Buscar

Artigo: Os defeitos do negócio jurídico

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Os defeitos do negócio jurídico e a sua invalidade
Resumo: Este artigo visa elucidar em viés doutrinário os defeitos do negócio jurídico e a sua invalidade. O Código Civil, art.171,II, consigna seis tipos de defeitos: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude contra credores. 
Palavras-Chave: Fraude. Lesão. Dolo. Coação. Simulação. Erro.
Sumário: 1. Introdução. 2. Defeitos do Negócio Jurídico. 3.Erro.4 O Dolo. 5. A Coação. 6. O Estado de Perigo. 7. A Lesão. 8. A Fraude contra credores. 9. Invalidade do Negócio Jurídico. 10. A simulação. 11. Atos jurídicos lícitos e ilícitos.
1. Introdução
A manifestação nos negócios jurídicos que garante a efetividade de sua existência. No entanto, para a validade deste ato é imprescindível a livre declaração do agente. Caso contrário, o negócio júridico fica propenso de nulidade ou anulação. Para tanto, o Código Civil no art.171,II, consigna seis defeitos do negócio jurídico: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude contra credores. 
Defeitos do negócio jurídico são, pois, as imperfeições que neles podem surgir, decorrentes de anomalias na formação da vontade ou na sua declaração.[1: Estolze, P. (2012). Novo Curso de Direito Civil. Saraiva.Gonçalves. (2007). Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva.]
2. Defeitos do Negócio Jurídico
Os defeitos do negócio jurídico se classificam em:
Vícios do Consentimento — aqueles que provocam uma manifestação forçada, sem consentimento íntimo — e vícios sociais — vontade que intrinsecamente visa prejudicar terceiros.
Delineando as modalidades de defeitos do negócio jurídico compõe-se o seguinte:
a) Vícios do Consentimento: Erro; Dolo; Coação; Lesão e; Estado de Perigo.
b) Vícios sociais: Fraude contra Credores e Simulação.
3. Erro ou Ignorância 
3.1 Conceito
De acordo com dicionário Aurélio, erro é “juízo ou julgamento em desacordo com a realidade observada”. Por outro lado, ignorância se trata do estado de desconhecimento, ou seja, sem informação necessária para delinear uma ação.
Embora os termos expressam situações distintas, o Código Civil equiparou os seus efeitos. O artigo.86 dispunha que “são anuláveis os atos jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial”. No entanto, a nova lei codificada do art.138 protege melhor o intercessor de boa fé ao dispor:
”São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio”.
Abstraindo do novo texto legal, segundo Pablo Stolze (Estolze, 2012, pp. 340-341), considera-se erro a fins de anulabilidade do negócio jurídico quando tal for:
essencial (substancial); b) escusável (perdoável). 
3.2 Espécies
Pode-se dizer que o erro se divide sob várias modalidades, entretanto, de forma reiterada na sociedade jurídica a mais importante classificação se distingue em substancial e acidental.
 Erro substancial e erro acidental
O erro substancial reincidi sobre os meios e aspectos relevantes. Ele é de extrema importância para a realização do ato. 
Por outro lado, o erro acidental, no dizer de Sílvio 
Venosa, “é o que recai sobre as qualidades secundárias do objeto 
ou sobre os motivos do ato, quando não são eles as causas 
determinantes da declaração da vontade”. É aquele que não influi na 
validade do negócio jurídico. (2013, p. 432).
Se adquire por exemplo, uma casa de 
frente para o mar, quando na verdade ela está distante, não altera a validade do negócio, pois o erro recai sobre as qualidades secundárias do objeto. “O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a 
declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu 
contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou 
pessoa cogitada” (CC, art. 142).
Outro erro apontado entre os teóricos é o de cálculo, que ocorre quando há troca de parcelas ou inversão de algarismos. É o que ocorre, por exemplo, quando um comerciante vende no valor de R$ 10,00 a unidade de leite, e o consumidor compra 6 unidades. Por um erro de cálculo, contudo, o comerciante entrega a mercadoria emitindo a fatura no valor de R$ 600,00. Assim, torna-se evidente um erro de cálculo, haja vista que o valor correto seria R$ 60,00. Portanto, nesta hipótese, o art.143 autoriza o comerciante retificar sua manifestação de vontade, cobrando o valor que seria correto.
