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MS coletivo caso 15

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Excelentissimo Senhor Desembargador Presidente do Tribunal de Justiça do Estado Y
Associação dos Servidores Públicos do Estado Y, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ n° …, sediada à endereço completo, representada por seu presidente (qualificação completa), através de seu advogado, com endereço profissional …, endereço eletrônico, nos art. 77 do CPC, procuração anexa, vem, impetrar
Mandado de Segurança Coletivo c/c Medida Liminar, com fulcro no art. 5°, LXIX, CF e art. 1° da Lei 12016/09
Em desfavor do Secretário Estadual de Administração, lotado na Secretaria de Administração do Estado Y, com sede à (endereço completo), pelos fatos e fundamentos jurídicos que se seguem.
Fatos
O secretário de administração do estado-membro Y, com a finalidade de incentivar o aprimoramento profissional de certa categoria de servidores públicos, criou, por meio de lei específica, tabela de referências salariais com incremento de 10% entre uma e outra, estando a mudança de referência baseada em critérios de antiguidade e merecimento. O pagamento do mencionado percentual seria feito em seis parcelas mensais e sucessivas. Os servidores que adquiriram todas as condições para o posicionamento na referência salarial subsequente já haviam recebido o pagamento de três parcelas quando sobreveio a edição de medida provisória revogando a sistemática estabelecida na lei. Assim, no mês seguinte à edição dessa medida, o valor correspondente à quarta parcela foi excluído da folha de pagamento. Em decorrência dessa exclusão, os servidores requereram à Secretaria Estadual de Planejamento e Gestão a respectiva inserção na folha de pagamento, sob pena de submeter a questão ao Poder Judiciário. Em resposta, o secretário indeferiu o pedido, fundado nos seguintes argumentos: a) em razão da revogação da lei, promovida pela medida provisória, os servidores não mais teriam direito ao recebimento do percentual; b) seria possível a alteração do regime remuneratório, em face da ausência de direito adquirido a regime jurídico, conforme já reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal; c) os servidores teriam, na hipótese, mera expectativa de direito, e não, direito adquirido; d) não cabe ao Poder Judiciário atuar em área própria do Poder Executivo e conceder o reajuste pleiteado, sob pena de ofensa ao princípio constitucional da separação dos poderes.
Do Cabimento
Diante do quadro fático apresentado, resta consignado que o presente mandamus é tempestivo, bem como o direito invocado resta líquido e certo, pois está amparado em lei vigente e apto a ser exercido.
Além do mais, a autoridade coatora é pública.
É cediço acrescentar que a entidade representativa da classe, que figura no polo ativo da presente demanda, tem condão de fazê-lo como prevê o art. 5°, LXX, da CF.
Desta forma, a via eleita é adequda, de acordo com os requisitos inscritos do art. 5°, LXIX, da CF.
Da Medida Liminar
A Lei 12016/09, em seu art.7°,III, prevê a possibilidade de concessão de tutela de urgência para a suspensão do ato combatido por Mandado de Segurança, se presentes os requisitos autorizadores.
No caso em tela, resta evidenciado que o ato ora impugnado fere frontalmente o direito adquirido pelos servidores públicos estaduais, pois a lei complementar que o instituiu tinha todos os requisitos formais de eficácia, ou seja, a alegação ora posta é verrosímel.
Além do mais, como as parcelas salariais, faziam parte do patrimônio dos ditos servidores públicos, integrando verba remuneratória de carater alimentar, sua suspensão súbita, vem causar prejuizo irreparavel ao sustento desta famílias, restando clarividente o perigo da demora, caso a presente medida não seja acatada. 
Do Direito Invocado
A argumentação trazida na negativa administrativa, de que há entendimento consolidado na jurisprudência, que o servidor público não tem direito adquirido a regime jurídico, é verdadeira. 
Porém, na ocasião da edição da medida provisória, os servidores já haviam adquirido todas as condições para o recebimento do percentual relativo à referência salarial subsequente, tanto que já vinham percebendo o pagamento de forma parcelada. Ou seja, a administração pública optou por parcelar a concessão do direito, o que não desnatura sua aquisição legal.
A Carta Magna, no art. 5°, XXXVI, prevê que a lei não prejudicará o direito adquirido, ou seja, a medida
 provisória editada, podia operar efeitos para o futuro, vedando a aquisição de novos direitos, mas em nada poderia afetar, os já existentes. 
Por conseguinte, os servidores já haviam adquirido, por força da legislação específica, o direito ao recebimento do percentual. O pagamento é que foi efetuado de forma parcelada, ou seja, o direito ao recebimento do percentual já havia integrado o patrimônio dos servidores, quando da edição da medida provisória, muito embora a implementação estivesse sendo feita de modo parcelado. 
 	A subtração das parcelas a que fariam jus os servidores também implica afronta ao disposto no art. 37, XV, da Constituição Federal, segundo o qual os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis. Isso porque, como o direito já havia sido incorporado ao patrimônio dos servidores, sua exclusão configura clara afronta ao princípio da irredutibilidade de vencimentos. 
O entendimento do Supremo Tribunal Federal é pacífico nesse sentido. Assim, apesar de ser constitucional a modificação do regime remuneratório dos servidores, tal alteração não pode ocorrer de forma alheia à observância dos comandos constitucionais, em especial da vedação de decesso remuneratório.
Por fim, cumpre relacionar que art. 62, CF, prevê em seu caput, que a medida provisória so deve ser editada em caso de relevância e urgência, o que não se figura na hipotese vertente.
Pedidos
Diante do exposto, requer:
Liminarmente, inaudita altera part, que se conceda a suspensão do ato da autoridade coatora, para reimplantar a parcela de vencimentos ora requerida;
Notificação da autoridade coatora para prestar informações no prazo de 10 dias;
A intimação do Ministério Público para atuar no feito;
A concessão da segurança definitiva para tornar sem efeito a medida provisória acima referida.
A juntada das provas acostadas a este petitório.
Dá-se a causa o valor de R$ 1.000,00.
Local, data
Advogado
OAB/UF n° ….

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