Buscar

Febre Maculosa

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Febre Maculosa
		
Introdução
A febre maculosa, inicialmente denominada febre maculosa das Montanhas Rochosas, foi identificada pela primeira vez no Estado de Idaho, nos Estados Unidos, no final do século XIX. Seu nome deveu-se à sua grande incidência nos estados americanos cortada pela cadeia das Montanhas Rochosas. Em 1906, o agente etiológico, a Rickettsia rickettsii (riquétsia) foi descrito por Howard Taylor Ricketts, que identificou também o carrapato como principal vetor de transmissão. Hoje, novos estudos a caracterizam como uma doença infecciosa aguda, de gravidade variável, causada pela bactéria Rickettsia rickettsii e, pelo que se conhece até o momento em nosso país, transmitida pelo carrapato Ambyomma cajennense. Os homens são hospedeiros acidentais, não são considerados reservatórios da doença e não colaboram com a propagação do agente. A maior incidência de casos é durante a primavera e o verão.
No Brasil também é conhecida como tifo transmitido pelo carrapato, febre petequial ou febre maculosa brasileira. Foi reconhecida pela primeira vez, no Brasil, em 1929, em São Paulo. Logo depois, foi descrita em Minas Gerais e no Rio de Janeiro
Patogenia e Transmissão
A bactéria gram negativa Rickettsia rickettsii, causadora da febre maculosa, é intracelular obrigatória e reside no citoplasma do hospedeiro, tanto do vertebrado quanto do vetor invertebrado que a transmite. Apresenta morfologia de bacilo curto ou de cocobacilo e é bem pequena, medindo de 0,3 a 1,00 μm e sobrevive pouco tempo fora do hospedeiro. O período de incubação e de 2 a 14 dias.
A transmissão da riquétsia se dá pela picada do carrapato em qualquer uma de suas fases (larva, ninfa e adulto). Para que o carrapato transmita a doença, é necessário que fique aderido à pele, se alimentando, por um período de 6 a 10 horas. Ao picar, e após se alimentar, o carrapato transmite o microrganismo por meio de suas glândulas salivares. É importante notar que as picadas das larvas e das ninfas, por serem menos dolorosas, são as que têm a maior probabilidade de transmitir o microrganismo, pois o ser humano não percebe a picada e permite que ocorra a transmissão. A picada do adulto, por ser muito dolorida, prontamente é percebida, e pode-se retirar o carrapato a tempo de não transmitir a doença. Outra forma de contágio se dá pelo esmagamento do carrapato quando é retirado, liberando seu conteúdo gástrico. Os carrapatos permanecem infectados durante toda a vida, em geral 18 meses. A partir de um carrapato infectado, outros podem tornar-se infectados, através de transmissão vertical (transovariana), transmissão estádio-estádio (transestadial) ou transmissão através da cópula, além da possibilidade de alimentação simultânea de carrapatos infectados com não-infectados em animais com suficiente rickettsemia.
Após a introdução na pele através da picada do carrapato, as rickettsias invadem células da vizinhança da porta de entrada, multiplicam-se e passam para a circulação, alcançando as células endoteliais de vênulas, arteríolas e capilares. Anormalidades vasculares determinam aumento da permeabilidade e expansão do espaço extravascular, sendo determinantes de oligúria, anúria, anemia, hipertensão, azotemia, hiponatremia, hipocloremia e hipovolemia. Evidência de toxina rickettsial tem sido demonstrada experimentalmente em animais.	
Epidemiologia
A febre maculosa ocorre em países ocidentais, particularmente os Estados Unidos, o Canadá, o México, o Panamá, a Costa Rica, a Argentina, a Colômbia e o Brasil. Dados dos Estados Unidos indicam uma maior incidência em crianças de 5 a 9 anos e em adultos entre 40 e 64 anos. Também é alta a incidência entre homens e brancos. No Brasil, a maioria dos casos de febre maculosa se concentra na Região Sudeste, com casos esparsos em outros estados brasileiros, em especial no Sul do Brasil. Isso se deve a incidência maior do vetor e reservatório, o carrapato estrela (Amblyomma cajennense) e a produção pecuária como tradição.
As capivaras e os cavalos assumem grande importância na cadeia epidemiológica da doença, assim como o bovino e outros animais, pois são os principais reservatórios dos carrapatos transmissores da febre maculosa. Os animais mantidos em pastos sujos, com vegetação alta, ou em matas ciliares, encontram um ambiente bastante propício para a infestação pelo Amblyomma cajennense.
Sinais clínicos e Diagnósticos
Por ser doença multissistêmica, a febre maculosa pode apresentar um curso variável, desde quadros clássicos a formas atípicas sem exantema, nesses casos pode retardar o diagnóstico e posteriormente o tratamento, levando ao óbito mais rapidamente. O início geralmente é abrupto e os sintomas são inicialmente inespecíficos, incluindo febre (em geral elevada), cefaléia, mialgia intensa, mal-estar generalizado, náuseas e vômitos. 