 Características do erro substancial
Para que as circunstâncias do negócio jurídico não constituísse conceitos vagos, foi inserido no CC/02 art. 139 incisos que dispõe sobre a o erro substancial, sendo caracterizado quando:
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; 
O inciso (I) pode ser, por exemplo, quando o comerciante imagina estar vendendo um produto e o outro acredita está recebendo por doação. 
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;
O inciso (II) refere-se aos vícios quanto a identidade ou qualidade, por exemplo: uma indivíduo adquire um DVD player, imaginando se tratar de um blu ray.
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.
Neste inciso, concerne a ideia de não afastar a incidência de norma racional. O erro de direito se trata do desconhecimento sobre as regras, ou normas (ex: uma empresa terceirizada efetiva a venda da carne Friboi para países estrangeiros neste período de investigações em que sua exportação estava proibida legalmente).
4. O Dolo
4.1 Conceito
Pode-se dizer que os teóricos do Direito Civil, em uníssono intitulam o dolo como um meio ardiloso que visa persuadir alguém com manobras maliciosas a fim de conseguir seu interesse. Dolo é artifício ou expediente astucioso, empregado para induzir alguém à prática de um ato jurídico, que o prejudica, aproveitando ao autor do dolo ou a terceiro.[2: Clóvis Beviláqua, ob. cit., p. 286.]
Desta forma, o indivíduo que aliena uma peça falsificada, afirmando ser original, atua com dolo, e o negócio pode sofrer anulação.
4.2 Características
Embora se confunda o Dolo com o Erro, Simulação e Fraude o Dolo apresenta algumas características personalíssimas que a distingue das demais. Assim, para que não haja confusão entre os conceitos apresentamos os seguintes requisitos que suscitar o dolo, como: 
- Intenção de enganar outrem
- induzir o outrem ao erro em virtude do dolo
- causar prejuízo a outrem
- extrair benefício para terceiros
- ser o dolo a causa determinante 
4.3 Espécies de dolo
Entre as espécies de dolo, destaca-se: a) Dolo positivo; b) Dolo negativo; c) Dolo de Terceiro; d) Dolo de representante. 
a) Dolo positivo: O Dolo positivo decorre da astúcia comissiva do agente ativo em enganar o passivo quanto à realidade do produto.
b) Dolo negativo: Ao contrário, se promove na omissão intencional do agente passivo ao tratar do objeto de análise para celebrar sua pretensão no negócio jurídico.
c) Dolo de terceiro: Ocorre quando o artifício ardil é praticado por uma terceira pessoa que não integra a relação jurídica, gerando os seguintes efeitos. I - se beneficiário da vantagem indevida tinha ciência do dolo ou tinha como saber, trata-se de dolo que torna anulável o negócio; II - porém, se o beneficiário não tinha conhecimento da existência do dolo praticado pelo terceiro, de modo que o negócio é mantido válido e o terceiro provocador do dolo responderá pelas perdas e danos causados ao lesado. O dolo de terceiro, para se constituir em motivo de anulabilidade, exige a ciência de uma das partes contratantes (RT 485/55). O acréscimo constante do vigente Código é absorção do que a doutrina e a jurisprudência já entendiam. Caberá ao critério do juiz entender o ato anulável por ciência real ou presumida do aproveitadordo dolo de terceiro. O dolo pode ocorrer, de forma genérica, nos seguintes casos: 1. dolo direto, ou seja, de um dos contratantes; 2. dolo de terceiro, ou seja, artifício praticado por estranho ao negócio, com a cumplicidade da parte; 3. dolo de terceiro, com mero conhecimento da parte a quem aproveita; 4. dolo exclusivo de terceiro, sem que dele tenha conhecimento o favorecido (VENOSA, 2012, p. 412)
d) Dolo de Representante: pode ter origem numa representante legal ou convencional. Assim, o representante é aquela pessoa (outorgante) que possui capacidade negocial e, portanto, age em nome do representando. Assim, o representante é o sujeito que emite uma declaração em nome do representando. Se o representante for legal, ouse já, importo pela lei, a sua declaração só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve. Se, porém a o representante dor convencional, ou seja, escolhido pelo representado, haverá responsabilidade solidária, em decorrência da culpa in elegendo.[3: ROMANO, Rogério Tadeu. Dos Vícios nos negócios jurídicos: Coação e Dolo, 2016. Disponível em:< https://jus.com.br/artigos/54573/dois-vicios-nos-negocios-juridicos-coacao-e-dolo>. Acesso em: 01 de junho de 2017.]
