negativamente o estado de saúde do sistema. Os limites
destes ambientes de criação de cavalos são físicos como cercas, instalações e equipamentos e
por maior que seja a propriedade os animais estão confinados por estes limites. Este “confinamento”
exige do ambiente intensa capacidade de resposta para suportar os impactos dos animais nos
componentes deste sistema e, consequentemente, práticas de manejo inadequadas afetam os
componentes individualmente ou na relação entre eles.
Os equinos em sistemas de criação procuram manter atitudes comportamentais adquiri-
das com a evolução da espécie. A principal é que o aparelho digestório evoluiu para ingestão de
alimentos lenta e contínua, facilmente identificada pelo comportamento ingestivo dos equinos.
Os cavalos mantêm o ato de pastejar durante 10 a 16 horas no dia com intervalos de descanso,
inclusive no período noturno (Tyler, 1972; Duncan, 1980) e os locais preferenciais de pastejo
são os sítios onde há diversidade de espécies vegetais (Dittrich et al., 2007). Os limites físicos
associados à intensa utilização das espécies vegetais das pastagens contribuem para a degrada-
ção das mesmas, identificada pela presença de áreas sem cobertura vegetal, com reduzido
número de espécies e a incapacidade do componente pastagem atender as demandas alimenta-
res e nutricionais dos animais. A identificação da degradação das pastagens em ambientes de
criação é uma importante ferramenta para diagnóstico da saúde deste sistema.
No solo, observa-se em muitos casos o aumento da densidade e da resistência mecânica
à penetração radicular, redução da aeração, alteração do fluxo de água e calor e disponibilidade
de água e nutrientes, formação de crostas superficiais, aumento da velocidade da água de super-
fície, erosão, reduções no conteúdo de matéria orgânica. A consequência é a doença deste
componente que trará reflexos aos animais pela insuficiente oferta de forragem em quantidade e
qualidade, representada pela menor diversidade de espécies ou até mesmo a ausência. A
interrelação destes componentes é de extrema importância à saúde dos animais, pois está dire-
tamente relacionada à evolução da espécie no que diz respeito às particularidades anatômicas e
consequentemente, à alimentação, nutrição e saúde (Dittrich, 2010). A incapacidade do sistema
em prover as necessidades básicas de alimentação e nutrição dos animais acarreta na necessi-
dade da entrada de alimentos provenientes de outros ambientes, como a utilização de fenos e
concentrados. Para produção, processamento e distribuição destes alimentos, em outros siste-
mas são necessários insumos e maquinários e, neste contexto, há uma relação entre a saúde
ambiental dos sistemas mesmo em locais distintos.
A água tem relação direta com o manejo do solo, manejo dos resíduos e dos animais. A
compactação do solo associada ao elevado número de animais na área, impede adequado
crescimento das espécies vegetais, tanto na porção aérea quanto nas raízes. Este conjunto leva
a alterações no fluxo das águas de chuva, que não penetram no solo e se deslocam apenas na
superfície. Assim, compostos de alta solubilidade como nitrogênio e fósforo, agentes químicos
utilizados na produção animal e vegetal e patógenos contaminam lagos e rios. A eutrofização das
águas é a consequência mais claramente identificada, mas a disseminação de doenças é fato
comprovado (EPA, 2005). Apesar de não haver aparente concentração de resíduos, como nos
centros de treinamento, os dejetos dos animais depositados nas áreas de pastagens não são
reciclados no sistema. Podemos exemplificar com os elementos nitrogênio e fósforo que estão
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impossibilitados de serem reciclados pela menor capacidade de absorção de água e nutrientes
pelas espécies vegetais presentes.
Equinocultura e a atmosfera
Nos dois sistemas sócio ecológicos de utilização dos cavalos, haras e centros de treina-
mento, os efeitos dos componentes na atmosfera são de menor percepção e de preocupação
recente. Os componentes solo e espécies vegetais são importantes ferramentas no que diz res-
peito à fixação de carbono da atmosfera. Basicamente o tecido vegetal utiliza carbono proveni-
ente do CO2 atmosférico para crescimento e disponibiliza alimentos e nutrientes aos animais.
Esta fixação de carbono pode ser potencializada e promover estoques de carbono no solo pelo
crescimento da porção aérea e das raízes. Portanto, ambientes saudáveis na equinocultura auxi-
liam no seqüestro de carbono da atmosfera e contribui, mesmo que em pequena escala, na
prevenção do efeito estufa.
A respiração e a fermentação entérica dos equinos produzem gases como o gás carbônico,
metano e óxido nitroso, que colaboram com o efeito estufa. A produção de gás metano no
cavalo é produto da fermentação anaeróbica dos microorganismos do ceco e cólon, bem como
das