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A IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA DA ECT – EMPRESA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS – E SUAS CONSEQUÊNCIAS NO CAMPO DA LIVRE CONCORRÊNCIA SUZANA LARA BEZERRA POLICARPO – CCJS/UFCG Pesquisa realizada em meio eletrônico Constituição e democracia 1. INTRODUÇÃO O tema em tela estabelece relação com a decisão do Supremo Tribunal Federal em sede do Recurso Extraordinário 627051/PE, Ministro Relator Dias Toffoli, julgado em novembro de 2014. Ocorre que a referida decisão concedeu a imunidade tributária das entidades políticas, extensiva às autarquias e fundações públicas, entes da Administração Pública indireta, à Empresa de Correios e Telégrafos, empresa pública, não apenas quando esta atua no serviço postal, bem como quando presta o serviço de transporte de objetos e mercadorias e realiza operações bancárias em concorrência com as empresas privadas atuantes nestes ramos. Delimita-se o tema no sentido de analisar, de forma concisa e elementar, as consequências provocadas no âmbito da livre concorrência para com as empresas de iniciativa privada atuantes no ramo de prestação do serviço de transporte de bens e mercadorias, bem como de operações bancárias. O tema foi eleito diante de inquietação gerada pela decisão da Suprema Corte, que abre margem para uma gama de discussões, considerações e posicionamentos de quem se disponha a estudá-lo. 2. PROBLEMA DE PESQUISA É possível que a empresa privada possa competir/concorrer no mercado, em devida paridade, consoante prega a ordem econômica, com a ECT portadora da vantagem fiscal? No tocante ao serviço de transporte e ao serviço bancário, a imunidade é condizente com a finalidade preservatória da Federação ou, em verdade, gera uma afronta à livre concorrência com a iniciativa privada? 3. OBJETIVO Analisar a imunidade tributária recíproca concedida à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, não apenas quando esta exerce o serviço postal, sobre o qual a Constituição Federal conferiu o monopólio à União em seu art. 21, inciso X, mas também quando realiza serviço de transporte de objetos e mercadorias e operações bancárias, concorrendo com as empresas privadas que atuam nestes ramos. 4. MÉTODO A pesquisa teve como base bibliografia acerca do tema, bem como a análise de dados eventualmente encontrados e cuja relação possa ser estabelecida de modo a enriquecer o resultado. As fontes escolhidas permeiam o campo da doutrina, jurisprudência, leis vigentes e texto constitucional, auxiliadas por artigos científicos de quem outrora se debruçou sobre o tema. Em se tratando de uma pesquisa eminentemente bibliográfica, a leitura das fontes deverá ser, em regra, analítica, o que não impede que em determinados pontos sejam lançadas críticas. Os principais recursos utilizados foram livros físicos da biblioteca setorial do campus de Sousa/PB da Universidade Federal de Campina Grande, mas, sobretudo, a internet, com vistas à obtenção de fontes e informações mais atualizadas. Em se tratando de material do meio eletrônico, acessou-se, principalmente, páginas de informativos dos tribunais e artigos correlatos ao tema. 5. RESULTADOS Basicamente, o que se pode perceber é que a imunidade cria um ambiente hostil de concorrência ao ter imunidade quanto aos tributos que suas concorrentes nos serviços de transporte de objetos e mercadorias e correspondência bancária adimplem normalmente. Segundo Silas Colombo, repórter do Portal Transporta Brasil, o Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região (Setcesp) vem investigando as práticas da estatal e encontrando vantagens indevidas, conforme se observa no trecho: “De acordo com o sindicato, a estatal estaria tentando estender seu monopólio legal sobre a entrega de cartas para outros produtos. Por meio de ações judiciais repetidas e sem fundamento objetivo, prática conhecida como sham litigation, a ECT estaria excluindo do mercado concorrentes que entregam tais produtos.” (COLOMBO, 2016). A decisão parece ter extrapolado os limites quando se remete à finalidade da imunidade de favorecer um serviço de monopólio da União, desertando do fulcro de resguardar a forma de Estado eleita pelo legislador constitucional desde seu artigo primeiro, a Federação, caracterizada pelo pacto indissolúvel de seus entes, fazendo surgir uma afronta à concorrência entre as empresas de iniciativa privada e a Empresa de Correios e Telégrafos, empresa pública, ferindo, assim, o princípio basilar da livre concorrência, encartado no art. 170, inciso IV da Constituição Federal, sobre a qual se posiciona Pimentel (2007): a livre concorrência é imprescindível para o crescimento da economia de mercado, na condição de princípio estrutural da ordem econômica e financeira, pois, imprime benefícios relativos à oferta e à procura: ao consumidor que pode adquirir produtos e serviços a preços mais acessíveis e ao empresário que pode maximizar sua oferta. 6. REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Diário Oficial da União, 05 out. 1988. BRASIL. Lei nº 5172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o sistema tributário nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Código Tributário Nacional. Diário Oficial da União, 27 out. 1966. COLOMBO, Silas. Das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região (Setcesp). 2016. Disponível em: <http://www.transportabrasil.com.br/2016/01/superintendencia-geral-do-cade-instaura- processo-contra-correios/>. Acesso em: 24 out. 2017. COSTA, Dahyana Siman Carvalho da. Concorrência Desleal. Disponível em: <http://www.ambito- juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=9121>. Acesso em: 30 jul. 2017. Informativo 767 do STF – 2014. Disponível em: <https://conteudojuridico.com.br/informativo- tribunal,informativo-767-do-stf-2014,52021.html> Acesso em: 30/05/17 MINARDI, Josiane. Manual de Direito Tributário. 3. ed. Salvador: Juspodivm, 2016. Notícias STF. Concedida imunidade recíproca do IPTU para Correios. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=310646> Acesso em: 30/05/17 OLIVEIRA, Luciana Ramos de. Imunidade tributária e concorrência: Breve estudo. 2012. Disponível em: <http://artigoscheckpoint.thomsonreuters.com.br/a/5os1/imunidade-tributaria- e-concorrencia-breve-estudo-luciana-ramos-de-oliveira>. Acesso em: 24 out. 2017. PIMENTEL, Carlos Barbosa. Direito Comercial: Teoria e Questões. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. 1200 p. A IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA DA ECT – EMPRESA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS – E SUAS CONSEQUÊNCIAS NO CAMPO DA LIVRE CONCORRÊNCIA
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