5. A Coação
5.1 Conceito
A Coação pode ser tanto física quanto psicológica (moral). Se trata do indivíduo (A) coagir, pressionar, coibir, intimidar, constranger o indivíduo (B) com intuito de fazê-lo praticar um ato sem seu consentimento. 
Segundo SÍLVIO VENOSA, entre os vícios que podem afetar o negócio jurídico, a coação é “o que mais repugna à consciência humana, pois dotado de violência. Nesse vício da vontade, mais vivamente mostram-se o egoísmo, a rudeza, a primitividade. Trata-se do vício mais grave que pode afetar a vontade. Pretender alguém lograr um benefício pela força, pela ameaça, é aspecto reprovado por nossa consciência. Daí ser importante fixar o exato alcance do problema na teoria dos negócios jurídicos.[4: VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil (Parte Geral), v.1 – 3 ed. São Paulo: Atlas. 2003. p. 454. ]
Entre os tipos de coação, destaca-se:
A Coação absoluta ou física (vis absoluta) que se trata exclusivamente pelo uso da força física.
A Coação relativa ou moral (vis compulsiva) que se trata de empregar a outrem uma coação psicológica de modo que este seja coibido ao interesse do agente ativo.
A Coação principal representa a causa efetiva do negócio jurídico, passível de anulação.
A Coação acidental não enseja a anulação do negócio jurídico, somente obriga a reparação dos danos.
5.2 Requisitos da coação
Dispõe o art. 151 do Código Civil:
“Art.151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens.
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houver coação”.
Portanto, depreende-se alguns requisitos para a coação como: Essencialidade da coação; Intenção de coagir; Gravidade do mal cominado; Injustiça ou ilicitude da cominação;Dano atual ou iminente; Justo receio de prejuízo, igual, pelo menos, ao decorrente do dano extorquido; Tal prejuízo deve recair sobre pessoa ou bens do paciente, ou pessoas de sua família.
6. Estado de Perigo
6.1 Conceito
Segundo o art. 156 do Código Civil, “Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.”
Depreende-se portanto, o estado de perigo como um negócio jurídico exorbitante que compele, ou seja, induz a celebração do negócio jurídico. Para César Fiúza (2004, p.231), “o estado de perigo se caracteriza pelo temor que leva a vítima a praticar um ato que, em outras condições, não praticaria”
Elementos do estado de perigo
Pode-se extrair elementos do estado de perigo no artigo 156, tais como:
a) Uma situação de necessidade: Como assevera Lotufo (2003, p.430) “é necessário que exista uma ameaça de dano grave à própria pessoa, ou a alguém de sua família, bem como pessoa estranha a seu círculo”. É necessário que a ameaça de dano recaia sobre essas pessoas. Assevere-se que em relação à pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá de acordo com as circunstâncias de cada caso.
b) Iminência de dano atual e grave: Concebe-se que a ameaça deve ser recente, pois é esse fato que exerce a pressão psicológica sobre o indivíduo forçando a ameaça do escolher entre o grave dano ou a assunção do de negócio jurídico. Segundo Gonçalves (2005, p. 397), “se não tiver essa característica inexistirá estado de perigo, pois haverá tempo para o declarante evitar a sua consumação, sem ter de, pressionado, optar entre sujeitar-se a ele ou participar de um negócio em condições desvantajosas”.
6.3 Efeitos do estado de perigo
Conforme dispõe o art. 178, II do Código Civil, é anulável o negócio jurídico celebrado em estado de perigo no prazo de quatro anos a partir de sua celebração. Trata-se, indubitavelmente, de prazo decadencial.