Normalmente há ocorrência de exantema máculo-papular entre o segundo e o sexto dia da doença. Surge de forma centrípeta predominando nos membros inferiores, podendo acometer região palmar e plantar em 50% a 80% dos pacientes. Nos casos mais graves, o exantema vai se transformando em petéquias e, posteriormente, em hemorragias, constituído principalmente por equimoses ou sufusões. No paciente não tratado, as equimoses tendem a evoluir para necrose, principalmente nos lóbulos das orelhas, escroto e extremidades. É comum observar edema nos membros inferiores, hepatoesplenomegalia (aumento do baço e fígado), diarréia e dor abdominal, insuficiência renal aguda, náusea, vômito, cefaléia, sinais pulmonares (tosse, edema pulmonar) e alterações radiológicas incluindo infiltrados alveolar, pneumonia intersticial e derrame pleural (feito como exame complementar).
O diagnóstico precoce é muito difícil, principalmente durante os primeiros dias da doença, quando as manifestações clínicas também podem sugerir leptospirose, dengue, hepatite viral, salmonelose, encefalite, malária ou pneumonia por Mycoplasma pneumoniae. 
A confirmação laboratorial é essencial para se estabelecer o diagnóstico específico da febre maculosa. É feito um hemograma, onde é comum anemia e trombocitopenia (a redução das plaquetas é um achado que auxilia muito), os leucócitos podem estar normais, aumentados ou diminuídos com desvio à esquerda, e na dosagem das enzimas creatinoquinase (CK), desidrogenase lática (LDH), aminotransferases (ALT e AST) e bilirrubinas estão geralmente aumentadas. Há exames específicos feitos para diagnósticos: 
Reação de Imunofluorescência indireta (IFI): é o método sorológico mais utilizado e o mais disponível na rotina laboratorial. Trata-se de uma reação de alta sensibilidade e especificidade que pode ser utilizada para a pesquisa de imunoglobulinas específicas (IgM e IgG). Em geral, os anticorpos são detectados entre o 7º e o 10º dia da doença.
Pesquisa direta da riquétsia através de histopatologia/ imunohistoquímica: realizada a partir de amostras de tecido obtidas por meio de biópsia de pele e das petéquias de pacientes infectados, em especial ou material de necropsia.
Técnicas de biologia molecular (PCR): indicadas especialmente em casos fatais, com óbito nos primeiros sete dias, e quando há necessidade de confirmação sem a possibilidade de uma segunda amostra de soro.
Tratamento
Antibioticoterapia: ampicilina ou tetraciclinas 200mg/kg/dia, 6/6/hs, via intravenosa; ou amoxicilina 50mg/kg/dia, 8/8hs, via oral, por sete dias, associada ou não ao cloranfenicol, 100mg/kg/ dia, via intravenosa, 6/6 hs, por sete dias. O paciente deve ser internado com todos os cuidados suporte e, se desenvolver CIVD, usar hidrocortisona. Em caso de choque séptico, internar em unidade de terapia intensiva e não usar hidrocortisona. Doxiciclina em casos leves a moderados em relação aos sinais.
Controle
A principal medida de controle consiste em evitar o contato com o carrapato, mantendo distância de áreas rurais sabidamente endêmicas. Caso haja necessidade de caminhar por essas áreas, devem-se usar roupas brancas que cubram braçose pernas completamente para facilitar a visualização do carrapato. Outra medida importante nesse tipo de área é a utilização de fitas adesivas para vedar a junção entre calças e sapatos. Além disso, deve-se fazer a inspeção do corpo de 3 em 3 horas, pois quanto mais rápido o carrapato for retirado, menores as chances de infecção. 
Ao encontrar um carrapato aderido à pele, o ideal é retirá-lo com o auxílio de uma pinça, torcendo-o levemente para que se desprenda da pele. Não se deve esmagar o carrapato com as unhas, pois isso levará à exposição da riquétsia, que podem penetrar na pele via microlesões. Havendo criação de animais que são hospedeiros de carrapatos (equino, cão, bovino, etc) devem fazer rigorosamente o controle com carrapaticida.
Considerações Finais
A febre maculosa brasileira é uma doença de notificação compulsória desde outubro de 2001, conforme Portaria MS nº 1.943, de 18/10/01. E desde então a vigilância sanitária trabalha com o objetivo de detectar e tratar casos confirmados, investigar e controlar surtos, identificar regiões endêmicas e recomendar a população medidas preventivas, numa tentativa árdua de erradicar a doença.
Referência Bibliográfica
- FIOL F.S.D. et al. A Febre Maculosa no Brasil. Rev Panam Salud Publica 27(6), 2010.
- GUIA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA. Ministério da Saúde, 6°edição, Brasília - DF, 2005
- SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE COORDENAÇÃO DOS INSTITUTOS DE PESQUISA. Centro de vigilância epidemiológica. Informe Técnico da Febre Maculosa. Prof. “Alexandre Vranjac. Divisão de Zoonose. Setembro/2002. São Paulo – SP.
- www.journal.paho.org.br, acessado em 20/11/2011;

Outros materiais