Segundo o nobre Carlos Roberto Gonçalves (2005, p. 355) “a pessoa beneficiada, e que não provocara a situação de perigo, será prejudicada. Outros, no entanto, entendem que, não se anulando o negócio, a vítima experimentará um empobrecimento desproporcional ao serviço prestado. 
7. Lesão
7.1 Conceito
O sexto vício do consentimento é a lesão, determinada pelo art. 157 do CC: “Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta”, desse modo, entende-se por lesão um prejuízo patrimonial excessivo resultante da desproporção das partes do negocio, estando uma deles em estado de inferioridade. Segundo ARNALDO RIZZARDO lesão enorme, ou simplesmente lesão é “o negócio defeituoso em que não se observa o princípio da igualdade, pelo menos aproximada, na prestação e na contraprestação, e em que não há intenção de se fazer uma liberalidade. Revelando a falta de equidade, ou a iniquidade enorme, provocando um desequilíbrio nas relações contratuais” (Da ineficácia dos atos jurídicos e da lesão no direito, pag. 70).
7.2 Elementos da Lesão
Existem dois tipos de elementos,subjetivo e objetivo:
Elementos subjetivos: Premente necessidade ou inexperiência. 
O primeiro consiste na necessidade em que a parte inferiorizada se encontra frente ao ato jurídico, ou seja, não importa se o cidadão dispõe de posses se essas não estavam disponíveis para o momento do ato. Um exemplo é a venda de um veículo pela metade do valor de mercado, com intuito de levantar valores rapidamente para quitar dívida referente à pensão alimentícia, evitando assim ser preso. 
O segundo consiste na falta de experiência e conhecimento técnico em relação a algum ato jurídico, não estando ligado diretamente ao grau de instrução do indivíduo. Um exemplo é uma viúva em que nunca lidou com atos jurídicos e após a morte do marido vende seu imóvel por um valor inferior ao de mercado.
Elemento objetivo: Desproporção entre as prestações recíprocas; 
Ocorre quando uma das partes tem um excessivo prejuízo, enquanto a outra tem excessiva vantagem. Porém, conforme o § 2º, se a parte beneficiada se oferecer para reduzir o seu proveito ou então suplementar o seu valor, o negocio jurídico deve ser mantido.
8. Fraude contra credores
8.1 Conceito
Primeiramente, devemos ter em mente que credor é uma pessoa que tem um crédito, serviço, benefício a receber enquanto devedor é uma pessoa que está obrigada a pagar um valor, prestar um serviço, entregar um bem e etc. O patrimônio do devedor responde por suas dívidas, e portanto, a fraude ocorre quando se aliena, diminui ou transfere os bens com o intuito de não quitar seus débitos. Pode nesse caso, os credores chamados de quirografários (aqueles que não tem garantias como hipotecas e etc) ajuizar uma ação Pauliana ou Revocatória para que sejaconsiderado nulo o ato fraudulento, voltando o bem a integrar o patrimônio do devedor e então saldar suas dívidas. A lei permite também que seja dado o mesmo efeito dos credores quirografários aos credores com garantias, quando essa for insuficiente, ou seja, a garantia dada no ato do negocio tem valor atual menor que a dívida, por exemplo, quando o bem dado como garantia sofre forte desvalorização.
Pode ser réu nessa ação tanto o devedor insolvente, a pessoa que celebrou o negócio com ele e os terceiros adquirentes de má fé. Conforme jurisprudência do Supremo Tribunal de Justiça, “é obrigatória a citação dos terceiros adquirentes, na qualidade de litisconsortes necessários, na ação Pauliana que visa a desconstruir a doação de imóveis realizada entre pais e filhos com fraude a credores, cuja sentença poderá afetar diretamente o negócio de compra e venda anteriormente celebrado” (STJ. AgRg nos Edci no resp. n. 1.113.776/SP, rel. Min. Sidnei Beneti, terceira turma, j. em 15/09/2011.).
8.2 Os requisitos da ação pauliana ou revocatória:
Anterioridade do crédito (Art. 158 § 2º): O crédito deverá ser dado antes da alienação dos bens, para assim caracterizar fraude. Se a alienação ocorre antes do crédito não há de se falar em atos fraudulentos. 
Eventus Damni: Ocorre o eventos damni quando o evento que se quer anular foi o causador da insolvência do devedor, e por isso, trouxe prejuízo ao recebedor. 
Consilium Fraudis: Ocorre quando tanto o devedor quanto o adquirente tem consciência de que estão fraudando o credor, sendo esse adquirente uma pessoa próxima e que tem ciência da insolvência do devedor, agindo ambos de má fé. 
 Em alguns casos a má fé deve ser comprovada pois feita a alienação onerosa a um terceiro, esse pode não saber do estado do devedor, pois não é próximo a ele. Também é ressalvado pelo artigo 164 que são que boa fé aqueles negócios praticados para a manutenção do estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou a subsistência do devedor e de sua família. 
8.3 Os atos de fraude contra credores
A transmissão gratuita de bens: O devedor insolvente (sem condições de pagar suas dívidas) não pode fazer doação de bens;
Remissão de dívidas: O devedor insolvente não pode perdoar dívidas;
Transmissão onerosa de bens: O devedor transfere onerosamente seus bens para outra pessoa com o intuito de não quitar suas dívidas.
Pagamento de Dívida não vencida: O devedor realiza o pagamento de uma dívida a vencer, enquanto outras já venceram. Nesse caso, o beneficiário que recebeu antecipadamente deverá devolver os valores para reintegrar o patrimônio do devedor e saldar as dívidas já vencidas. 
Atribuição de garantias de dívidas: O devedor usa seus bens para garantir preferencia a terceiros, em detrimento dos credores quirografários, pois se sabe que esses não terão preferencia sobre os demais.
9. Invalidade do Negócio Jurídico (Art. 166 ao 184)
9.1 Conceito
O negocio jurídico deixará de ter validade quando ocorrer um vício, que pode ser por diversos motivos, como por exemplo se o negocio jurídico descumpriu uma norma, não foi realizado com consentimento livre, foi realizado para prejudicar terceiros, entre outras. Quando ocorre um vício grave, de interesse social o negocio é nulo, quando a gravidade é relativa o negocio é anulável, tendo interesse individual. 
Ato nulo: é um ato que de tão grave, não há nada que se possa fazer para que esse seja válido novamente, portanto não poderá ser sanado pelo juiz pois está morto.
Ato anulável: Já o ato anulável poderá se tornar válido novamente, se algumas das partes requererem. 
O texto do art. 166 dispõe:
 É nulo o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
10. Simulação (Art. 167)
10.1 Conceito
	Dispõe o artigo 167 do CC/02:
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem;
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.
Como vemos, o negócio simulado é um negócio que nunca existiu, onde a vontade real e a vontade efetivada no ato jurídico divergem, tendo intenção de prejudicar terceiros. Para se comprovar um negócio jurídico simulado, há de se observar algumas características como: divergência entre vontade real e a vontade declarada no negócio; o conluio entre os contratantes; e a intenção dos contratantes de prejudicar terceiros.
	O inciso III trata da data do negócio jurídico, a data firmada não é verdadeira, sendo uma data inferior a oficializada chamamos de antedatados e posterior a essa data pós-datado, assim
	Mesmo diante de um negócio jurídico simulado, o § 2º põe a salvo o direito dos terceiros que venham posteriormente a fazer um negócio com os envolvidos. De qualquer forma o negócio é anulado, porem a parte que for lesada tem pleno direito de cobrar daqueles que realizaram o ato simulado o valor pertinente ao seu prejuízo. 
11. Atos Jurídicos Lícitos e Ilícitos
11.1 Conceito
Entendemos como atos lícitos, aqueles que não causam nenhum tipo de dano, aquilo que é correto, justo, que está em conformidade com a lei e com os princípios do direito. 
Já os atoas ilícitos, são nos apresentando nos artigos 186 e 197 do CC:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
São portanto os atos ilícitos aquele ato danoso à ordem material ou moral, ou na definição de SÉRGIO CAVALIERI FILHO: “o ato voluntário e consciente do ser humano, que transgride um dever jurídico”.

Outros materiais